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O Caso Société Générale: A fraude de um homem só? Por: Luis Carlos Alves Neto - Ciências Contábeis - UnB O segundo maior banco francês amargou uma perda de € 4,9 bilhões (US$ 7,1 bilhões) por conta de operações fraudulentas de um “simples” operador de mercado futuro, Jérôme Kerviel, um empregado júnior que em sua mesa de negociação de derivativos, confessou ter realizado uma sofisticada fraude, provocando 4,9 bilhões de euros em perdas quando suas desastradas negociações foram canceladas nos mercados violentamente voláteis. Ele burlou procedimentos de segurança e controle e assumiu compromissos em volumes muito superiores à sua alçada. Enquanto os chefes achavam que o jovem fazia operações triviais (plain vanilla) nos mercados de derivativos de índice de ações, ele construía posições perigosas, mesmo sem se beneficiar diretamente da fraude. Durante um ano conseguiu burlar extratos de controles de computador e auditorias, acumulando perdas com operações não autorizadas. Kerviel, aparentemente, dissimulava as suas posições graças a uma montagem de operações fictícias para cada uma das ordens autênticas que colocava, ludibriando a rede informática da instituição, maquiando estragos e alterando estatísticas sobre o volume de suas operações, com conhecimentos adquiridos no controle e arbitragem das atividades financeiras após entrar para o front-office, tendo assim aprendido a evitar os serviços anti-fraude, por conhecer os limites de regulação e controle do sistema financeiro. O jovem operador de mercado praticava as suas atividades ilícitas fora do campo oficial da SocGen, tendo elaborado um registo de contabilidade paralelo que lhe permitia escapar a todos os controles, criando mecanismos e fraudes de grande sofisticação que permitiam escapar a todos os controles, regulações e limites. O fato dele não se beneficiar com a fraude, é um pouco estranho, poderia ser para ganhar bônus, mas ele escondia o que fazia, pois usava valores não autorizados, então é difícil acreditar que ele fazia tudo sozinho. A questão central que o processo levanta é a de saber até que ponto a Société Générale estava ciente das operações de seu trader e as condições de controlá-lo, Kerviel afirma que “um cálculo rápido mostra que para atingir esse resultado (55 milhões) seriam necessárias operações de no mínimo 1,5 bilhões”, enquanto o valor limite que o banco estipulava para as operações de Kerviel era de 15 milhões de euros. Os supervisores de Kerviel haviam recebido mais de 74 alertas quanto às operações de Kerviel, todos ignorados pelos supervisores. O regulador da bolsa alemã Eurex havia notificado a Société Générale sobre as operações feitas em seu nome em 2007 com engajamentos de até 30 bilhões. Formas de evitar esses acontecimentos são, externas, regras de classificação de riscos mais severas, um melhor ambiente regulatório, e internas, melhor sistema de gerenciamento de riscos, e melhor controle interno, não subestimando os poderes dos riscos considerados menores, os limites autorizados não poderão ser alterados no sistema, mas sim pelo seu superior, que é quem irá dar a autorização caso encontre um bom negócio, monitorando os humores, funcionários calados e ansiosos devem ser observados, não contratando funcionários sem muita experiência, que topam tudo por qualquer dinheiro, e sempre atualizar os sistemas de segurança (Kerviel por exemplo tinha as senhas de suas antigas funções). Com certeza essas fraudes impactam no trabalho do auditor, e negativamente, pois todos esperam que os auditores encontrem as fraudes, mas essa não é função para o auditor detectar, nem prevenir erros e fraudes, mas sim avaliar os riscos para sua ocorrência.
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