Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aline Biazotto Pereira da Silva UFFS PATOLOGIA VETERINARIA ESPECIAL II PATOLOGIAS DO SISTEMA ENDÓCRINO Glândulas endócrinas: são coleções de células especializadas que sintetizam, armazenam e liberam diretamente suas secreções, produzindo efeitos fisiológicos em células alvo distantes das glândulas. Compostos por polipeptídios, esteroides, derivados de aminoácidos, etc. Muitas doenças das glândulas endócrinas são caracterizadas por distúrbios funcionais dramáticos e alterações clinico patológicas variadas que afetam um ou diversos dos sistemas corporais. Os principais sinais são: alopecia, perda de peso, poliúria, polidipsia, crises convulsivas... MECANISMOS DE AÇÃO DE DOENÇAS ENDOCRINAS HIPOFUNÇÃO PRIMÁRIA HIPOFUNÇÃO SECUNDÁRIA Defeito de desenvolvimento da glândula Falta de estimulo de hormônio trófico -> hipofunção da glândula alvo. Distúrbio bioquímico Exemplo: Hormônio estimulante da tireoide (TSH) liberado pela hipófise. Destruição das células secretoras Danos imunomediados HIPERFUNÇÃO PRIMARIA HIPERFUNÇÃO SECUNDÁRIA Neoplasia funcional Hipersecreção de um hormônio trófico HIPESECREÇÃO DE HORMONIOS POR NEOPLASIAS NÃO ENDOCRINAS: Exemplo: secreta substancias similares ao PTH causando hipercalcemia, causando uma síndrome paraneoplasica. Como um adenocarcinoma da glândula apócrina do saco anal. DISFUNÇÃO ENDOCRINA DEVIDO RESPOSTA INSUFICIENTE DAS CELULAS ALVO: Exemplo: diminuição dos números de receptores para insulina. DISFUNÇÃO ENDOCRINA DEVIDO DEGRADAÇÃO ANORMAL DO HORMONIO: Ex: cirrose -> hiperestrogenismo (muito comum se animal tiver tumor no testículo) SINDROMES IATROGENICAS: Administração excessiva de hormônio, como administração de altas doses de cortisol, causando um hipercortisolismo (Síndrome de Cushing). ALGUMAS DOENÇAS DAS GLANDULAS ENDOCRINAS: • Distúrbio do desenvolvimento da adeno hipófise: Nanismo pituitário: é mais frequente em pastor alemão. Os filhotes com até 2 meses parecem normais, mas depois o crescimento torna-se vagaroso e o animal fica pequeno. Outros sinais são: alopecia simétrica, hiperpigmentação progressiva, o tamanho fica pela metade. As causas podem ser genéticas, ou pelo desenvolvimento incompleto da adeno hipófise, resultando em cistos multiloculados. • Distúrbio da neuro hipófise: DIABETE INSIPIDO: resulta de distúrbios de produção ou funcionamento do ADH. O diagnóstico é a urina diluída. Os sinais são poliúria, polidipsia, excreção de grande quantidade de urina hipotônica. O diabetes mellitus é uma doença caracterizada pelo excesso de açúcar no sangue e na urina. Os dois tipos mais comuns de diabetes são diabetes mellitus insulino-dependente e diabetes mellitus insulino – resistente, e que ambos apresentam comprometimento da regulação da glicemia por ação da insulina. No entanto, existe outra forma de diabetes menos conhecida, mas não menos importante, o diabetes insipidus, que é caracterizado por um distúrbio na síntese, secreção ou ação do ADH (hormônio antidiurético), que pode resultar em síndromes poliúricas com excreção aumentada de urina hipotônica. Fisiologicamente, variações na pressão osmótica ativam osmorreceptores que estimulam a secreção do ADH e esse aumenta a reabsorção de água nos túbulos coletores renais. Patologias da adrenal Uma das maiores causas de problemas endócrinos, além do diabetes. A adrenal é uma glândula dividida em córtex e medula. No córtex, há a zona glomerulosa com os mineralocorticoides, a zona fasciculata com os glicocorticoides, e a zona reticular, com os hormônios sexuais esteroides, que podem causar virilismo, sexualidade precoce ou feminilização da espécie. Ação dos glicocorticoides: gliconeogênese, lipolítico, catabolismo de proteínas, anti- inflamatório, e diminui a cicatrização. As principais patologias da adrenal são: hiperadrenocorticismo, hipoadrenocorticismo e síndrome de Cushing. Essa última é uma doença resultante da exposição prolongada a glicocorticoides, decorrentes de uma administração exógena (HAC iatrogênico) ou sua produção exagerada pelas glândulas adrenais (HAC endógeno) e neoplasias. Hiperadrenocorticismo: Causas: dependendo da causa, muda a macro do córtex. 1. Pode ser por causa de tumor na hipófise, que produz muito ACTH, com a macro, o córtex fica aumentado bilateralmente 2. Neoplasia funcional da adrenal. A macro, o local com tumor fica aumentado e o restante que está normal fica atrofiado, até a outra adrenal sem tumor. 3. Altas doses de cortisol, na macro, as adrenais ficam atrofiadas (córtex). História clínica: poliúria, polidipsia, polifagia, aumento do volume abdominal, fraqueza e letargia, intolerância ao exercício por fraqueza muscular e dificuldade respiratória, calcinose cutânea (lesões com deposito de cálcio), alterações de pele e neurológicas. Lipeme (soro lipemico) Sinais clínicos e alterações patológicas: hepatomegalia, fraqueza muscular com produção de proteínas estruturais, na pele há a atrofia de epiderme e fica com aspecto pilossebaceo, perda do colágeno e elastina, cálcio na pele e dificuldade de cicatrização. Hipoadrenocorticismo ou Doença de Addison Idiopática (atrofia adrenocortical de todas as camadas), a lesão pode ser imunomediada, pode ser secundaria a lesão destrutiva na hipófise (atrofia de 2 camadas internas sem distúrbios eletrolíticos). Os sinais clínicos são: pouca tolerância ao estresse, fraqueza, depressão, anorexia, emese, emagrecimento, diarreia, tremores, poliúria, polidipsia, desidratação, choque, hipotermia, bradicardia devido ao aumento dos níveis de potássio, baixa do TPC, pulso fraco, dor abdominal. Distúrbios cardiovasculares graves, hipoglicemia, hiperpigmentação da pele, e não ocorre aumento sérico do cortisol após administração de ACTH. Neoplasias da adrenal: Adenomas corticais, carcinomas corticais, ou feocromocitoma (da medula) mais frequente em bovinos. GLANDULA TIREOIDE Está situada nos animais domésticos, junto aos primeiros anéis traqueais, um pouco mais profundamente, na região cervical. Glândula tireoide – bovino – um amplo istmo de tecido parenquimatoso, superfície lobulada. Tireoide: dois lobos divididos em lóbulos. Tiroxina (T3 e T4) e calcitonina, lóbulo – acinos/folículos, folículos ativos e inativos. Secreção: iodo e aminoácidos sangue. Tireoglobulina + sacarídeos (vesículas), iodo = iodo molecular (lúmen) =, T3 e T4. HIPERPLASIA DAS CELULAS FOLICULARES DA TIREOIDE/BOCIO Aumento de volume não inflamatório e não neoplásico da tireoide. As causas podem ser deficiência de iodo, substancias bociogênicas como repolho, excesso de iodo ou defeito genético (enzimas). Formas de acordo com a fase: • Bócio hiperplásico difuso • Bócio coloide • Bócio hiperplásico multifocal nodular • Bócio disormogênico congênito em ovinos principalmente Macro: ambos lobos aumentados de volume, firmes e vermelho escuros. Micro: folículos com forma e tamanho irregulares, células hiperplásicas podem formar projeções papilares. Bócio disormogênico congênito: Crescimento subanormal, falta de desenvolvimento de lã, fraqueza, comportamento vagaroso, a maioria dos animais morre após nascimento. Hipertireoidismo Mais frequente em gatos adultos e velhos, adenoma e carcinoma, hiperplasia multinodular, folículos aumentados de tamanho e distendidos, células foliculares cubicas, baixas e atróficas (não neoplásicas) Histórico clinico: perda de peso, polifagia, fraqueza, fadiga, intolerância ao calor, nervosismo (alterações comportamentais). Hipotireoidismo Acomete principalmente cães de meia idade de raças puras, hipotireoidismo primário (alteração na tireoide), secundário(alterações na hipófise), terciário (alterações no hipotálamo), lesão tireoide, baixo metabolismo/membrana basal. Histórico clinico: ganho de peso, letargia, anestro, alopecia endócrina, pelo ressecado, hiperpigmentação, bradicardia, intolerância ao frio, alterações neurologias, reprodutivas na fêmea e macho. Hipercolesterolemia: aterosclerose hepatomegalia, lipidose glomerular e corneal Neoplasia da tireoide GLANDULAS PARATIREOIDES Único tipo celular, que secreta o paratormônio, armazena pequenas quantidades de hormônio, respondem alterando a velocidade de secreção e síntese de vitamina D, Retirada do cálcio do osso pelos osteoclastos. Hipoparatireoidismo: Acomete mais cães, pode ser idiopático (paratireoide linfocitária difusa), invasão e destruição por neoplasias atrofia por falta de estímulos como baixo PTH, com baixa reabsorção e baixo cálcio, maior excitabilidade e tetania. A morte acontece por tetania dos músculos respiratórios. Hipocalcemia em bovinos acontece pos parto, principalmente em gado holandês. Hiperparatireoidismo primário: • Neoplasias funcionais (principal causa ou única) • Maior reabsorção e substituição por tecido fibroso • Lesões generalizadas por todo o corpo • Osso cortical adelgaçado, claudicação • Nefrocalcinose e urolitiase Hiperparatireoidismo renal: • Hiperfosfatemia • Síntese prejudicada da vitamina D3 • Decrescem os níveis de cálcio • Estimulação da paratireoide -> PTH -> aumento da reabsorção óssea -> calcificação -> osteodistrofia. • (O PTH é eliminado pelo rim após exercer sua função) Hiperparatireoidismo nutricional: • Gatos, cães, equinos (+frequentes), e aves • O aumento do PTH é compensatório devido ao desequilíbrio nutricional • Causas de baixo cálcio, alto fosfato e deficiência de vitamina D • Equinos: dietas ricas em grão (MILHO) • Calcificação metastática e osteodistrofia fibrosa (raro por deficiência de cálcio e sem excesso de fosforo) PANCREAS ENDOCRINO Ilhotas de Langerhans produzem insulina. A insulina é o principal hormônio anabólico, estimula o metabolismo de carboidratos e lipídeos, faz o transporte transmembrana de glicose. Diabete melito: síndrome que abrange uma série de doenças de etiologia diferente que se caracteriza por hiperglicemia, decorrente da falta de insulina ou incapacidade em exercer sua função. Sua incidência depende da raça, idade, sexo... Classificação: • Tipo 1: Diabete melito insulino dependente (DMID) acontece quando falta insulina. Pode ser a extensão de uma pancreatite crônica, podendo ser genética, ambiental ou imunomediada (lúpus) • Diabete melito não insulino dependente (DMNID) acontece quando a insulina não consegue agir, ou a falta relativa de insulina. Resistencia periférica, obesidade ou endocrinopatias (hormônios diabetogenicos), fármacos, amiloidose. • Tipo 3: glicose discretamente elevada. Exemplo: concentrações elevadas glicocorticoides, adrenalina, cortisol, glucagon, GH. TRIADE/TETRAIADE CLASSICA DO DIABETES: Poliúria, polidipsia, polifagia e perda de peso!!!!!!! Poliúria: hiperglicemia -> glicosúria (incapacidade de concentrar urina) -> diurese osmótica; Polidipsia: centro osmorreceptores (aumentam níveis de soluto – ingere a agua para tentar diluir); Polifagia: centro da saciedade (hipotálamo) – glicose afeta diretamente a sensação de fome; Perda de peso: degradação dos músculos e gordura para produção hepática de glicose. Catarata: glicose -> sorbitol -> frutose -> tumefação e desarranjo das fibras lenticulares, podendo ser bilateral; degeneração do cristalino que é uma das poucas estruturas que precisam de glicose; Cicatrização deficiente e processos inflamatórios: atividade celular diminuída; Cistite enfisematosa: bactérias como E.coli, glicose = fonte de alimento, fermentando e formando gás no tecido; Hepatomegalia: degeneração gordurosa (esteatose) Microangiopatia: espessamento da membrana basal dos capilares -> lesão renal crônica, cegueira, gangrena. Neuropatia periférica: Exemplo: formigamento; Cetoacidose: acidose metabólica – coma – morte; Diagnostico: anamnese, exames laboratoriais, glicosúria.
Compartilhar