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Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Módulo 3 Patologia das Adrenais Anatomia das Adrenais - Glândulas de formato em meia lua e pesam de 4 a 6 gramas - Duas glândulas em uma: duas regiões principais diferentes - região externa: córtex - região interna: medular - As doenças de cada uma delas traz clínicas completamente diferentes Histologia das Adrenais Córtex → 3 camadas - Zona glomerulosa → células piramidais ou colunares, em arco (Mais influenciada pelo sistema renina - angiotensina - aldosterona) - Mineralocorticóides (equilíbrio hidro-eletrolítico): estimulam absorção de sódio, - Zona fasciculada → células poliédricas vacuolizadas dispostas em colunas (Mais influenciada pelo ACTH) - Glicocorticóides: no fígado promovem acúmulo de energia; em órgãos periféricos, têm efeito catabólico - Zona Reticulada → camadas menores, cordões em distribuição mais irregulares | zona que faz transição com a camada medular ( a regulação ocorre especialmente pela idade do indivíduo) - Esteróides sexuais: características sexuais secundárias Medula → células cromafins Fisiologia das Adrenais Síntese e secreção de hormônios: Hipotálamo → CRH→ Adeno-hipófise → ACTH → Adrenal → Colesterol: - Mineralocorticoide - Glicocorticoide - Esteróide O que faz predominar cada hormônio em cada região? Cada região do córtex pode ter uma atividade predominante de determinada enzima Patologia das adrenais Doenças do córtex: podem ser divididas em - Hiperfuncionamento - síndrome de cushing (cortisol ↑↑) - hiperaldosteronismo (aldosterona ↑↑) - síndrome androgênicas (andrógenos ↑↑) - Hipofuncionamento - insuf. aguda primária - insuf. crônica primária - insuf. secundária (ex: problema na hipófise, problema no hipotálamo) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Hiperfuncionamento Hiperfunção adrenocortical (Hiperadrenalismo) Hipercortisolismo (Síndrome de Cushing): aumento dos níveis de glicocorticóides; causas: exógena e endógena - Exógena → mais comum, medicamentosa - Endógena → acth dependente: problema na hipófise, problema em outro órgão que tem tumor e está produzindo acth: síndrome paraneoplásica ou acth independente: produção do glicocorticóide não depende do acth: carcinoma, tumor adrenal - Clínica: - obesidade em pescoço, face e tronco; - estrias purpúricas (degradação exagerada de colágeno com coloração por transparência dos vasos); equimoses; - acne, hirsutismo, hipogonadismo, distúrbios sexuais; - osteoporose (estimula atividade osteoclástica, inibe atividade osteoblástica); - hipertensão (corticóide em altas doses pode ter efeito análogo ao mineralocorticoide); - fraqueza e atrofia musculares (corticóide em altas doses induz catabolismo proteico); - redução da tolerância à glicose (inibem a captação de glicose e induzem gliconeogênese); - transtornos emocionais (corticoide pode agir em certas áreas do cérebro) - Causas: Exógena - Iatrogênica: principal, suprimir ACTH→ atrofia/hipotrofia córtex adrenal → pode demorar meses para voltar ao normal (importante para ajustar dose de medicamento para o paciente) / ir para cirurgia: aumentar dose / quando tirar o corticoide, deve ser de forma fracionada, desmame Endógena - Hipofisária (ACTH dependente): tumor produtor de ACTH na adenohipófise → Doença de Cushing → hiperplasia adrenal (70% causas) - Paraneoplásica (ACTH dependente): neoplasia que pode produzir ACTH → hiperplasia adrenal (15% causas) - Exemplo frequente: tumor de pulmão (oat cell) - Adrenal (ACTH independente): (15% causas) - Hiperplasia idiopática da adrenal (nódulos pequenos de 1-3 mm ou nódulos maiores que não costumam ultrapassar 3 cm) → alta produção de corticoide → nível de ACTH baixo - Tumor do córtex da adrenal funcionante → produção de cortisol → baixa concentração de ACTH → resto da glândula atrofiada pois reduzirá estímulo do ACTH Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Macroscopia e Microscopia: - Hiperplasia difusa: córtex espesso - Hiperplasia micronodular: pequenos nódulos pigmentados (pigmento: lipofuscina → desgaste das células) - Hiperaldosteronismo - Primário ( ↑ aldosterona) → problema na adrenal CAUSAS: - Idiopático (causa mais comum): 60% dos casos de hiperaldosteronismo primário; - Hiperplasia nodular bilateral das adrenais - Mutações germinativas (já nasce com alteração em uma cópia do gene) em gene que codifica canal de potássio - Adenoma (segunda causa mais comum) - Síndrome/ Doença de Conn → (neoplasia do córtex que produz aldosterona) mais comum que carcinoma; - Mutações somáticas (você nasce com tudo normal e precisa adquirir as duas mutações ao longo da vida) em gene que codifica canal de potássio - Glicocorticoide supressivo (causa rara, familiar, derivada de rearranjo cromossômico) - Córtex adrenal tem uma zona glomerulosa híbrida que responde ao estímulo de ACTH (normalmente responderia apenas ao sistema renina angiotensina) - ACTH estimula produção de aldosterona CLÍNICA: - HA (uma das principais causas de hipertensão secundária) - hipocalemia (perde potássio) e sintomas decorrentes dele: fraqueza, parestesia, tetania, níveis elevados de aldosterona e baixos de renina (não foi a ativação do sistema renina angiotensina que causou a elevação da aldosterona) - Secundário ( mais comum): ativação do sistema renina-angiotensina - Acontece com queda do fluxo sanguíneo renal (insuficiência cardíaca congestiva, desidratação, estenose da artéria renal, hipovolemia...) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Síndromes Adrenogenitais: Aumento dos andrógenos das adrenais: neoplasias adrenocorticais e hiperplasia congênita da cortical da adrenal; atinge igualmente homens e mulheres Duas condições principais: - Congênita: falha em uma enzima - Hiperplasia adrenal congênita - Pouco frequente → herança autossômica recessiva - Deficiência genética enzimática - ↓ Cortisol e Aldosterona → ↑ ACTH → hiperplasia do córtex ↘ ↑ testosterona (todo substrato que têm para produção de hormônio vai para a única via que está intacta → via da produção de andrógenos) - RN menino: excesso de andrógeno pode não ser tão perceptível do ponto de vista clínico - RN menina: hipertrofia clitóris, excesso pelos pubianos, genitália ambígua - Exemplo: deficiência de 21-hidroxilase (90 a 95% das hiperplasias adrenais congênitas) - Adquirida: tumor do córtex da adrenal, especialmente carcinoma HIPOFUNCIONAMENTO: Hipofunção adrenocortical (Hipoadrenalisme) - Primária (doenças da adrenal) ou secundária (defeito do eixo hipotálamo-hipófise) - Aguda ou crônica; Insuficiência aguda: - Após retirada cirúrgica das adrenais (nao deram reposicao adequado de hormonios) , - Doenças toxi-infecciosas agudas (dependendo da virulencia das bacterias, podem causas vasculite vasos adrrenal), - Tratamento prolongado com corticóides (córtex do indivíduo estará hipotrofiado), - Na evolução do hipocorticalismo crônico; - Estresse ou ↑ da demanda de esteróides; - Necrose/hemorragia maciça da adrenal* - Alterações da circulação - Necrose hemorrágica/infarto hemorrágico:trauma, asfixia, infecções, uso de anticoagulantes… - Ex.: Síndrome de Waterhouse-Friderichsen (necrose maciça da adrenal causada por uma infecção) - Infecção bacteriana (geralmente por meningococo) → CIVD e agressão endotelial de pequenos vasos → necrose hemorrágica maciça bilateral das adrenais → insuficiência adrenal aguda - Coagulação intravascular disseminada → coágulo → hemorragia - Toxinas bacterianas → lesão endotelial adrenal - Clínica: de evolução rápida, levando a morte em horas ou 2-3 dias; febre, hemorragias petequiais difusas, hipotensão (refratária a várias medidas de suporte), colapso circulatório profundo, cianose intensa Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Causa mais comum de hipercorticismo agudo Causas: trauma, uso de anticoagulantes, asfixia (adulto), hipoxia aguda intraparto (criança) Macroscopia: hemorragias petequiais difusas, cianose (há colapso circulatório intenso) adrenal → saco de sangue, necrose Microscopia: áreas de hemorragia e necrose Insuficiência crônica → destruição de 90% ou mais do córtex Causa mais comum de insuficiência crônica: adrenalite autoimune - Primária (problema na adrenal) → lesões destrutivas da cortical da adrenal - se der ACTH paciente não responde - Doença de Addison: - condição rara - 30-55 anos - ambos sexos - destruição autoimune do parênquima glandular (+ 90%) - causas: tuberculose; atrofia idiopática, AUTOIMUNE - Clínica: - Início insidioso e evolução lenta (pq lento? precisa ter 90% ou mais do parênquima destruído) - Astenia, perda de peso, hipoglicemia, hipotensão postural, distúrbios gastrointestinais, alterações mentais, queda de pelos axilares e pubianos, fadiga, hiperpigmentação da pele e mucosas; - Níveis baixos de cortisol, aldosterona e andrógenos; ACTH elevado (reduziu cortisol) - Microscopia: vários linfócitos - Secundária → lesões da região hipotálamo-hipofisária ou da hipófise) - se der ACTH paciente responde Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - ex: necrose hipofisária pós parto DISTÚRBIOS DE PROLIFERAÇÃO: Cortical das adrenais Hiperplasias adquiridas: - Difusa, nodular ou maciça Causas principais: - Adenoma da hipófise (maioria) → produzindo ACTH → doença de Cushing - Carcinoma bronco pulmonar de pequenas células (ACTH) ou outras neoplasias → produzindo ACTH - Neoplasias adrenocorticais - Origem: células epiteliais - Neoplasias benignas (adenomas) e malignas (adenocarcinoma): difícil diagnóstico diferencial - Alto grau nuclear; índice mitótico>5/50 campos de grande aumento; mitoses atípicas; < de 25% de células claras; arquitetura difusa em mais de um terço do tumor; necrose confluente; invasão de estruturas venosas; invasão de estruturas sinusoidais; invasão capsular - Escore = ou >3 indica malignidade - Obs: tumores endócrinos podem ter uma histologia branda → atipia endócrina Às vezes diferencia só quando vê metástase Adenoma X Carcinoma - Ambos podem ser funcionantes ou não-funcionantes → pode produzir cortisol (causando S.Cushing), aldosterona (S. de Conn), andrógino (S. Virilizante) - Pouco frequentes, mas com incidência alta na região sudeste do Brasil - Distribuição etária bimodal (dois picos): pico antes dos 5 anos e depois entre a quarta e quinta décadas - Adenoma → menor, menos sintomas... obs: carcinoma: produz muito andrógino adenoma: menos comum que seja andrógino Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Adenomas adrenocorticais - Neoplasia benigna cortical adrenal - Nódulos circunscritos, na maioria com 2 a 4cm de diâmetro (não alcançam grandes dimensões) - Maioria das vezes são não funcionantes - Síntese de hormônios - Funcionantes: hipotrofia da cortical restante da mesma glândula e da adrenal contralateral - Não-funcionantes (mais comuns); constituído predominantemente por células claras, semelhantes à da zona fasciculada se produzir aldosterona: síndrome de Conn Macroscopia: Tumor circunscrito, amarelado (células ricas em colesterol, semelhantes às da zona fasciculada), sem hemorragia ou necrose Microscopia: Numerosas células claras ricas em lipídeos, semelhantes às da zona fasciculada ↳Células vacuoladas (lipídio intracitoplasmático); pleomorfismo nuclear leve Carcinomas adrenocorticais - Neoplasia maligna cortical adrenal - Idade: variável (da infância à senilidade) - Forma arredondada ou irregular; 7 a 20 cm (atinge dimensões maiores que adenoma) - Metástases para linfonodos regionais, fígado e pulmões - Macroscopia: - Grandes massas com áreas de hemorragia e necrose - Microscopia: - Anaplasia e células multinucleadas Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A MEDULAR DAS ADRENAIS: Feocromocitoma → Células Cromafins - Neoplasia rara - Formada por feocromócitos - Crianças e adultos de ambos os gêneros - Quarta e quinta décadas de vida - Quase sempre benigno (minoria dos casos pode ser maligno) - Metástase em 10 a 15% dos casos - Sintetiza noradrenalina e adrenalina - Diagnóstico: dosagem urinária aumentada de adrenalina, noradrenalina, metanefrina e ácido vanilmandélico - Maioria é esporádico, maioria dentro da adrenal (ganglioma), maioria unilateral, maioria adulto, maioria benigno - Tumores produtores de catecolamina → Regra de 10 - 10% ligados a uma síndrome familiar - 10% localizados fora da adrenal - 10% bilaterais - 10% biologicamente malignos (metástases para linfonodos regionais, fígado, pulmões e ossos) - 10% aparecem na infância - Aspectos clínicos: Sudorese, náuseas, vômitos, perda de peso, cefaleia, palpitações, elevação do metabolismo basal… - Queixas podem vir em crises paroxísticas (picos de liberação das substs na corrente sanguínea) → surge repentinamente e depois desaparece - Hipertensão secundária: Cardiomiopatia catecolamínica ↳ Insuficiência cardíaca congestiva Edema pulmonar Infarto miocárdico Macroscopia: Nódulo único, encapsulado, de superfície acastanhada, áreas císticas, necrose e hemorragia podem ocorrer Microscopia: estrutura alveolar, pleomorfismo celular e hipercromasia nuclear. Ninhos bem definidos em meio a estroma fibrovascular. células que proliferam: cromafins FIGURA 2: presença de atipia endócrina, por ser endócrina não significa que é maligno A: Arranjo alveolar em meio a estroma fibrovascular B: Células neoplásicas positivas para cromogranina → imunohistoquímica Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Patologia da Hipófise Embriologia da Hipófise: duas glândulas em uma Anatomia da Hipófise - Neuro-hipófise: pars nervosa e infundíbulo - Adeno-hipófise: pars distalis, pars tuberalis, pars intermedia (foco da patologia) - Peso: 0,5g; medidas: 13 x 10 x 6mm - Localização: sela túrcica - próxima ao nervo óptico → tumor comprimir porção central do quiasma → perda do campo temporal - problema: campo visual - hemianopsia bitemporal - aumento da PIC - Herniação - AVE - isquemia → compressão de espaços Histologia da Adenohipófise - Cordões ou ninhos de células epiteliais entremeadas por capilares e sustentados por fibras reticulares - Cromófobas: citoplasma mais claro - Basófilos: bem roxo - Coloração para fibras reticulares - Hipófisenormal → observa-se as fibras reticulares - Adenoma → perda de fibras reticulares Fisiologia da Hipófise Produção de hormônios importantes ACTH → estimular a produção de cortisol TSH → estimular a tireoide FSH → regular o desenvolvimento, o crescimento, a maturação puberal, os processos reprodutivos e a secreção de esteróides sexuais, nas gônadas (testículos e ovários) LH → ovulação e o desenvolvimento do corpo lúteo Prolactina estimular a produção de leite pelas glândulas mamárias e o aumento das mamas. GH → estimular o crescimento e a multiplicação celular Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Regulação: - verde: hipotálamo - rosa: hipófise - Porcentagens → porcentagem das células hipofisárias que produzem esse hormônio Patologias da Hipófise: Hipopituitarismo Insuficiência hipofisária (90% de destruição) - Parcial (seletiva) - Total OBS: Quanto menor a concentração de hormônios, mais exuberantes serão as manifestações clínicas Algumas síndromes clínicas - Síndrome de Sheehan: decorrente de necrose hipofisária pós-parto; interrupção da lactação, amenorreia, insuficiência pluri-hormonal - hipófise aumenta muito de tamanho durante a gestação → hipóxia em estado de isquemia relativa → adeno hipófise fluxo de baixa pressão → mulheres com hemorragia muito importante durante o parto → hipófise em estado de isquemia absoluto - neuro hipófise não sofre tanto pois tem fluxo sanguíneo maior - pós parto imediato: não consegue amamentar, nao menstruar - pode apresentar clinica meses depois: insuficiência - Hipogonadismo hipogonadotrófico: queda de secreção isolada de LH e FSH; pode ser familial; desenvolvimento deficiente da genitália e dos caracteres sexuais secundários - reduzir gonadotrofinas Hiperpituitarismo - Gigantismo (crescimento harmônico do esqueleto); excesso de GH → antes de fechar a placa de crescimento - Acromegalia (crescimento das porções acrais do esqueleto): excesso de GH → depois de se fechar a placa de crescimento: crescimento exagerado do esqueleto, vísceras e tecidos moles - Protrusão da mandíbula, lábios grossos, macroglossia, nariz largo, bordas orbitárias salientes, pés e mãos grandes, visceromegalia - Complicações: osteoporose, diabete melito, fraqueza muscular, pele espessa, hiperidrose, hipertricose ou queda de cabelos, sintomas relacionados ao SNC - Doença de Cushing: excesso de ACTH - Galactorreia-amenorreia: hiperprolactinemia (prolactinoma, lesões hipotalâmicas (deixou de mandar fator inibidor), hipotireoidismo, medicamentos) Distúrbios do Crescimento - Hiperplasia → incomum - Neoplasia Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Benigna: Adenoma - Prolactinoma → mais comum - Secretante de GH - Secretante de ACTH - Outros Classificação de adenomas hipofisários - Tamanho (microadenomas < 10 mm, macroadenomas > 10 mm) - Clínica (ativos, inativos) - Radiologia - Cirúrgico Epidemiologia: - Maior frequência na terceira a sexta décadas de vida - Afeta homens e mulheres; mais comum em mulheres jovens Clínica: - Podem produzir sintomas locais e aumento da pressão IC - Elevação de hormônios hipofisários ou dos órgãos-alvo LESÕES: macroadenomas Microscopia: Células redondas ou poligonais em um padrão de crescimento difuso; mitoses são raras ou ausentes; pleomorfismo, hipercromasia e células gigantes podem ocorrer Como diferenciar de uma hipófise normal? fazer coloração das fibras reticulares para ajudar a ver se é área tumoral Prolactinoma - Adenoma hipofisário mais frequente (20-30%) - Relação homem:mulher de 1:2-4 - Idade: 5a e 6a décadas - Causa mais comum de hiperprolactinemia; síndrome de amenorreia-galactorreia - Alterações fisiopatológicas ↑ PRL → ↓ GnRH → ↓FSH e LH - Clínica: ciclos anovulatórios; oligo/amenorreia; infertilidade; diminuição da testosterona, com oligo/azospermia; perda da libido e impotência - Por isso falam que a mulher que está amamentando tem menor risco de engravidar - Maligna: Carcinoma (muito raros) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Patologia da Tireoide Anatomia da tireóide - lobo direito e esquerdo: ligados pelo istmo - perto da traqueia, esofago - peso 15-25 gramas Histologia da tireoide - folículos tireoidianos - estruturas esféricas revestidas pelas células foliculares → formato mais achatado, cuboidal ou colunar (depende da função que a glândula está exercendo no momento) - colóide → coloração rosada preenchendo os folículos - células c (parafoliculares) → entre os folículos → produção calcitonina Fisiologia da tireoide - Sistema de retroalimentação hipotálamo → TRH → adeno-hipófise → TSH → estimula produção e liberação dos hormônios tireoidianos na tireoide - qual liberado em maior quantidade? T4 / mais potente? T3 - T3 e T4 aumentar metabolismo basal - TSH: promove hiperplasia e hipertrofia da tireóide; estimula a síntese de seus hormônios e favorece a liberação dos hormônios - Auto-regulação (primeira linha de defesa contra flutuações de iodo) aumenta iodo intracelular → diminui a sensibilidade da célula folicular ao TSH aminoácidos e iodeto são captados pela célula folicular através da corrente sanguínea → transportador que transporta sódio e iodeto ao mesmo tempo → iodeto pra dentro e sódio para fora → retículo endoplasmático ocorre a síntese da tireoglobulina → vai para o interior do colóide → na tireoide consegue produzir e estocar Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A iodo → oxidado pela peroxidase → pendrina leva iodeto para dentro do colóide tireoperoxidase e oxidase tireóidea → iodação da tireoglobulina (sobre o estímulo do TSH) Investigação das doenças da tireoide - História clínica (alguns pacientes podem não ter manifestação por estar em um estado eutireoideo) - Exame físico (nódulos, nenhum nódulo, aumento tireoide) - Dosagens hormonais e de anticorpos - Ultrassonografia (sólidos, císticos ou mistos; lesões pequenas, calcificações, ecogenicidade) - Doppler (padrão de fluxo sanguíneo) - Cintilografia (nódulo “quente” → produção está aumentada ou “frio” → mais chance de ser maligno) - Punção aspirativa por agulha fina (PAAF) → células ou grupos de células → exame citológico → exame de primeira escolha na investigação dos nódulos da tireoide - Exame histopatológico → não é indicado em todos os casos - Nódulo tireoidiano: condição frequente → 4 a a 7% da pop tem nódulo tireoidiano - Cistos, bócios, tireoidites, adenomas ou carcinomas - bócio → aumento do volume da tireoide → uma das causas de bócio são os nódulos - Investigação do(s) nódulo(s): homens (quando aparece um nódulo na pop em geral, preocupa-se mais de ser maligno em homem); idade <20 anos ou >70 anos; história de radiação no pescoço (um dos principais fatores de risco para desenvolver câncer da tireoide); história familiar de doença da tireoide; crescimento rápido de massa cervical; rouquidão (compressão ou invasão do laríngeo recorrente), disfonia ou disfagia persistentes; linfonodomegalia cervical e/ou nódulo em crescimento; geralmente fixo aostecidos adjacentes Punção aspirativa da tireóide - Método de triagem (seleção de candidatos a cirurgia) - Procedimento ambulatorial; baixo custo - Altas sensibilidade e especificidade - Limitações - Pessoa que está fazendo a PAAF - Patologista - Lesão folicular (adenoma, carcinoma) para fazer diagnóstico diferencial de adenoma folicular para carcinoma folicular tem que ver se há invasão da cápsula do nódulo ou dos vasos (PAAF não consegue avaliar a cápsula do nódulo ) → PAFF liberada como lesão folicular ou neoplasia folicular (não diferencia se é benigno ou maligno) → deve-se fazer abordagem cirúrgica → critério histológico Tireotoxicose/Hipertireoidismo - Tireotoxicose (EXCESSO): síndrome clínica consequente aos efeitos excessivos de T3 e T4 - Hipertireoidismo (GLÂNDULA): hiperatividade da glândula tireóide Causas - Bócio tóxico - Hormônios exógenos - Tireoidite subaguda - Tumores da tireoide Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Adenoma hipofisário secretor de TSH - Doenças do hipotálamo (TRH) Alterações funcionais multissistêmicas - Gerais: emagrecimento, hiperexia (fome demais), fadiga, hipertermia,... - Circulatórias: taquicardia; arritmia; ICC; PA divergente (sistólica mais alta e diastólica mais baixa) - Cutâneas e de anexos: pele quente, úmida, eritema palmar (vasodilatação periférica); queda de cabelos; unhas quebradiças - Olhos: exoftalmia (retração da pálpebra pois o tônus simpático está aumentado) - Intestinos: hipermotilidade - Neurológicos: insônia, irritabilidade, agitação, concentração, tremor fino de extremidades Hipotireoidismo Deficiência de hormônios da tireoide ou incapacidade dos tecidos de responder aos estímulos hormonais (muito raro) - Causas - Tireoidianas primárias: tireoidites, deficiência de iodo, retirada da tireoide, etc - Causas hipofisárias: neoplasias, cirurgia, radioterapia - Causas hipotalâmicas: neoplasias, cirurgia, radioterapia, TCE - Causas periféricas: alterações funcionais multissistêmicas - Alterações funcionais multissistêmicas -Gerais: astenia, hipotermia, edema duro , retenção hídrica, ganho de peso, fácies mixedematosa -Circulatórias: bradicardia; derrame pericárdico; ICC; PA convergente - Cutâneas e de anexos: pele seca, áspera, amarelada, fria; queda de cabelo; unhas quebradiças - Intestinos: hipomotilidade - Neurológicos: depressão, fadiga, letargia, da concentração, demência - Diagnóstico diferencial: depressão, alzheimer Bócio Aumento volumétrico da tireoide - Classificação - Endêmico ou esporádico - Difusos ou nodulares (uni ou multinodulares) - Hiperfuncionantes (tóxicos) ou não-funcionantes (atóxicos) - Causas - Hiperplasia difusa (bócio difuso) ou nodular (bócio nodular) - Tireoidites - Neoplasias Bócio Endêmico - mais de 10% da população de uma área geográfica - precoce; elevado índice de cretinismo endêmico (hormônios tireoidianos são fundamentais para o desenvolvimento do sistema nervoso → pode originar retardo psíquico, retardo crescimento, língua protusa, fontanela alargada) - locais montanhosos; solo e a água são pobres em iodo (regiões com carência de iodo) - variações na prevalência: dieta rica em alimentos “bocigênicos”(competir com a captação de iodo)- cálcio e vegetais ricos em tiouracil (nabo, repolho,couve-flor) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Bócio Esporádico - qualquer região do globo - mulheres jovens - carência de iodo: puberdade , stress, gestação (grande necessidade de hormônios tireoidiano) - inúmeros agentes que interferem na síntese e/ou transporte dos hormônios (fatores ambientais, genéticos ou imunológicos) Bócio difuso • Tóxico (hiperfuncionante): Doença de Basedow-Graves • Atóxico (não-hiperfuncionante) - Doença de Basedow-Graves - Natureza autoimune - Autoanticorpos anti-receptor TSH - TRab (IgG que mimetiza a ação do TSH e estimula o crescimento da glândula tireóide- TSI) - TRab estimular proliferação e produção de hormônios - Exoftalmia, queda de cabelo e bócio discreto - Bócio difuso tóxico Doença de Basedow-Graves - Tríade Clássica - Hipertireoidismo (bócio difuso e indolor), oftalmopatia e dermopatia (mixedema pré-tibial-5%) - Mulheres; 20-40 anos - Causa mais comum de hipertireoidismo endógeno - Aumenta T3 e T4 , diminui TSH e aumenta captação de iodo radioativo (glândula está hiperfuncionante) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Macroscopia: Tireoide difusamente aumentada, uniforme, de aspecto carnoso Microscopia: Hiperplasia do epitélio folicular, com papilas se projetando para folículos dilatados e epitélio cilíndrico alto; vacuolização periférica do colóide (muita célula endocitando colóide)/ projeção para dentro do folículo → epitélio proliferado Bócio nodular - Tóxico (hiperfuncionante): Doença de Plummer (um único nódulo funcionante, adenoma tóxico, tecido autônomo) - Atóxico (não-hiperfuncionante) Mecanismo - Iodo diminui → aumenta TSH → - Hiperplasia/hipertrofia folicular - Acúmulo de colóide → Hipotrofia do epitélio - Formação de nódulos (bócio atóxico → tóxico) habitualmente é atóxico Macroscopia - glândula: nódulos , hemorragia, calcificação - degeneração cística Microscopia Folículos de tamanhos variados revestidos por epitélio cúbico ou achatado; colóide denso, sem vacuolização marginal (não está hiperfuncionante) vacuolização periférica: está hiperfuncionante Tireoidites Tireoidite Subaguda (ocorre após uma infecção viral) - Granulomatosa; células gigantes; De Quervain - Ag virais: linf.T citotóxicos (atacar tireoide) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Mulheres jovens - Febre, mal-estar, mialgia - tireóide, dor cervical - 50%: tireotoxicose - se quebrar folículo → liberar muito hormônio para a corrente sanguínea - clínica: tive uma gripe → muito mal estar, dor no corpo → tireóide aumentada → tireoide dolorosa - maioria autolimitada - Inflamação e granulomas contendo células gigantes multinucleadas tipo corpo estranho Tireoidite de Hashimoto - Autoimune, mediada por cél. T CD8+ e CD4+ - Acs anti tireoperoxidase (TPO), antitireoglobulina, anti receptor de TSH, anti transportador de iodetos (principais: anti TPO, anti tireoglobulina) - Resposta humoral e celular - Fatores ambientais e genéticos; 45 a 65 anos - Hipotireoidismo em regiões sem carência de iodo - Homem:mulher- 1:10 - Perda da função tireoidiana - Folículos linfóides com centros germinativos evidentes e células oxifílicas (célula folicular modificada) - Aumento simétrico, aspecto lobulado, consistência firme-elástica. Em fase avançada: hipotrofia acentuada Tireoidite de Riedel - Rara, causa desconhecida - Mulheres; reação fibrosante - Pode simular neoplasia - Inflamação crônica, esclerose e atrofia do parênquima Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Neoplasias Aspectos gerais - 90% origem de células foliculares - 10% células parafoliculares, linfomas, neoplasias raras ou metastáticas Classificação - Neoplasias benignas - Adenomas - Neoplasias malignas - Epitélio folicular(papilar; folicular; anaplásico) - Epitélio para folicular (medular) Outros (linfomas) - Adenomas foliculares - Aspectos gerais - Relação homem:mulher de 1:6-10 - Idade: 20-60 anos (picos 3a e 5a décadas) - Problema: diagnóstico diferencial - macroscopia:lesão única bem delimitada - microscopia: estruturas semelhantes aos folículos tireoidianos proliferadas, não infiltra a cápsula - Neoplasias malignas - Aspectos gerais - Neoplasia maligna endócrina mais comum - 1,2% de todas as lesões malignas - Tendência ao aumento da prevalência e à redução da mortalidade Etiopatogênese 1. Irradiação de estruturas da cabeça/pescoço* 2. Excesso de TSH (estimulação prolongada da atividade mitótica das células foliculares) 3. Alterações genômicas (anormalidade em oncogenes e em genes supressores de tumor, dentre outros) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Carcinoma papilar Carcinoma folicular Muito associado a irradiação de de estruturas na cabeça e pescoço Mais comum (>60% casos) Radiação; mulheres Disseminação linfática → linfonodos cervicais (não altera o prognóstico) Indolente Bom prognóstico Fusão RET/PTC, mut.+ BRAF (estimula proliferação celular) Segunda mais comum; mulheres > 40 anos; carência de iodo Disseminação hematogênica → pulmão, fígado e osso Bom prognóstico na forma nodular e pior na difusa Mut.+RAS e PIK3CA ou -PTEN (gene supressor tumoral) Diagnóstico diferencial principal: adenoma folicular (como saber? infiltracao da cápsula e dos vasos da cápsula) Carcinoma anaplásico Carcinoma medular 5% dos cânceres Disseminação precoce Indiferenciado; pode surgir de ca diferenciado Prognóstico sombrio Mut.+RAS e PIK3CA ou –TP53 (gene supressor tumoral) 5 a 10% dos cânceres; cél. C H:M= 1:1,5; 5.a e 6.a décadas Diarreia (30% dos casos) → produz subst que alteram a motilidade intestinal Dissem. linfática; hem. tardia (primeiro linfático) Malignidade intermediária Mut. RET (somática ou germinativa - já nasce) OBS: vem da célula c ou parafolicular calcitonina elevada → cálcio no sangue deveria estar baixo → não é o caso pois provavelmente a molécula de calcitonina está alterada (estará normal ou discretamente reduzido) OBS: - as neoplasias da tireoide são mais frequentes em mulheres - se eu tiver dois pacientes com nódulos tireoidianos (homem e mulher), provavelmente será maligno em homens - Microscopia - Carcinoma Papilar - papilas com células foliculares alteradas revestindo - células com inclusão nuclear, fenda nuclear (atentar ao detalhe da célula) - corpos psamomatosos: forma de calcificação concêntrica Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Carcinoma Folicular - invasão da cápsula, invasão do vaso da cápsula - folículos e microfolículos - não dá pra fechar diagnóstico com a PAAF - Carcinoma Anaplásico - Células pequenas (lembra linfoma) - Células fusiformes (lembra um leiomioma) - Células pleomórficas (variabilidade das células, fundo sujo - necrose, hemorragia) - Carcinoma Medular - células ovaladas, arredondadas, material róseo: amilóide - > 90% esporádico - 10% familial → herança autossômica dominante - neoplasia endócrina múltipla - NEM IIA ( CA medular + feocromocitoma + hiperplasia ou adenoma da paratireoide) - NEM IIB ( CA medular + feocromocitoma + neuromas múltiplos de mucosa) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Patologia da Paratireoide - Ovaladas, peso médio: 30-40 mg - Células principais que produzem paratormônio → estimula reabsorção óssea - Histologia: Células Principais Células oncofílicas Hiperparatireoidismo - Conceito: hiperfunção das glândulas paratireoides - Tipos - Primário (adenoma, hiperplasia, carcinoma da paratireóide) - Secundário (hipocalcemia persistente- insuficiência renal crônica → pessoa excreta cálcio, passar vitamina d de inativa para ativa precisa do rim → não consegue absorver muito cálcio) - Terciário (algumas células autônomas) - Adenoma da paratireoide: 75 a 80% - Características gerais - Neoplasia benigna da paratireoide - Peso: geralmente 1,0 a 5,0 gramas - Lesão única, encapsulada - As demais glândulas são normais ou hipotróficas - Pode ter sede ectópica (10%) - Relação homem:mulher de 1:3 - Quarta década Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Excesso de paratormonio → calcemia alta - Macroscopia: Tumor hipercelular, homogêneo e vascularizado, nódulo discretamente lobulado, com fina cápsula e superfície acastanhada com pequenos cistos - Microscopia: Tumor hipercelular, homogêneo e vascularizado - Hiperplasia primária: 10 a 15% - Carcinoma da paratireóide: < 5% - Características gerais - Neoplasia maligna da paratireoide - Quarta ou quinta década - Hiperparatireoidismo (valores elevados da calcemia e do PTH, massa cervical palpável e paralisia das cordas vocais) - Critérios de malignidade: - Invasão da cápsula e dos tecidos vizinhos - Recidiva do hiperparatireoidismo - Metástases (linfonodos) - Microscopia: arranjos trabeculares com traves fibrosas, Invasão capsular Patologia do Pâncreas Anatomia do Pâncreas - órgão alongado dividido em cabeça, corpo e cauda - duas funções: exócrina e endócrina (diabetes) Histologia - Periferia da figura: ácinos pancreáticos (porção exócrina) - No meio: estruturas arredondadas → ilhotas (1 a 2 % do peso do pâncreas - Células: α, β, ɗ, PP, ε - Célula alfa: glucagon - Célula beta: insulina (60-70% das células das ilhotas) - Células delta: somatostatina - Células pp: peptídeo pancreático → estimula enzimas no estômago - Células epsilon: grelina Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Imunohistoquímica: Células Alfa Células Beta Pâncreas Endócrino Diabete Melito Conceito - Grupo de desordens metabólicas que apresentam como característica comum a hiperglicemia - Defeitos na secreção e/ou ação da insulina - Importância: epidemiologia; morbidade; mortalidade → causa mais comum de óbito = infarto, AVC Diagnóstico - Glicemia normal: até 99 mg/dl - Critérios 1- Glicemia ao acaso > 200 mg/dl, aliada aos sinais e sintomas clássicos → poliúria, polidipsia, polifagia, predomínio do estado catabólico (único critério que pode ser utilizado de forma isolada sem ter que repetir) 2- Glicemia de jejum > 126 mg/dl, 3- Curva glicêmica anormal (> 200 mg/dl, 2h após a administração de 75g de glicose) 4- Níveis de hemoglobina glicosilada > ou =6,5% *2, 3 e 4 precisam ser repetidos e confirmados em outra ocasião OBS: se tiver discrepância nos testes → considerar valor maior - glicemia de jejum 100-125 mg/dl: glicemia de jejum alterada - glicemia pós-prandial 140-199 mg/dl: tolerância à glicose diminuída - glico-hemoglobina 5,7-6,4%: alterada ↓ Pré-diabetes IMPORTÂNCIA: evitar lesões em órgãos alvo (mesmo no estado de glicemia alterada ou tolerância diminuída pode gerar lesão em órgão alvo) , mudanças dos hábitos de vida, tentar reverter o quadro, - Lembrar que estresses agudos (infecções graves, queimaduras ou trauma) podem levar à hiperglicemia transitória - Classificação - Diabetes do tipo 1 (destruição das cél. β) → 5-10% dos casos - Diabetes do tipo 2 (resistência à insulina + disfunção das cél. β) → 90% dos casos - Outros (alterações do pâncreas exócrino , endocrinopatias (cushing → cortisol é hormônio contrarregulador da insulina), infecções, drogas, síndromes genéticas, diabete melito gestacional,...) OBS: as complicações crônicas aparecem tanto no tipo 1 quanto no tipo 2 → a diferença é quando vai começar a rastrear essas complicações (tipo 1 e 2: rins, olhos, sensibilidade periférica, doença ateroscleróticaacelerada) - DM1: quadro agudo, abrupto → pesquisa-se 5 anos após o diagnóstico Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - DM2: pesquisa-se alterações de imediato, pode ser um quadro arrastado, o paciente pode ter a doença e não saber - Fisiologia Normal da Insulina → regulação da homeostase da glicose refeições → liberadas incretinas (GIP e GLP1) → estimular liberação de insulina → entrada glicose células beta pâncreas → liberação de insulina - Produção de glicose no fígado - Captação e utilização de glicose pelas células - Ação da insulina e dos hormônios contra reguladores (glucagon, cortisol) - Síntese e liberação da insulina - ↑ glicemia → captação de glicose pela célula beta do pâncreas facilitada pelo GLUT2 → metabolismo da glicose → secreção de insulina - O que dosar? Peptídeo C . Insulina e peptídeo C (meia vida maior) liberados em quantidades equimolares Imagem: célula beta do pâncreas REVISÃO: aumenta glicemia → glicose captada pelo glut 2 → metabolizada pela célula beta → despolariza membrana → influxo de cálcio para célula beta → liberação insulina - Efeito das incretinas (após ingestão de alimentos por via oral; atenuado em pacientes com DM2): - Aumentam secreção de insulina; reduzem secreção de glucagon e retardam esvaziamento gástrico (saciedade) - Principais incretinas: - GIP: secretada no delgado proximal - GLP-1: secretada pelo íleo distal e cólon São degradadas na circulação por dipeptidil-peptidase (DPPs, especialmente DPP4) → degrada incretinas → exemplo de drogas que já são desenvolvidas para atenuar essas enzimas - A própria glicemia, a gliconeogênese feita pelo fígado e a utilização da glicose pelos tecidos periféricos regulam a glicemia - A principal função metabólica da insulina é aumentar o transporte de glicose para determinadas células do corpo (células dos músculos → aumenta síntese de glicogênio e síntese proteica | adipócitos → aumenta lipogênese e diminui lipólise). No fígado age inibindo uma enzima essencial nas primeiras etapas da gliconeogênese, a diminuindo - Não são todos os órgãos do nosso corpo que precisam da insulina para a glicose entrar (exemplo: cérebro) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - Ação e vias de sinalização da insulina Insulina se liga ao receptor da célula-alvo ↓ ativação Vias de sinalização mitogênica e metabólica - Como a insulina age na célula alvo (musculatura, adipócito)? - Insulina se liga a porção alfa do receptor → autofosforilação do receptor → fosforilação de outras substâncias → incremento/ativação de duas vias principais - MAP quinase - PI-3K → efetor AKT/ proteína citoplasmática CBL-P (pode ser qualquer um dos dois) → vesículas contendo GLUT4 migrem para a superfície da células alvo → glicose passa para dentro da célula - aumentar a síntese de glicogênio e proteína (anabólico), promover crescimento e diferenciação celular - exemplo de uma das formas de resistência: GLUT4 não migrar de forma adequada para a superfície da célula - atividade física estimula migração de GLUT4 para a superfície da célula) → Efeito anabólico - DM 1: Patogênese - Suscetibilidade genética (locus HLA no cromossomo 6p21- DR3 e DR4, DQ8 (combinação mais perigosa mutação do 3 ou 4 junto com 8); diversos genes não HLA) - Fatores ambientais (infecção viral? mimetismo molecular → um pedaço do vírus muito parecido com célula beta → anticorpos atacar vírus e célula beta | pode ocorrer também resposta inflamatória agindo nas ilhotas pancreáticas vão expor determinados antígenos que estavam escondidos nas ilhotas) - Mecanismos de destruição das células beta - Linfócitos autorreativos (TCD4+ e TCD8+) resposta celular e humoral - Citocinas (IFN-γ, TNF) - Autoanticorpos (encontrados na maioria dos casos) - DM 2: Patogênese (90% dos casos, qualquer faixa etária - espera meia idade para cima, indivíduos obesos 80%) - Fatores genéticos: várias alterações já identificadas; muitas delas associadas a secreção de insulina (não se conhece todos os genes, não espera que seja da classe HLA) - Fatores ambientais: obesidade* em mais de 80% dos pacientes, especialmente central (tec. adiposo mais lipolítico → liberar mais ácidos graxos livres → promovem resistência periférica à insulina); sedentarismo (como atividade física ajuda? colocar GLUT4 na superfície da célula) Obesidade Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A ↓Algumas adipocinas (aumentada ou diminuída (adiponectina baixa em pessoas com resistência periférica à insulina), ácidos graxos livres, inflam. crônica no tec. adiposo Resistência à insulina: ↓ da habilidade de resposta dos tecidos periféricos à insulina ↓ Compensação das células beta (↑insulina) → às vezes, é dessa forma que os indivíduos com resistência periférica à insulina não apresentam sintomas por muito tempo ↓ Insuficiência das células beta ↓ Diabete Imagem: ponto de vista molecular da resistência - reduzir número de receptores de insulina na célula - reduzir fosforilação do receptor ou dos intermediários → deixa vias de sinalização mais fracas → tudo que elas fariam será feito de uma forma menos efetiva → menos GLUT4 vai para à superfície da célula → indivíduo entra em um estado catabólico - Consequências da resistência à insulina: - incapacidade de inibir a gliconeogênese no fígado; (insulina não consegue inibir de forma efetiva a enzima responsável pela gliconeogênese) glicemia de jejum aumentada - incapacidade de absorver glicose e fazer síntese de glicogênio no músculo esquelético; glicemia pós prandial aumentada - incapacidade de inibir lipoproteína lipase no tecido adiposo, levando a excesso de ácidos graxos livres, piorar resistência à insulina Aspectos Clínicos: - DM1 (abertura abrupta) - Poliúria, polidipsia e polifagia - Cetoacidose: fadiga, náuseas, vômitos, dor abdominal, respiração de Kussmaul, depressão da consciência, coma - Estado catabólico, perda de peso Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A Cetoacidose; excesso de corpos cetônicos → alterações de pH → acidose → tenta compensar com à respiração de Kussmaul → padrão respiratório profundo e trabalhoso - DM2 - Assintomáticos - Não se espera encontrar cetoacidose → tem certa reserva de insulina, não espera formar tantos corpos cetônicos / pode ser que aconteça em indivíduos idosos, que consomem pouca água, estado de estresse agudo - Síndrome hiperosmótica hiperosmolar: diurese osmótica, desidratação grave (niveis altissimos de glicemia - Complicações tardias Complicações crônicas → patogenia - Doença macrovascular (artérias musculares de grande e médio porte) - Aterosclerose acelerada → mais grave e mais precoce (risco aumentado de IAM, AVC e isquemia de extremidades inferiores, gangrena) - complicações que mais trazem mortalidade para os indivíduosque tem diabete - Doença microvascular (pequenos vasos) - Retinopatia - Nefropatia - Neuropatia OBS 1: esses órgãos alvo não tem regulação efetiva da entrada da glicose nas células OBS 2: Principal fator que contribui para essas complicações: hiperglicemia (glicotoxicidade) OBS 3: o que fazer para evitar complicações? controle estrito da glicemia → mais efetivo para evitar complicações microvasculares / paciente tem mais chance de desenvolver hipoglicemia OBS 4: pé diabético (associação de alterações de macro - altera perfusão e micro - neuropatia - altera propriocepção) → alteração da perfusão → ferida que não consegue cicatrizar → gangrena de membros inferiores - Alterações metabólicas, especialmente hiperglicemia (glicotoxicidade); resistência à insulina; comorbidades - "Vias metabólicas" 1- Formação de produtos finais da glicosilação avançada (AGE), que se ligam (irreversivelmente) a receptores (RAGE) de células inflamatórias, endotélio e músculo liso vascular: - liberação de citocinas e de fatores de crescimento; (piora a inflamação, estimular proliferação de célula muscular lisa → parede do vaso aumentado, luz diminuída) - geração de espécies reativas de oxigênio; (aumenta estresse oxidativo, altera permeabilidade parede dos vasos) - aumento da atividade pró-coagulante; (aumenta chance de ter trombo) Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A - proliferação de células musculares lisas e de matriz extracelular nos vasos 2- Ativação da proteína-cinase C: produção de moléculas pró-angiogênicas (VEGF) (formação de vasos → especialmente na retina → retinopatia diabética); aumento da atividade vasoconstritora e diminuição da vasodilatadora (redução de perfusão dos órgãos); produção de moléculas pró-fibrogênicas e procoagulantes e de citocinas inflamatórias pelo endotélio vascular. 3- Estresse oxidativo e distúrbios nas vias de poliol (glicose metabolizada a sorbitol): aumento da suscetibilidade celular ao estresse oxidativo (aldose redutase metaboliza a glicose usando o NADPH como cofator. O NADPH também é co-fator para enzima antioxidante. 4- Vias das hexosaminas e geração de frutose-6-fosfato: ↑ intracelular gerando proteoglicanos em excesso, agravando os danos aos órgãos-alvo (espessamento de membrana basal e alteração de vasos) Morfologia das Complicações Tardias - Pâncreas - Redução no número e tamanho das ilhotas de Langerhans - Insulite (DM1) vários linfócitos - IMAGEM 1: Substituição das ilhotas por amiloide (DM2) deposito de material amorfo e hialino - IMAGEM 2: insulite da MD1 → ii linfocitário + edema - Doença Macrovascular Diabética - Aterosclerose acelerada (mais grave; de início precoce) ↳ Infarto agudo do miocárdio (principal causa de morte nos diabéticos) Gangrena de extremidades (cerca de 100 vezes mais comum em diabéticos) Doença arterial periférica → aorta aberta, inúmeras placas ateromatosas distribuidas ao longo da aorta, placas ulceradas - Microangiopatia diabética - Espessamento generalizado das membranas basais (capilares da pele, músculos esqueléticos, retina, glomérulos e medula renal; túbulos renais, cápsula de Bowman, nervos periféricos, placenta) ligação da glicose com determinadas proteínas da membrana basal - Sistema nervoso: Neuropatia diabética (periférica, geralmente simétrica); alterações do sistema nervoso autônomo (alteração da função intestinal, da bexiga, impotência), etc. - Complicações oculares (retinopatia, catarata, glaucoma) - IMAGEM: Neovascularização e focos de hemorragia, fase proliferativa Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A retinopatia diabética tem 2 fases (ambas tem focos de hemorragia) 1 não proliferativa 2 proliferativa → aumento da densidade de vasos na retina do paciente - Nefropatia diabética - Lesões glomerulares . - Esclerose mesangial (aumento difuso da matriz mesangial associado ao espessamento da membrana basal) - Glomeruloesclerose nodular (depósitos arredondados de massas de matriz na periferia dos glomérulos- PAS –positivos): Doença de Kimmelstiel-Wilson microvascular - material amorfo depositado nas alças capilares, Doença de Kimmelstiel-Wilson Glomeruloesclerose difusa associada a DM de longa data - Aterosclerose/ Arterioloesclerose/ Arterioloesclerose hialina (parte da doença macrovascular) (aferente e eferente) Doença de Kimmelstiel-Wilson + arterioloesclerose hialina → depósito de material amorfo e hialino na parede das arteríolas Bruna Caporali e Gabriela Picchioni - 68A . - Pielonefrite/ Papilite necrosante - Imagens: redução de peso e tamanho, parênquima reduzido, superfície externa finamente irregular, gordura perirrenal mais espalhada
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