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Melhores Poemas de Gonçalves Dias (1)

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Melhores Poemas de Gonçalves Dias
O AUTOR:
Antônio Gonçalves Dias, filho de um comerciante português e de uma mãe mestiça de índio e negro nasceu em Caxias, 1823, e faleceu nas Costas do Maranhão, 1864. Orgulhava-se de possuir nas veias o sangue das três raças que formavam o povo brasileiro. Foi estudante de Direito em Coimbra, onde assimilou como poucos as idéias românticas que lá contemplou. Sua saudade e a distância da pátria o fizeram escrever obras-primas como “A canção do Exílio”, que o consagraria como o primeiro grande poeta do Romantismo brasileiro. Retornando ao Brasil, vem a publicar em 1846 seu primeiro livro, Primeiros Cantos, que o torna famoso e admirado por gente como Alexandre Herculano e o imperador. Foi professor, funcionário público e crítico literário, além de trabalhar em diversos jornais. Participou de várias viagens ao interior do Brasil, sobretudo no Ceará e na Amazônia, como membro de missões científicas patrocinadas pelo governo brasileiro. Fez também várias viagens à Europa, à procura de novos ares e novos tratamentos que curassem sua já avançada tuberculose. Regressando da França muito doente, foi vítima do naufrágio do navio Ville de Boulogne, nas costas do Maranhão (seu estado natal), no ano de 1864.
Gonçalves Dias foi um dos poucos poetas que soube dar um toque realmente brasileiro na sua poesia romântica, mesmo escrevendo sobre todos os temas mais caros ao Romantismo europeu, como o amor impossível, a religião, a tristeza e a melancolia. Suas paixões são reveladas muitas vezes num tom ingênuo e melancólico, mas muito menos tempestuosas e depressivas que as dos poetas da segunda geração romântica. A morte e a fuga do real não lhe são tão atraentes, principalmente quando esse real inclui as belezas naturais de sua terra tão amada. Suas musas parecem se fundir às belas imagens e fragrâncias da natureza, lembrando várias vezes a própria pátria, que é cantada com toda a sua exuberância e saudade, revigorada pelo seu sentimento nacionalista. A saudade, aliás, é a grande mola propulsora que leva o poeta a escrever em Coimbra o poema que é considerado por muitos a mais bela obra-prima de nossa literatura: A Canção do Exílio.
O nome de Gonçalves Dias está mais ligado, porém, com a poesia indianista. Isso se deve ao fato de ninguém ter conseguido criar versos tão líricos, belos e magníficos quantos os que o poeta maranhense dedicou aos costumes, crenças, tradições dos índios brasileiros, por ele considerados como verdadeiros representantes de nossa cultura nacional. A figura do indígena ganha tons míticos e épicos dentro da poesia, capazes de colocar à tona toda a sua harmonia com a natureza, sua honra, virtude, coragem e sentimentos amorosos, mesmo que isso muitas vezes signifique uma imagem idealizada e exacerbada de sua vida quotidiana. É, apesar de todo esforço nacionalista, o resquício da visão que os povos da Europa tinham do selvagem da América, aliada a uma tentativa de conciliação entre a sua imagem e os ideais e honras do cavaleiro medieval europeu, fartamente cantado no Romantismo.
Mais do que uma vigorosa exaltação nacionalista, alguns dos versos que Gonçalves Dias dedicou aos índios servem e muito para denunciar os três séculos de destruição que os colonizadores impuseram às suas culturas.
ESTILO DE ÉPOCA: Romantismo
O que é o Romantismo? Uma escola, uma tendência, uma forma, um fenômeno histórico, um estado de espírito? Provavelmente tudo isto junto e cada item separado. Ele pode apresentar-se como uma dentre uma série de denominações como Classicismo, Barroco, maneirismo[...], que traduzem as qualidades e estruturas de uma obra de arte. Mas o Romantismo designa também uma emergência histórica, um evento sócio-cultural. Ele não é apenas uma configuração estilística [...]. Mas é também uma escola historicamente definida, que surgiu num dado momento, em condições concretas e com respostas características à situação que se lhe apresentou.
(J. Guinsburg. Romantismo. São Paulo: Perspectiva, 1978)
Primeira Geração Romântica: é conhecida como geração nacionalista ou indianista, pois tomou o índio como representante da nacionalidade brasileira, do passado pré-colonial do país. Vivendo uma fase em que o sentimento nacionalista era muito forte, essa geração também apresenta a exaltação da natureza (principalmente ao reproduzir a “cor local”), o sentimentalismo e a religiosidade como traços principais.
A OBRA MELHORES POEMAS:
É uma coletânea organizada por José Carlos Garbuglio e publicada pela editora Global. Para compô-la o organizador buscou alguns poemas de: “Primeiros cantos” (poesias americanas, diversas e hinos); “Novos Cantos”; “Sextilhas do Frei Antão” (texto com linguagem arcaica, erudita); “Últimos cantos” (poesias americanas e diversas); “Os Timbiras” (apenas a introdução desse poema épico inacabado); e outras poesias.
(adaptados) COMENTÁRIOS DA INTRODUÇÃO DA OBRA FEITOS PELO ORGANIZADOR José Carlos Garbuglio:
Gonçalves Dias é herdeiro do Setecentismo, por isso seus poemas enquadram, por mais de um aspecto, nas tendências neoclássicas. Deixam-se pautar pela harmonia e equilíbrio dos clássicos em que a contensão aparece como elemento central e orientador da própria composição. Dessa filiação decorrem a sobriedade e elegância que o afastam por isso mesmo dos excessos que vieram depois dele no romantismo brasileiro, todos marcados pelos desdobramentos e extravagâncias românticas.
(...) Embora o indianismo constitua a parte mais representativa do nacionalismo é preciso não esquecer que as formas de representação da natureza ocupam parte substancial de sua poesia. (...) Há uma evocação simbólica do espaço e da paisagem brasileiros (“a cor local”).(...) Não se pode, também, ver no índio – em sua obra – o selvagem americano, mas o ser poético elaborado segundo as convenções da lírica ocidental e, principalmente, uma importante contribuição ao enriquecimento do patrimônio cultural recebido.
Ao tratar o índio de acordo com os padrões poéticos conhecidos, Gonçalves Dias dá ênfase aos valores e qualidades simbólicos que lhe permitem traço de generalização mais amplo, mais próprios aos intuitos de heroicização e de engrandecimento do nascente orgulho nacional. (...) O índio que temos diante de nós é um acabado exemplar de atributos e virtudes da cultura branca, de que é herdeiro o poeta, e que se padronizou em esquemas literários. Ou, se se quiser ver de outro ângulo, o poeta exalta qualidades respeitadas pelos padrões da cultura e ética recebidas.
(...) A coletânea ainda conta com o poema dramático “I-Juca Pirama”. Neste as variações psicológicas do guerreiro aprisionado e os diferentes momentos da preparação do ritual da festa (antropófaga) se expressam na mobilidade rítmica dos versos e acentuam as fases do drama vivido, desde o momento, por excelência da poderosa força poética, da “maldição”, até a reabilitação do guerreiro que, tocado pelo sentimento bem ocidental de dever e amor filial, se deixara abater diante do inimigo. A oscilação rítmica ressalta o jogo entre sentimento e dever, para aumentar o sentido do drama e o valor do guerreiro, e se encontra, no seu todo, mais próxima dos padrões da cavalaria medieval que da ética indígena.
(...) Na linha de valorização do nacional, há a poesia de exaltação ou simples descrição da paisagem brasileira. Aproxima-se à poesia da natureza os estados de solidão e melancolia do eu lírico, como também a poesia religiosa que surge em “visões”, “A ideia de Deus”, tal como propunha o Romantismo: tudo aparece como projeção da vontade divina ou expressões que se ligam aos estados íntimos do poeta.
(...) Os poemas amorosos de Gonçalves Dias são decorrentes de dores fictícias – nem por isso menos sofridas – que se passam na imaginação do poeta, de homem que se comprazia em figurar dificuldades e impossibilidades, e não consequências de frustrações ou decepções pessoais. 
(...) Por fim, o grande conhecimento de poesia, das fontes eruditase medievais da língua, a familiariedade com a lírica portuguesa, desde os cancioneiros, permitiram a elaboração de “As sextilhas o Frei Antão”, em que se faz presente aquele decantado virtuosismo.
ESTUDO ANALÍTICO DE ALGUMAS PARTES DA OBRA
De Primeiros Cantos:
Poesias americanas
Canção do exílio
O canto do guerreiro
O canto do piaga
Deprecação
Poesias diversas
A minha musa
A leviana
Delírio
Sofrimento
A escrava
Quadras da minha vida
Hinos
O mar
Rosa no mar
Ideia de Deus
PRÓLOGO DA PRIMEIRA EDIÇÃO
Dei o nome de PRIMEIROS CANTOS às poesias que agora publico, porque espero que não serão as últimas.
Muitas delas não têm uniformidade nas estrofes, porque menosprezo regras de mera convenção; adotei todos os ritmos da metrificarão portuguesa, e usei deles como me pareceram quadrar melhor com o que eu pretendia exprimir.
Não têm unidade de pensamento entre si, porque foram compostas em épocas diversas – debaixo de céu diverso – e sob a influência de impressões momentâneas. Foram compostas nas margens viçosas do Mondego e nos píncaros enegrecidos do Gerez – no Doiro e no Tejo – sobre as vagas do Atlântico, e nas florestas virgens da América. Escrevia-as para mim, e não para os outros; contentar-me-ei, se agradarem; e se não... é sempre certo que tive o prazer de as ter composto.
Com a vida isolada que vivo, gosto de afastar os olhos de sobre a nossa arena política para ler em minha alma, reduzindo à linguagem harmoniosa e cadente o pensamento que me vem de improviso, e as ideias que em mim desperta a vista de uma paisagem ou do oceano – o aspecto enfim da natureza. Casar assim o pensamento com o sentimento – o coração com o entendimento – a ideia com a paixão – colorir tudo isto com a imaginação, fundir tudo isto com a vida e com a natureza, purificar tudo com o sentimento da religião e da divindade, eis a Poesia – a Poesia grande e santa – a Poesia como eu a compreendo sem a poder definir, como eu a sinto sem a poder traduzir.
O esforço – ainda vão – para chegar a tal resultado é sempre digno de louvor; talvez seja este o só merecimento deste volume. O Público o julgará; tanto melhor se ele o despreza, porque o Autor interessa em acabar com essa vida desgraçada, que se diz de Poeta.
Rio de Janeiro – julho de 1846.
O trecho acima pertence ao “Prólogo” da obra “Primeiros Cantos”, através dele Gonçalves Dias revela a sua postura em face do fazer poético como também nele sobressaem as principais características do ideário romântico:
o culto e exaltação da natureza, vista quase sempre como reflexo de Deus;
a tendência para a solidão, em contato com a natureza, longe da sociedade;
a necessidade de perpassar tudo de imaginação e sentimentalismo;
o derramamento lírico, em que o poeta extravasa as emoções e sentimentos de forma livre e espontânea;
a necessidade de perpassar a produção poética do sentimento cristão e religioso;
a metrificação variada e livre, sem o rigor formalista da poesia clássica;
a improvisação, deixando-se o poeta levar pela imaginação e pelas emoções, sem o freio do racionalismo clássico.
Ainda em relação à obra “Primeiro Cantos”, além desses aspectos listado, destaca-se também como característica do Romantismo:
o nacionalismo expresso por meio da temática indianista e também do sentimento da pátria;
a concepção amorosa a partir de sentimentos puros e castos e como paixão avassaladora na linha do “amor e morte”;
o uso frequente de reticências e interjeições como recurso que expressa bem os estados da alma.
Os poemas de “Primeiros cantos” estão reunidos em três partes: “Poesias americanas, Poesias Diversas e Hinos.
Poesias Americanas:
Abre-se o livro com “Canção do exílio”. Poema marcado pelo saudosismo da pátria distante e formosa, com um excesso de descrições ufanistas.
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossos várzeas têm mais flores,
Nossos bosque têm mais vida(...)
(Canção do Exílio)
O poema pertence ao gênero Lírico, que não conta uma história e sim exprime um estado de ânimo de um “eu”, o “eu” lírico.Os elementos de cenário servem como metáforas desse estado de espírito e tem papel muito mais importante do que cenários onde se desenrola uma história.
O poema começa com o uso de uma epígrafe, prática comum no romantismo, que possui função semelhante à clave musical, servindo para sugerir o tom da interpretação do poema.
O poema começa com a oposição da terra natal do eu lírico como lugar distante (lá) e a terra do exílio. Essa oposição parte de elementos prosaicos e vai num crescendo até atingir a própria vida.
A comparação não se dá entre coisas que existem na terra natal e não no exílio, mas sim entre elementos presentes em ambas as terras, subjetivamente afirmando a superioridade da terra natal.
Após esse poema nacionalista, destacam-se textos da temática indianista: “O canto do guerreiro”, “O canto do Piaga” e “Deprecação”. Nesses poemas, além do ritmo (em versos breves, fortemente cadenciados e sabiamente construídos na sua alternâncias de sons duros e vibrantes), há a presença de expressões de valores bélicos (exaltação da qualidade dos índios, principalmente a honradez e a bravura. 
Em "O Canto do Guerreiro", o primeiro poema indianista de Primeiros Cantos, a narração é conduzida pelo índio, cujos versos afirmam uma concepção de valor da condição indígena que irá distinguir o traço determinante da personalidade desses povos e se constituir em marca de toda a representação do índio na poesia de Gonçalves Dias: a dignidade da condição de homem livre, que só se desfaz com a destruição e a morte:
Aqui na floresta
De ventos batidos,
Façanhas de bravos
Não geram escravos
Que estimem a vida
Sem guerra e lidar.
O índio se deixa enganar, mas não escravizar, resiste. Sua resposta à tentativa de escravização é a luta, ainda que esta lhe custe a destruição e a morte.
Em o “Canto do Piaga”, (Piaga: sacerdote, espécie de médium) traduz-se a visão épica do mundo, através do indianismo heróico, idealizado, fruto da imaginação do autor.
Há uma preocupação com seres sobrenaturais, fantasmas, seres capazes de arruinar a vida do índio, capazes, inclusive, de lhe tirar o bem maior, "a liberdade". Piaga, o pajé, o líder, conclama os seus guerreiros a ficarem alertas, pois ele prevê a aproximação do perigo. Na 4ª estrofe, percebe-se que o índio teme a cobra, que é traiçoeira e inimiga deles. A forma apresentada aos fantasmas é de uma cobra.
Em meio ao canto, percebe-se a pergunta do índio: "Esse monstro... - o que vem cá buscar?" ao que responde: "Vem matar nossos bravos guerreiros, Vem roubar-vos a filha, a mulher!". Há de se notar, também, que todas essas desgraças só ocorrem quando “Manitós já fugiram da Taba!”, ou seja, estão em perigo porque com os seus guardiões ausentes, a presença do mal (Anhangá) é facilitada, mal este, que por diversas vezes, já foi interpretada como a invasão dos portugueses.
E o Piaga se ruge
No seu Maracá,
A morte lá paira
Nos ares frechados,
Os campos juncados
De mortos são já:
Mil homens viveram,
Mil homens são lá.
(o Canto do Piaga)
O invasor também é visível em “Deprecação”, que apresenta o sofrimento dos índios com a chegada daqueles que manejam os raios, e vagam atrás de outro:
Anhangá impiedoso nos trouxe de longe
Os homens que o raio manejam cruentos,
Que vivem sem pátria, que vagam sem tino
Trás do ouro correndo, voraces, sedentos.
(“Deprecação”)
Poesias diversas:
Marcadas pelo sentimentalismo lamuriante e lacrimoso. Apresentam ritmo leve e suave, em que se sobressai o amor idílico, puro e casto. Nos poemas vê-se o desejo de amar que não se concretiza,como também a infelicidade, o desengano, a solidão, sempre entrelaçados com a ideia de morte. Ainda se percebe a presença marcante, no lirismo amoroso do poeta, da mulher, deacordo com a concepção romântica, que está sempre numa dimensão inatingível, constituindo uma “etérea visão”, que se confunde com os “anjos”. “(...) a impossibilidade da realização amorosa encontra no sonho um artifício para contrastar os aspectos físicos e idealizados do amor”.
É triste a minha Musa, como é triste 
O sincero verter d´amargo pranto
 D´órfã singela
É triste como o som que a brisa espalha,
Que cicia nas folhas do arvoredo
 Por noite bela.
(Minha Musa)
Tu és vária e melindrosa
 Qual formosa
Borboleta num jardim,
Que as flores todas afaga,
 E divaga
Em devaneio sem fim.
(A leviana)
À noite quando durmo, esclarecendo
 As trevas do meu sono,
Uma etérea visão vem assentar-se
 Junto ao meu leito aflito!
Anjo ou mulher? Não sei. – Ah! Se não fosse 
 Um qual véu transparente, 
Como que a alma pura ali se pinta
 Ao través do semblante,
Eu a crera mulher... – E tentas, louco,
 Recordar o passado,
Transformando o prazer, que desfrutaste,
 Em lentas agonias?!
( O delírio)
Hinos:
Marcados por um ritmo que bem combina com o tom reflexivo que deles emana, sobressai nesses poemas, o tema da natureza, que se funde com a ideia de Deus.
À voz de Jeová infindos mundos
 Se formaram do nada;
Rasgou-se o horror das trevas, fez-se o dia,
 E a noite foi criada.
Luziu no espaço a lua! sobre a terra
 Rouqueja o mar raivoso,
E as esferas nos céus ergueram hinos
 Ao Deus prodigioso.
Hino de amor a criação, que soa
 Eternal, incessante,
Da noite no remanso, no ruído
 Do dia cintilante!(...)
(Ideia de Deus)
(...)
Ó mar, o teu rugido é um eco incerto
Da criadora voz, de que surgiste:
Seja, disse; e tu foste, e contra as rochas
As vagas compeliste.
E à noite, quando o céu é puro e limpo,
Teu chão tinges de azul, — tuas ondas correm
Por sobre estrelas mil; turvam-se os olhos
Entre dois céus brilhantes.
Da voz de Jeová um eco incerto
Julgo ser teu rugir; mas só, perene,
Imagem do infinito, retratando
As feituras de Deus.
Por isto, a sós contigo, a mente livre
Se eleva, aos céus remonta ardente, altiva,
E deste lodo terreal se apura,
Bem como o bronze ao fogo.
Férvida a Musa, co'os teus sons casada,
Glorifica o Senhor de sobre os astros
Co'a fronte além dos céus, além das nuvens,
E co'os pés sobre ti. (...)
( O mar)
De Novos Cantos:
Não me deixes!
Rola
Ainda uma vez – adeus! –
Se se morre de amor!
“Ainda uma vez – adeus! –
Gonçalves Dias escreveu este poema após encontrar-se pela última vez, em Portugal, com sua amada Ana Amélia, à qual renunciara por imposição da família da jovem, de diferente classe social,  destinada a casar-se com outro.
Em uma viagem de retorno ao Brasil, o Poeta morreu num naufrágio. Mas a comoção daquele último encontro ficará para sempre registrada neste poema fascinante.
 Ainda uma vez, adeus
Enfim te vejo! - enfim posso, 
Curvado a teus pés, dizer-te, 
Que não cessei de querer-te, 
Pesar de quanto sofri. 
Muito penei! Cruas ânsias, 
Dos teus olhos afastado, 
Houveram-me acabrunhado 
A não lembrar-me de ti! 
                      II 
Dum mundo a outro impelido, 
Derramei os meus lamentos 
Nas surdas asas dos ventos, 
Do mar na crespa cerviz! 
Baldão, ludíbrio da sorte 
Em terra estranha, entre gente, 
Que alheios males não sente, 
Nem se condói do infeliz! 
                      III 
Louco, aflito, a saciar-me 
D'agravar minha ferida, 
Tomou-me tédio da vida, 
Passos da morte senti; 
Mas quase no passo extremo, 
No último arcar da esperança, 
Tu me vieste à lembrança: 
Quis viver mais e vivi! 
                      IV 
Vivi; pois Deus me guardava 
Para este lugar e hora! 
Depois de tanto, senhora, 
Ver-te e falar-te outra vez; 
Rever-me em teu rosto amigo, 
Pensar em quanto hei perdido, 
E este pranto dolorido 
Deixar correr a teus pés.
(...)
Comentário sobre o poema “Se se morre de amor!”
Se se morre de amor! – Não, não se morre,
Quando é fascinação que nos surpreende
De ruidoso sarau entre os festejos;
Quando luzes, calor, orquestra e flores
Assomos de prazer nos raiam n’alma,
Que embelezada e solta em tal ambiente
No que ouve, e no que vê prazer alcança!
Em “Se se morre de amor”, o lirismo deixa transparecer uma atitude idealizada, devendo ser preservado em sua plenitude. 
A pureza, então, passa a ser vista como fonte da plena realização do desejo transcendente e, uma vez profanada, gera a dilaceração da plenitude do Eu: “amá-la, [sem ousar dizer que amamos,/ E temendo roçar os seus vestidos,/ Arder por afogá-la [em mil abraços:/ Isso é amor, e desse amor se morre!”. A plenitude concretiza-se na impossibilidade, o sujeito idolatra a amada à distância; é como se a proximidade destruísse a idealização. Nos momentos em que o desejo de profanação materializa- se, o sujeito transfigura o “perfeito”, degradando a figura divinizada. 
Essa possibilidade de degradação imanente ao espírito romântico, muitas vezes proporciona um amargor em relação à visão positiva do sujeito com o mundo (Eu pacificado pelo natural). Nesse caso, o pessimismo invade o espaço eufórico, levando à angústia e à melancolia. O universo natural, transfigurado em negatividade e sofrimento, passa a agressor, perpetuando o desequilíbrio do Eu. É o “mal du siècle”, momento em que o Eu torna-se irônico por assumir uma posição consciente face sua inquietação com o mundo. 
De Sextilhas do Frei Antão
As Sextilhas de Frei Antão sempre representaram para a fortuna crítica de Gonçalves Dias (1823-1864) um desafio aparte, na medida em que dentro de um contexto de lusofobia reinante do período romântico, ela mais engrandece e aproxima a literatura portuguesa do que propriamente a repudia, fato comum a diversos poetas e escritores do romantismo brasileiro, e verificável até mesmo em outros momentos da obra de Gonçalves Dias. Publicadas juntamente com o volume dos Segundos Cantos (1848), as Sextilhas de Frei Antão, narrativa em versos constituída de cinco poemas, recupera elementos do medievo português, adotando formas e um estilo arcaico de escrita. Gonçalves Dias atribuiu, por ocasião da primeira edição dos Segundos Cantos, a autoria das sextilhas a um frade de São Domingo, que supostamente teria vivido e escrito os versos na primeira metade do século XVII. Esta comunicação pretende apresentar a narrativa em versos das Sextilhas, tentando, ao considerar outros aspectos da obra de Gonçalves Dias, reconhecê-la como índice da consciência do poeta, que segundo procuraremos demonstrar, concebia o povo, a nação, e por conseqüência a literatura brasileira como produto da síntese de raças e de culturas, reconhecendo assim no homem brasileiro e americano uma identidade miscigenada e plural.
 “Loa da Princesa Santa” foi composto a partir de sextilhas (estrofes de seis versos) – num total de 83 sextilhas -. As sextilhas são heptassilábicas de rimas simples e ritmo variado que obedecem ao esquema a / b / c / b / d / b.
Ainda que não seja possível afirmar que haja nas Sextilhas uma narrativa suficientemente acabada, a figura de Frei Antão, narrador, e suposto autor das Sextilhas, além de outras figuras como é o caso de Dona Joana, a Princesa Santa do título do primeiro poema, a ainda a recorrência a temas e situações que são retomadas em mais de um poema são elementos suficientes, para conferir uma unidade.
A “Loa da Princesa Santa” instaura já de início o tom e a atmosfera comum a todos os poemas. Diversas são as acepções para o conceito de “loa”, que pode significar tanto um prólogo de uma composição dramática, como um discurso elogioso em que se enaltece a figura de alguém, ou ainda um cântico de louvor as virtudes de um santo ou uma virgem, uma toada de tom melancólico, ou mesmo mentira e fanfarronice. Gonçalves Dias, pode de fato ter pensado em apenas uma dessas acepções, mas o fato é que a própriaestrutura, a matéria narrada nesta primeira parte, em que enaltece a figura de Dona Joana, ou mesmo o contexto de criação do poema abre interpretações para todas essas acepções.
No primeiro poema, “Loa da Princesa Santa”, Frei Antão após rápida apresentação de si, passa a narrar à festa de chegada da comitiva de Afonso Quinto, que em regresso de suas campanhas na África, trazia como escravos um turba de mouros. Chama a atenção do frade as belezas de uma jovem e específica mourisca, por quem devotará uma paixão, que confessa como pecado no segundo poema “Gulnaré e Mustaphá”. Apesar do longo preâmbulo, a maior parte desta loa dedica-se ao enaltecimento da figura de Dona Joana, suas belezas e suas obras de devoção e grandiosidade de espírito.
LOA DA PRINCESA SANTA
Bom tempo foi o d’outrora
Quando o reino era cristão,
Quando nas guerras de mouros
Era o rei nosso pendão,
Quando as donas consumiam
Seus teres em devação.
Dava o rei uma batalha,
Deus lhe acudia do céu;
Quantas terras que ganhava,
Dava ao Senhor que lhas deu,
E só em fazer mosteiros
Gastava muito do seu.
Se havia muitos Infantes,
Torneio não se fazia;
É esse o estilo de Frandres,
Onde anda muita heregia:
Para os armar cavaleiros
A armada se apercebia.
(...)
De “últimos cantos”
Poesias americanas
O gigante de pedra
Leito de folhas verdes
I-Juca-Pirama
Marabá
Canção do tamoio
Poesias diversas
Olhos verdes
Sobre o túmulo de um menino
Saudades
Comentários sobre alguns poemas:
“O gigante de pedra”
Na primeira, segunda e terceira parte do poema, “O Gigante de Pedra”, Gonçalves Dias deixa claro o seu grande amor pela pátria brasileira. Ao escrever sua poesia em forma de cantos é notório a preocupação do autor em cantar o seu grande amor pelo Brasil.
Em “O Gigante de Pedra”, Gonçalves Dias dá a vida ao monte que hoje é conhecido no Rio de Janeiro como Pão de Açúcar. Observe como o escritor fala carinhosamente do monte que, apesar de assistir a tudo impassivelmente ainda se põe como um mito, um herói guerreiro, um Deus.
No último verso da Sexta estrofe o escritor refere-se a Moisés, o grande profeta bíblico que retirou o povo de Deus que estava escravo no Egito atravessando o deserto e o Mar Vermelho chegando à Terra Prometida, Israel.
A Quarta Parte trata da ocupação portuguesa no território do Brasil. É notório nesta obra, o sofrimento dos índios que até então viviam em paz. Agora, porém, são expulsos de suas terras e tem que afundar-se nas matas ocupando terras de outros índios e daí surgem as grandes lutas entre as tribos indígenas que até então eram inexistentes.
Dividindo com José de Alencar o titulo de melhor indianista ou nacionalista, Gonçalves Dias traz a tona a sua preocupação com o índio. Suas terras, seus costumes, sua cultura; tudo isso foi assunto para estudo do nosso grande Gonçalves Dias.
I
Gigante orgulhoso, de fero semblante,
Num leito de pedra lá jaz a dormir!
Em duro granito repousa o gigante,
Que os raios somente poderam fundir.
Dormido atalaia no serro empinado
Deverá cuidoso, sanhudo velar;
O raio passando o deixou fulminado,
E à aurora, que surge, não há de acordar!
(...)
II
Banha o sol os horizontes,
Trepa os castelos dos céus,
Aclara serras e fontes,
Vigia os domínios seus:
Já descai p’ra o ocidente,
E em globo de fogo ardente
Vai-se no mar esconder;
E lá campeia o gigante,
Sem destorcer o semblante,
Imóvel, mudo, a jazer!
(...)
III
E lá na montanha deitado dormido
Campeia o gigante! – nem pode acordar!
Cruzados os braços de ferro fundido,
A fronte nas nuvens, e os pés sobre o mar!...
IV
Viu primeiro os íncolas
Robustos, das florestas,
Batendo os arcos rígidos,
Traçando homéreas festas,
À luz dos fogos rútilos,
Aos sons do murmure!
E em Guanabara esplêndida
As danças dos guerreiros,
E o guau cadente e vário
Dos moços prazenteiros,
E os cantos da vitória
Tangidos no boré.
(...)
“Leito de folhas verdes”
 No poema “Leito de Folhas Verdes”,se percebe que Gonçalves Dias busca a fundo mostrar os três elementos mais importantes desta fase do Romantismo:
	O índio que é peça fundamental neste estilo de época, pois, é nele que o homem é representado. Claro que o índio é o melhor representante do homem porque ele é puro, ingênuo, feliz e bom. Lógico que esta é a forma do português (homem branco) ver o nativo desta terra chamada Brasil.
	A natureza é também parte integrante das grandiosidades que formam o Romantismo. Em várias partes do poema notar-se-á que a beleza das flores e plantas com seus perfumes maravilhosos a exalar são peças importantes do poema;
	A mulher é fundamentalmente importante; é peça que jamais pode faltar num poema romântico. Perceba que a evocação da mulher é sempre uma constante, tomando-se até corriqueiro.
 O necessitar do homem em se tratando da mulher é notado com tamanha ênfase que percebe-se que o homem jamais viverá sem ela, que é representada inatingivelmente, como deusa maior, porque é bela, pura e boa tanto físico como espiritualmente.
Porque tardas, Jatir, que tanto a custo
À voz do meu amor moves teus passos?
Da noite a viração, movendo as folhas,
Já nos cimos do bosque rumoreja.
Eu sob a copa da mangueira altiva
Nosso leito gentil cobri zeloza
Com mimoso tapiz de folhas brandas,
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma!
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala.
“I-Juca Pirama”
Um “eu narrador” conta as lembranças de um velho índio Timbira que, também com status de narrador, num clima trágico e lírico, narra a história do guerreiro Tupi, último descendente de sua tribo, juntamente com seu pai, um velho chefe guerreiro cego e doente. O herói Tupi é feito prisioneiro pelos Timbiras, guerreiros ferozes e canibais. Antes de ser morto, do guerreiro Tupi é exigido que entoe o seu canto de morte, cantando os seus feitos, sua bravura e suas aventuras, pois a sua coragem de guerreiro e a sua honra —acreditavam os Timbiras — passariam para todos que, depois do rito de morte, comessem as partes do seu corpo. I Juca-Pirama conta sua história, fala de sua bravura, das tribos inimigas, das suas andanças, de lutas contra Aimorés, mas, pensando no pai cego e doente, velho e faminto, sem guia, pede que o deixem viver (Canto IV) . Seu ato é interpretado como covardia e o chefe dos Timbiras ordena que o soltem (Canto V) e depois de ouvir o guerreiro, ordena-lhe: “És livre; parte.” O guerreiro Tupi promete-lhe que voltará depois da morte do pai.
De volta ao pai, o herói, que foi preparado para o ritual, conversa com o pai cego que sente o cheiro forte das tintas que haviam sido passadas no corpo do prisioneiro, tintas próprias dos rituais de sacrifício. E ao ficar sabendo pelo próprio filho o que acontecera, desconhecendo o verdadeiro motivo de sua volta (zelar pelo pai doente), o velho leva-o de volta aos Timbiras e o maldiz. O filho reage e resolve mostrar que não é covarde. Grita “Alarma! alarma!”, seu grito de guerra. O velho escuta, tomado de súbito pela reação do filho que luta bravamente, golpeando inimigos e destruindo a taba Timbira até que o chefe lhe ordena “Basta!”.
A honra do herói é então recuperada. Chorou pelo pai o moço guerreiro. E ao ser mal interpretado lutou como um bravo “valente e brioso”.
TEMA O índio adequado a um forte sentimento de honra. O seu código de ética valorizado
ENREDO / TRAMA
O poema nos é apresentado em dez cantos, organizados em forma de composição épico-dramática. Os narradores ( um “eu narrador” e o velho Timbira que a toda ação assistira) enfatizam, na história contada, sentimentos que elevam a grandeza de caráter do índio: heroísmo, generosidade e honra.
CANTO I: Apresentação e descrição da tribo dos Timbiras.O guerreiro Tupi é o centro da festa que lhe tirará a vida, já que foi feito prisioneiro. É descrito o rito do corte de cabelo e da tintura do corpo. 
CANTO II: Narração da festa canibal. O rito de sacrifício do herói Tupi que não se consumará. É notada a melancolia do jovem guerreiro Tupi. E a ele é perguntado: “Que temes, guerreiro?”
CANTO III: Este canto é breve e narra a apresentação do guerreiro Tupi, a quem é solicitado que se apresente e cante os seus feitos. A ele também é permitido que se defenda, O Tupi comove.
CANTO IV: 1 Juca Pirama faz seu comovente canto de morte. Apresenta-se como guerreiro Tupi, fala de suas bravuras, das guerras de que participou, fala do pai que é doente e cego e conta como caiu prisioneiro enquanto procurava por comida na seiva. Pede aos Timbiras que o deixem viver para cuidar do seu pai.
CANTO V: Narra a reação dos Timbiras depois de ouvirem o canto de morte do guerreiro Tupi. Ele é acusado de covarde. Por isso os Timbiras não querem mais a sua “carne vil”, que aos fortes enfraquece.
CANTO VII: o pai de I Juca Pirama fala aos Timbiras e pede que o rito se cumpra. Mas o chefe dos Timbiras se recusa a ouví - lo,alegando que o Tupi é fraco. 
CANTO VIII: o pai maldiz o filho e roga-lhe pragas por ter chorado em presença da morte. É o canto mais trágico e ao mesmo tempo mais lírico do poema.
O pai deseja ao filho as piores ofensas que um nobre guerreiro possa vir a sofrer: não encontrar amor nas mulheres, não ter onde dormir, um amigo para sepultá-lo, etc...
 
CANTO IX: quando o pai do herói ia deixando a taba Timbira, ouve um grito de guerra do filho guerreiro, que a todos enfrenta com golpes incessantes. Convence, então, os Timbiras de que é corajoso. É afinal reconhecido pelo pai como seu filho amado e honrado.
CANTO X: o velho Timbira ( narrador) reafirma ter sido testemunha do que foi narrado por ele: “Meninos eu vi!”. 
O poeta conseguiu descrever liricamente os costumes e valores indígenas, seu ambiente cultural, a natureza, realizando uma pesquisa lírica e heróica dos povos nativos. Particularizou a natureza do índio em profundidade, tratou do sofrimento e da morte, bem como traduziu o gosto e sentimento de solidão.
	Foco narrativo
	3º pessoa. A narrativa, no entanto, contém falas em diálogo em 1º e 2º pessoas e
ordens (imperativo) em 3º pessoa.
	Ambientes
 Físico — selva, taba Timbira
 Cultural — festa de cerimônia, , ritual pré -sacrifício do inimigo, luta do guerreiro pela sua honra perdida.
	Foco narrativo
1 — 1 Juca Pirama: o herói romantizado, guerreiro Tupi, nobre, corajoso. Cuida do pai cego.
2— O Velho Tupi: pai de I Juca Pirama, velho e cego. Honra a ética da bravura.
3—Os Timbiras: representados pela figura do Chefe. Ferozes e canibais.
4—O Velho Índio Timbira: narrador e personagem - testemunha.
ANÁLISE DA OBRA
 O Poema I Juca Pirama nos dá uma visão mais próxima do índio à sua realidade, apesar de ainda idealizá-lo. O índio integrado nos seus costumes aparece, principalmente, “adequado a um sentimento de honra, tipicamente ocidental, cultuado pelos românticos”.
Observemos:
“Ora não partirei: que provar-te
Que um filho dos Tupis vive com honra, 
E com honra maior, se acaso o vencem,
Da morte o passo glorioso afronta.”
Para melhor explicitar o exposto acima, citamos, na integra, fragmento do comentário feito em Literatura Comentada — Gonçalves Dias, da Abril, p.101.
Se os europeus podiam encontrar na Idade Média as origens da nacionalidade, o mesmo não acontecia com os brasileiros. Provavelmente por essa razão, a volta ao passado, mesclada ao culto do bom selvagem, encontra na figura do indígena o símbolo exato e adequado para a realização da pesquisa lírica e heróica do passado.
O índio é, então, redescoberto...
Embora sua recriação poética dê uma idéia da redescoberta de uma raça que estava adormecida pela tradição e que foi revivida pelo poeta. O idealismo, a etnografia fantasiada, as situações desenvolvidas como episódios da grande gesta heróica e trágica da civilização indígena brasileira, a qual sofre a degradação do branco conquistador e colonizador, têm na sua forma e na sua composição reflexos da epopéia, da tragédia clássica e dos romances ‘de gesta da Idade Média. Assim, o índio que conhecemos nos versos bem elaborados de Gonçalves Dias é uma figura poética, um símbolo.
Gonçalves Dias centra I Juca Pirama num estado de coisas que tomam uma enorme importância pela inevitável transgressão cometida pelo herói, transgressão de cunho romanesco ( o choro diante da morte), que quando transporta à literatura gera uma incrível idealização dos estados de alma. Como exemplo, podem-se citar as reações causadas pelo “suposto medo da morte”. Com isso, o autor transforma a alma indígena em correlativos dos seus próprios movimentos, sublinhando a afetividade e o choque entre os afetos: há uma interpenetração de afetos (amor, ódio, vingança, etc.) que estabelece uma harmonia romântica entre o ser que está sendo julgado e a sua natureza com a natureza indígena, com a conseqüente preferência pelas cenas e momentos que correspondem ao teor das emoções Dai as avalanches de bravura e de louvor à honra e ao caráter.
“Marabá”
A beleza estrutural e literária de “Marabá” é coisa notável. Marabá traz a essência e a certeza do desprezo do índio pela miscigenação. O índio também não quer seu povo misturado, misturando-se nem com brancos e muito menos com negros.
Marabá é sinônimo de miscigenação, portanto é sinônimo de desprezo, descaso, desapego e de solidão. Aqui “Marabá” uma mulher linda de cabelos loiros brilhantes como o ouro e com olhos que parecem o anil do mar e das safiras. Logo a mulher Marabá está condenada pelos heróis da aldeia ( os índios) à eterna solidão, porque o índio, apesar de achá-la linda, jamais a possuirá como mulher, porque apesar de linda, é loira de cabelos anelados e de olhos muito azuis e por isso Marabá ficará eternamente sozinha , pois os índios preferem as mulheres de cabelos pretos e lisos e com a pele cor de jambo, rosadas, não as brancas.
Oindianismo de Gonçalves Dias mostra-se em sua mais alta inspiração e não permite nenhum corte, nenhuma intromissão e portanto mistura entre o índio e outras raças (etnias).
Apesar desse vislumbramento do índio e sua cultura nesta fase da literatura, não se percebe tamanha força de expressão em “IRACEMA”, de José de Alencar, onde a índia foge com o branco, com o português.
Eu VIVO SOZINHA; ninguém me procura!
Acaso feitura
Não sou de Tupá!
Se algum dentre os homens de mim não se esconde:
– “Tu és,” me responde,
“Tu és Marabá!”
– Meus olhos são garços, são cor das safiras,
– Têm luz das estrelas, têm meigo brilhar;
– Imitam as nuvens de um céu anilado,
– As cores imitam das vagas do mar!
Se algum dos guerreiros não foge a meus passos:
“Teus olhos são garços,”
Respondo anojado, mas és Marabá:
“Quero antes uns olhos bem pretos, luzentes,
“Uns olhos fulgentes,
“Bem pretos, retintos, não cor d’anajá!”
– É alvo meu rosto da alvura dos lírios,
– Da cor das areias batidas do mar;
– As aves mais brancas, as conchas mais puras
– Não têm mais alvura, não têm mais brilhar. –
“Canção do Tamoio”
Já na I estrofe, nos três primeiros versos você pode observar propósito e a certeza que tem o chefe da tribo a respeito da vida.
“Não chores, meu filho,’
Não chores, que a vida
É luta renhida:
Viver é lutar.”
 A concepção de fracos x fortes é a mais radical possível, onde os atraem: Aos fracos cabe o papel da inveja, da solidão e do desprezo.O herói índio não foge à luta jamais e a inveja que o fraco, o covarde é uma atitude tão miserável que, a ele cabe o desprezo, a solidão.
 Veja na 3’ estrofe a grandeza do herói índio.
III
O forte, o cobarde
Seus feitos inveja
De o ver na peleja
Garboso e feroz;
E os tímidos velhos
Nos graves concelhos,Curvadas as frontes,
Escutam-lhe a voz!
 Na IV estrofe você observará que o índio é preparado para a morte, porque esta há de vir.
IV
Domina, se vive;
Se morre, descansa
Dos seus na lembrança,
Na voz do porvir.
Não cures da vida!
Sê bravo, sê forte!
Não fujas da morte,
Que a morte há de vir!
 Não fugir à luta, ser bravo, ser forte é morrer lutando e jamais fugindo á luta.
O indiozinho é preparado desde menino a lutar e nunca fugir às suas obrigações que é a luta, pois à mulher índia cabe o sustento da casa.
Na IX estrofe é possível perceber como o herói índio valoriza a vida eternizando-a através da morte na luta e nunca fugindo dela.
Na X estrofe, a estrofe que fecha este poema, ela apenas justifica a I estrofe dizendo que a vida é lutar Portanto não adianta fugir à luta
X
As armas ensaia, 
Penetra na vida: 
Pesada ou querida,
Viver é lutar.
Se o duro combate 
Os fracos abate,
Aos fortes, aos bravos, 
Só pode exaltar. 
“De Os Timbiras”
Introdução
Poema Americano
INTRODUÇÃO
Os RITOS semibárbaros dos Piagas,
Cultores de Tupã, e a terra virgem
Donde como dum trono, enfim se abriram
Da cruz de Cristo os piedosos braços;
As festas, e batalhas mal sangradas
Do povo Americano, agora extinto,
Hei de cantar na lira. – Evoco a sombra
Do selvagem guerreiro!... Torvo o aspecto,
Severo e quase mudo, a lentos passos,
Caminha incerto, – o bipartido arco
Nas mãos sustenta, e dos despidos ombros
Pende-lhe a rota aljava... as entornadas,
Agora inúteis setas, vão mostrando
A marcha triste e os passos mal seguros
De quem, na terra de seus pais, embalde
Procura asilo, e foge o humano trato.
Epopeia indianista inacabada de Gonçalves Dias, é uma narração dividida em uma introdução e quatro cantos. É o ponto exato em que o mito do bom selvagem, constante desde os árcades, acabou por fazer-se verdade artística, e o poemeto épico I-Juca Pirama - a mais acabada realização do indianismo na poesia brasileira.
Nos poemas são narrados os feitos de guerreiros timbiras, principalmente do chefe Itajuba e do jovem guerreiro Jatir. Altamente idealizados, estes índios falam apenas em valor, coragem, guerra e honra, num mundo habitados por inimigos vis, piagas (pajés) sábios e guerreiros valorosos. O autor usa e abusa de termos em tupi e do verso branco (sem rima). A obra Cantos era composta dos primeiros quatro cantos de Os Timbiras. Gonçalves Dias não pôde concluir o poema, pois antes disso faleceu num desastre (naufrágio do navio Ville de Boulogne)

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