Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FAM - FACULDADE DE AMERICANA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NOÇÕES DAS ETAPAS E PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE AUDITORIA JÉSSIKA JULIE CAMARGO AMERICANA - SP 2012 FAM - FACULDADE DE AMERICANA CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS NOÇÕES DAS ETAPAS E PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE AUDITORIA JÉSSIKA JULIE CAMARGO Relatório Final do Estágio Supervisionado II em Ciências Contábeis apresentado como exigência parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis pela Faculdade de Americana, sob a orientação do Prof. Anderson Aleandro Paviotti. AMERICANA - SP 2012 "Não são as perdas nem as quedas que nos fazem fracassar no caminho, mas sim a falta de coragem de levantar e seguir adiante." (V.M Samael Aun Weor) A realização deste trabalho só foi possível devido à colaboração de muitas pessoas. Primeiramente agradeço a Deus por estar sempre do meu lado, tanto nas horas difíceis como nos momentos de alegria. Agradeço também aos meus pais pela paciência, colaboração, dedicação e amor durante toda minha vida, mas em especial no período da realização do Trabalho de Conclusão de Curso. Uma pessoa que também teve uma importante participação na elaboração desse trabalho é a minha amiga Grazielle Oliveira. Sem sua companhia, opiniões e broncas eu não teria concluído esse trabalho. Um agradecimento especial ao Professor Anderson Aleandro Paviotti pela colaboração, paciência e por todas as críticas que me levaram a aperfeiçoar esse trabalho. SUMÁRIO Resumo ....................................................................................................................................... 8 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO 1.1. Área de Conhecimento ............................................................................................ 9 1.2. Tema da Pesquisa .................................................................................................... 9 1.3. Caracterização da Organização e seu Ambiente ...................................................... 9 1.4. Situação Problemática ........................................................................................... 12 1.5. Objetivos ................................................................................................................ 14 1.5.1. Principal .................................................................................................. 14 1.5.2. Intermediários ......................................................................................... 14 1.6. Justificativa ............................................................................................................ 14 1.7. Estrutura do Relatório de Estágio .......................................................................... 15 CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Contabilidade Geral ............................................................................................... 16 2.1.1. Conceito .................................................................................................. 16 2.1.2. Objetivo ................................................................................................... 16 2.1.3. Usuários .................................................................................................. 17 2.1.4. Campo de Aplicação ............................................................................... 17 2.1.5. Divisões da Contabilidade ...................................................................... 18 2.1.5.1. Contabilidade de Custos ........................................................... 18 2.1.5.2. Contabilidade Tributária .......................................................... 18 2.1.5.3. Contabilidade Gerencial ........................................................... 18 2.1.5.4. Contabilidade Pública .............................................................. 19 2.1.5.5. Perícia Contábil ........................................................................ 19 2.1.5.6. Auditoria Contábil .................................................................... 20 2.2. Auditoria ................................................................................................................ 20 2.2.1. Auditoria Interna ..................................................................................... 20 2.2.1.1. Surgimento da Auditoria Interna .............................................. 21 2.2.1.2. Objetivo .................................................................................... 22 2.2.2. Auditoria Externa ou Independente ........................................................ 23 2.2.2.1. Surgimento da Auditoria Externa ............................................. 23 2.2.2.2. Objetivo .................................................................................... 24 2.2.2.3. Objeto ....................................................................................... 25 2.2.2.4. Papel da Auditoria .................................................................... 25 2.2.2.5. Carreira na Auditoria................................................................ 26 2.2.2.6. Normas e Procedimentos de Auditoria Contábil ...................... 30 2.2.2.7. Órgãos Relacionados ................................................................ 31 2.3. Etapas e Procedimentos de Auditoria .................................................................... 33 2.3.1. Planejamento do Trabalho de Auditoria ................................................. 33 2.3.2. Controle Interno ...................................................................................... 34 2.3.3. Execução da Auditoria ............................................................................ 36 2.3.4. Conclusão da Auditoria........................................................................... 51 CAPÍTULO III - METODOLOGIA 3.1. Metodologia Utilizada ........................................................................................... 54 3.2. Coleta dos Dados ................................................................................................... 54 3.3. Cronograma ........................................................................................................... 63 CAPÍTULO IV – ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO 4.1. Análise dos Dados ................................................................................................. 65 4.2. Interpretação dos Dados ........................................................................................ 73 CAPÍTULO V – CONSIDERAÇÕES FINAIS 5.1. Considerações Finais ............................................................................................. 84 5.2. Conclusões Finais .................................................................................................. 85 5.3. Recomendações e Sugestões .................................................................................. 86 Referências Bibliográficas ........................................................................................................ 88 Lista de Figuras Figura 1 - Organograma Escritório de Campinas ..................................................................... 12 Figura 2 - Representação do Ambiente de Estágio................................................................... 55 Figura 3 - Referências para Cálculoda Materialidade ............................................................. 56 Figura 4 - Composição de Clientes........................................................................................... 57 Figura 5 - Controle do CIAP .................................................................................................... 58 Figura 6 - Livro Fiscal de Saída (adaptado) ............................................................................ 59 Figura 7 - Análise do Benchmark ............................................................................................. 65 Figura 8 - Benchmark ............................................................................................................... 66 Figura 9 - Critérios a considerar para determinação da porcentagem aplicada ao Benchmark ................................................................................................................................ 67 Figura 10 - Valor da Materialidade .......................................................................................... 67 Figura 11 - Justificativa para determinar a Performance Materiality (PM) e Audit Misstatement Posting Threshold (AMPT) ............................................................................... 68 Figura 12 - Critérios a considerar para determinação da porcentagem aplicada a Materiality ................................................................................................................................ 69 Figura 13 - Cálculo da Performance Materiality (PM) ........................................................... 69 Figura 14 – Cálculo do Audit Misstatement Posting Threshold (AMPT) ............................... 69 Figura 15 - Recálculo de Provisão de Devedores Duvidosos ................................................... 70 Figura 16 - Análise CIAP ......................................................................................................... 71 Figura 17 - Análise de Reconhecimento de Receitas ............................................................... 73 Lista de Tabelas Tabela 1 - Valores da Materialidade, Performance Materiality e Audit Misstatement Posting Threshold .................................................................................................................................. 74 Tabela 2 - Aplicação da Performance Materiality (PM) ......................................................... 74 Tabela 3 - Aplicação da Audit Misstatement Posting Threshold (AMPT) ............................... 76 Lista de Gráficos Gráfico 1 – Demonstração do Aging List por Valores ............................................................. 77 Gráfico 2 – Demonstração do Aging List em Porcentagem ..................................................... 78 Gráfico 3 – PDD do Cliente x PDD calculada pela Auditoria ................................................. 78 Gráfico 4 – Comparação do Cálculo do CIAP realiza pelo Cliente x cálculo da Auditoria .... 79 Gráfico 5 – Comparação do Total Compensado pelo Cliente x Cálculo da Auditoria até Junho de 2012 ........................................................................................................................... 80 Gráfico 6 – Reconhecimento de Receitas por Dia .................................................................... 81 Gráfico 7 – Reconhecimento de Receitas por Estado............................................................... 82 Lista de Quadros Quadro 1 – Cronograma 1º Semestre de 2012 ......................................................................... 63 Quadro 2 – Cronograma 2º Semestre de 2012 ......................................................................... 64 Quadro 3 – Pontos Positivos e Negativos ................................................................................. 83 RESUMO O estágio foi realizado na área de Auditoria e desenvolvido na empresa KPMG Auditores Independentes, que tem um de seus escritórios localizado na cidade de Campinas, São Paulo, tem como ramo de atividade a Prestação de Serviços de Auditoria Contábil, Tributária e de Sistemas. O objetivo desse estágio foi criar um manual simplificado contendo as etapas e procedimentos básicos de auditoria. O intuito desse manual é auxiliar os novos profissionais de auditoria a entender e realizar os procedimentos pertinentes às áreas auditadas. Por se tratar de um assunto extenso e complexo, o presente estágio foi baseado nos procedimentos mais utilizados para cada área auditada. A auditoria contábil existe para validar as informações contábeis de forma a trazer credibilidade às demonstrações contábeis elaboradas pelas empresas. Com as mudanças na Lei Societária Brasileira, com o surgimento da Lei nº 11638/2007, as empresas tiveram que mudar a maneira de realizar a contabilidade e, consequentemente, a auditoria teve que se especializar nas normas internacionais para entender e analisar a Contabilidade e suas mudanças. A auditoria se inicia pelo Planejamento, onde são traçadas as estratégias a serem utilizadas na execução do trabalho. Posteriormente, são analisados os controle internos, que visam validar se os controles existentes na empresa são efetivos. Após essa etapa, inicia-se a execução da auditoria, onde são realizados os procedimentos, que tem por objetivo validar as informações contábeis. Ao final dos trabalhos, a auditoria propõe os ajustes e pontos de controle identificados ao longo do trabalho e emite o parecer de acordo com todos os procedimentos realizados. Palavras-chave: Contabilidade Geral, Auditoria, Auditoria Externa, Procedimentos de Auditoria. 9 CAPÍTULO I - INTRODUÇÃO O presente capítulo abordará a Área de Conhecimento, Tema da Pesquisa, Caracterização da Organização e seu Ambiente, Situação Problemática, Objetivos, Justificativa e Estrutura do Relatório de Estágio. 1.1. ÁREA DE CONHECIMENTO A área de conhecimento escolhida para este trabalho foi Auditoria e Perícia Contábil. 1.2. TEMA DA PESQUISA Dentro da área de conhecimento Auditoria e Perícia Contábil, o tema da pesquisa foi Etapas e Procedimentos de Auditoria. 1.3. CARACTERIZAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO E SEU AMBIENTE A razão social da empresa estagiada é KPMG Auditores Independentes. A KPMG foi criada em 1987, após fusão da Peat Marwick International (PMI) e da Klynveld Main Goerdeler (KMG), assim como suas firmas-membro individuais. No decorrer dos últimos três séculos, a história da organização foi marcado por seus principais membros fundadores, cujas iniciais formam o nome “KPMG”, conforme descrito abaixo: K – representa Klynveld. Piet Klynveld fundou a firma de contabilidade Klynveld Kraayenhof & Co. em Amesterdã, em 1917. P – representa Peat. William Barclay Peat fundou a firma de contabilidade William Barclay Peat & Co. em Londres, em 1870. M – representa Marwick. James Marwick fundou a firma de contabilidade Marwick, Mitchell & Co. com Roger Mitchell na Cidade de Nova York, em 1897. G – representa Goerdeler. O Dr. Reinhard Goerdeler foi, por muitos anos, Presidente do Deutsche Treuhand-Gesellschaft e, posteriormente, da KPMG. Ele foi um dos grandes incentivadores da fusão com a KMG. 10 No ano de 1911, ocorreu a fusão da William Barclay Peat & Co. e da Marwick Mitchell & Co., dando início ao que seria conhecido posteriormente como Peat Marwick International (PMI), rede mundial de empresas especializadas em contabilidade e consultoria. Em 1979, a Klynveld aliouce-se a Deutsche Treuhand-Gesellschaft e a McLintock Main Lafrentz, uma firma internacional de serviços profissionais, para formar a Klynveld Main Goerdeler (KMG). Em 1987,ocorreu uma fusão entre a PMI, a KMG e suas firmas-membro. Atualmente, todas as firmas-membro adotaram o nome KPMG, sendo utilizado exclusivamente ou o incluindo à suas razões sociais. As firmas-membro da KPMG podem ser encontradas em 150 (cento e cinquenta) países. Somando todas se verificará que elas possuem mais de 138.000 (cento e trinta e oito mil) pessoas atuando em diversas áreas. A KPMG no Brasil possui aproximadamente 3.800 (três mil e oitocentos) profissionais distribuídos por 12 (doze) estados e Distrito Federal, espalhados pelas cidades de São Paulo (sendo essa a sede), Belo Horizonte, Brasília, Campinas, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, Joinville, Londrina, Manaus, Osasco, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, Salvador, São Carlos, São José dos Campos e Uberlândia. Dentre os 3.800 (três mil e oitocentos) profissionais, o escritório de Campinas possui aproximadamente 150 (cento e cinquenta) funcionários. A KPMG Auditores Independentes possui firma-membro na cidade de Campinas, São Paulo. O escritório está localizado na Avenida Barão de Itapura, número 950 – 6º andar, Bairro Botafogo. A empresa não divulgou sua tributação, porém pelo Faturamento anual pode-se entender que é uma empresa de Lucro Real. A empresa atua prestando serviços nas áreas de Audit, Tax e Advisory, baseando-se em um conjunto consistente de habilidades e competências multidisciplinares, financeiras e contábeis, fundamentadas em um profundo conhecimento do setor. A KPMG é a rede global de firmas de serviços e assessoria profissional, cujo propósito é transformar conhecimento em valor, com isso simplificar a complexidade, apresentando soluções claras para o benefício de seus clientes, de seu pessoal e dos mercados de capitais. 11 Possuem o objetivo de fornecer aos clientes um conjunto globalmente consistente e multidisciplinar de serviços financeiros e de contabilidade, baseados no conhecimento profundo da indústria. Os principais concorrentes são: PricewaterhouseCoopers, Deloitte Touche Tohmatsu e Ernst & Young; A empresa é responsável pelos seguintes serviços: • Audit – A auditoria independente é um serviço destinado a fortalecer a confiabilidade das informações elaboradas pelos clientes para uso dos investidores, dos credores e de outros; • Tax – Assessoria para clientes em diferentes tipos de tributos que incidem sobre várias operações. • Advisory – Auxilio as empresas no gerenciamento dos seus riscos. Alguns dos clientes de Capital Aberto da KPMG Auditores Independetes são: Aliansce Shopping Centers S/A, Banco Bradesco S/A, Banco do Brasil S.A., Bandeirante Energia S/A, BV Leasing – Arrendamento Mercantil S/A, Cia Energia Minas Gerais - Cemig, Companhia de Bebidas das Américas – Ambev, CPFL Energia S.A., Petróleo Brasileiro S.A. – Petrobras, Suzano Papel e Celulose S.A. A KPMG no Brasil faturou R$ 662 (seiscentos e sessenta e dois) milhões no ano fiscal encerrado em 30 de setembro de 2011, resultado 23% superior ao registrado no ano anterior. Das receitas apuradas, R$ 24,9 (vinte e quatro milhões e novecentos mil) milhões foram investidos em educação dos profissionais (treinamentos, cursos em geral e cursos superiores) para os profissionais. Fonte: http://www.kpmg.com/br/pt/estudos_analises/artigosepublicacoes/paginas/release- receitas-kpmg-crescem-23-em-2011.aspx A soma da receitas das firmas-membro da KPMG Internacional foi equivalente a US$ 22,7 bilhões no ano fiscal encerrado em 30 de setembro de 2011. Esse valor representa 10,1% de crescimento em relação aos resultados de 2010. Fonte: http://www.kpmg.com/br/pt/estudos_analises/artigosepublicacoes/paginas/release- receitas-kpmg-crescem-23-em-2011.aspx 12 Figura 1 – Organograma Escritório de Campinas 1.4. SITUAÇÃO PROBLEMÁTICA A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, atua como metodologia especialmente feita para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações financeiras, econômicas e patrimoniais de qualquer ente, seja uma pessoa física, jurídica, entidade sem fins lucrativos, pessoa de direito público etc. A atuação da Contabilidade é muito ampla. Dentro dessa ciência, existem diversas áreas, dentre elas a Auditoria Contábil. A palavra auditoria origina-se do latim audire (ouvir) e foi utilizada inicialmente pelos ingleses (auditing) que significava o conjunto de procedimentos técnicos para a revisão da Contabilidade. O essencial do trabalho da auditoria consiste em ouvir as informações dos fatos ocorridos na empresa. Essa etapa é primordial para que o auditor possa emitir sua opinião sobre a adequação da empresa em determinadas normas. Tendo a área Auditoria Contábil como objetivo deste trabalho, o tema é Etapas e Procedimentos de Auditoria. A primeira etapa é o Planejamento, esta etapa é realizada por um gerente ou encarregado. No Planejamento é definido o cronograma do trabalho e quais os procedimentos a serem efetuados. 13 No Controle Interno são testados os controles efetuados na empresa. Por exemplo: O processo de vendas. Nesta etapa há entrevistas com as pessoas responsáveis pelo processo e entendimento do mesmo. São efetuados testes para identificar se há riscos de falha no processo. Por meio de um relatório de recomendações, posteriormente é demonstrado ao cliente os pontos identificados como falhos em seus ciclos de operações. A realização do trabalho ocorre de formas diferentes dependendo do porte e atividade da empresa. As empresas de capital aberto exigem a realização da auditoria trimestral, chamadas de ITR. Para antecipar a etapa final da auditoria, existe o Pré-Balanço. Nesta etapa são realizados testes referentes ao primeiro dia do exercício analisado até a data pretendida. Dentro do trabalho realizado pela auditoria, existem algumas empresas que necessitam da Revisão de Especialistas de Tax e TI. A etapa final da auditoria, geralmente, é realizada com data-base de 31/12, porém a data-base pode variar de acordo com o fechamento da empresa. Após a etapa dos testes de auditoria, ocorre a revisão do IRPJ e CSLL. Esta etapa é realizada pelos especialistas de Tax. Encerrada todas as revisões realizadas pela equipe de trabalho, ocorre a revisão do controle de qualidade. Esta possui o objetivo de fornecer uma avaliação objetiva antes da emissão do relatório, levando em consideração os pontos relevantes levantados pela equipe de trabalho e as conclusões obtidas ao elaborar o relatório. A revisão de qualidade é realizada, principalmente, nas empresas de capital aberto, mas pode ocorrer em qualquer empresa que a Auditoria julgar necessária. A conclusão da auditoria consiste na emissão do relatório final de auditoria. A KPMG possui uma metodologia própria, em linha com as normas internacionais de auditoria, esta deve ser seguida na realização dos trabalhos de auditoria. Porém, para novos profissionais esta metodologia é complexa, pois existe apenas em língua inglesa e para entendê-la é necessário auxílio de profissionais mais experientes. Como complementar o manual de normas e procedimentos de auditoria existente na empresa, em vernáculo, de forma a auxiliar na integração e aprendizado dos novos profissionais? 14 1.5. OBJETIVOS O estágio possui objetivos a serem atingidos, estes estão divididos em objetivos principal e intermediários. 1.5.1. PRINCIPAL O objetivo principal do projeto foi disponibilizar para os novos profissionais da KPMG um resumo básico das etapas e procedimentos de auditoria baseado nas NBC’s (Normas Brasileiras de Contabilidade). 1.5.2. INTERMEDIÁRIOS Para que este projeto seja adotado na empresa, foram necessários os seguintes procedimentos: • Consultar e interpretara metodologia existente, por meio das fontes utilizadas para fazê-la. • Comparar com informações obtidas em referências bibliográficas relacionadas ao assunto. • Extrair os procedimentos básicos de auditoria. • Obter informações complementares sobre o assunto com profissionais mais experientes. • Mostrar para a empresa que o projeto é viável e pode ser incorporado ao treinamento. 1.6. JUSTIFICATIVA O projeto será importante para a empresa, pois os novos profissionais de auditoria iniciarão o trabalho com uma base maior nos procedimentos realizados e possuirão menos dúvidas. Esse projeto é uma oportunidade para que os profissionais estejam atualizados com a metodologia da empresa. Ao mesmo tempo a empresa ganha com os profissionais bem informados e executando o trabalho de forma mais precisa. O momento da implantação é oportuno, pois a empresa contrata muitos profissionais todos os anos, que não possuem experiência em auditoria. O projeto é viável, pois as informações estão acessíveis e disponíveis, havendo restrições na divulgação de informações não publicadas pela empresa. O projeto é importante para a autora, pois possibilitará aplicar a teoria na prática. 15 A oportunidade para a autora é o reconhecimento profissional, dedicação em adquirir novos conhecimentos na área de atuação e realizar um projeto inédito na empresa. 1.7. ESTRUTURA DO RELATÓRIO DE ESTÁGIO O capítulo I aborda a Área de Conhecimento, Tema da Pesquisa, Caracterização da Organização e seu Ambiente, Situação Problemática, Objetivos, Justificativa e Estrutura do Relatório de Estágio. O capítulo II é composto pela Revisão Bibliográfica que contém as bibliografias e suas citações sobre o tema geral e específico da pesquisa. O capítulo III aborda a metodologia utilizada no projeto, a coleta dos dados e o cronograma das atividades realizadas. O capítulo IV apresenta a Análise e Interpretação realizadas a partir dos dados coletados no capítulo anterior. E o capítulo V apresenta as Considerações, Conclusões, Recomendações e Sugestões propostas à empresa. 16 CAPÍTULO II – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo contém a Revisão Bibliográfica que contém as bibliografias e suas citações sobre o tema geral e específico da pesquisa. 2.1. CONTABILIDADE GERAL O presente capítulo abordará os conceitos, objetivos e usuários da contabilidade. 2.1.1. CONCEITO IUDÍCIBUS (2009, p.29) define: “A Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade com relação à entidade objeto de contabilização.”. RIBEIRO (2010, p.10) conceitua Contabilidade como: “A contabilidade é uma ciência que possibilita, por meio de suas técnicas, o controle permanente do Patrimônio das empresas.”. No entendimento de NEVES (2006, p.1): “A Contabilidade é uma ciência que desenvolveu uma metodologia própria com a finalidade de: a) controlar o patrimônio das aziendas; b) apurar o redito (resultado) das atividades das aziendas; c) prestarem informações às pessoas que tenham interesse na avaliação da situação patrimonial e do desempenho dessas entidades.”. A Contabilidade é uma ciência que se destina a gerar informações para seus usuários por meio do registro de fatos que afetam a situação patrimonial, econômica e financeira da pessoa, seja ela física ou jurídica. 2.1.2. OBJETIVO Para PADOVEZE (2010, p.3): “O objetivo da Contabilidade é o controle de um Patrimônio.”. De acordo com MARION (2009, p.28): “O objetivo principal da contabilidade, portanto, conforme a Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade, é o de permitir a cada grupo principal de usuários a avaliação da situação econômica e financeira da entidade, num sentido estático, bem como fazer interferências sobre suas tendências futuras.”. O objetivo da Contabilidade é o de fornecer informações aos usuários interessados utilizando- se da apresentação de sua situação patrimonial e financeira em uma determinada data. 17 2.1.3. USUÁRIOS Conforme IUDÍCIBUS (2009, p.29): “Conceitua-se como usuário toda a pessoa física ou jurídica que tenha interesse na avaliação da situação e do progresso de determinada entidade, seja tal entidade empresa, ente de finalidades não lucrativas, ou mesmo patrimônio familiar.”. Em seu trabalho RIBEIRO (2010, p.12) define usuários da Contabilidade como: “Os usuários da Contabilidade, portanto, são todas as entidades econômico- administrativas que utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus patrimônios, incluindo proprietários, acionistas, gerentes, administradores, Clientes, Fornecedores, bancos, Governo etc.”. NEVES (2006, p.3) explica: “Os usuários da Contabilidade são as pessoas físicas ou jurídicas que tenham interesse na avaliação da situação patrimonial da entidade. São, por exemplo, os acionistas de uma empresa que querem saber se ela está dando lucro ou prejuízo. São as instituições financeiras que desejam avaliar o patrimônio para saber se lhe concedem ou não um empréstimo. São os administradores da entidade, que desejam saber como se comporta o desenvolvimento das atividades da empresa e qual o resultado que está dividido das mesmas. É o fisco, que também se interessa pelo resultado da pessoa jurídica, para lançar os tributos sobre ele incidentes.”. São usuários da Contabilidade todas as pessoas físicas e jurídicas que possuem qualquer tipo de interesse para com a entidade. Alguns dos usuários mais comuns são: Acionistas, Instituições Financeiras, Fornecedores, Governo, Administradores etc. 2.1.4. CAMPO DE APLICAÇÃO Segundo RIBEIRO (2010, p.11): “O campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades econômico-administrativas, até mesmo as pessoas de direito público, como a União, os Estados, os Municípios, as Autarquias etc.”. No entendimento de IUDÍCIBUS (2010, p.1): “A Contabilidade, na qualidade de ciência social aplicada, com metodologia especialmente concebida para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as atuações patrimoniais, financeiras e econômicas de qualquer ente, seja este pessoa física, entidades de finalidade não lucrativas, empresa, seja mesmo pessoa de Direito Público, tais como Estado, Município, União, Autarquia etc., tem um campo de atuação muito amplo.”. A Contabilidade é aplicada a todas as entidades de direito público ou privado, com ou sem fins lucrativos, por esse motivo seu campo de aplicação é bastante amplo. 18 2.1.5. DIVISÕES DA CONTABILIDADE Além da Contabilidade Geral, a Ciência Contábil possui muitas divisões, algumas das mais conhecidas são: Contabilidade de Custos, Contabilidade Tributária, Contabilidade Pública, Perícia Contábil e Auditoria Contábil. 2.1.5.1. CONTABILIDADE DE CUSTOS De acordo RIBEIRO (2009, p.12): “A Contabilidade de Custos ou Contabilidade Industrial é um ramo da Contabilidade Geral ou Financeira que se aplica às empresas industriais.”. Na visão de HORNGREN (2004, p.2): “A Contabilidade de custos fornece informações tanto para a contabilidade gerencial quanto para a financeira. Mede e relata informações financeiras e não-financeiras relacionadas ao custo de aquisição ou à utilização de recursos em uma organização; inclui aquelas partes, tanto da contabilidade gerencial quanto da financeira, em que as informações de custos são coletadas e analisadas.”. A Contabilidade de Custos é destinada a gerar informações sobre os custos dos itens produzidos pelas indústrias. 2.1.5.2. CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA No conceito de FABRETTI (2005, p.29) Contabilidade Tributária é definida como: ...“ramo da contabilidadeque tem por objetivo aplicar na prática conceitos, princípios e normas básicas de contabilidade e da legislação tributária, de forma simultânea e adequada.”. Na visão de PÊGAS (2011, p.18): ...“representa o ramo da Contabilidade cujo objetivo é aplicar e adaptar conceitos e princípios contábeis com a legislação tributária, de forma adaptada, simultânea e, principalmente integrada.”. A Contabilidade Tributária tem como objetivo aplicar na prática e de forma integrada os princípios contábeis com as legislações tributárias vigentes. 2.1.5.3. CONTABILIDADE GERENCIAL Para HORNGREN (2004, p.2): “A Contabilidade gerencial mede e relata informações financeiras e não-financeiras que ajudam os administradores a tomar decisões para alcançar os objetivos de uma organização. Os administradores usam essas informações para escolher, comunicar e implementar a estratégia. Utilizam-nas, também, para coordenar o projeto do 19 produto, a produção e as decisões de comercialização. Isso significa que a contabilidade gerencial se baseia em demonstrativos internos.”. LUNKES (2007, p.7) define Contabilidade Gerencial como: ...“processo de identificação, mensuração, acumulação, análise, preparação, interpretação, e comunicação de informações financeiras e não financeiras usadas pela gestão para planejar, avaliar e controlar a empresa e assegurar uso apropriado e responsável de seus recursos.”. A Contabilidade Gerencial é utilizada pelas empresas no processo de tomada de decisões. O objetivo é acumular, interpretar e comunicar as informações obtidas. Estas, por sua vez, são utilizadas para garantir que os recursos utilizados estão sendo aproveitados de maneira apropriada. 2.1.5.4. CONTABILIDADE PÚBLICA Em sua obra, ARAÚJO (2009, p.18) afirma: “A Contabilidade Pública é o ramo da Ciência Contábil voltado para o registro, o controle e a demonstração dos fatos mensuráveis em moeda que afetam o patrimônio da União, dos Estados e dos Municípios e suas respectivas autarquias e fundações, ou seja, as entidades de direito público interno.”. ANGÉLICO (1994, p.13) explica: “A Contabilidade Pública constitui o mais complexo ramo da Ciência Contábil. Pelo fato de o seu campo de aplicação restringir-se apenas aos órgãos governamentais, poucos são os profissionais que tem acesso aos seus problemas”... ...“Para compreender essa dificuldade, é indispensável saber que nos três níveis de governo – União, Estados, Municípios e Autarquias correspondentes – a Contabilidade Pública dividi-se, em um primeiro plano, em dois graus: Contabilidade Analítica e Contabilidade Sintética. Em um segundo plano, divide-se em especializações: Contabilidade Orçamentária, Financeira, Patrimonial, de Compensação e Industrial.”. A Contabilidade Pública é destinada a registrar os fatos ocorridos nas entidades de direito público, ou seja, entidades pertencentes ao poder público (União, Estados e Municípios). 2.1.5.5. PERÍCIA CONTÁBIL Segundo SÁ (2011, p.3): “Perícia contábil é a verificação de fatos ligados ao patrimônio individualizado visando oferecer opinião, mediante questão proposta. Para tal opinião realizam-se exames, vistorias, indagações, investigações, avaliações, arbitramentos, em suma todo e qualquer procedimento necessário à opinião.”. De acordo com a Resolução CFC n°.1243/09: “A Perícia Contábil constitui o conjunto de procedimentos técnico-científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à 20 justa solução do litígio ou constatação de um fato, mediante laudo pericial contábil e/ou parecer pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente.”. Perícia Contábil é um conjunto de procedimentos técnicos que se destinam a verificar fatos patrimoniais referentes a discussões judiciais com o objetivo de emitir uma opinião por meio de laudo pericial sobre a solução adequada para o processo. 2.1.5.6. AUDITORIA CONTÁBIL CREPALDI (2011, p.3) define Auditoria Contábil como: ...“levantamento, estudo e avaliação sistemática das transações, procedimentos, operações, rotinas e das demonstrações financeiras de uma entidade.”. No entendimento de ATTIE (2009, p.5): “A Auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado.”. A Auditoria Contábil possui como finalidade o estudo e avaliação das transações realizadas nas empresas. Para realizar a avaliação, a Auditoria efetua testes com o intuito de verificar a eficácia e eficiência dos controles implantados nas empresas. 2.2. AUDITORIA Este capítulo abordará o conceito e objetivo das auditorias interna e externa. 2.2.1. AUDITORIA INTERNA A Resolução CFC n°. 986/03 define Auditoria Interna como: “A Auditoria Interna compreende os exames, análises, avaliações, levantamentos e comprovações, metodologicamente estruturados para a avaliação da integridade, adequação, eficácia, eficiência e economicidade dos processos, dos sistemas de informações e de controles internos integrados ao ambiente e de gerenciamento de riscos, com vistas a assistir à administração da entidade no cumprimento de seus objetivos.”. Para CREPALDI (2011, p.31): “A Auditoria Interna é uma atividade de avaliação independente dentro da empresa, que se destina a revisar as operações, como um serviço prestado à administração. Constitui um controle gerencial que funciona por meio da análise e avaliação de eficiência de outros controles. É executada por um profissional ligado à empresa, ou por uma seção própria para tal fim, sempre em linha de dependência da direção empresarial. O auditor interno é pessoa de confiança dos dirigentes; está vinculado à 21 empresa por um contrato trabalhista continuado e sua intervenção é permanente. Sua área de atuação envolve todas as atividades da empresa; predominam a verificação constante dos controles internos, a manipulação de valores e a execução de rotinas administrativas.”. CASTRO (2010, p.384) explica Auditoria Interna como: “Em resumo, a Auditoria Interna tem por função básica avaliar a adequação e eficácia do Controle Interno e a qualidade do desempenho do órgão em que atua. Funciona como um controle gerencial para a alta administração, medindo e avaliando os demais controles.”. ATTIE (2009, p.246) conceitua o assunto abordado como: ...“Pode-se definir auditoria interna como uma atividade de avaliação independente, dentro da organização, para a revisão da contabilidade, finanças e outras operações como base para servir à Administração. É um controle administrativo que mede e avalia a eficiência de outros controles.”. A Auditoria Interna é um departamento da empresa. Este realiza a verificação dos controles internos e gerenciamento dos riscos existentes para que a entidade atinja seus objetivos com mais eficiência. 2.2.1.1. SURGIMENTO DA AUDITORIA INTERNA Em seu livro, ALMEIDA (2010, p.5) explica o Surgimento da Auditoria Interna. Com a expansão dos negócios, a Administração das empresas sentiu a necessidade de dar maior ênfase aos procedimentos realizados internamente. A Auditoria Externa emitia sua opinião e também elaborava sugestões para solucionar problemas da empresa identificados durante a realização do trabalho. No entanto, o período de tempo que o auditor externo passava dentro da empresa era muito curto e que seu trabalho estava voltado para análise das demonstrações contábeis. Para atender as necessidades da Administração seria necessária uma auditoria periódica e mais aprofundada nas diversas áreas da empresa e não apenas na contabilidade. (ALMEIDA, 2010, p.5). Com essa necessidade surgiu a auditoria interna,como uma ramificação da auditoria externa. O profissional que executa essa função é funcionário da empresa, porém não deve ser subordinado a profissional cuja área de responsabilidade é examina pela auditoria interna e não deve desenvolver trabalhos que um dia possa vir a examinar. (ALMEIDA, 2010, p.5). No entendimento do presente autor, o Surgimento da Auditoria Interna deu-se (CASTRO, 2010, p.381): 22 No período do Brasil Colônia o juiz colonial era tido como olho do rei. Estes eram enviados pela Coroa Portuguesa para verificar se o recolhimento dos impostos estava sendo feito corretamente. O grande salto da auditoria deu-se após a crise econômica americana de 1929. No início dos anos 30 criou-se o Comitê May que era um grupo de trabalho instituído com a finalidade de estabelecer regras para as empresas que tivessem suas ações cotadas em bolsa, tornando obrigatória a Auditoria Contábil Independente em suas demonstrações financeiras. (CASTRO, 2010, p.382). Os auditores independentes necessitavam ter acesso às informações e documentos para obter o conhecimento mais profundo da empresa. Para essa tarefa foram designados empregados das próprias empresas. Esses profissionais foram, com o tempo, aprendendo as técnicas da auditoria e utilizando-as nos trabalhos solicitados pela própria administração da empresa. (CASTRO, 2010, p.382). Foi criado, nas grandes empresas de transportes ferroviários, um grupo de fiscais chamados “travelling auditors” (auditores viajantes), cuja função era visitar as estações ferroviárias e assegurar que todo produto da venda de passagens e fretes de carga estavam adequadamente arrecadados e contabilizados. Este trabalho é típico dos auditores internos. (CASTRO, 2010, p.382). As empresas logo perceberam que poderiam reduzir gastos com auditoria externa, criando um serviço contínuo de conferência e revisão interna. A melhoria dos controles internos reduziu os riscos do trabalho dos auditores externos, que se beneficiaram com o fato de poderem se dedicar exclusivamente aos exames da situação econômico-financeira das empresas. (CASTRO, 2010, p.382). A Auditoria Interna surgiu da necessidade das empresas de manter funcionários atuando para melhorar os controles realizados na empresa, consequentemente, colaborando com a auditoria externa e reduzindo gastos. 2.2.1.2. OBJETIVO CREPALDI (2011, p.31) descreve o tópico abordado como: “O objetivo da auditoria interna é auxiliar todos os membros da administração no desempenho efetivo de suas funções e responsabilidades, fornecendo-lhes análises, apreciações recomendações e comentários pertinentes às atividades examinadas.”. 23 De acordo com a Resolução CFC n°. 986/03: “A atividade de Auditoria Interna está estruturada em procedimentos, com enfoque técnico, objetivo sistemático e disciplinado, e tem por finalidade agregar valor ao resultado da organização, apresentando subsídios para o aperfeiçoamento dos processos, da gestão e dos controles internos, por meio da recomendação de soluções para as não conformidades apontadas nos relatórios.”. O objetivo desse departamento é avaliar os processos e controles internos existentes na empresa, agregando valores a organização por meio de recomendações para solucionar falhas encontradas. 2.2.2. AUDITORIA EXTERNA OU INDEPENDENTE Conforme ATTIE (2009, p.5): “A Auditoria é uma especialização contábil voltada a testar a eficiência e eficácia do controle patrimonial implantado com o objetivo de expressar uma opinião sobre determinado dado.”. Para CREPALDI (2011, p.38) Auditoria Externa: “Constitui o conjunto de procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão do parecer sobre a adequação com que estes representam a posição patrimonial e financeira, o resultado das operações, as mutações do Patrimônio Líquido a Demonstração dos Fluxos de Caixa e a Demonstração do Valor Adicionado da entidade auditada consoante as normas brasileiras de contabilidade.”. A Auditoria Externa é voltada para a área contábil e nesta são executados procedimentos de auditoria para comprovar a veracidade das demonstrações apresentados pela empresa auditada. Ao final das análises, o auditor expressa sua opinião por meio do parecer sobre a posição financeira e patrimonial da empresa em um determinado período. 2.2.2.1. SURGIMENTO DA AUDITORIA EXTERNA Em sua obra, ALMEIDA (2010, p.1) explica o surgimento da Auditoria Externa como tendo ocorrido da seguinte maneira: Inicialmente as empresas eram familiares. Com a expansão do mercado e o aumento da concorrência, houve a necessidade de expandir as instalações, investir no desenvolvimento tecnológico e aprimorar os controles e procedimentos internos. Para isso seria necessário um grande volume de recursos impossível de ser obtido por meio de lucros da empresa ou pelo patrimônio dos proprietários. Diante disso, houve a necessidade de captação de recursos de terceiros, mediante empréstimos bancários em longo prazo e abertura de capital social para novos acionistas. 24 Os novos investidores precisavam conhecer a situação financeira e patrimonial da empresa, além disso, era importante saber a capacidade de geração de lucros e como estavam sendo efetuada a administração financeira dos recursos na empresa. (ALMEIDA, 2010, p.1). A melhor maneira de obter essas informações é por meio das Demonstrações Contábeis. Com a importância dessas informações, houve a necessidade de tomar medidas de segurança contra manipulação das informações. Para atestar a integridade dessas informações, contratam-se profissionais com capacidade técnica, que examina as demonstrações contábeis da empresa e emite sua opinião sobre estas, estes profissionais são denominados auditores independentes. (ALMEIDA, 2010, p.2). Segundo ATTIE (2009, p.7): “O surgimento da auditoria está ancorado na necessidade de confirmação por parte dos investidores e proprietários quanto à realidade econômico-financeira espelhada no patrimônio das empresas investidas e, principalmente, em virtude do aparecimento de grandes empresas multigeograficamente distribuídas e simultâneo ao desenvolvimento econômico que propiciou participação acionária na formação do capital de muitas empresas.”. O surgimento da Auditoria Externa deu-se pela necessidade, por parte dos investidores, de obter uma opinião de profissionais capacitados e sem ligação alguma com a empresa sobre a situação patrimonial e informações geradas pela contabilidade. 2.2.2.2. OBJETIVO ALMEIDA (2010, p.24) explica: “O objetivo do auditor externo é emitir sua opinião sobre as demonstrações financeiras examinadas, cujas peças básicas são as seguintes: - balanço patrimonial; - demonstração do resultado do exercício; - demonstração de lucros e prejuízos acumulados ou demonstrados das mutações do patrimônio líquido; - demonstração do fluxo de caixa; - demonstrações do valor adicionado; - notas explicativas.”. No entendimento de CREPALDI (2011, p.4): ...”o objetivo principal da auditoria pode ser descrito, em linhas gerais, como o processo pelo qual o auditor se certifica da veracidade das demonstrações financeiras preparadas pela companhia auditada. Em seu exame, o auditor, por um lado, utiliza os critérios e procedimentos que lhe traduzem provas que assegurem a efetividade dos valores apostos nas demonstrações financeiras e, por outro lado, cerca-se dos procedimentos que lhe permitem assegurar a inexistência de valores ou fator não constantes das demonstrações financeiras que sejam necessários para seu bom entendimento.”. 25 De acordo com ATTIE (2009, p.11): “O objetivo do exame normal de auditoria das demonstrações contábeis é expressar uma opinião sobre a propriedade das mesmas, e assegurar que elas representam adequadamente a posição patrimoniale financeira, o resultado de suas operações, as mutações do seu patrimônio líquido e as origens e aplicações de recursos correspondentes aos períodos em exame, de acordo com os princípios fundamentais de contabilidade.”. O objetivo da auditoria é examinar e encontrar possíveis erros nas contas contábeis e demonstrações financeiras. Os erros encontrados devem ser avaliados de acordo com sua relevância e impacto nas demonstrações financeiras. No momento que o auditor emite sua opinião sobre as análises efetuadas, os erros e fraudes encontrados devem estar descritos. 2.2.2.3. OBJETO PEREZ JUNIOR (2010, p.3) descreve: ...“o objeto da auditoria é a descoberta de erros e fraudes, para proteção da empresa contra eles e contra multas fiscais, como também a produção de informes a respeito da confiabilidade das demonstrações contábeis.”. Para CREPALDI (2011, p.4): “O objeto da auditoria é o conjunto de todos os elementos de controle do patrimônio administrativo, os quais compreendem registros contábeis, papéis, documentos, fichas, arquivos e anotações que comprovem a legitimidade dos atos da administração, bem como sua sinceridade na defesa dos interesses patrimoniais. A auditoria pode ter por objeto, inclusive, fatos não registrados documentalmente, mas relatadas por aqueles que exercem atividades relacionadas com o patrimônio administrativo, cujas informações mereçam confiança desde que possam ser admitidas como seguras pela evidência ou por indícios convincentes.”. O objeto da Auditoria é a descoberta de fraudes e erros por meio das análises efetuadas nos fatos registrados documentalmente ou apenas relatados pela empresa. 2.2.2.4. PAPEL DA AUDITORIA Em seu livro, CREPALDI (2011, p.7) explica a importância da auditoria nas empresas. A auditoria se tornou importante tanto para as empresas quanto para seus investidores, por meio das análises realizadas nas demonstrações financeiras acompanhadas do parecer do auditor independente. Com essas informações os novos investidores podem aplicar seu capital em ações com mais segurança. Este trabalho é realizado com total independência e a responsabilidade atinge a possibilidade do auditor responder com seus bens pessoais, caso seja provado que o mesmo causou prejuízo 26 a terceiros por ter certificado números que não expressam a realidade da empresa auditada. (CREPALDI, 2011, p.8). Para ATTIE (2009, p.15): “O auditor tem a incumbência de verificar se as informações e análises apresentadas nestas demonstrações, inclusive aquelas constantes do Relatório da Administração, refletem com clareza a situação patrimonial e financeira, e comunicar quaisquer circunstâncias em desacordo com as disposições legais e regulamentares e atos que tenham ou possam ter impactos nas operações da empresa auditada. É seu dever também, mesmo que considerado de forma indireta, emitir um relatório circunstanciado que contenha observações a respeito das possíveis deficiências ou ineficácias de controles internos observadas pelo auditor no transcurso de seu trabalho.”. A auditoria tem um importante papel na sociedade atual, pois é com base em sua opinião que as empresas adquirem maior credibilidade perante o mercado. Para emitir essa opinião, é necessário analisar as demonstrações financeiras e verificar se estas refletem a real situação patrimonial e financeira da empresa. 2.2.2.5. CARREIRA NA AUDITORIA As empresas de auditoria possuem a estruturas organizacionais parecidas. As principais categorias que representam a carreira na auditoria são: trainee, assistente, auditor sênior, supervisor, gerente e sócio. A) TRAINEE PEREZ JUNIOR (2010, p.20) explica o profissional trainee como: “Assistente trainee é o estudante universitário que se enquadra no perfil exigido pelas firmas de auditoria, recrutado nas principais universidades do país. Geralmente o perfil do trainee é definido como segue: Estudante do ultimo ou penúltimo ano dos cursos de Ciências Contábeis, Administrativas ou Econômicas. Como a prática da auditoria é prerrogativa dos contadores, os estudantes de Administração ou de Economia deverão obter o grau de contador após a conclusão de seus atuais cursos. Idade máxima de 23 anos, pois, a partir dessa idade, geralmente já estão empregados, percebendo salários superiores ao oferecido ao trainee e também porque pessoas com mais idade teriam maior dificuldade para serem trabalhadas de acordo com os requisitos da profissão e da firma de auditoria. Ser solteiro (a), pois, geralmente, os casados já têm responsabilidades financeiras que não serão compatíveis com o salário oferecido ao trainee e não poderão dedicar- se totalmente à profissão. O domínio da língua inglesa não é exigido, mas favorece quem o possui. Após uma série de entrevistas e testes, é selecionado um grupo de trainees, como características mais ou menos semelhantes, para serem iniciados na carreira de auditor. 27 Inicialmente, o grupo passará por um programa de treinamento intensivo, com duração de um a seis meses, e nesse treinamento receberá orientação sobre: a firma e a atividade de auditoria, a carreira profissional, o comportamento pessoal exigido do auditor, matérias técnicas relacionadas com a profissão. Ao término desse período de treinamento, o trainee passará a integrar equipes de auditoria e a executar trabalhos que serão orientados e supervisionados pelo chefe da equipe. Cada visita ao cliente de auditoria estende-se, em média, por duas semanas, ao término das quais o trainee será formalmente avaliado pelo chefe da equipe.”... ...“Ao término de um prazo preestabelecido, geralmente um ano, as avaliações de cada trabalho serão compiladas e analisadas para determinar se o trainee pode ser promovido à categoria profissional superior.”. Para ATTIE (2007, p.20): “Atividade destinada a iniciantes da área de auditoria e que serve de suporte a tarefas que não necessitam de técnicas ou julgamentos em grande escala.”. Os trainees permanecem neste cargo em média um ano. Após esse período a empresa de auditoria realiza as reuniões de avaliação e decide-se se o profissional tem capacidade suficiente para ser promovido ao cargo acima. Durante este período, o profissional realiza testes de auditoria em áreas menos complexas, que não necessitam de muito julgamento profissional. B) ASSISTENTE CREPALDI (2011, p.76) entende o Assistente como: “Durante um ou dois anos iniciais, na auditoria, o assistente tem de seguir cuidadosamente as instruções de seu superior imediato, que lhe examina o trabalho, fazendo críticas construtivas. Entre as tarefas confiadas ao assistente de auditoria, temos a análise de várias contas, a verificação da documentação suporte, as contagens de caixa e de itens de estoque, a verificação de preços, de prazos e a confirmação de contas a receber. Logo, porém, essas tarefas cedem lugar a outras, de maior responsabilidade, cuja boa execução, aliada a certas características pessoais do profissional, constitui requisitos para se progredir na carreira.”. Na visão do presente autor (PEREZ JUNIOR, 2010, p.21): O cargo de assistente possui três categorias: Assistente C (trainee), Assistente B e Assistente A. O período de assistente é em torno de quatro anos. Conforme são promovidos, os assistentes recebem novos treinamentos e passam a executar áreas mais complexas. Os assistentes possuem treinamento técnico de acordo com o cargo que estão. Estes têm a responsabilidade de auxiliar os trainees e o sênior da equipe. Além disso, realizar testes de auditoria em áreas um pouco mais complexas. 28 C) AUDITOR SÊNIOR Conforme o autor (PEREZ JUNIOR, 2010, p.22): O cargo de sênior possui três categorias: Sênior C (ou semissênior), Sênior B e Sênior A. O período de sênior é em torno de quatroanos. O sênior é responsável pela distribuição, orientação e supervisão do trabalho dos assistentes, reportando-se ao gerente do trabalho. Ao final de cada trabalho, o sênior é avaliado formalmente pelo gerente. No entendimento do autor (CREPALDI, 2011, p.77): Ao receber o título de auditor, o profissional já possui experiência e capacidade para supervisionar o trabalho da equipe. É nesse estágio que o sênior recebe a incumbência por trabalhos maiores, tendo vários assistentes em suas equipes e responsável por designar a eles as tarefas a que devem ser executadas, revisar os trabalhos realizados, elaborar e modificar programas de auditoria, manter contato com o cliente. Nesse estágio da carreira, o profissional possui treinamento e capacidade para determinar quando já reuniu evidências suficientes e necessárias para escrever o rascunho do relatório de auditoria. O profissional com o cargo de Sênior tem como responsabilidade ser o encarregado do trabalho que está desenvolvendo. Este também distribui, supervisiona e orienta a equipe no decorrer do trabalho. O sênior reporta ao gerente os pontos importantes encontrados no decorrer do trabalho realizado. D) SUPERVISOR PEREZ JUNIOR (2010, p.23) explica o Supervisor: “Após o período de quatro anos como sênior, o profissional será promovido à categoria de supervisor, na qual ficará, em média, dois anos, e será treinado para ser gerente. Como supervisor, receberá treinamento específico do cargo e passará a atuar como sênior em grandes clientes, reportando-se ao gerente e como gerente em pequenos clientes, reportando-se ao sócio encarregado.”. De acordo com ATTIE (2007, p.20): “Função determinada a promover o acompanhamento das atividades exercidas pelos auditores de campo. Revisam os papéis de trabalho, assegurando a completa execução segundo o programa proposto e os objetivos traçados.”. O supervisor desenvolve a mesma função do sênior, porém em clientes maiores e passa a ser preparado para se tornar gerente. 29 E) GERENTE Segundo CREPALDI (2011, p.78): “O gerente, em geral, é quem se reúne com o pessoal do cliente, para planejar o exame e, também, é quem emite e discute com eles o relatório final. Revisa os papéis de trabalho e o relatório final, para verificar não somente se o exame foi feito a contento, como também se o relatório foi redigido de acordo com as normas vigentes.”. Em seu trabalho, PEREZ JUNIOR (2010, p.23) explica o Gerente como: “Após, em média, dois anos como supervisor, será promovido a gerente, receberá treinamento adequado e passará a gerenciar o trabalho de auditoria de diversos clientes e a supervisionar diversas equipes de auditoria. O gerente é responsável por: elaborar o planejamento do trabalho, programar a equipe, supervisionar a equipe, discutir assuntos com a gerência e direção da empresa auditada, revisar os papéis de trabalho, elaborar o esboço do relatório.”. No momento em que o profissional se torna gerente, ele possui uma carteira de clientes e uma equipe a coordenar. Algumas das responsabilidades do gerente são: planejar o trabalho, manter contato com a diretoria e gerência do cliente, supervisionar as equipes, revisar o trabalho realizado e elaborar o parecer da auditoria. F) SÓCIO De acordo com CREPALDI (2011, p.78): “Os auditores que assumem responsabilidade total pelo exercício da auditoria independente são os sócios. Eles dedicam boa parte de seu tempo às relações públicas e aos contatos profissionais, pois é mediante esses contratos que se obtêm novos limites. Nas grandes firmas de auditoria independente, alguns sócios pouco ou nenhum contato mantêm com os aspectos de auditoria. Cabe-lhes examinar as versões finais dos relatórios, juntamente com os gerentes, para determinar se cada exame foi feito segundo as diretrizes da firma e se o trabalho atende às exigências do padrão profissional. Antes de assinar o relatório do auditor, emitindo parecer profissional sobre a fidedignidade das demonstrações financeiras, o sócio revisa os papéis de trabalho, discute os procedimentos e descobertas feitas pelos auditores, assim como investiga tudo o que acha necessário, a fim de garantir que o exame seja satisfatório, sob todos os aspectos, que seja boa a redação do relatório e que as demonstrações financeiras de fato retratem com fidedignidade a situação financeira da empresa. O sócio de uma grande firma de auditoria só tem a ganhar, financeiramente e em termos de prestígio profissional, se as operações dessa firma forem bem-sucedidas.”. Conforme PEREZ JUNIOR (2010, p.23): “Após, em média, cinco anos como gerente, poderá ser convidado pelos sócios atuais a fazer parte da sociedade da firma. Para tanto, será necessária a aprovação de todos os sócios que avaliarão, principalmente, as seguintes características: capacidade técnica, relacionamento com clientes, relacionamento com sócios, relacionamento com o quadro de auditores, habilidade de negociação, disposição para participar da administração da firma, disposição para atuar em outros escritórios da firma, em outras cidades ou Estados.”... 30 ...“Os gerentes convidados a fazer parte da sociedade recebem uma pequena quantidade de quotas que poderá ser aumentada à medida que progredirem na carreira de sócio, pois nessa categoria também há uma hierarquia e os recém- admitidos na sociedade são considerados “trainee de sócio”. Como sócio, passará a ser responsável por: contratos com clientes para discutir e negociar contratos e honorários; revisão e aprovação do planejamento dos trabalhos de auditoria dos clientes sob sua responsabilidade, elaborados pelos gerentes; discussão com o gerente e com a alta administração do cliente sobre os principais pontos observados pela equipe no decurso do trabalho; revisão e aprovação dos papéis de trabalho; elaboração do relatório final; assinatura do relatório final. O sócio é responsável perante os demais sócios por todo o trabalho executado no cliente e pela emissão do relatório. Perante os órgãos técnicos e a coletividade, a responsabilidade sobre o relatório emitido é da firma de auditoria e não do sócio que assinou o relatório. Ao se retirar da sociedade por aposentadoria ou outro motivo qualquer, o sócio é obrigado a vender sua participação aos sócios remanescentes. Conforme pode ser observado, o prazo médio entre o cargo de assistente trainee e a admissão à sociedade é de 15 anos de trabalho e treinamento constante. Assim, cada membro da equipe responsável pela execução do trabalho adquiriu a competência relativa ao cargo que ocupa e foi devidamente treinado para tal.”. Após aproximadamente quinze anos de carreira, o profissional pode ser convidado, pelos outros sócios, a ser sócio do escritório. Para que ocorra essa proposta, o profissional deve possuir bom relacionamento com os clientes, capacidade técnica, disponibilidade para mudar de escritório, habilidade de negociação, entre outras características. Algumas das responsabilidades do sócio são: revisão e aprovação do trabalho realizado, reuniões com os clientes para discutir pontos levantados pela equipe durante a realização do trabalho e elaboração e assinatura do parecer de auditoria. 2.2.2.6. NORMAS E PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA CONTÁBIL Neste capítulo serão abordadas as normas, etapas e procedimentos de auditoria. A) NORMAS No entendimento de CREPALDI (2011, p.236) normas de auditoria são: “As normas de auditoria são os procedimentos a serem observados no desempenho do trabalho de auditoria. Elas diferem dos procedimentos de auditoria naquilo em que os procedimentos se relacionam com atos a serem praticados, enquanto as normas tratam das medidas de qualidade na execução desses atos e dos objetivos a serem alcançados com o uso dos procedimentos adotados. Assim, diferenciados dos procedimentosde auditoria, dizem respeito não apenas às qualidades profissionais do auditor, mas também a sua avaliação pessoal do exame efetuado e do parecer emitido.”. 31 Segundo ALMEIDA (2010, p.16): “As normas de auditoria representam as condições necessárias a serem observadas pelos auditores externos no desenvolvimento do serviço de auditoria”... Normas de auditoria são as condições que garantem a qualidade e a certificação de que os objetivos de auditoria sejam alcançados por meio dos procedimentos realizados. B) PROCEDIMENTOS Para ALMEIDA (2010, p.34): “Os procedimentos de auditoria representam um conjunto de técnicas que o auditor utiliza para colher as evidencias sobre as informações das demonstrações financeiras.”. ATTIE (2009, p.300) conceitua procedimentos como: “Os procedimentos de auditoria são as ferramentas que o auditor utiliza para a realização de seus trabalhos. Os procedimentos de auditoria que serão utilizados para o auditor atingir os objetivos previamente delineados são vários, dependendo das circunstâncias, da efetividade de controle interno e da materialidade envolvida.”. Procedimentos são técnicas que o auditor utiliza para realizar os testes de auditoria, avaliar a situação patrimonial e assim emitir sua opinião sobre a empresa auditada. Os procedimentos utilizados variam de acordo com diversas situações. 2.2.2.7. ÓRGÃOS RELACIONADOS Os principais órgãos relacionados com a Auditoria são: CVM, Ibracon, CRC, CFC e CPC. A) CVM No entendimento de ALMEIDA (2010, p.7): “A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), criada pela Lei n° 6.385/76, é uma entidade autárquica e vinculada ao Ministério da Fazenda. Ela funciona como um órgão fiscalizador do mercado de capitais no Brasil. O auditor externo ou independente, para exercer atividades no mercado de valores mobiliários (companhias abertas e instituições, sociedades ou empresas que integram o sistema de distribuição e intermedição de valores mobiliários), está sujeito a prévio registro na CVM.”. CREPALDI (2011, p.65) explica: “Em seu artigo 26 determina que somente empresas de auditoria contábil ou auditores contábeis independentes registrados na CVM poderão auditar as demonstrações financeiras de companhias abertas e de instituições, sociedades ou 32 empresas que integram o sistema de distribuição e intermediação de valores mobiliários.”. A própria CVM se define como: “A Lei que criou a CVM (6385/76) e a Lei das Sociedades por Ações (6404/76) disciplinaram o funcionamento do mercado de valores mobiliários e a atuação de seus protagonistas, assim classificados, as companhias abertas, os intermediários financeiros e os investidores, além de outros cuja atividade gira em torno desse universo principal. A CVM tem poderes para disciplinar, normatizar e fiscalizar a atuação dos diversos integrantes do mercado. Seu poder normatizador abrange todas as matérias referentes ao mercado de valores mobiliários.”. A CVM disciplina e fiscaliza o mercado de capitais no Brasil. Os auditores ou empresas de auditoria que pretendem auditar essas empresas devem possuir registro junto a CVM. B) IBRACON ALMEIDA (2010, p.10) explica o Ibracon como sendo: “O Instituto dos Auditores Independentes do Brasil surgiu com o objetivo de concentrar em um único órgão a representatividade dos profissionais auditores, contadores com atuação em todas as áreas e estudantes de Ciências Contábeis. A seriedade deste trabalho, reconhecida por órgãos reguladores como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e Banco Central, garante que a produção técnica do Instituto seja referendada e servida como sustentação para as normas que cada uma destas entidades emite.”. PEREZ JUNIOR (2010, p.12) entende que o Ibracon: ...“definem e sugerem os procedimentos específicos de auditoria a serem seguidos por seus membros.”. O Ibracon é reconhecido por vários órgãos reguladores (CVM, SUSEP, Bacen), este possui como objetivo cuidar dos interesses dos profissionais e das empresas de auditoria, além disso, tem como preocupação também, manter a qualidade técnica nos trabalhos de auditoria realizados. C) CFC e CRC De acordo com ALMEIDA (2010, p.10): “O Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de Contabilidade (CFC e CRC) foram criados pelo Decreto-lei 9.295, de 27-5-1946. Esses conselhos representam entidades de classe dos contadores, ou seja, é o local onde o aluno, após concluir o curso de Ciências Contábeis na universidade, registra-se na categoria de contador. A finalidade principal desses conselhos é o registro e a fiscalização do exercício da profissão de contabilistas.”. 33 Conforme HOOG (2008, p.29): “CFC – Conselho Federal de Contabilidade - Órgão criado através do Dec.-lei 9.295, de 27.05.1946, com a finalidade de habilitar e fiscalizar o exercício da profissão contábil. Este decreto definiu as atribuições do Contador e do Técnico em Contabilidade, principiando toda a normatização interna corporis da profissão contábil.”. O CFC e os CRCs possuem como finalidade efetuar o registro dos profissionais da área contábil e também fiscalizar se a profissão está sendo exercida de acordo com as normas e código de ética. D) CPC ALMEIDA (2010, p.11) conceitua CPC como: “Criado pela Resolução CFC n° 1.055/05, o Comitê de Pronunciamentos Técnicos Contábeis (CPC) tem como objetivo “o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais”.”. Para OLIVEIRA (2011, p.36): “Os principais objetivos do CPC são o estudo, o preparo e a emissão de pronunciamentos técnicos sobre os procedimentos de contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, levando em consideração a necessidade de convergência, o mais rápido possível, da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.”. O CPC tem a finalidade de emitir os pronunciamentos técnicos contábeis sobre assuntos relacionados à Contabilidade e suas mudanças após as alterações da lei n° 6.404/76. 2.3. ETAPAS E PROCEDIMENTOS DE AUDITORIA Neste tópico serão abordadas as etapas da auditoria e os procedimentos a serem realizados nestas. 2.3.1. PLANEJAMENTO DO TRABALHO DE AUDITORIA Na visão de ALMEIDA (2010, p.126): “Planejar significa estabelecer metas para que o serviço de auditoria seja de excelente qualidade e ao o menor custo possível. Os principais objetivos a serem atingidos são os seguintes: adquirir conhecimento sobre a natureza das operações, dos negócios e forma de organização da empresa; planejar mais volume de horas nas 34 auditorias preliminares; obter maior cooperação do pessoal da empresa; determinar a natureza, amplitude e datas dos testes de auditoria; identificar previamente problemas relacionados com contabilidade, auditoria e impostos.”. ATTIE (2009, p.17) afirme que: “O planejamento do trabalho é parte preponderante para que se determine o momento da realização de cada uma das tarefas de auditoria. Constitui a previsão dos trabalhos a serem executados e o momento da aplicação dessas provas, para atingir-se os objetivos, sendo, na medida do possível, indicados os principais procedimentos de auditoria por área de atuação.”. No conceito de CREPALDI (2011, p.480): “O planejamento da auditoria envolve a definição de estratégia global para o trabalho e o desenvolvimento de plano de auditoria.”. Em seu livro PEREZ JUNIOR (2010, p.45) conceitua: “O planejamento de auditoria deve serdesenvolvido de acordo com uma metodologia definida pela empresa de auditoria levando em consideração as características da empresa auditada e os objetivos do trabalho.”. O planejamento da auditoria é considerado uma das etapas mais importantes, pois é nesta fase que é definida a estratégia de trabalho, o cronograma, as metas, os objetivos a serem atingidos e os procedimentos que deverão realizados. Esta etapa é desenvolvida, geralmente, pelo gerente responsável pelo cliente. 2.3.2. CONTROLE INTERNO A análise dos controles internos da empresa é primordial para a auditoria, pois se os controles forem efetivos, o número de testes a serem realizados na auditoria final é muito menor. A) DEFINIÇÃO ATTIE (2009, p.18) explica o Controle Interno como: ...“podemos considerar que o sistema de controles internos constitui o “sistema nervoso” de uma organização e os sistema de informações contábeis constitui a “memória” da empresa. O “sistema nervoso”, traduzido por um adequado sistema de controles internos, permite o desenvolvimento das atividades da empresa com fluidez e nos tempo devidos. Na “memória”, entendida pelo sistema de informações contábeis, ficam registrados os dados das operações realizadas cumulativamente. Mantido um eficiente “sistema nervoso”, é de se pressupor que haverá boa “memória”.”. PEREZ JUNIOR (2010, p.77) define: “O controle interno compreende o plano de organização e todos os métodos e medidas coordenados, adotados numa empresa para proteger seus ativos, verificar a exatidão operacional e promover a obediência às diretrizes administrativas estabelecidas. 35 Os objetivos do controle interno são: obtenção de informação adequada, estimulação do respeito e da obediência às políticas da administração, proteção dos ativos e promoção da eficiência e eficácia operacional.”. Segundo ALMEIDA (2010, p.41): “O controle interno representa em uma organização o conjunto de procedimentos, métodos ou rotinas com os objetivos de proteger os ativos, produzir dados contábeis confiáveis e ajudar a administração da condução ordenada dos negócios da empresa.”. Controle Interno são procedimentos ou rotinas realizados pela empresa para controlar e proteger seus ativos. A auditoria efetua procedimentos para avaliar os controles internos da empresa. Se o resultado final dessa avaliação comprovar que os controles são efetivos, ou seja, funcionam realmente como devem, os testes das próximas etapas diminuirão, pois a auditoria julgará que a possibilidade de erros nas áreas que possuem controle é menor do que uma empresa ou área que não possuem controles efetivos. B) AVALIAÇÃO DOS CONTROLES INTERNOS No conceito de ALMEIDA (2010, p.42): “O auditor independente executa os passos na avaliação do controle interno: levanta o sistema de controle interno; verifica se o sistema levantado é o que está sendo seguido na prática; avalia a possibilidade do sistema revelar de imediato erros e irregularidades; determinar tipo, data e volume dos procedimentos de auditoria.”. Para CREPALDI (2011, p.397): “A avaliação dos controles internos tem como escopo principal determinar a natureza, a profundidade e a extensão dos exames finais de balanço e, como o escopo secundário, sugerir aprimoramento em relatório específico. A avaliação do sistema de controle interno compreende: determinar os erros ou irregularidades que poderiam acontecer; verificar se o sistema atual de controles detectaria de imediato esses erros ou irregularidades; analisar as fraquezas ou falta de controle, que possibilitam a existência de erros ou irregularidades, a fim de determinar a natureza, data e extensão dos procedimentos de auditoria; emitir relatório-comentário dando sugestões para o aprimoramento do sistema de controle interno da empresa.”. No entendimento de ALMEIDA (2010, p.51): “As informações sobre o sistema de controle interno são obtidas das seguintes formas: leitura dos manuais internos de organização e procedimentos; conversa com funcionários da empresa e inspeção física desde o início da operação (compra, venda pagamentos etc.). As informações obtidas sobre o controle interno são registradas pelo auditor independente de uma ou do conjunto de duas ou três das formas exemplificadas a seguir: memorandos narrativos; questionários padronizados e fluxogramas.”. A avaliação dos controles internos é realizada por meio da indagação ao cliente sobre os controles existentes, determinação de possíveis erros e irregularidades no processo, análise dos itens que não existem controles e os pontos fracos dos controles existentes. 36 2.3.3. EXECUÇÃO DA AUDITORIA A execução da auditoria é divida por áreas. Essas áreas são os grupos de contas do balancete: ativo, passivo e resultado. A) CONTAS DO ATIVO Este tópico apresentará alguns dos procedimentos realizados nas contas do Ativo. A.1) DISPONIBILIDADES PEREZ JUNIOR (2010, p.129) descreve os objetivos de auditoria para disponibilidades como: “Existência: Assegurar que as disponibilidades apresentadas realmente existem e que, por outro lado, não existem outras que não estejam apresentadas. Avaliação: Apresentar que os valores apresentados representem o montante exato dos recursos disponíveis e foram determinados de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. Classificação contábil: Assegurar que os itens classificados como disponíveis tenham realmente liquidez imediata e que as receitas financeiras foram devidamente registradas. Controle interno: Assegurar que as transações de pagamentos e recebimentos efetuados durante o exercício relacionam-se a operações normais da empresa e estão suportadas por documentação comprobatória e foram devidamente aprovadas.”. De acordo com ATTIE (2009, p.297) a auditoria das disponibilidades tem como finalidade: ...“determinar: sua existência, que poderá estar na empresa, em bancos ou com terceiros; determinar se são pertencentes à empresa; determinar se foram utilizados os princípios fundamentais de contabilidade; determinar a existência de restrições de uso ou de vinculações em garantia; e determinar se está corretamente classificado no balanço patrimonial e se as divulgações cabíveis foram expostas por notas explicativas.”. Na visão de PEREZ JUNIOR (2010, p.130) os principais procedimentos das disponibilidades são: “Contagem de caixa; avaliação do Controle Interno; segregação adequada das funções de caixa e tesouraria; avaliação e teste de reconciliação bancária; circularização de instituições financeiras; teste de aplicações financeiras; teste de reconciliações bancárias; teste de transferências bancárias; teste de liquidação subsequente.”. Em seu livro ATTIE (2009, p.300) relata alguns procedimentos de auditoria: “Contagem de caixa ou fundo fixo; contagem de aplicações financeiras; confirmação de saldos bancários; confirmação das pessoas autorizadas a assinar; confirmação de aplicações financeiras; exame documental dos cheques pagos; exame documental dos avisos bancários; exame documental de aplicações financeiras; exame de atas de assembleia ou de reunião; exame de contratos; soma das circularizações; soma do razão auxiliar de bancos; cálculos de juros pagos ou recebidos; exame de conta de 37 razão de bancos; exame de conta de razão de caixa; exame de conta de aplicações financeiras; exame detalhado da documentação de pagamento ou recebimento; exame detalhado de aplicações financeiras adquiridas ou resgatadas; variação do saldo do disponível; explicação para a documentação examinada; exame do razão analítico de bancos; exame do diário auxiliar de bancos; exame do registro de recebimentos; exame do registro de pagamentos; relacionamento de recebimentos com as contas a receber; relacionamento dos pagamentos com as contas a pagar; relacionamento
Compartilhar