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RESPONSABILIDADE CIVIL PROFISSIONAIS LIBERAIS

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Profissional liberal é aquele que desenvolve atividade específica de serviços, 
independente, e com qualificação e habilitação determinadas pela lei ou pela 
divisão do trabalho. A Constituição Federal diz que é livre o exercício de 
qualquer profissão, atendendo as qualificações que a lei prevê. As mudanças 
tecnológicas influenciam o surgimento de novas profissões e a extinção de 
outras. 
A responsabilidade civil desses profissionais liberais é negocial, quando o 
serviço prestado tem origem em um negócio jurídico unilateral, e extranegocial 
quando o serviço é prestado sem um vínculo negocial direto entre o profissional 
e o tomador dos serviços. A responsabilidade por ato ou omissão pode surgir 
de relações onde não há relação contratual, um ato ilícito absoluto, de 
abstenção de lesar a pessoa ou o patrimônio de outrem. O profissional liberal 
assume a obrigação de meio, sendo excepcionais as obrigações dos 
resultados. Ele não promete resultados, mas sua utilização, com máximo 
cuidado que se é exigido de sua qualificação. 
Nas relações de consumo, o profissional autônomo exercendo sua função, é 
um fornecedor de serviços, sujeito a legislação do Código de Defesa do 
Consumidor. Entende-se como fornecedor porque exerce uma atividade 
jurídica. Ainda que ele seja ontologicamente fornecedor, a legislação pode 
excluir do regime legal de proteção do consumidor. 
Quando o serviço causar dano à pessoa ou o patrimônio do consumidor, se 
apura mediante a verificação de culpa. A legislação de proteção do consumidor 
é da responsabilidade extranegocial do fornecedor, fazendo abstração do 
negócio jurídico que está á baixo de qualquer relação de consumo. Originando 
assim a indenização por perdas e danos do inadimplemento culposo ou do 
adimplemento incompleto ou defeituoso. A franca adoção da responsabilidade 
não culposa, também é outra tendência do direito do consumidor. A culpa 
sempre esteve no centro da construção doutrinaria liberal, como projeção do 
principio da autonomia da pessoa. Hoje em dia, a culpa retoma a força como 
instrumento poderoso dos interesses empresariais de facilitação ao lucro, ainda 
que oferecendo riscos a sociedade. 
Assim, essa interpretação da regra legal deve ser feita no sentindo mais 
favorável para o consumidor, nos seguintes pontos: natureza da culpa e ônus 
da prova. O CDC não excluiu o profissional liberal das regras de 
responsabilidade do fornecedor. 
Atualmente no direito a culpa na responsabilidade civil pode sofrer gradações: 
responsabilidade culposa que é incompatível com o sistema de proteção do 
consumidor, que significa sua exclusão das regras e os princípios do Código; 
culpa presumida que constitui um avanço na tendência que aponta para a 
necessidade de não se deixar o dano sem a reparação, onde se quer mais 
imputar a alguém a responsabilidade da indenização do que quem o causou o 
dano; responsabilidade não culposa. 
O principio da inversão do ônus da prova é um dos amparos do sistema jurídico 
de proteção do consumidor. Sem ele a efetividade do sistema fica 
comprometida. Ele transfere ao responsável pelo dano o ônus de provar que 
não foi culpado pelo dano, ou que não houve o dano, ou que a culpa foi da 
vitima, ou que houve fato que pré-excluiu a contrariedade a direito. O CDC 
elevou a inversão do ônus da prova a direito básico do consumidor, positivando 
o principio em regra geral e estruturante, a que se subordina qualquer 
operação hermenêutica. 
O fornecedor de serviços cabe-lhe o ônus da prova, que a lei delimita em 
numerus clausus: dano ao consumidor; a culpa exclusivamente do consumidor; 
e o dano pré-excluído. Além dessas, devemos pensar em outras hipóteses de 
pré-exclusão, como o caso fortuito e a força maior, legitima defesa e o estado 
de necessidade. A culpa exclusiva do consumidor, no caso de serviços, é 
sempre mais difícil do que no caso de produtos. 
O profissional liberal esta sujeito ao regime do CDC e ao princípio 
constitucional de proteção, mas sua responsabilidade pessoal é apurada 
quando se verifica a culpa. Quando se exclui a responsabilidade não lhe cabe 
culpa pelo defeito ou dano, na prestação do serviço. Ele responde por culpa 
presumida, tem por efeito a inversão do ônus da prova. 
Quando se fala na verificação da culpa não se diz que deve ser provada por 
quem alega o defeito do serviço, diz que não poderá ser responsabilizado se a 
culpa não for verificada em juízo, por que conseguiu contra prová-la. Não 
contemplaria o mandamento legal de facilitação da defesa de seus direitos, se 
ao consumidor se impusesse o ônus de provar a culpa do profissional pelo 
defeito do serviço, que existe e não objeto de discussão. 
O consumidor do serviço, que o profissional liberal realizou, deve provar a 
existência da relação de consumo, e o defeito da execução que lhe causou 
danos, sendo suficiente o nexo da imputabilidade. Cabe ao profissional provar 
que não agiu com culpa.

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