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1. TEXTO A Vida e os Desejos Humanos

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Módulo: Presciência Humana 1 
 
AULA 1 – Sentido/significado da Vida e os Desejos Humanos1 
 
Prof. Clérisson Torres2 
 
 
Caro estudante, refletir quanto ao sentido e significado da 
vida é um desafio e tanto. Aliás, passamos a vida a buscar 
respostas quanto ao sentido ou direção que a mesma tem 
no tempo e no espaço em que existimos. Também no 
decorrer de nossas vidas procuramos desvendar seu 
significado ou relevância, e para tal, procuramos conceber os desafios que a vida 
nos oferece, constantemente, quer em âmbitos profissionais, pessoais/familiares e 
existenciais. 
 Nesta aula procuraremos refletir quanto ao sentido/significado da vida e 
suas interfaces com as necessidades e desejos humanos para que nossas ações 
provenientes de nossos desejos sejam ou estejam embasadas 
em princípios, valores ou leis da vida que indicam moral, ética e 
estética elevadas em prol de uma vida mais bela, rica e 
significativa, com mais experiências culminantes, como dizia o 
psicólogo humanista Abraham Maslow (Apud FADIMAN, 2002), 
ou seja, com mais momentos de segurança, satisfação e felicidade. 
 Entende-se que, quanto mais reflexivo 
e integrado com a vida e seus ditames, maior 
a possibilidade humana de ser presciente, ou 
seja, de ser capaz de prever ou ultrapassar a 
realidade para conter, minimizar ou extinguir 
situações problematizadoras individuais ou 
sociais, bem como, de antecipar e, por sua 
 
1
 Este módulo ou texto foi construído para a disciplina Presciência Humana, uma das disciplinas realizadas pelo 
programa On Line NED – Núcleo de Estudos Dirigidos da UNIME/Paralela para todos os alunos da diversidade 
de cursos que voluntariamente se inscreveram e realizaram o mesmo à distância, com o fim de aproveitá-lo como 
carga horária de atividade complementar. 
2
 Clérisson Torres é Psicólogo, psicoterapeuta e professor universitário. É Mestre em Educação 
(UFBA/FACED) tendo como objeto de pesquisa a Análise do Juízo Moral de Docentes e Discentes 
Universitários. Especialista em Docência do Ensino Superior dissertou sobre o tema "Autoconhecimento e a 
Consciência Moral, Ética e Estética: uma contribuição à formação de educadores". É Coordenador do Curso de 
Psicologia da UNIRB em Salvador, bem como, docente de graduação e pós-graduação. Contato: 
clerissontorres@uol.com.br 
 
Consciência
Módulo: Presciência Humana 2 
 
vez, de projetar suas ações no viver de maneira prudente, responsável e 
comprometida, eis os exemplos de pessoas como Sílvio Santos, Oscar Niemeyer, 
César Pascal, Bill Gates, Anísio Teixeira, Santos Dumont, Hipócrates, Charles 
Darwin, Gregor Mendel, Louis Kervran, Sigmund Freud, Rui Barbosa, Pontes de 
Miranda, Sócrates, Leonardo Da Vince, Albert Einstein, Nostradamus e outros, ou 
até mártires da humanidade como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Jesus, 
Buda, Zoroastro, etc. 
 Pois bem, caro aluno, falar da vida exige um estudo extenso em bibliografias 
de cunho científico, filosófico e até religioso. Nossa intenção não é favorecer tal 
extensão, mas discutir algumas premissas da vida em âmbitos filosófico-científicos e 
espirituais, na busca de uma abordagem integral, que nos oportunizem uma melhor 
compreensão. 
 Nosso foco é o homem enquanto ser que também é produto do que sente, 
pensa e faz, bem como, do meio em que vive. É sobre este ser social que deseja e 
age que queremos compreender a ação da vida nele, bem como, a ação dele na 
vida. Distintamente da primeira, é esta segunda ação – a humana, que pode, de 
forma abreviada, gerar malefícios à humanidade por pensar e agir de maneira 
impulsiva, precipitada e inconseqüente, sem prevenção ou projeção a pequeno, 
médio e longo prazo. 
 Com o fim de que nossas ações não sejam tão imediatistas e irresponsáveis, 
importa refletirmos quanto a duas premissas (ver SLIDE 01) que fundamentam 
nosso estudo: 
1. Nada vive em absoluto isolamento; 
2. A vida se prova pelo movimento; 
 É praticamente unânime, 
cientificamente falando, que na 
vida nada nem ninguém vive em 
isolamento absoluto. Até mesmo 
alguém sozinho no pico mais alto 
do Himalaia, não está 
plenamente isolado, pois se 
relaciona com coisas, seres ou 
mesmo com seus pensamentos e 
Slide 01 – Premissas quanto a Vida 
Vida
Nada vive isolado
A vida se prova pelo movimento
Quanto + Movimento + Vida + Progresso
Para se compreender a vida tem que se alcançar o 
valor significativo das relações com:
COMO AÇÃO/ MOVIMENTO INTERNO E EXTERNO 
DO HOMEM NAS RELAÇÕES
=
Pessoal/familiar
Profissional
Moral
A V I D A
Relação
���� Pessoas
���� Coisas
���� Seres
���� Pensamentos / Sentimentos
Módulo: Presciência Humana 3 
 
sentimentos, por exemplo. Eis aqui uma premissa da vida, que tudo está em relação, 
pois nada vive isolado. Logo, falar de vida é falar das relações que existem em todas 
e quaisquer dimensões do viver. 
 Se também concebermos filosoficamente, a premissa que a vida se prova 
pelo movimento (MODIN, 2003) atômico ou subatômico, ou mesmo, cientificamente, 
pelo movimento de duplicação (reprodução) celular, então, quanto mais movimento 
estabelecemos em nossa vida, mais possibilidade de progresso pessoal, social, 
profissional e moral (espiritual), dentre outros. 
Ora, se a vida se prova pelo movimento e se nada existe isolado 
absolutamente, pois tudo está em relação, então, quanto mais movimentos físicos, 
psíquicos ou morais, maior é o número de relações e, por sua vez, considerando que 
o Universo conspira o movimento de evolução, maior a probabilidade de 
desenvolvimento humano e responsabilidade social. Não obstante, caro estudante, é 
comum negarmos as relações, ou seja, os movimentos objetivos ou subjetivos que a 
vida nos oportuniza através das relações. 
A VIDA SÓ NOS OFERECE O “VIVER”
RELAÇÃO
Felicidade
RELAÇÃO = 
AUTO-REVELAÇÃO
Um dos grandes desafios da humanidade não 
é o de fazer com que o ser humano atinja o 
estado de felicidade, mas o de atingir firmeza 
e paciência diante da decepção, dor e 
sofrimento.
Satisfação
Segurança
 
 
Quando algo ou alguém nos revela irritação ou nervosismo, é comum 
projetarmos sobre o outro dizendo que ele(a) está nos irritando ou nos deixando 
nervosos. Ora, se a vida se prova pelo movimento e quanto mais movimento maior a 
possibilidade de progresso, então por que negamos, fugimos ou reprimimos os 
movimentos de irritação, nervosismo, ciúme, inveja, que estamos sentindo? 
Inobservar tais movimentos não é negar a vida e, por conseguinte, as relações, que 
se estabelecem através dela (ver SLIDE 02)? 
Slide 02 – A vida, através das relações, revela quem ainda somos. 
Módulo: Presciência Humana 4 
 
 Ora, se negamos ou fazemos vistas grossas para o presente vivido, como 
poderemos prever o futuro? O descomprometimento com o aqui e agora elimina a 
clareza da situação e, por sua vez, o discernimento quanto ao caminho que 
devemos seguir em termos pessoais, profissionais ou espirituais. 
AÇÃO DA VIDA / AÇÃO DO HOMEM
EVOLUÇÃO HUMANA ConsultConsultConsultConsultóóóório de rio de rio de rio de PsicologiaPsicologiaPsicologiaPsicologia
IMPULSIONADO 
PELAS LEIS 
NATURAIS
ATRAVÉS DAS RELAÇÕS
Coisas
Seres
Processos
Pensamentos
Sentimentos
PRODUZ SENSÇÕES
Objetivas
Subjetivas
SENTIR
MOVIMENTO DA VIDA NO HOMEM
Sensação
♦ ESQUECER, INOBSERVAR
�Predominância dos vícios
�Discernir o caminho que
deve seguir
MOVIMENTO DO HOMEM NA VIDA
Sentir Pensar Reconhecer
Raciocinar
Querer Realizar 
Ousar 
DESEQUILÍBRIO
Físico Doenças
Psíquico Transtornos
Moral Vícios
�.
AJUDA
Desenvolver as 
qualidades;
Compreender e 
dissolver os vícios;
Despertar potenciais;
Manifestar as virtudes
☺.
CONSEQUÊNCIAS
♦ PERCEBER,COMPREENDER
 
 
Pois bem, somosimpulsionados pela vida (ver SLIDE 03) através de suas leis 
naturais, que interna ou externamente, produzem em nós sensações. O movimento 
do homem na vida inicia quando decide com grau maior ou menor de percepção e 
implicação, conhecer ou não as necessidades, desejos, curiosidades ou exigências 
que a vida lhe oferece. 
Algumas sensações que nos defrontamos são deveras ameaçadoras à nossa 
psiquê, mas não devemos negar o que sentimos de forma precipitada, impulsiva e 
inconseqüente pelo uso de mecanismos egóicos de defesa caracterizando 
descomprometimento com a vida e seus ditames. 
Parafraseando Freud (1976), temos o dever de tornar consciente o que é 
inconsciente, e para tal, devemos primar por refletir, concentrar, meditar ou 
contemplar nossas vicissitudes em prol de melhor discernir o caminho a seguir. Isto 
nos torna mais perceptivos, conscientes e cientes do presente e, por conseguinte, 
prescientes do futuro para previamente lidar com as intempéries do viver. 
Assim, é tomando consciência de nossas trevas ou sombras interiores que 
minimizamos nossos desequilíbrios, bem como, desenvolvemos competências e 
habilidades de raciocínio e intuição necessárias para usar do nosso livre arbítrio com 
Slide 03 – Ação natural da vida / ação artificial do homem e as devidas 
conseqüências. 
Módulo: Presciência Humana 5 
 
beleza, força e sabedoria, antecipando e abreviando nossos projetos de vida nos 
níveis sociais, pessoais, afetivos e profissionais (ver SLIDE 04). 
Diante do exposto, até o momento, é notório que só é possível compreender a 
vida através do viver. E viver é ser, é estar em relação conosco e com o todo do qual 
fazemos parte, conforme Barreto (2005). Então, devemos tirar proveito do valor real 
e genuíno das relações segundo esta autora. 
Seguindo a mesma linha de raciocínio, Torres (2006) ressalta que o valor 
significativo da vida apreendida através das relações não está na busca exclusiva de 
segurança, sucesso e felicidade, mas sim na auto-revelação, ou seja, na percepção 
e no auto-comprometimento 
com tudo aquilo que nossa 
vida interior, quer física, 
psíquica ou moral (espiritual) 
nos revela, como os vícios 
ou condutas que 
apresentamos no dia a dia, a 
exemplo do ciúme, inveja, 
pesar, angústia, ânsia, 
nervosismo, preguiça, 
avareza, orgulho e outros 
dos quais somos acometidos. 
Noutras palavras, racionalizamos quando redefinimos a realidade (FREUD, 
1976) dizendo que certa pessoa está nos deixando nervosos, ciumentos ou irritados. 
Logo, descomprometemo-nos de perceber que, independente das intenções de tais 
pessoas, a VIDA através delas está nos revelando que ainda reagimos de forma 
irritadiça, nervosa ou ciumenta. 
Eis que muito importa saber pensar perante os desafios que a vida nos 
oferece, pois uma vez contatado com algo ou alguém, estes nos geram sensações 
objetivas ou subjetivas. Tais sensações, expressas em nós pelo sentir, nos 
impulsionam pela necessidade a saber o que são (ver SLIDE 05). É a partir daqui 
que começa a nossa problemática quando fazemos uso do pensar, mas ao mesmo 
tempo a nossa possibilidade de evolução ou aperfeiçoamento, quer pelo sofrimento, 
pela razão ou pelo sentimento/intuição. Isto porque, quando labutamos com o 
pensar, podemos expressá-lo por formas diferenciadas de fantasia, entendimento 
“A tarefa do homem é (...) 
conscientizar-se dos conteúdos que 
pressionam para cima, vindos do 
inconsciente. Ele não deve 
permanecer em sua inconsciência, 
nem tampouco permanecer idêntico 
aos elementos inconscientes de seu 
ser, assim se esquivando a seu 
destino, que é o de criar cada vez 
mais consciência. 
Tanto quanto podemos discernir, a 
finalidade única da existência 
humana é a de avivar uma chama na 
escuridão do simples ser”. 
C. G. Jung
Slide 04 – Citação do psicólogo C. G. Jung quanto à finalidade da 
existência humana. 
Módulo: Presciência Humana 6 
 
e/ou compreensão (KRISHNAMURTI, 1999). 
Diante do que sentimos, buscamos pensar para saber o que é, todavia, 
sempre que pensamos, criamos uma imagem ou símbolo de tal sensação. Portanto, 
nunca podemos perder de vista que o que dizemos ser não é o que é, mas o que 
pensamos ser (SPINOZA, 2005). Noutras palavras, caro aluno, você não é o que 
você pensa ser, nem o que os outros dizem ou desejam que você seja, mas sim o 
que você é tal qual é, no aqui e agora das relações. 
SÍNTESE DAS RELAÇÕES
Atividade 
Fim Atividade Meio
V
I
D
A
V
I
V
E
R
R
E
L
A
Ç
Õ
E
S
Princípio,
Meio e Fim das Relações
Contato
Sentir
Pensar
Desejar
Prazer
Dor
Reflexão
Tirocínio da Vida
OBJETO
- O que é
FINALIDADE
- Para que é
JUSTIFICATIVA
-Por que é
MÉTODO
Como, Onde, 
Quando e Quanto 
fazer
RECURSOS
Com quem, Com 
quanto e Com que 
fazer
FONTE
O Mundo das 
Relações
So
fri
m
en
to
R
az
ão
Se
n
tim
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to
 
/ I
n
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ão
 
 
 
É natural que busquemos segurança perante o que sentimos. A problemática 
está em perdemos o contato direto, correto e completo com o desconhecido, com o 
que é tal qual é, a sensação, já que é através dela que pode haver tanto o 
surgimento de intuições, como o despertamento dos nossos sentimentos como fruto 
das experiências, ou seja, nossa sabedoria interior. 
Ao sentir algo e denominar de ciúmes, por exemplo, é natural que nossa 
imaginação evoque lembranças, conhecimentos, idéias, opiniões acerca do 
experimentado e assim, por exemplo, produza pensamentos diversos que nos levam 
a desejar ser senhor dessa situação, logo de ter controle e/ou domínio sobre a 
mesma. 
Tal desejo de mudar a situação fenomênica da vida caracteriza o devir 
humano, uma vez que tal vir a ser nos traz satisfação de ter ou ser aquilo que 
elimina nosso incômodo. 
Ora, se pensamos buscar segurança perante o que sentimos, ao sermos 
Slide 05 – Síntese do princípio, meio e fim das relações humanas. 
 
Módulo: Presciência Humana 7 
 
contatados pelo que dizemos ser ciúme, e se desejamos na perspectiva de 
satisfação, conforme a nossa noção de viver, que reflete nosso maior ou menor grau 
de consciência da finalidade da vida e da razão de existirmos, então, tendemos a 
procurar o prazer na busca natural de felicidade. 
Os transtornos psicossomáticos (gastrites nervosas, dores de cabeça, 
depressões etc.) são possíveis expressões de quem buscou a qualquer custo tal 
segurança, satisfação e felicidade. Nesse sentido, é quando o ser humano chega à 
dor pela frustração perante o infortúnio acometido, que é convidado pela vida à 
reflexão. Não é a toa que no senso comum se diz que o homem só aprende pelo 
sofrimento. 
A vida é o que contatamos, sentimos ou até mesmo, de certo modo, o que 
pensamos que ela seja; parece que a finalidade da mesma é a evolução, 
aperfeiçoamento ou aprimoramento de nossa constituição física, psíquica e moral 
quando desejamos e buscamos prazer nos desafios e contingências do viver; mas 
parece, também, que a razão ou justificativa da vida é explicitamente exposta 
quando experimentamos a dor, tanto das conseqüências de nossas ações, como 
das expressões, lembranças e desejos não realizados, ou até mesmo como produto 
natural da transformação alquímica do nosso ser. 
É nesses momentos de dor, maior ou menor, que buscamos o método para a 
solução de nossas necessidades pelo uso de nossas forças psíquicas, como a 
reflexão, concentração, meditação, vibração, percepção, contemplação e/ou 
exaltação (TORRES, 2001; BARRETO, 2005). É pelo uso de nossas forças mentais 
que podemos perceber e, por conseguinte, conceber, através das relações internas 
e externas, valores, códigos, princípios ou leis morais, éticas e estéticas mais 
elevadas para nosso viver. 
Com efeito, são nesses momentos que mais uma vez, conscienteou 
inconscientemente, perguntamos: quem somos, de onde viemos e para onde vamos. 
De igual forma, são nesses momentos de transformação interior, não apenas pelo 
sofrimento, mas pela razão e/ou sentimento/intuição, que vamos concebendo o 
princípio criador, a finalidade da vida e a razão de nossa existência, momento a 
momento, logo, construindo, desconstruindo e reconstruindo nossas vidas. 
Portanto, é pelo uso de nossas forças psíquicas, que aprendemos a saber 
pensar e, por sua vez, a desejar com base em NECESSIDADES à medida que 
vamos constantemente delineando os métodos, recursos e as fontes, tanto para 
Módulo: Presciência Humana 8 
 
solucionarmos nossas decepções, dores e sofrimentos no viver, como para 
ampliarmos nossas experiências, nossos conhecimentos teóricos e a nossa 
sensibilidade essencial para sermos prescientes, por prever, antecipar e projetar 
ações que devem ter como base valores e princípios elevados de convivência social 
em prol de maior qualidade de vida. 
Discernir quanto às nossas ações é de fundamental importância, pois os 
comportamentos humanos podem levar tanto a uma liberdade cada vez maior de 
ser e estar independente, desembaraçado, imune ou LIVRE para ir e vir, como 
também pode levar a uma escravidão física (prisões), psíquica (neuroses e 
psicoses), e moral (vícios). 
Basta compreender que o homem é composto de necessidades e desejos. 
Há necessidades que se transformam em desejos e há desejos que se 
transformam em necessidades. 
Necessidade é tudo aquilo sem o qual o homem, num determinado 
contexto existencial, não pode viver, levando-se em conta toda a capacidade de 
elevada consciência que pode e deve vir a manifestar. Já o desejo é uma 
sofisticação da necessidade (SCHWERINER, 1999), ou uma força que se 
impõe e exige realização, distintamente da vontade que, pressupõe uma escolha 
consciente, voluntária e benéfica (ARANHA, 2003). 
NECESSIDADE DESEJO
Liberta
Espiritualiza
Escraviza
Materializa
“Penso que não ter necessidade, é coisa divina e ter as 
menores necessidades possíveis é o que mais
se aproxima do divino”
Sócrates
VIRTUDESVIRTUDES
VVÍÍCIOSCIOS
 
 
Logo, desejar baseado numa necessidade seja ela física, psico-afetiva 
(trabalho, estudo, socialização) ou moral (transformar vícios em virtudes) é fazer 
Slide 06 – Síntese do princípio, meio e fim das relações humanas. 
 
Módulo: Presciência Humana 9 
 
uma escolha de forma consciente, sofisticada e voluntária, é buscar atender a 
mesma em gênero, número e grau. Por exemplo, se um indivíduo está com sede 
e deseja satisfazer tal necessidade fisiológica, por exemplo, ao dirigir-se à 
geladeira ou filtro, saciará sua sede, por conseguinte estará livre para novas 
necessidades que a vida vier lhe impulsionar. 
No entanto, caso esteja com sede e venha a desejar um líquido que não 
seja constituído em sua maior parte de água, mas sim constituído de elementos 
outros, que seu ser e seu corpo não necessitam, como por exemplo, uma bebida 
alcoólica3, logo estará a criar necessidades que antes não existiam, como a 
paciência para curar uma ressaca ou dor de cabeça, necessidade de dormir para 
descansar mais ou até a necessidade de fazer uso, de maneira “homeopática”, de 
bebida alcoólica, uma vez que se tornou escravo do vício e agora necessita 
desvencilhar-se aos poucos do mesmo. 
Dessa forma, quando o homem deseja, não baseado em necessidades 
físicas, psíquicas e morais, ele se materializa, prendendo-se nas cadeias 
magnéticas de seus temperamentos. Ele pode vir a “nunca” desejar reconhecer 
que agiu de forma esteticamente não bela, a ponto de dizer: “... eu sou assim, 
você que se vire” ou “quando você se casou comigo, você já sabia como eu era!”. 
Aqui o homem se escraviza em seus próprios pensamentos, valores, crenças, 
dogmas, paradigmas, filosofias. No entanto, tal comportamento não deixa de ser 
uma necessidade que há de ser sanada, mas não sem decepções, dores, 
frustrações, seja em que nível for. 
Em contrapartida, quando o homem deseja baseado numa necessidade, 
denota estar consciente de si, do ambiente e da sociedade em que vive, portanto, 
de suas ações e conseqüências, logo se liberta e se espiritualiza, uma vez que 
transforma necessidades grosseiras em necessidades cada vez mais sutis. 
Deste modo, é o homem que constrói o seu próprio destino, não havendo 
determinismo de Deus para com o mesmo, não obstante, também não há 
liberalismo, afinal, a vida tem suas leis naturais, como a lei de evolução e a de 
necessidade, por exemplo. Destarte, no processo evolutivo humano, devemos 
minimizar nossas necessidades e não ampliá-las ilusoriamente. 
 
3
 Não é nossa intenção fazer nenhuma apologia contra toda e qualquer bebida alcoólica, pois compreendemos que tudo é 
necessário, porém tudo passa. 
Módulo: Presciência Humana 10 
 
Eis a razão de Sócrates, segundo Platão (CLARET, 1996, p. 55) dizer: 
penso que não ter necessidade é coisa divina e ter as menores necessidades 
possíveis é o que mais se aproxima do divino. 
Parece que quando desejamos dentro da necessidade, lapidamos o nosso 
ser a ponto de diminuirmos as nossas necessidades físicas, psíquicas e morais 
relativas, momento em que nos aproximamos mais de Deus. 
Contudo, esse estado de ser exige de nós atenção plena a nós mesmos, 
às nossas reais necessidades, e ao movimento do Universo, às suas próprias 
Leis, já que fazemos parte dele. 
É cediço que não vivemos isolado, tudo está em relação e em plena 
conexão, razão pela qual, temos o dever moral de voluntária e conscientemente, 
agir baseado em princípios universais de consciência, para que possamos nos 
integrar cada vez mais. Pois, ou nos integramos à força ou nos entregamos à 
força das imposições, inclusive e, principalmente, das culturas decadentes. 
Com efeito, considerando a necessidade como uma Lei Universal, deve o 
homem cada vez mais conhecer e desvendá-la para não se tornar escravo de 
desejos desequilibrados. 
Seguindo essa linha de raciocínio, cabe aqui citar o renomado psicólogo 
americano Lawrence Kohlberg (2002), quando ensina o valor de Princípios 
Universais, ao mencionar o exemplo de grandes mártires da história da 
humanidade, como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Sócrates, que se 
destacaram pelo fato de suas ações estarem baseadas em tais princípios. 
Nunca pareceu tão relevante experimentar diretamente o valor real, 
genuíno e significativo da vida, ou seja, das relações, a partir do resgate das Leis 
Universais, e não pela atitude infantil e adolescente de busca desenfreada de 
prazer, sucesso e segurança a qualquer custo, que têm fundamentado os nossos 
mais elementares desejos. 
São tais atitudes insanas, alienadas, evasivas, confusas, depressivas, fruto 
de desejos incongruentes, efêmeros e ilusórios, que obscurecem o pensar 
humano, por se afastar de leis naturais, e, por sua vez, inibem ações que 
expressam senciência, consciência e presciência no viver. 
Módulo: Presciência Humana 11 
 
GLOSSÁRIO 
 
 
 
 
 
 
Devir – Vir a ser; tornar-se; movimento de mudança. 
Ditame – Leis, regras, aviso, ordem. 
Espiritualizar – Destilar; assimilar ao espírito; despir-se de afeições terrenas; ampliar as 
virtuosidades. 
Experiências Culminantes - Momentos mais felizes da vida, catarse, êxtase. 
Infortúnio – Desgraça; infelicidade; desventura. 
Intempéries – Mau tempo; condições atmosféricas ruins. 
Mecanismos de defesa do ego – São mecanismos inconscientes de defesa que o ego 
utiliza para ajustar-se perante situações ameaçadoras. Um deles é a repressão - mecanismo 
de defesa mais forte do ego, pois suprime da percepção do indivíduo o que está 
acontecendo. É o mecanismo de evitar a realidade. Caracteriza-se então, por afastar 
determinado evento, idéia ou percepçãoconsciente, mantendo-o à distância. 
Racionaliza – Refere-se ao mecanismo inconsciente de defesa do ego, a racionalização. 
No qual, o ego redefine via “desculpas rápidas e bem elaboradas” a realidade, achando 
intelectivamente motivos socialmente aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. 
Senciência – É a ciência do bem estar. Caracteriza a capacidade de sentir dos animais e 
dos seres humanos de maneira que eles possam discernir o que devem ou não devem 
experimentar em prol do seu bem estar. Portanto, a ação senciente possibilita ao ser 
afastar-se de situações ameaçadoras, dolorosas e angustiantes, em prol de atender 
naturalmente as necessidades de seu ser. 
Sutil – Grácil; tênue, fino. 
Vício – Inclinação para o mal em oposição a virtude; desregramento habitual; Vícios 
capitais: orgulho, cólera, inveja, luxúria, gula, preguiça e avareza. 
 
PARA REFLETIR 
 
Consciência
Questões Instigantes:
“R E F L I T A”
O que é a Vida?
O aparecimento da vida é fruto do acaso ou do 
processo evolutivo, isto é, da necessidade?
Há vida em outros planetas?
Quem somos, de onde viemos e para onde vamos?
Qual o princípio criador, a finalidade da vida e a 
razão de nosso existência?
 
 
Módulo: Presciência Humana 12 
 
SAIBA MAIS 
 
 
• MÚSICA: 
 
REFLEXÃO
(MAHATMA– Grupo de Música e Estudo)
Da janela do meu quarto 
Sinto o tempo não passar
Observo as pessoas vão passando
Apressados na ânsia de chegar
Automóveis passam
Na velocidade de um querer
Revelando a intenção de superar
Os problemas que na vida podem
acontecer.
Se você já parou para refletir
O porquê de tudo isso
Nossa angústia de querer 
Alcançar um objetivo
Pois se tudo existe e tem razão de ser
É preciso a reflexão do ser...
Temos medo de encarar
O que não é conhecido
De falar de coisas que nos tragam dúvidas
Descobrir qual o seu real sentido.
E não adianta ir buscar no que já estar 
escrito
Por si próprio tem que experimentar
Receber, perceber e conceber o infinito.
Se você for parar para refletir
O porquê de tudo isso
Poderá entender
Tudo que parece impossível
A razão de existir, a verdade do Ser
A vida, infinita luz...
Se você já parou para refletir
O porquê de tudo isso
E conseguiu conceber esse fato indescritível
Já experimentou uma nova ação
A real transformação do Ser...
 
 
 
 
 
 
 
• FILME: 
- “A Corrente do Bem”. 
 
Sinopse 
Eugene Simonet (Kevin Spacey), um professor de Estudos Sociais, faz um 
desafio aos seus alunos em uma de suas aulas: que eles criem algo que 
possa mudar o mundo. Trevor McKinney (Haley Joel Osment), um de seus 
alunos e incentivado pelo desafio do professor, cria um novo jogo, 
chamado "pay it forward", em que a cada favor que recebe você retribui a 
três outras pessoas. Surpreendentemente, a idéia funciona, ajudando o próprio Eugene a se 
desvencilhar de segredos do passado e também a mãe de Trevor, Arlene (Helen Hunt), a 
encontrar um novo sentido em sua vida. 
 
 
 
 
 
 
Módulo: Presciência Humana 13 
 
O MESTRE COM A PALAVRA 
 
“A Vida é uma eterna perda, todavia, a única perda não 
aceitável é a lição da perda”. 
A Arca. 
 
“Penso que não ter necessidade é coisa divina e ter as 
menores necessidades possíveis é o que mais se aproxima 
do divino”. 
Sócrates. 
 
 
 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
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introdução à filosofia. 2 ed. São Paulo: Moderna, 2003. 
 
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Módulo: Presciência Humana 14 
 
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