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Prof. Andréa Maria Góes Negrão FATORES AMBIENTAIS E DO AGENTE ETIOLÓGICO COMO DETERMINANTES DE DOENÇAS SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL – ISPA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA EIXO TEMÁTICO MEDICINA PREVENTIVA E SAÚDE COLETIVA I O MEIO AMBIENTE COMO DETERMINANTE DE DOENÇA DETERMINANTES AMBIENTAIS Determinantes Ambientais incluem: Fatores Físicos - Químicos Fatores Biológicos Fatores Sócio-Econômicos O meio ambiente pode favorecer a evolução ou declínio de uma determinada doença na população animal. DETERMINANTES AMBIENTAIS Fatores Climáticos Solo Paisagem Fatores Físicos - Químicos Fatores Biológicos Fatores Sócio-Econômicos Cobertura Vegetal Populações Animais Poluição Primária Poluição Secundária Poluição Terciária FATORES FÍSICO-QUÍMICOS Formações geográficas locais, vegetações e clima afetam a distribuição espacial dos agentes e dos animais Podem acarretar agravos a saúde de animais jovens e recém- nascidos, por serem sensíveis ao frio, ao calor e à desidratação - Cordeiros e leitões são particularmente sensíveis ao frio. Manifestam-se com igual intensidade tanto com relação ao agente como ao hospedeiro e respectivos vetores, favorecendo ou desfavorecendo a atuação desses no processo da doença FATORES CLIMÁTICOS Os mais importantes determinantes físicos dos padrões de ocorrência de doenças FATORES FÍSICO-QUÍMICOS FATORES CLIMÁTICOS Os mais importantes determinantes físicos dos padrões de ocorrência de doenças Umidade Temperatura Vento Raios Solares FATORES FÍSICO-QUÍMICOS FATORES CLIMÁTICOS Temperatura Frio: a incidência de enfermidades do sistema respiratório dos animais é maior; pois a instalação, e propagação das doenças são facilitadas pela baixa temperatura, e pela aglomeração dos animais. Calor: ocorrência maior de afecções gastroentéricas, normalmente traduzidas por diarréias. FATORES FÍSICO-QUÍMICOS FATORES CLIMÁTICOS Umidade Favorecem a manutenção e propagação de doenças, cujos agentes necessitem de tais condições para sua proliferação e sobrevivência A ocorrência de doenças veiculadas por vetores, como a anaplasmose e babesiose, transmitidas pelos carrapatos é maior nas épocas quentes do ano em função das condições favoráveis ao desenvolvimento dos carrapatos. FATORES FÍSICO-QUÍMICOS FATORES CLIMÁTICOS Ventos Pode carrear agentes infecciosos por longas distâncias, mas também ajudam no bem estar animal em uma criação FATORES FÍSICO-QUÍMICOS FATORES CLIMÁTICOS Raios Solares Eficiente na inativação de agentes infecciosos FATORES FÍSICO-QUÍMICOS Contribuem para inanição quando escasso de vegetação, ou quando elementos nutricionais não se encontram em equilíbrio adequado Ex: Carência de fósforo e cobre diminui a fertilidade em ovinos A capacidade de retenção de água, pH e porosidade, são fatores que interferem na sobrevivência do agente na natureza Pode oferecer excelente meio para o crescimento de fungos, criptococos e histoplasmas; formas esporuladas dos clostrídios e bacilos; favorecem a evolução de ovos e larvas de helmintos ou de oocistos de eimerídeos O solo podem ainda conter agentes químicos causadores de doenças, sejam através do próprio solo ou da água ou das plantas forrageiras. SOLO FATORES FÍSICO-QUÍMICOS Ex:Manutenção de determinadas doenças como a Leishmaniose (Florestas com vetores flebotomíneos e reservatórios silvestres) FLORESTAS PLANÍCIES MONTANHAS HÍDRICAS Ex:Hidatidose (Planície dos pampas) – favorecem a manutenção dos ovos do Echinococcus granulosus eliminados pelos cães, preservados da radiação solar Paisagens montanhosas possuem gruta e cavernas – morcego hematófago – raiva dos herbívoros Pântanos, lagos, açudes, represas – verdadeiros criadouros de invertebrados , artrópodes e moluscos - hospedeiros intermediários PAISAGEM FATORES BIOLÓGICOS COBERTURA VEGETAL POPULAÇÕES ANIMAIS FATORES BIOLÓGICOS COBERTURA VEGETAL ALIMENTAÇÃO ABRIGO OXIGÊNIO SOMBREAMENTO AÇÃO DIRETA DE RAIOS SOLARES FATORES BIOLÓGICOS POPULAÇÕES ANIMAIS VERTEBRADOS INVERTEBRADOS Favorece ou prejudica o processo doença FATORES BIOLÓGICOS VERTEBRADOS Reservatórios Assintomáticos Relações amenas do agente com vertebrados Manutenção do agente na natureza Favorece sua transmissão às espécies mais suscetíveis Raiva Leptospirose Relações NÃO amenas do agente com vertebrados Taenia solium Interação entre o agente e diferentes hospedeiros vertebrados para completar seu ciclo vital Taenia saginata FATORES BIOLÓGICOS VERTEBRADOS MOLUSCOS Favorece sua transmissão a outras espécies Manutenção do agente na natureza CARRAPATOS ESQUISTOSSOMOSE BABESIOSE MOSQUITOS AIE FATORES BIOLÓGICOS INVERTEBRADOS FATORES SÓCIO-ECONÔMICO O homem como fator interferente nas interações do ecossistema Determinante de doença Alterando o ambiente pode promover o aparecimento de condições para o desenvolvimento de doenças Prevenir ou controlar a ocorrência de doenças Implantação de Programas Sanitários; Utilização de drogas, vacinas; Controle de movimentação de animais e produtos; Sacrifício, Quarentena, etc. Influencia a freqüência da ocorrência das doenças dos animais, zoonoses, introduzindo ou disseminando seus agentes nas propriedades onde transita, como visitante, como comerciante, empregado, veterinário e outros. O homem também é responsável pela degradação do ecossistema se tornando a fonte principal poluidora POLUIÇÃO PRIMÁRIA OU DE PRIMEIRO GRAU POLUIÇÃO SECUNDÁRIA OU DE SECUNDO GRAU POLUIÇÃO TERCIÁRIA OU DE TERCEIRO GRAU FATORES SÓCIO-ECONÔMICO POLUIÇÃO PRIMÁRIA OU DE PRIMEIRO GRAU a) Destinação do esgoto doméstico: Lançado “in natura” – polui solos e manaciais b) Lixo: proliferação de vários animais nocivos, animais sinantrópicos como roedores, baratas, moscas, etc. c) Uso de equipamentos poluidores: veículos motorizados – poluição do ar – monóxido de carbono, material particulado e poluição sonora d) Lazer predatório: praias, açudes, parques - lixões coletivos Conseqüências das ações fundamentais de sobrevivência do indivíduo ou seu grupo familiar na sociedade FATORES SÓCIO-ECONÔMICO POLUIÇÃO SECUNDÁRIA OU DE SEGUNDO GRAU Desmatamento Queimadas Emprego desordenado de pesticidas Uso excessivo de veículos Agressões ao ambiente em nome do desenvolvimento FATORES SÓCIO-ECONÔMICO POLUIÇÃO TERCIÁRIA OU DE TERCEIRO GRAU Poluição do ar, da água e dos campos, tornando áreas inteiras inóspitas à vida humana e animal Lixo químico e radioativo – Vazamentos de petróleo - Tragédias ecológicas Atividade industrial indispensável ao progresso FATORES SÓCIO-ECONÔMICO Nível cultural e econômico da comunidade ou do criador Condições higiênico-sanitárias da propriedade Tamanho e distribuição das propriedades Manejo e tipo de sistema de produção animal Nível de tecnificação agropecuária OUTROS FATORES SÓCIO- ECONÔMICO O AGENTE ETIOLÓGICO COMO DETERMINANTE DE DOENÇA A presença ou ausência do microrganismo específico configura-se como condição fundamental para a epidemiologia da doença. A IMPORTÂNCIA DO AGENTE ETIOLÓGICO Segundo SIMON (1960), o AGENTE INFECCIOSO seria: “Um determinante indispensável, masnão necessariamente suficiente, para o desenvolvimento da doença infecciosa” Objetivando a disciplina ao estudo das doenças transmissíveis, procurou-se estabelecer os elementos essenciais capazes de assegurar a participação efetiva de determinado agente num processo específico de doença A IMPORTÂNCIA DO AGENTE ETIOLÓGICO Postulados de HENLE-KOCH – Determinam que o Agente: a) Deve estar presente em todos os casos da doença; b) Não deve ocorrer em outras doenças como parasita ocasional e não patogênico; c) Deve ser isolado em cultura pura a partir de materiais do indivíduo doente, repassando repetidamente, e, quando inoculado, induzir a mesma doença a outros indivíduos Serão avaliadas características como: CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO Infectividade Patogenicidade Virulência Capacidade imunogênica Variabilidade Persistência CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO Capacidade do agente em causar infecção – invadir, instalar-se e multiplicar-se no hospedeiro (independente de produzir agravos à saúde) O conhecimento da infectividade permite prever a intensidade da propagação da doença na população INFECTIVIDADE Elevada infectividade Baixa infectividade Vírus da Febre Aftosa Disseminam - rapidamente Micobactérias Disseminam-se lentamente CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO É a capacidade do agente em acarretar o aparecimento dos efeitos maléficos, isto é, de agravos ao Hospedeiro É a freqüência da manifestação clínica da doença na população Agentes de elevada patogenicidade determinam, numa população de suscetíveis, elevada porcentagem de casos clínicos da doença PATOGENICIDADE Aferida entre o N° de casos clínicos e o N° de animais infectados Se em 100 animais infectados tivermos 10 com sintomas clínicos = 10/100 = 10% CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO PATOGENICIDADE Elevada patogenicidade Vírus da Peste Suína Clássica Determinam elevada % de casos clínicos da doença Determinam baixa % de casos clínicos da doença Baixa patogenicidade Vírus da forma subclínica da Doença de Aujeszky CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO VIRULÊNCIA A menor dose capaz de matar ou provocar reações em 50% dos animais, num determinado espaço de tempo Intensidade da manifestação clínica da doença, traduzida pelo grau de severidade do agravo ou dano acarretado ao hospedeiro pelo agente. Para medir a virulência de um agente, ou da atividade das toxinas, utiliza-se dose letal mediana (DL 50%) Independe da infectividade do agente Pode variar de hospedeiro para hospedeiro, como entre as diferentes estirpes de um mesmo agente CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO CAPACIDADE IMUNOLÓGICA Vírus do sarampo Potencial do agente em provocar no hospedeiro um estímulo imunitário específico Baixa Capacidade Imunológica Alta Capacidade Imunológica Vírus da Febre Aftosa CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO RESISTÊNCIA Fatores Ambientais que exercem influência Capacidade do agente em superar as adversidades do ambiente, especificamente as influências deletérias do meio exterior, quando em ausência de parasitismo, isto é, fora do organismo do hospedeiro Cada agente tem seu próprio espectro de sobrevivência com um nível ideal e extremos máximo e mínimo Temperatura Radiação Solar Luminosidade Umidade Potencial Hidrogênico Substâncias químicas CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO VARIABILIDADE Vírus sofre alteração em suas características antigênicas A variação antigênica é um exemplo do mecanismo seletivo de adaptação do agente a uma situação adversa, alternando suas características antigênicas para iludir os mecanismos de defesa do hospedeiro Estirpes do Vírus da Febre Aftosa Animal parcialmente imune A variante resultante é capaz de infectar animais completamente imunes para a estirpe original CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO PERSISTÊNCIA Parasitismo obrigatório Acometem uma única espécie Elevada capacidade letal Conferem sólida imunidade Apresentam curto período de transmissibilidade Apresentam baixa resistência ambiental Reflete a capacidade de um agente, uma vez introduzido numa população de hospedeiros, nela permanecer por tempo prolongado ou indefinidamente Extremo de interações adversas à sobrevivência do agente Condição de manutenção na natureza limitada ou quase nula CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO PERSISTÊNCIA a) Adaptar-se ao parasitismo do maior número possível de espécies hospedeiras; b) Estabelecer um relacionamento menos agressivo ou mesmo utilizar-se de invertebrados, no organismo dos quais pode permanecer, muitas vezes indefinidamente, por um processo de transmissão vertical transovariana; c) Adquirir formas de resistência, ao ambiente, que lhe permitam sobreviver em ausência de parasitismo; d) Criar mecanismos capazes de iludir os recursos de defesa do hospedeiro O Agente, em sua luta de sobrevivência na Natureza, procura sempre: CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO PERSISTÊNCIA 1. Os que precisam viver sempre em parasitismo 2. Os que possuem formas de resistência ou estágios resistentes O Agente, em sua luta de sobrevivência na Natureza, pode ser agrupado em dois tipos fundamentais: CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO PERSISTÊNCIA Os Agentes de baixa resistência e curta duração – necessitam de cadeia contínua de casos Quaisquer que sejam as circunstâncias, vamos encontrar na Natureza, diferentes tipos de Agentes: Os Agentes que produzem doenças crônicas Os Agentes que produzem infecções lentas – vírus de ação lenta Os Agentes que tem formas de resistência ou com variações antigênicas Cinomose, Raiva, Peste Bovina Brucelose, Salmonelose Maedi-Visna, Scrapie Bacillus anthracis, Clostrídios
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