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Direitos Naturais e o Positivismo - Murillo Sapia Gutier

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Direitos Naturais e o Positivismo
Prof. Murillo Sapia Gutier
Antígona 
A história tem início com a morte dos dois filhos de Édipo, Etéocles e Polinices, que se mataram mutuamente na luta pelo trono de Tebas. 
Com isso sobe ao poder Creonte, parente próximo da linhagem de Jocasta. 
Seu primeiro édito dizia respeito ao sepultamento dos irmãos. 
Ficou estipulado que o corpo de Etéocles receberia todo cerimonial devido aos mortos e aos deuses. 
Polinices teria seu corpo largado a esmo, sem o direito de ser sepultado e deixado para que as aves de rapina e os cães o dilacerassem. 
Creonte entendia que isso serviria de exemplo para todos os que pretendessem intentar contra o governo de Tebas.
Direitos naturais 
O Direito Natural surge pela primeira vez na história do pensamento com os gregos. 
A justiça, como uma das virtudes cardeais, portanto, haverá́ de ser uma decorrência também de um sistema natural. 
É com inspiração nas leis naturais que haverão de surgir as leis humanas. 
Uma vez surgidas, será́ com base nas leis naturais que haverão de se orientar e se corrigir.
Direitos naturais 
O estudo acerca da República, do Direito e de suas manifestações, há que se principiar pelo que seja a lei. 
Para que se possa iniciar um estudo acerca das leis, ter-se-á́, então, que se iniciar um estudo sobre a natureza e as leis naturais, não se podendo deixar de lado um estudo sobre a natureza humana. 
Se tudo isto é certo, como creio que é, de um modo geral, então para falar de Direito devemos começar pela lei; e a lei é a força da Natureza, é o espírito e a razão do homem dotado de sabedoria prática, é o critério do justo e do injusto” (Cícero, Das leis, trad., p. 40).
Direitos naturais 
“Sem dúvida, para definir Direito, nosso ponto de partida será a lei suprema que pertence a todos os séculos e já era vigente quando não havia lei escrita nem Estado constituído.
Por isso buscarei a fonte do Direito na Natureza, que há de ser nosso guia no curso de toda essa discussão” (Cícero, Das leis, trad., p. 41).
Direitos naturais 
essa lei que preexiste ao homem é-lhe a orientação
o que lhe traz a certeza da igualdade, uma vez que todos comungam das mesmas dificuldades, das mesmas limitações, enfim, da mesma condição humana.
O viver humano está jungido por regras que não foram definidas pelo homem, 
mas que condicionam sua existência e que preexistem a ela. 
Direitos naturais 
Tais leis igualam os homens entre si, mas os desigualam frente aos demais animais existentes: o homem está dotado de razão. 
A razão é o que há de ligação não entre os homens e os demais animais, mas o que há de ligação entre os homens e os deuses. 
Nesse sentido, floresce a stoa, uma vez que Cícero irá dizer que homens e deuses formam um só universo, onde as leis naturais presidem à coordenação do todo.
Direitos naturais 
As virtudes são estimuladas pela lei natural, e os vícios são repreendidos por ela. 
É ela que, primeira, racional, pura, absoluta, imperativa... deve ser a escolta para os atos humanos, e não qualquer outro tipo de frágil convenção humana.
É esse conjunto de preceitos que guia o homem na consecução de seus fins pessoais, que são, coincidentemente, também fins sociais. 
Direitos naturais 
É a sociabilidade condição natural humana, de modo que a organização do Estado, das leis, da justiça são condições para a realização da própria natureza humana.
Observando-se a natureza das coisas, a natureza humana haverá de atingir um grau de afinidade e harmonia com as leis que regem o todo, de modo a que tudo se governe de acordo com um único princípio, que se resume à razão divina.
Direitos naturais 
O que se tem é uma ética do dever
Constituída na base da lei natural, cuja finalidade reside em guiar e governar o todo. 
Dessa ética decorre a observância aos preceitos morais e jurídicos a um só tempo, dada a fusão em que se apresentam. 
Isso porque a sociabilidade humana é um mister, de modo que o Estado e as leis instrumentalizam esse mister, donde a felicidade humana decorre da própria harmonia de todos entre todos. 
É com a República que surge a felicidade humana.
Direitos naturais 
Ordenação cósmico-natural se pode encontrar o fundamento de toda ética e de todo conceito de justiça na teoria de Cícero (ciceroniana). 
São as leis naturais a ordenação do todo, de acordo com elas se funda a reta razão, de modo que o direito natural passa a representar a única razão de ordenação da conduta humana na República.
Justiça
(a) de Platão advém uma herança segundo a qual a justiça é virtude suprema;
b)	de Aristóteles advém uma herança segundo a qual a justiça é igualdade/ proporcionalidade;
c) dos juristas romanos advém uma herança segundo a qual a justiça é vontade de dar a cada um o seu (iustitia est constans et perpetua voluntas ius suum cuique tribuendi)
Justiça
A justiça, em face do Direito, está a desempenhar um tríplice papel, a saber: 
(1) serve como meta do Direito, dotando-o de sentido, de existência justificada, bem como de finalidade; 
(2) serve como critério para seu julgamento, para sua avaliação, para que se possam aferir os graus de concordância ou discordância com suas decisões e práticas coercitivas; 
(3) serve como fundamento histórico para sua ocorrência, explicando-se por meio de suas imperfeições os usos humanos que podem ocorrer de valores muitas vezes razoáveis.
Justiça
A justiça funciona, enquanto valor que norteia a construção histórico-dialética dos direitos,
Como fim e como fundamento para expectativas sociais em torno do Direito.
Apesar de a justiça ser valor de difícil contorno conceitual, ainda assim pode ser dita um valor essencialmente humano 
É profundamente necessário para as realizações do convívio humano, pois nela mora a semente da igualdade.
Justiça
Contrariando frontalmente o raciocínio positivista, é de se admitir que entre as tarefas do jurista se encontra propriamente esta, a de discutir o valor da justiça. 
O importante não é nem mesmo a solução que se possa encontrar para o dilema, mas a aquisição de consciência a propósito de sua dimensão.
O direito pode ser dito um fenômeno sem sentido, com Tercio Sampaio, se divorciado da dimensão da justiça,
Sua função técnico-instrumental serve às causas que garantem o convívio social justo e equilibrado.

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