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Planejamento e Importância da Visão Sistêmica para um Planejamento Estratégico Resumo O novo fator básico de diferenciação das atividades de gerenciamento, sem dúvida, é a capacidade de colocar a inteligência à serviço das atividades. O conhecimento é o único fator significativo, diferenciador. Considerando isso, tem-se a oportunidade de unir terra, capital e trabalho sendo facilmente resolvidos por uma gestão eficiente. As organizações passaram por um processo de aprendizado a partir dos erros. Essa foi uma tarefa árdua, mas conquistada e aprendida. As empresas aprendem com seus erros a ponto de não cometê-los mais. Isso realmente é perfeitamente aceitável em se tratando de gerenciamento. Os novos desafios, que significa que uma organização consegue produzir conhecimento a partir de falhas ou acertos alheios, leituras de caminhos organizacionais, econômicos, sociais e políticas, dentre outros, é que faz da estratégia e do planejamento, duas ferramentas que se propõe eliminar os caminhos amadores evitando retrabalho, desperdício e qualquer tipo de agressão – seja ela material, moral ou ética.A visão sistêmica é a forma de enxergar uma oportunidade de atuação dentro de um sistema e possuidor de percepção de um sistema maior, sistemas pares e subsistemas dentro do campo de atuação. Uma organização deve ser vista como um subsistema funcional que pertence a um sistema maior, que é o sistema social ou sistema do ambiente que ocupa. Assim segue a visão que deve ter um planejador. Deve, portanto, considerar os impactos considerando que sua abrangência, considerando que faz parte de um sistema aberto. _____________________________________ Autores: Bruno Cezar Silva* (Brunocezzar@gmail.com) Hesler Piedade Caffé Filho* (Prof.caffe@gmail.com) *Alunos do Programa de Mestrado Profissional da Pós-Graduação em Gestão de Políticas Públicas e Segurança Social da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – UFRB. Email: Mp_gppss@ufrb.edu.br 1 - Conceitos de Planejamento O novo fator básico de diferenciação das atividades de gerenciamento, sem dúvida, é a capacidade de colocar a inteligência à serviço das atividades. O conhecimento é o único fator significativo, diferenciador. Considerando isso, tem-se a oportunidade de unir terra, capital e trabalho sendo facilmente resolvidos por uma gestão eficiente. As organizações passaram por um processo de aprendizado a partir dos erros. Essa foi uma tarefa árdua, mas conquistada e aprendida. As empresas aprendem com seus erros a ponto de não cometê-los mais. Isso realmente é perfeitamente aceitável em se tratando de gerenciamento. Os novos desafios, que significa que uma organização consegue produzir conhecimento a partir de falhas ou acertos alheios, leituras de caminhos organizacionais, econômicos, sociais e políticas, dentre outros, é que faz da estratégia e do planejamento, duas ferramentas que se propõe eliminar os caminhos amadores evitando retrabalho, desperdício e qualquer tipo de agressão – seja ela material, moral ou ética. 1.1 - História do Planejamento Historicamente, o planejamento que ocorria na maioria das organizações estava voltado a questões de industrialização e operações físicas de fabricação de produtos. Possuía caráter fragmentado e desarticulado de outros setores ou ambientes organizacionais e institucionais. Não significa que isso não funcionasse, mas considerando tempos atuais, faz-se necessário repensar essa condição de amplitude e posicionamento. Até a década de 50, o ritmo de transformações na sociedade em geral e no mundo das decisões institucionais, era lento (comparado aos dias de hoje) e uniforme. Com o advento do crescimento populacional e da necessidade de atendimento a demandas que acompanhavam esse crescimento, o profissionalismo da administração e da visão limitada fez com que outros aspectos e novos formatos fossem adotados nos processos de planejamento. A partir da década de 70, tornou-se cada vez mais evidente que o mundo estava se transformando de forma altamente complexa, incerta, em todas as frentes do conhecimento. Esse cenário desafiador alavancou a necessidade de encarar o planejamento como uma oportunidade para a solução de problemas, quebra de paradigmas, levantamento de oportunidades e potente motivador para a efetivação de mudanças de realidades. Não podemos iniciar o estudo sobre planejamento sem antes entender uma palavra que o acompanha inevitavelmente: ESTRATÉGIA. O termo estratégia tem a sua origem etimológica na palavra grega strategos, a qual deriva de stratos (exército) + agos (comando). Estratégia significava, portanto, a arte do general comandar as suas tropas. 1.1.1 – Conceitos de Estratégia Com o desenvolvimento da área de administração, esse termo o termo teve vários entendimentos e significados diferentes. E esses significados possuem distintos tanto em termos de complexidade como em termos de abrangência e amplitude. Com esse novo e mais amplo ponto de vista, o conceito de estratégia apresenta uma complexidade, pois necessita a integração de uma série de teorias e enfoques, impedindo a definição definitiva. Tanto que, de acordo com Mintzberg e Quinn (1991), estratégia pode significar ou conter táticas, políticas, objetivos, metas, programas, entre outros, numa incessante tentativa de exprimir os conceitos necessários para defini-la ou permitir um processamento das ideias. Dentre as diversas explicações do que seja estratégia, uma das mais utilizadas é o de Wright, Kroll e Parnell (2000), que a sintetiza como planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. Entretanto, esse não é único conceito de estratégia. Já Meirelles e Gonçalves (2001) definem estratégia como uma disciplina da administração que se ocupa da adequação da organização ao seu ambiente. É importante saber que a estratégia, apesar de aparentemente ser utilizada em questões de gerenciamento e comando, não deverá ser aplicada apenas por profissionais ligados intimamente à área da administração. Obviamente deve existir uma questão de proximidade com os profissionais da área de gestão, mas as necessidades de estratégia não se restringe aos cargos da alta administração de uma organização, instituição ou similares. Kaplan e Norton (1997) defendem a estratégia como uma das etapas de um processo contínuo e que movimenta toda a organização desde o nível das ideias e utopias, onde são definidas visão e missão do projeto, até o nível mais operacionais onde as ações são executadas. Diante dessa concepção, defende-se que a estratégias não é uma atividade exclusiva de um setor da alta administração organizacional – devendo inclusive ser aproveitada por outros tipos de organização e nos mais diversos níveis hierárquicos. Diante de tantos conceitos acerca de estratégia, é importante alinhar esses conceitos às condições de existência e dinâmica de mercado em pleno séc XXI. Cabe ao profissional entender que nunca na história o mundo mudou tanto, em tão pouco tempo. Conceitos, costumes, visões, equipamentos, formas de fazer negócios ou de consumir, produtos e serviços sofreram impactos. A inclusão das relações humanas – no contexto da estratégia das empresas em complemento ao empreendedorismo e tecnologia – auxilia no desafio de soluções de problemas. É a ampliação do conceito de estratégia envolvendo todas as partes. Todas essas formas de pensar „estratégia‟, de alguma forma e a seu jeito, têm contribuído para uma melhor compreensão e desenvolvimento do mundo das organizações. 1.2 - Conceitos sobre Planejamento As organizações não trabalham na base da improvisação (ao menos não deveriam). Tudo nelas é planejado antecipadamente. O planejamento é a primeira função administrativa, por servir de base para as demais funções. O planejamento é a função administrativa que define quais os objetivos a atingir e como se deve fazer para alcançá-los. Trata-se de um modelo teórico para a ação futura. Historicamente, segundo Lopes (1978), o planejamento aparece com o impulso de grandes empresas – mais precisamente indústrias, que demonstraram necessidade de melhoria de técnicas para produzir (principalmente em massa). Diante de uma nova necessidade de produção, causado pelo impulso e pelo crescimento de demandas, concebe-se o planejamento como alternativa de gestão para „driblar‟ as dificuldades oferecidas pelo mercado e sua escassez – seja ela de mão de obra, método ou matéria prima. Com o crescimento do numero de empresas, o avanço da tecnologia, o aprimoramento em programas educacionais (acadêmicos ou profissionais) relacionados à gestão de negócios e projetos, o aumento da economia dos paises livres e as complexidades de mercado, o planejamento vem sendo cada vez mais se apresentando como solução estratégica para se preparar para o futuro. Segundo Lacombe (2003) o planejamento é um processo administrativo que visa determinar a direção a ser seguida para alcançar um resultado desejado. Dentro desse aspecto, o planejamento surge então como uma ferramenta que visa atender necessidades sociais e empresariais considerando o contexto econômico, mercadológico e competitivo. Os padrões de produtividade e eficiência da economia globalizada e moderna imporão às organizações, cada vez mais, um investimento maior no quesito da inteligência e expertise que é exatamente onde o planejamento se encaixa como solução. Por entendimento, planejamento é uma atividade que busca inserir inteligência no processo de atuação. Significa dizer que é preciso pensar antes de fazer. Ao descrever dessa forma, parecer ser simples a ideia do entendimento sobre planejamento. Entretanto merece cautela e atenção. Fatores como incertezas, velocidade de mudança acelerada, inserção de novas tecnologias, avanço da eletrônica e dos mecanismos de comunicação, fazem com que a atividade de planejamento seja complexa. Para Drucker (1984), o planejamento é um processo contínuo e sistemático. Esse processo se dá em uma tentativa de conhecer os caminhos que nos levarão ao futuro. Com essa perspectiva, desenvolve-se a missão e visão que nortearão a organização a tomar decisões e executar ações que modificarão realidades. Inevitavelmente haverá interação com ambientes internos e externos, haverá alocação de recursos (seja humano, financeiro ou material), manterá de algum modo o foco nos resultados sem fugir de valores e virtudes também definidos, com objetivo de potencializar as oportunidades e minimizar ou neutralizar os pontos fracos e fragilidades levantadas no diagnóstico. Robbins (2004), diz que o planejamento consiste em elaborar planos de atividades que tem como foco as atividades de uma determinada empresa ou organização, a partir da criação de uma visão e missão, de onde se deriva objetivos que precisam ser alcançados. Os conceitos de planejamento juntamente com a percepção de mudança constante projeta a realidade de modo que estamos diante de uma oportunidade de estabelecer e conceber que o planejamento, além da necessidade de ser flexível e modificável, deve ser um processo constante, permanente e vivo, pois as organizações da atualidade sofrem pressões diversas que demandará da mesma o perfil de se manter em uma condição de ajustes e constantes adaptações. Complementando, é importante o envolvimento não só dos gestores, mas como de todas as pessoas envolvidas em ações presentes e futuras que um planejamento organiza. Isso se faz necessário para que as pessoas se comprometam com as metas e objetivos, tenham conhecimento de elementos importantes que norteiam o trabalho – tais como visão e missão, de modo que o maior número de pessoas possível esteja alinhado com a estratégica. E isso se faz necessário cada vez mais na origem da construção. Quanto melhor a capacidade do planejador em convencer pessoas a se debruçarem na execução do planejamento, melhor será seu resultado em relação aos objetivos criados. 1.2.1 - Uma oportunidade de considerar o Ambiental No Sec XXI, o que se faz necessário em termo de pensamento em planejamento é a certeza de que os fatores modificadores do planejamento podem contribuir, impactar ou ser impactado pela atividade gerencial. Destaca-se os recursos humanos, financeiros, materiais e ambientais. A questão do pensamento ambiental vem sendo discutida no Brasil desde 1800. Nessa época, as preocupações limitavam-se aos recursos hídricos e florestais. Algumas leis e tratados foram criados para tentar regular o uso de recursos naturais e por ora definindo investimentos na manutenção do sistema. O planejamento ambiental propriamente dito aparece mais fortemente, em 1930, quando os conflitos por terra, água, recursos energéticos e biológicos se tornam mais evidentes oriundos da necessidade de atender a um desenvolvimento econômico e social, o pós-guerra, a construção de cidades. O planejamento ambiental deve ter condições de preparativo para a tomada de decisões relacionadas a atividades, com relação de espaço e tempo, no tocante da utilização de recursos naturais. Silva (2012) sugere que a integração do crescimento econômico e da sustentabilidade envolvendo questões éticas, moral, atitudes, desenvolvendo ainda, suporte institucional adequado para a viabilização de políticas preventivas, integradas e participativas. Outro ponto interessante abordado na produção acadêmica é o distanciamento entre questões de sustentabilidade e necessidades da sociedade em si. Esse distanciamento, para Silva (2012), se dá pela falta de conhecimento sobre os assuntos e por consequente, suas relações. Estão aí, questões como: clima, geologia, geomorfologia, pedologia, vegetação, capacidade do uso da terra, fauna, dinâmica populacional, condições de vida, economia, aspecto político institucional (porque não flora e recursos hídricos). Como o planejamento lança mão de todos esses dados, em si tratando de planejamento ambiental ou sustentável, acaba que por falta de conhecimento e informação, essas realidades sejam „negligenciadas‟ ou „esquecidas‟ quando da amplitude necessária para a execução do planejamento, mais grave ainda quando esses aspectos não são considerados na formatação de visão, missão, valores e objetivos do planejamento. É importante lembrar que as transformações da natureza a partir da revolução industrial e o aparecimento de mecanismos acelerados de produção causam uma degradação ambiental fruto de uma exploração do homem. Atualmente, as questões de desenvolvimento econômico estão acima das preocupações relativas à preservação ambiental e consequentemente promovem escassez de recursos, a exploração da mais-valia, consumismo, gerando ainda riqueza para poucos e pobreza para muitos. 1.3 - Estrutura de um Planejamento A estrutura abaixo sugerida como ponto de apoio para a construção de um planejamento conta com contribuições teóricas de autores renomados que versam sobre planejamento e estratégia de organizações. Para Neumann (2010), a formatação da tabela abaixo conta com um resumo da visão desses autores. Segue na íntegra: Etapas do processo de Planejar Steiner Fischmann Tavares Oliveira Certo e Peter Thompson Jr e Strickland Ano 1969, 1979 1987 1991 1991, 1994, 2001 1993 2004 Elaboração Avaliação das necessidade s e possibilidad es Visão Mentalidad e estratégica Interesse s internos e externos (SWOT) Missão, Objetivo s estratégic os Análise do ambiente Definir objetivos e metas Missão Análise ambiente interno e externo Filosofias Objetivos Sustentaçã o da estratégia; Diagnóstic o estratégico; Missão; Cenários; Objetivos Análise do ambiente Estabelecer diretriz organizacio nal Missão Objetivos Visão Missão estratégica Objetivos Formulaç ão de estratégia s Formulação de estratégias e alternativas Selecionar estratégias Formulaçã o da estratégia empresarial Formulação da estratégia Elaboração da estratégia Formulaç ão de estratégia s de médio prazo Estabelecim ento de critérios Formular metas e ações setoriais Seleção das estratégias alternativas Estratégi as de curto prazo Seleção de estratégias Desafios e metas Implement ação Organiza r para impleme ntar planos Implementa ção da estratégia Sistema de gerenciam ento e responsáve is Implement ação das estratégias Implementa ção da estratégia Implement ação e execução da estratégia Execução do plano estratégico implantaçã o Avaliação Revisão e avaliação de planos Avaliação e controle Avaliação em todo processo, Parâmetro s de avaliação Avaliação e controle das estratégias Avaliação e monitorame nto, Controle estratégico Avaliação do desempenh o Ação Corretiva Testes de viabilida de em todo o processo Corrigir e eliminar efeitos negativos Correção dos desvios Ação Corretiva Iniciar correções Ainda segundo o estudo, permite-se entender as etapas do planejamento, considerando um estudo de todos os autores, basicamente da seguinte forma: Elaboração: definição de visão, missão, valores, princípios, diagnóstico, análise de cenários, justificativa, problemática, negócio, cultura, princípios, oportunidades, ameaças, pontos fortes e fracos, objetivos, estratégias, metas, planos de ação, entre outros; Implementação: implementar e colocar em prática ações definidas no processo de elaboração do planejamento; Avaliação e controle: desenvolver indicadores, avaliar e monitorar o desempenho do planejamento; Ação corretiva: continuamente revisar e ajustar planos e desvios no processo, necessidades de adequação, de ajustes e atualizações. 2 - Conceito de Sistemas A teoria de sistemas estuda a maneira como várias interferências podem transformar uma realidade. Atualmente, é comum perceber termos como „pensamento sistêmico‟ e „agir sistematicamente‟, que são termos derivados da palavra sistema. Dentro desse aspecto, é comum que o entendimento de sistema seja tanto com foco fechado e isolado quanto com o foco aberto e holístico. A justificativa do estudo de conceitos e teorias de sistema dar-se-á diante da condição de interatividade do homem com o meio que habita ou que atua. Se esse homem é capaz de alterar uma condição natural ou original de um ambiente, então ele é considerado um homem que exerce uma função sobre determinada realidade. Em se tratando do homem funcional, que participa de organizações ou de sistemas organizacionais, então ele atrai a condição de expectativa para que sua ação possa transformar uma realidade. Nesse contexto, o planejador incorpora uma oportunidade de interagir com o sistema que ele pertence independente da sua atuação e intenção. 2.1 - Origem da palavra A palavra tem origem do Grego synístanai, que significa “colocar junto ao mesmo tempo”, de syn-, “junto”, mais hístanai que seria colocar, posicionar. Dentro desse entendimento, a palavra sistema passou a designar “reunião de diversas partes diferentes”. De maneiras gerais, significa um arranjo, uma arrumação, uma técnica, determinada ordem, esquema, em alguns lugares pode ser entendido como estratégica, maneira, método. Pode ser também uma doutrina, organização, procedimentos, linguagem, modelos, e tudo mais que indica uma complexidade de fatores que formam uma realidade ou uma concepção. 2.2 - História dos Sistemas Segundo Ballestero-Alvarez (1990), a teoria de sistemas teve seus primeiros registros em meados de 1925, sendo proposta formalmente em 1937 pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy, tendo alcançado o seu auge de divulgação na década de 50. A Teoria dos Sistemas, em administração e gestão, é um desdobramento decorrênte da Teoria Geral de Sistemas e que se espalhou por todas as ciências e áreas do conhecimento influenciando notavelmente a Administração, contribuindo para a melhoria da condição de percepção de interrelação entre setores, pessoas, empresas, ambientes, etc. 2.3 - Conceitos sobre Sistemas Ao falar de sistemas, uma boa relação para o entendimento é exemplificar os sistemas biológicos que fazem o funcionamento do corpo. Pode-se citar o sistema digestivo, cardíaco, nervoso ou ósseo, compostos por órgãos específicos que possuem características de funcionalidade desempenhando papel importante para o restante do próprio sistema que pertence e indiscutivelmente cada órgão ou cada sistema mantém o funcionamento do corpo humano nos mantendo vivos e interagindo com outros sistemas de outras naturezas. A Teoria Geral dos Sistemas, segundo o próprio Bertalanffy (1973), tem por finalidade identificar as propriedades, princípios e leis característicos dos sistemas em geral, independentemente do tipo de cada um, da natureza de seus elementos componentes e das relações entre eles. Para Oliveira (2009), o sistema é um conjunto de partes interagentes e interdependentes que, conjuntamente, forma um todo unitário com determinado objetivo e efetuam determinada função. O ser humano, por exemplo, é um sistema que contem um número elevado de órgãos e membros e só se torna funcional e útil quando esses órgãos e membros funcionam perfeitamente sem nenhum problema e quando bem orientado, esse ser humano se torna capaz de atingir seus objetivos de sobrevivência. Repete esse sentimento qualquer ferramenta ou elemento que se julgue (ou que possa ser julgado) um sistema. Assim como as organizações, as instituições, os trabalhos em equipe, etc., o planejamento também segue essa regra. Para Ballestero-Alvarez (1990), um sistema pode ser definido como um conjunto de elementos que dependem e interagem entre si, com objetivos comuns ou não, formando um sistema complexo, onde cada um dos elementos componentes comporta-se, por sua vez, como um sistema cujo resultado é maior do que o resultado das unidades se essas funcionassem independentemente. Qualquer conjunto de partes unidas entre si pode ser considerado um sistema, desde que as relações entre as partes e o comportamento do todo sejam o foco de atenção. Se tomarmos como exemplo, podemos ter uma empresa onde há setores de produção, finanças, vendas e tantos demais. Se essas seções, que são subsistemas existentes dentro do sistema maior que é a empresa, não funcionar em simbiose, há sérios riscos do objetivo do sistema maior não ser alcançado, impactando assim, por conseqüente, as demais seções que são sistemas pares que possuem interferência sobre os demais. Para Chiavenato (1983), A definição de um sistema depende do interesse da pessoa que pretenda analisá-lo. Uma organização, por exemplo, poderá ser entendida como um sistema ou subsistema ou ainda supersistema. A necessidade de se enxergar uma empresa ou organização como sistema se dá diante da complexidade existente nos mecanismos de gestão e sua amplitude de atuação. O objetivo de se ver uma organização como um sistema que rege outros sistemas é a necessidade de eficiência e eficácia mantendo equilíbrio entre os sistemas internos intencionando minimizar impactos negativos nos demais sistemas externos à organização. 2.4 – Substrato chave do conceito de sistema O estudo da concepção de sistemas tem como objetivo a capacidade do planejador em ter uma visão de impacto e de abrangência das suas ações e não como solução de problemas ou a estruturação de soluções práticas. A teoria de sistemas, em administração, traz como premissa a existência de uma maneira mais abrangente de se atuar e ou ainda de se considerar ao agir. Significa dizer que há uma integração entre organismos organizacionais que são inevitavelmente impactados a partir de uma ação isolada – quer tenha sido considerada essa abrangência ou não. Como exemplo, ao fazer exercícios físicos (utilizando o sistema muscular ou ósseo), automaticamente há impacto no sistema respiratório ou cardíaco; ao contratar uma pessoa em uma organização, há impacto direto na filha de pagamento; e por aí vai. Como desdobramento dessa filosofia, é preciso considerar que existem sistemas dentro de sistemas. Assim como, sempre existirá a relação com um sistema de tamanho igual, maior ou menor em interface com o sistema em foco – isso significa dizer que os sistemas são abertos e se comunicam ou se impactam. Entendido isso, a idéia de sistema passou a dominar as ciências e principalmente as nuances de uma gestão. Se falamos em medicina, há de se considerar a biologia ou a fisiologia; se falamos em física, há de se considerar átomos, velocidade; se falamos em administração, há de se falar em economia, em crescimento populacional. 2.5 – Tipologia dos sistemas Para entender melhor as condições de tipologia dos sistemas que mais se aplicam à administração e ao gerenciamento de projetos, separa-se em físicos ou abstratos, e em fechados ou abertos. A proposta não é entrar no mérito de importância ou indicação de uso, e sim estabelecer uma síntese que explique os tipos de maneira a fornecer ao planejador um conhecimento quanto às possibilidades de percepção e identificação. 2.5.1 – Sistemas físicos São os equipamentos, máquinas, objetos e etc. Trata-se das partes palpáveis que integra algum tipo de organização. Podem ser móveis, computadores, armários, máquinas de armazenagem ou movimentação, enfim, todos os recursos materiais existentes disponíveis. 2.5.2 – Sistemas abstratos São compostos por partes não palpáveis da instituição, que são suas políticas, suas idéias, seus planos, conceitos, verdades, valores, mitos, etc. Compõe a parte de pensamento das pessoas e filosofia da equipe e empresa. Pode ser considerado como sistema abstrato a parte ideológica, e subjetiva ou ainda, insere-se nesse contexto, a cultura e clima organizacional de uma instituição. 2.5.3 – Sistemas fechados São sistemas que não possuem ligação com o ambiente ao qual pertence, que independem de condições externas a ele. De modo geral e à rigor, não existe um sistema absolutamente fechado, mas os autores tem denominado esses sistemas com sistemas que possuem mecânica própria como mínimo de interferência humana empregada constantemente. É como uma máquina que funciona sozinha. 2.5.4 – Sistemas abertos São aqueles que necessitam de interferência ou que possuem impactos claros e diretos de outros sistemas e trocam energia, matéria, informação constantemente com o ambiente que habita. Mantém um constante fluxo de entrada e saída de materiais, não conseguem sobreviver isoladamente e possui alto grau de adaptabilidade e impacto. 2.6 - Conceito de Visão Sistêmica A visão sistêmica é a forma de enxergar uma oportunidade de atuação dentro de um sistema e possuidor de percepção de um sistema maior, sistemas pares e subsistemas dentro do campo de atuação. Uma organização deve ser vista como um subsistema funcional que pertence a um sistema maior, que é o sistema social ou sistema do ambiente que ocupa. Assim segue a visão que deve ter um planejador. Deve, portanto, considerar os impactos considerando que sua abrangência, considerando que faz parte de um sistema aberto. Como um sistema, a organização ou um planejamento, é um sistema com partes interrelacionadas e que possui impactos constantes de outros sistemas. Essa característica faz com que seja necessária essa visão ampla de todos os ambientes (interno e externo), fazendo com que exista uma melhoria de eficiência e boa eficácia de modo que simultaneamente se absorva os benefícios positivos dos ambientes e eliminando os impactos negativos. Para que o compartilhamento de benefício entre os sistemas tenham bons resultados, é preciso estabelecer meios de interatividade e de controle que por sua vez farão a coordenação de funções e especificidade entre os sistemas. Deve ser respeitado as hierarquias entre os sistemas, certo grau de respeito, autonomia e objetivos de cada sistema. Caberá ao planejador conhecer essas características dos diversos sistemas, suas capacidades, suas potencialidades, de modo a habilitar sua habilidade gerencial ao coordenar processos em relação às possibilidades administrativas. 2.7 - Importância da visão sistêmica para um planejamento estratégico A definição de sistema é uma tarefa necessária quando se fala de planejamento. A importância de se ter uma visão sistêmica ou sistemática se dá diante da importância para as ciências administrativas, pois as organizações se envolvem em vários aspectos, principalmente na necessidade de desenvolver capacidades e habilidades de atuação, de maneira responsável, concebendo a existência de impactos diversos de mão dupla. A visão sistêmica na verdade gera capacidade na coleta de informações para decisões racionais e relevantes pois o foco não é apenas restrita. Como o planejamento visa definir políticas de impacto, essa visão sistêmica é necessária para a formatação de um planejamento sólido que corra o mínimo de perigo possível e assumindo os riscos de sua implementação. Diante disso, faz-se elementar a ampliação da abrangência, pois quanto maior a visão e melhor sua qualidade, evita-se pontos cegos no que diz respeito a possibilidade de mudança de realidades (quebra de paradigmas), questões extremamente importantes para a sustentabilidade e credibilidade sistêmica do planejamento A visão sistêmica objetiva o planejador ou gestor a enxergar além do horizonte, fora do limite. E a habilidade que se tem de perceber todas as ferramentas diretas e indiretas que serão impactadas com as ações desenvolvidas a partir da missão, visão, objetivos do planejamento que se apresenta. A visão sistêmica amplia a condição de execução de tarefa e considera quem será impactado pelo planejamento, quem acompanhará a execução, quem fará o papel crítico e regulador das questões tratadas no planejamento, dentre outras questões que aparentemente fogem do controle das organizações e dos gerenciadores do planejamento. Com isso, as ações deixam de ser meramente técnicas e de gabinete, e passam a vivenciar e explorar situações de cultura de beneficiários e prejudicados com ações derivadas diretamente ou indiretamente de um planejamento. A capacidade de enxergar tais situações e perceber questões como essa forma responsável, se dá através da concepção e desenvolvimento de uma visão mais abrangente, que ultrapasse os limites do papel e do planejamento e incorpore o sistema ao qual pertence. 2.8 - Conceito de Abordagem Sistêmica A sustentabilidade do planejamento se dá quando essa ferramenta considera todas as possibilidades de se extrair benefício e minimizar impactos derivados dele. Significa dizer que há busca de mais melhorias em paralelo ao menor prejuízo possível. Dentro desse aspecto, quando se considera uma abordagem sistêmica na produção de um planejamento, indica a necessidade de atuação com diálogo estratégico amplo, de modo que as ações realmente contemplem uma abrangência mais completa - aumentando a capacidade de atingir seus objetivos de forma fortalecida, sistêmica e ampla. Não se trata necessariamente de participação popular, isso independe do conceito de abordagem sistêmica. Trata-se do caráter administrativo e estratégico do formato filosofal do planejamento. Conforme Martinelli (2006), abordagem sistêmica consiste na maneira de resolver ou de propor soluções de maneira sistêmica, considerando os sistemas e tendo uma visão sistêmica. É uma tarefa nada fácil, de complexidade elevada e de necessidade elementar nos tempos atuais. Essa condição de abordagem evita que partes da instituição ou de fora dela sejam trabalhadas de forma isolada ou que sejam ignoradas suas condições de participação e impacto em um procedimento gerencial, mais precisamente o de planejamento. Para Silva e Freitas (2012), a abordagem sistêmica foi desenvolvida para atender as seguintes necessidades: Generalização (ampliação da visão sistêmica de uma área de conhecimento para outras, a partir de uma perspectiva mais ampla); Simplificação (compreensão e simplificação da complexidade); Integração (assegura que os subsistemas trabalhem juntos em prol de um objetivo comum); Otimização (a maximização de um sistema afeta a otimização dos outros sistemas e subsistemas que são afetados); Avaliação (apresentação de uma série de métodos de mensuração e avaliação); Planejamento (pelo fato de o planejamento ser o meio mais efetivo de enfrentamento da complexidade); Controle (para garantir que o sistema mova em direção aos objetivos estabelecidos). Generalização (ampliação da visão sistêmica de uma área de conhecimento para outras, a partir de uma perspectiva mais ampla); Simplificação (compreensão e simplificação da complexidade); Integração (assegura que os subsistemas trabalhem juntos em prol de um objetivo comum); Otimização (a maximização de um sistema afeta a otimização dos outros sistemas e subsistemas que são afetados); Avaliação (apresentação de uma série de métodos de mensuração e avaliação); Planejamento (pelo fato de o planejamento ser o meio mais efetivo de enfrentamento da complexidade); Controle (para garantir que o sistema mova em direção aos objetivos estabelecidos). Dessa maneira, é possível dizer que a abordagem sistêmica é útil na dissolução de problemas, enfrentamentos de oportunidades, ação de tarefas complexas que estão diante de um cenário onde múltiplos sistemas interagem entre si, se desdobrando em uma rede de sistemas, pessoas e recursos que visam o desenvolvimento de ações gerenciais, estratégicas ou operacionais. A sugestão então é que haja uma inter-relação entre o planejamento e a estratégia agindo de forma sistêmica, que valorize o meio natural e o social, gerando valores e níveis elevados de importância das questões ambientais –pois continuar com práticas de apropriação deixa remanescente gravíssimos danos ao meio ambiente. A apresentação dessa ligação sugere que a forma de planejar considere a gestão do ambiente como elemento fundamental – devendo, através da abordagem sistêmica, estabelecer vínculos entre todos os agentes impactados, a estratégia que desejar e os recursos naturais, visando estabelecer condições de sobrevivência com vida de qualidade e conservação de recursos naturais. 2.9 - Bibliografia BALLESTERO-ALVAREZ, M. E. Organização de Sistemas e Métodos. São Paulo, Mc Graw-Hill. 1990. BERTALANFFY, Ludwig Von. Teoria Geral dos Sistemas. Petrópolis: Vozes, 1973. CHIAVENATO, IDALBERTO. Introdução à Teoria Geral da Administração. 3ª Edição. S. Paulo: McGraw-Hill do Brasil. 1983. OLIVEIRA, D. de P. R. Sistemas, Organizações & Métodos O&M: uma abordagem gerencial. 18ed. São Paulo: Atlas, 2009. MARTINELLI, D.P.; VENTURA, C.A.A.(Orgs). Visão Sistemica e Administração: Conceitos, Metodologias e Aplicações. São Paulo: Saraiva, 2006. SILVA, W. S.; FREITAS, J. C. 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