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Maria tifoide

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Agrupamento de Escolas Henriques Nogueira 
CURSO: Profissional de Técnico de Processamento e Controlo da Qualidade Alimentar
 Módulo 6 (2017/18)
Toxinfeções alimentares
	"I can cook"
	Mary Mallon chegou aos E.U.A. em Janeiro de 1868 na companhia de um anarquista e o caso de Mary Mallon, que ficou conhecida como “Typhoid Mary” e tornou-se uma emblemática personagem da História da Medicina. 
Irlandesa, dizia poucas palavras em inglês, mas sabia dizer: "I can cook". Tinha 15 anos de idade e inicialmente trabalhava como empregada doméstica em New York. A partir de 1900 começou a exercer a função de cozinheira em residências de famílias abastadas. Em agosto de 1906 foi contratada pela família do banqueiro Charles H. Warren. Naquele verão, o banqueiro resolveu levar a esposa e duas filhas para uma temporada de férias e para isso alugou uma mansão em Oyster Bay. Mary Mallon e outros seis empregados acompanharam a família. No final de agosto ocorreu naquela casa um surto de febre tifoide, que acometeu seis das onze pessoas que ali estavam hospedadas:
a esposa e duas filhas de Warren, além de três dos empregados. Mary deixou o emprego logo depois desse surto.
	Os proprietários da casa de Oyster Bay contrataram o engenheiro George Sober para identificar a causa daquele surto. Sober tinha experiência nesse tipo de investigação. 
 Depois de analisar as condições sanitárias da residência e afastar a possibilidade de contaminação da água ou dos alimentos por fontes externas, Sober analisou os detalhes e chamou-lhe a atenção que a família havia
	
contratado a cozinheira no dia 04 de agosto e no dia 27 uma das filhas de Warren ficou doente e logo em seguida todas as outras cinco. Na ocasião, já era conhecido o conceito de portador são e Sober suspeitou que a cozinheira recém contratada e que já não trabalhava mais com a família era peça importante naquele quebra-cabeça.
Soper que conhecia a teoria de Robert Koch1, segundo a qual a infeção podia ser propagada por pessoas que albergassem o bacilo, centrou a sua atenção sobre a cozinheira. 
Mary Mallon foi descrita como pessoa de poucas palavras, sisuda e silenciosa quanto ao seu passado. Boa cozinheira, segundo o patrão, tinha feito o mais delicioso gelado. No entanto tinha desaparecido há três semanas, desconhecendo-se o paradeiro.
Suspeitando da cozinheira, procurou saber o seu trajecto profissional, tendo verificado que nos locais onde tinha trabalhado, ocorreram casos de febre tifóide (1900, 1901, 1902...). Por onde passava deixava a sua assinatura...
Após seis meses de pesquisa, acabou por encontrá-la. Ao confrontá-la com os acontecimentos, Mary indignou-se, negando ser a responsável.
Através dos registos, Soper calculou que Mary foi responsável por vinte e oito situações de febre tifóide. Uma das epidemias ocorreu em Ithaca (Nova Iorque) com 1.300 casos. Quando foi descoberta, Mary usava um nome falso e trabalhava numa casa onde tinha surgido casos de febre tifóide. Pediram-lhe para se submeter a exames para detectar o bacilo, mas as facas da cozinha fizeram demover a intenção do médico! Na segunda tentativa um cutelo foi razão suficiente para que não fosse feito exames à urina e às fezes.
A polícia deteve-a, com muita dificuldade, transportando-a ao hospital. Não havia bacilos na urina, mas nas fezes abundavam como um enxame de abelhas. A cultura de fezes foi positiva para o “Bacillus typhosus” e ela foi confinada na ala de isolamento do hospital. Conforme relato de Sober, a cozinheira estava raivosa e não admitia ter qualquer relação com a febre tifoide, pois gozava de perfeita saúde. Foi-lhe proposto a retirada da vesícula biliar, mas Mary se recusou terminantemente. 
	Mary Mallon na primeira quarentena
	O Departamento de Saúde enviou Mallon para North Brother Island, onde foi mantida em isolamento de 1907 a 1910, num hospital para doenças infeciosas e depois libertada sob a condição de que ela nunca mais trabalharia como cozinheira. No entanto, para Mary – orgulhosa de seu status anterior e apaixonada por cozinhar – as alternativas eram abomináveis. Ela desafiou a lei. Cinco anos depois, em 1915, uma séria epidemia de febre tifoide ocorreu numa Maternidade de Nova Iorque e uma cozinheira
daquele hospital, chamada Mary Brown fugiu de lá quando, em tom de brincadeira, algumas colegas a chamaram de “Typhoid Mary”. Localizada, verificou-se que Mary Brown era a própria Mary Mallon, que foi recolhida pela saúde pública em North Brother Island em uma segunda quarentena, onde permaneceu o resto de sua vida. 
Mary Mallon era solteira, sem parentes nos EUA, sem amigos conhecidos. No seu relato, Sober diz que ela admitiu que quase nunca lavava as mãos para cozinhar, porque não achava necessário. São atribuídas a ela a contaminação documentada de 51 pessoas, com três óbitos. Naquele ano de 1906, foram registados oficialmente em New York, 3467 casos de febre tifoide, com 639 óbitos, o número real certamente era bem mais alto. Estima-se que pelo menos um por cento deles tornaram-se portadores sãos, como Mary.
No século XIX e até meados do século XX a febre tifóide era endémica, sendo responsável por altas taxas de morbilidade e de mortalidade. 
Mary Mallon morreu de pneumonia em 1938. A autópsia revelou que ela continuava uma potencial irradiadora da febre tifoide. 
Sabemos hoje que a febre tifoide é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Salmonela tiphi e é transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados principalmente por fezes humanas. A bactéria pode sobreviver por vários dias na água. Em alguns alimentos como ovo e ostras, a Salmonela pode permanecer viável por meses. A febre tifoide é, portanto, uma doença claramente relacionada com as condições de higiene e saneamento básico. O quadro clínico pode ser grave com mortalidade alta nos casos não tratados. Algumas pessoas que adquirem a Salmonela tiphi podem tornar-se portadores crónicos, que continuam a eliminar a bactéria pelas fezes mas não apresentam qualquer sintoma.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde só 10% das doenças com origem alimentar são notificadas. Portugal faz parte deste grupo, e no tocante às salmoneloses, uma das toxinfecções mais graves, são permanentemente subnotificadas contribuindo para a sua disseminação causando graves problemas de saúde pública.
Depois de ler atentamente a história de “Mary Mallon” responda às questões que se seguem:
Qual o microrganismo que provoca a febre tifoide.
Identifique o modo de propagação do microrganismo.
Refira o que entende por portador são.
Identifica os passos da investigação que Sober seguiu e que se apresentam relatados no texto.
Como avalia a postura de Mary Mallon face à doença, atendendo ao contexto histórico, ao aspeto económico e às relações laborais vigentes no séc. XIX.
1Heinrich Hermann Robert Koch foi um médico, patologista e bacteriologista alemão. Foi um dos fundadores da microbiologia e um dos principais responsáveis pela atual compreensão da epidemiologia das doenças transmissíveis. As suas principais contribuições para a ciência incluem os métodos de fixação e coloração de bactérias para estudo no microscópio com respetiva identificação e classificação, e a descoberta, em 1882, do bacilo da tuberculose (o Bacilo de Koch) .
 
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