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RESUMO - Histologia, Fisiologia, Formação completa da urina

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1. Fisiologia Renal, Formação e Composição da Urina, Coleta, Aceitabilidade, Tipos e preservação de amostras
Fisiologia Renal: 
Macroestrutura:
Rins - situados na parede posterior da cavidade abdominal, um de cada lado da coluna vertebral, no espaço retroperitonial, altura limitada pelas vértebras T12 e L3.
Ureteres - par de tubos, revestidos por uma mucosa e transportam a urina do rim até a bexiga. No adulto têm um comprimento de 30-35cm e um diâmetro de 2-8mm.
Bexiga - localizada na pelve, na parte anterior e abaixo da cavidade peritonial no espaço atrás dos ossos pubianos, funciona como reservatório da urina.
Uretra - é o canal de comunicação da bexiga com o meio exterior e por condições anatômicas, varia com o sexo: ♂ - de 15 a 20cm de comprimento, em média 18cm e com dupla função – atender os sistemas renal e genital. ♀ - de 3 a 4cm de comprimento e uma única função - atender o sistema renal. 
Microestrutura:
Néfron - unidade funcional microscópica dos rins: onde ocorre a função característica - a regulação da composição dos líquidos do meio interno. Constituído por plexo capilar, o glomérulo e túbulo complexo: Cápsula de Bowman e túbulos proximal e distal ligados pela alça de Henle,
Glomérulo - ultrafiltro corpuscular arredondado, com 0,2mm de diâmetro, tal um novelo de numerosos vasos minúsculos e está encerrado na Cápsula de Bowman.
Cápsula de Bowman - formada por uma membrana de células epiteliais e endoteliais, que vai receber o filtrado do sangue pelos vasos glomerulares.
Túbulo - condutor de saída do filtrado glomerular e subdividido em:
Túbulo contorcido proximal - região enovelada próxima ao glomérulo; 
Alça de Henle - porção intermediária com ramos descendente e ascendente;
Túbulo contorcido distal - região enovelada que se segue à alça de Henle e posteriormente se dilata originando o ducto coletor. 
Ductos coletores - se abrem nos bacinetes ou pelves renais (um para cada rim) - se continuam com os ureteres e com a função de recolher urina do rim até a bexiga.
Para que o metabolismo celular se processe de maneira ótima, o meio no interior das células deve manter uma composição constante. O meio intracelular reflete diretamente a composição de líquido extracelular que é regulado pelo pulmão e pelo rim.
O pulmão controla as concentrações de gases do sangue e o componente respiratório do sistema ácido-básico. 
O rim, além de eliminar resíduos metabólicos, controla a tonicidade, o volume e a composição do líquido extracelular. 
Então, podemos dizer que os rins exercem através da elaboração da urina, duas funções principais:
1. Limpar o plasma sangüíneo de substâncias indesejáveis, resultantes do metabolismo: uréia, creatinina, ácido úrico e os uratos. 
2. Eliminar do plasma outras substâncias que tendem a acumular no organismo em quantidades excessivas, como os íons Na, íons K, íons Cl e íons H.
Formação da Urina:
O sangue chega aos capilares glomerulares, que atingem em média 1,56m2 de área (impermeabilidade para proteínas de peso molecular acima de 70.000D, permeabilidade variável entre 15.000-70.000D e permeável às inferiores a 15.000D), em um fluxo de 600mL/min de plasma (FPR)/1200mL/min de sangue total (FSR) para um indivíduo com superfície corporal de 1,73m2, produzindo 125mL/min de um ultra-filtrado plasmático com pH 7,4, densidade 1,010 e osmolalidade de 285mOsm/Kg de água, semelhantes aos valores do plasma, e que após os processos que passa pelos túbulos, resulta em um líquido que atinge a bexiga num volume de 1 a 2mL/min, pH 6,0 e osmolalidade de 800 a 1200mOsm/Kg de água, que é a URINA.
O plasma é exposto à membrana semipermeável de cada glomérulo funcionante, onde é filtrado. A modificação deste filtrado que leva à produção de urina que é excretada, ocorre nos túbulos e nos ductos coletores dos néfrons, onde as substâncias essenciais são reabsorvidas e os metabólitos são eliminados. Conclui-se então, que a capacidade renal de depurar seletivamente resíduos provenientes do sangue e, ao mesmo tempo, manter a água essencial e o equilíbrio eletrolítico no organismo é controlada pelo néfron por meio das seguintes funções renais:
FLUXO SANGÜÍNEO RENAL - FILTRAÇÃO GLOMERULAR - REABSORÇÃO TUBULAR - SECREÇÃO TUBULAR 
Em condições fisiológicas, ao final destes processos renais, a partir de 1.200mL/min de sangue-600mL/min de plasma são formados de 1 a 2mL/min de urina que drenam para a bexiga através dos ureteres. 
Composição da Urina:
A urina é uma mistura complexa constituída por, aproximadamente, 96% de água e 4% de substâncias diversas (compostos inorgânicos e compostos orgânicos) provenientes da alimentação e do metabolismo normal. A composição da urina varia de acordo com a dieta, o estado nutricional, a atividade física, o metabolismo orgânico, a função endócrina, o estado geral do organismo e da função renal, até mesmo da posição do corpo. Os três principais fatores que afetam a sua composição são o estado nutricional, o estado dos processos metabólicos e a capacidade renal para tratar seletivamente o material que lhe é apresentado. 
Os principais constituintes são água, uréia, ácido úrico, creatinina, sódio, potássio, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amoníaco. Em 24 h, o organismo excreta cerca de 60g de material dissolvido, sendo a metade constituída de uréia, nas seguintes proporções: 
	Constituintes Orgânicos
	Constituintes Inorgânicos
	Nitrogênio total 25 a 35g
Uréia		 25 a 30g
Creatinina 1,4g
Amônia 0,7g 
Ácido úrico 0,7g
Aminoácidos 0,5g
Proteínas 0,0 a 0,15g
Creatina	 0,06 a 0,15g
Ácido hipúrico 0,1 a 1g 
Ácido oxálico 15 a 20mg
Coproporfirinas 60 a 280µg
Corpos cetônicos 3 a 15mg
Bases purínicas 10mg
Ácido ascórbico 15 a 50mg
Açúcares 2 a 3mg/100mL 
	Cloretos 9-16g
Sódio 4g
Potássio 2g
Fósforo 2-2,5g
Enxofre 0,7-3,5g
Cálcio 0,1-0,2g
Magnésio 0,05-0,2g
Iodo 50-250µg
Arsênio < 50µg
Chumbo < 50µg
Coleta da Urina:
CONSIDERAÇÕES: Alterações In vivo - Alterações In vitro - Entrega da amostra - Conservação da amostra.
Conservantes - Refrigeração ou Químicos: Bactericida ou bacteriostático. Inibir a urease. Conservar os elementos figurados do sedimento*. Não interferir nos testes bioquímicos. Não ser tóxico para o paciente. 
Coletores - Tipos - Identificação.
Alterações na urina - amostras à temperatura ambiente por mais de 2h, sem serem processadas ou conservadas podem apresentar as seguintes alterações:
01. Aumento do pH: degradação da uréia e sua conversão em amônia por bactérias urease +. 
02. Diminuição da glicose: por ação das bactérias e em decorrência da glicólise.
03. Diminuição das cetonas, em decorrência da volatilização e de sua utilização pelas bactérias.
04. Diminuição da bilirrubina por exposição à luz.
05. Diminuição do urobilinogênio por sua oxidação e conversão em urobilina.
06. Aumento do nitrito em decorrência da redução do nitrato pelas bactérias. 
07. Aumento do número de bactérias.
08. Aumento da turvação, por proliferação bacteriana e possível precipitação de material amorfo.
09. Desintegração de leucócitos, hemácias e cilindros, particularmente em urina alcalina diluída.
10. Alterações na coloração por oxidação e redução de metabólitos. 
Aceitabilidade de uma amostra:
Cada laboratório deve estabelecer os critérios de aceitabilidade da amostra de urina, pela observação de todos os aspectos que interferem na exatidão da análise.
Em geral, devem ser rejeitadas as amostras com as seguintes características:
1. Amostras não identificadas ou com identificação não aceitável;2. Tempo de retenção (estase) urinária inferior a 4h;
3. Amostra coletada em recipientes inadequados e com contaminação fecal ou outro tipo (papel higiênico, partículas);
4. Amostras coletadas há mais de 2h e não processadas /e mantidas sem refrigeração*. 
5. Volume de urina insuficiente para a realização das análises macroscópica e microscópica. O volume mínimo deve ser de 12 mL, entretanto no caso de bebês, crianças e de adultos em situações especiais, pode-se aceitar menor volume de urina.
Caso estes critérios de aceitabilidade não sejam cumpridos, o espécime deve ser rejeitado e uma nova amostra deve ser coletada.
CONSERVANTES DA URINA
	Conservante
	Vantagens
	Desvantagens
	Informações adicionais
	Refrigeração
	Não interfere nos testes bioquímicos
	Aumenta a densidade medida por urodensímentro. Precipita uratos e fosfatos amorfos
	Comprovadamente impede a proliferação bacteriana por no mínimo 24 horas
	Timol
	Conserva bem a glicose e os sedimentos
	Interfere no teste de precipitação por ácido para detecção de proteínas
	
	Ácido bórico
	Conserva bem proteínas e elementos figurados. Não interfere nos exames de rotina, exceto o do pH
	Em grande quantidade pode provocar precipitação de cristais
	Mantém pH próximo a 6,0
Bacteriostático a 18g/L; pode ser usado para transporte de cultura. Interfere na análise de medicamentos e de hormônios
	Formalina
(Formaldeído)
	Excelente conservante de sedimentos
	Interfere nos testes de redução do cobre para detecção de glicose.
Provoca a formação de grumos de sedimento
	Os recipientes de coleta de amostras para contagem celular podem ser lavados com formalina para melhor conservação de células e de cilindros
	Clorofórmio
	Nenhuma
	Acumula-se no fundo e interfere na análise do sedimento
	Pode causar alterações celulares
	Tolueno
	Não interfere nos testes bioquímicos de rotina
	Flutua na superfície da amostra e adere à pipeta e aos materiais de análise
	
	Fluoreto de sódio
	Evita a glicólise. Bom conservante para análise de medicamentos
	Inibe os testes com tiras reativas para detecção de glicose, sangue e leucócitos
	Não interfere nos testes com hexoquinase para detecção de glicose. Pode-se usar benzoato de sódio em vez de fluoreto de sódio nos testes com tiras reativas
	Fenol
	Não interfere nos ex.e rotina
	Produz alterações no odor
	Usar uma gota para cada 25ml de urina
	Ácido clorídrico
	Bactericida
	Destrói elementos figurados e ppt. solutos. Inaceitável p/anal. de rotina
	Pode ser perigoso para o paciente
	Congelamento
	Conserva a bilirrubina e o urobilinogênio
	Destrói elementos figurados. Turvação no descongelamento
	Útil para testes bioquímicos não de rotina
	Comprimidos
Comercializados
	Úteis quando não se conta com a refrigeração. Controlar a concentração p/ diminuir interferências
	Pode conter um ou mais de um dos conservantes acima, 
inclusive fluoreto de sódio.
	Verificar a composição para concluir se pode haver efeitos sobre a análise desejada
	Kit - transporte de urina C+A (Becton Dickinson, Rutherford)
	A cultura e a análise de urina podem ser feitas na mesma amostra
	Reduz o pH
	O conservante usado é o ácido bórico
COMPONENTES DA URINÁLISE
Cada laboratório deve consultar os médicos de sua comunidade e determinar que procedimentos deverão ser usados e a abrangência dos exames a serem realizados. 
Essas decisões devem se basear na avaliação de estudos científicos conhecidos e publicados, bem como no tipo de população de pacientes que atendem.
SOLICITAÇÕES MÉDICAS DA URINÁLISE 
Suspeita ou seguimento de sintomas ou sinais sugerindo a possibilidade de Infecção do Trato Urinário
Suspeita ou seguimento de doença renal não infecciosa, primária ou secundária a doenças sistêmicas, como doença reumática, hipertensão, toxemia gravídica ou efeito adverso de drogas 
Suspeita ou seguimento de doença pós-renal não infecciosa 
Detecção de glicosúria para grupos específicos de pacientes, como indivíduos admitidos em emergência ou mulheres grávidas 
Acompanhamento de pacientes exclusivamente diabéticos, como crianças em casa, para determinar glicosúria ou cetonúria associada à aferição de glicemia
MOTIVOS PARA REALIZAR URINÁLISE
Realizar triagem de uma população para constatar a presença de doenças asssintomáticas, congênitas, hereditárias, de origem renal
Detecção ou seguimento de estados metabólicos específicos: vômitos e diarréia, acidose, alcalose, cetose, litíase renal recorrente
Auxiliar no diagnóstico de doença e monitorar o curso de uma doença
Monitorar a eficácia ou complicações resultantes de terapia 
Realizar triagem de trabalhadores nas empresas, para constatar a presença de doenças pré-existentes ou adquiridas 
Diagnosticar o uso de drogas de abuso
Pesquisa da proteína de matriz tecidual de núcleo celular de câncer vesical - marcador BLCA-4 - Getzenberg - Pittisburg
Pesquisa de radicais livres através do isoprostano IPF7-a 1, derivado do ácido araquidônico - Garrett - Pensilvânia 
Diagnóstico de: DSTs. Doenças crônico-degenerativas: Neoplasias e Doenças auto-imunes. Fístulas (pós-operatório).
TIPOS DE AMOSTRAS
Anamnese - informação ou histórico dos antecedentes do paciente.
Orientação ao paciente para minimizar interferências.
As amostras devem ser escolhidas segundo o exame solicitado.
Para coletar uma amostra e conseguir obter um resultado que represente o verdadeiro perfil metabólico do paciente, pode ser necessário controlar algumas condições da coleta, tais como hora, duração, dieta, medicamentos ingeridos e método de coleta. Os pacientes devem ser devidamente orientados quanto aos procedimentos para minimizar interferências. As amostras devem ser escolhidas segundo o exame solicitado. Os tipos mais freqüentes de amostra são:
Amostras aleatórias - são aquelas amostras coletadas ao acaso, a qualquer hora do dia, sendo o tipo mais comum devido à facilidade da coleta e o conforto para o paciente. Pode trazer alguns inconvenientes, produzindo resultados errados por conta de ingestão de alimentos, atividade física e até mesmo o fato de ter permanecido em pé por algum tempo pouco antes da coleta da amostra. E assim, pode ser necessário coletar nova amostra em condições mais controladas. São chamadas também de amostras randômicas.
Primeira amostra da manhã - é a amostra ideal para o exame Urinálises Completa e essencial para evitar resultados falsos negativos nos testes de gravidez e para confirmar uma proteinúria ortostática ou postural e para a cultura microbiológica da urina, a Urocultura. Esta amostra é mais concentrada e garante a detecção de substâncias e elementos figurados que podem não estar presente nas amostras aleatórias mais diluídas. O paciente deve ser orientado para coletar a amostra logo que se levantar e entregar ao laboratório no prazo máximo de uma hora.
Coleta de amostra e procedimento para estudo de dismorfismo eritrocitário
O estudo morfológico das hemácias encontradas na urina é o método de escolha para a detecção e a confirmação da hematúria glomerular. Para a realização do exame é necessário a coleta da segunda urina da manhã após assepsia da região genital e eliminação do primeiro jato. A urina não deve permanecer na bexiga por mais de duas horas e o exame deve ser executado até duas horas após a coleta da urina, para evitar interferência por alcalinização, proliferação bacteriana ou por outros fatores que possam alterar a morfologia das hemácias. A densidade da urina deve ser superior a 1,010. É preciso considerar a aparência das hemácias, pois é um aspecto que pode ser afetado pela concentração urinária anormal, observando-se hemácias dismórficas na hematúria não glomerular. Também foram encontradas hemácias dismórficas após exercício físico intenso, o que indica a origem glomerular desse fenômeno. 
Os procedimentos de preparo da amostra de urina e preparo da lâmina para o exame microscópico estão descritos no item Sedimentoscopia.As hemácias são identificadas por microscopia de contraste de fase, a qual é necessária para a identificação de elementos translúcidos, os quais apresentam índice de refração semelhante ao da urina. São contadas 100 hemácias, definindo-se como morfologia normal ou alterada (codócitos e acantócitos). Determina-se então o percentual de hemácias dismórficas. Há controvérsias sobre a interpretação do resultado com relação ao percentual de hemácias dismórficas que serão indicativas de hematúria glomerular. Fasset, RG. et al., consideram a presença de 80% de hemácias dismórficas como indicativo de hematúria glomerular, enquanto, Stapleton, FB.(1987), considera 10% e Tomita, M. et al.(1992), consideram a presença de mais de 1%, como tendo 89% de sensibilidade e 95% de especificidade para a definição de hematúria glomerular. A tendência é de se considerar a presença de qualquer número de acantócitos e codócitos como indicativo de hematúria glomerular.
Amostra com Tempo Marcado - esta amostra é utilizada quando se quer determinar a quantidade exata de uma substância química, ao invés de registrar apenas sua presença ou ausência, sendo utilizada para Dosagens Quantitativas de diversas substâncias que aparecem na urina normal ou anormalmente. Para conseguir resultados quantitativos precisos, a amostra deve ser coletada com cronometragem exata. A escolha do tempo de coleta leva em consideração as atividades do paciente que vai se submeter a este tipo de exame. Quando a concentração da substância a ser quantificada, variar de acordo com as atividades do dia como exercícios, refeições e metabolismo orgânico, será necessária uma coleta por um período mais longo, 24 horas. Se em outro caso, a concentração da substância em análise permanecer constante, a amostra poderá ser coletada por um período mais curto, 12 horas ou 6 horas, sabendo-se que em vários casos, quanto maior a redução do tempo, maior a margem de erro. E neste caso, deve-se ter o cuidado de manter o paciente devidamente hidratado. O maior erro neste tipo de amostra é a coleta incompleta ou coleta sem cronometragem exata. A orientação ao paciente deve ser bem clara: para conseguir uma amostra precisamente cronometrada é necessário que se inicie a coleta com bexiga vazia e termine com bexiga vazia. As instruções a seguir para uma coleta de 24 horas se aplicam a qualquer coleta com tempo marcado:
1º dia - 7h da manhã: o paciente urina e descarta a amostra. Coletar toda urina nas próximas 24 h.
2º dia - 7h da manhã: o paciente urina e junta esta urina com as outras micções coletadas.
Ao entregar ao laboratório, a amostra deve ser homogeneizada e medir e registrar o volume com precisão indicando a quantidade de horas em que foi coletada. Para amostras coletadas por longos períodos deve-se ter atenção redobrada quanto à conservação: o conservante químico escolhido não deve ser tóxico para o paciente nem interferir nas análises a serem executadas, podendo aliar ainda a refrigeração. Para determinar se a amostra foi coletada de forma completa ou não, pode-se ser ministrado ao paciente uma quantidade conhecida de um marcador químico atóxico, como o ácido 4-aminobenzóico, no início do período da coleta e para garantir a precisão da amostra, mede-se a concentração do marcador excretado na amostra.
Amostra em jejum (segunda da manhã) - representa a segunda micção do dia após um período de jejum e não contém metabólitos resultantes dos alimentos ingeridos antes do período de jejum. É recomendada para monitorização da glicosúria. O paciente deve ser orientado a esvaziar a bexiga ao se levantar e permanecer em jejum até coletar a segunda amostra da manhã. 
Amostra pós-prandial - o paciente deve ser orientado a esvaziar a bexiga antes de se alimentar normalmente e duas horas após a ingestão alimentar, coletar a amostra. Nesta amostra, será pesquisada a glicosúria e os resultados são usados para monitorar a terapia insulínica em pacientes com diabetes mellitus. Para se obter uma melhor avaliação do estado geral do paciente deve ser feito um comparativo entre os resultados da amostra pós-prandial e os da amostra em jejum. Hoje não é mais recomendado o seu uso devido a não haver conhecimento da ingesta da quantidade de carboidrato.
Amostra para Teste de Tolerância à Glicose (TTG) - as amostras de urina serão coletadas simultaneamente a cada amostra de sangue para o TTG e o número de amostras varia segundo a duração do teste. Na amostra de urina serão analisadas a glicosúria e a cetonúria e os resultados são registrados com os da glicemia para complementar a avaliação da capacidade do paciente em metabolizar determinada quantidade de glicose, e correlacionados com o limiar renal.
Amostra coletada por cateter - este tipo de amostra é mais comum para a cultura bacteriana, a urocultura. É coletada em condições estéreis através da introdução de um cateter que passa pela uretra até a bexiga. Se for solicitado com a cultura o exame Urinálises Completa, processar primeiro a cultura para evitar a contaminação. Menos freqüente é o uso da cateterização para avaliação da função de cada rim em separado, onde as amostras provenientes dos rins direito e esquerdo são coletadas em separado introduzindo-se um cateter através do ureter de cada rim.
Coleta estéril de jato médio - por ser um método seguro e menos traumático de obter urina, esta coleta estéril de jato médio é uma alternativa à coleta por cateter para a urocultura. E esta amostra ainda apresenta a vantagem de ser mais representativa e menos contaminada, prestando-se melhor à análise microscópica do que as amostras coletadas por micção comum. Associada à primeira amostra da manhã, atualmente a amostra de escolha para o exame de urina Tipo I ou de Rotina, por minimizar interferências e contaminantes. O paciente deve ser bem orientado para realizar a coleta em condições de assepsia e recipiente estéril, se for realizar cultura bacteriana e sendo apenas o exame de Rotina, será suficiente um recipiente descartável que não tenha sido utilizado para outros fins anteriormente. Para realizar a assepsia, não utilizar agentes bactericidas fortes como hexaclorofeno ou betadina, e dar as seguintes orientações:
Para mulheres, lavar bem as mãos e lavar a genitália com água, preferentemente estéril, e sabão neutro, enxaguar bem e enxugar com gaze absorvente estéril. Depois afastar os pequenos e grandes lábios vaginais, eliminar o primeiro jato de urina e coletar o segundo jato ou jato intermediário, diretamente no recipiente indicado.
Para homens, os que não sofreram circuncisão, retrair o prepúcio e lavar bem a glande com água e sabão ou uma solução anti-séptica fraca como benzalcônio/álcool, eliminar o primeiro jato de urina e coletar o segundo jato ou jato intermediário, diretamente no recipiente indicado. 
Aspiração suprapúbica - como em condições normais a bexiga é estéril este tipo de coleta proporciona uma amostra completamente isenta da contaminação bacteriana, pois é coletada diretamente da bexiga através de agulha que do exterior a atinge. Também é indicada para exames citológicos. 
Prova de Valentine ou Stamey-Mears (coleta dos três frascos) - usadas para verificar infecções na próstata. A coleta é semelhante à de jato médio, devendo ser feita a assepsia antes. Coletar o primeiro jato em um recipiente estéril, o segundo jato ou jato intermediário em outro recipiente estéril e a seguir, realizar uma massagem prostática para que as secreções passem para a urina restante que é coletada em um terceiro tubo também estéril. Todas as amostras são submetidas à cultura quantitativa, e a segunda e a terceira são submetidas a exame microscópico. Havendo infecção prostática, a terceira amostra terá uma contagem de leucócitos e de bactérias por campo de grande aumento dez vezes maior que na primeira, podendo também aparecer macrófagos contendo lipídeos no seu interior. A primeira amostra é usada para detectar possíveis uretrites. A segunda amostra para detectar possíveis infecções de bexiga ou dos rins.Se as três amostras derem resultado positivo, o resultado e as contagens da terceira amostra serão invalidados, devido a contaminação da urina proveniente das áreas infectadas.
Amostras pediátricas - pode ser uma coleta muito difícil. Com os coletores plásticos descartáveis e transparentes que contem adesivo para prender na área genital da criança, faz-se a coleta para exames de rotina. Para a cultura, são utilizados coletores plásticos estéreis. Em ambos os casos, fazer a assepsia prévia e caso a criança não urine em 45 minutos, trocar o coletor. Se for necessário, a coleta em condições estéreis pode ser realizada por cateterização ou aspiração suprapúbica. Deve-se recomendar cuidados para não tocar o interior da bolsa quando da aplicação. Para as análises quantitativas, usam-se bolsas que possibilitam a inserção de um tubo para transferir o excesso de urina para um recipiente maior. 
Exame Urinálises Completa - este exame é o mais solicitado dos exames de urina. Através dele se tem um preventivo de vários problemas que podem acometer um paciente, desde os mais simples até os que podem trazer graves seqüelas como o diabetes mellitus. Esta denominação é usual nas regiões Centro-oeste, Sul e Sudeste, sendo que nas regiões Norte e Nordeste ainda é conhecido como Exame Sumário de Urina. 
AMOSTRA PARA EXAME URINÁLISES COMPLETA*
1. Coletar primeira urina da manhã (8h de repouso com 4h de retenção).
2. Coletar após higiene prévia.
3. Coletar jato médio.
Para este exame, a amostra indicada é a 1ª urina da manhã com jato médio após higiene prévia. A escolha da primeira urina do dia é por esta ser mais concentrada e garantir a detecção de substâncias e elementos figurados que podem não estar presentes nas amostras aleatórias mais diluídas, fornecendo um melhor perfil metabólico do paciente. A eliminação do primeiro jato de urina tem a finalidade de “lavar” a uretra para eliminar contaminantes como muco e proteínas do trato genital, microrganismos, células, etc. e lembrando que o primeiro jato corresponde à secreção. A higiene prévia é também para minimizar a contaminação externa do trato genital com muco, proteínas, células, microrganismos. 
Análises Quantitativas - às vezes se faz necessário determinar a quantidade de uma substância química encontrada normal ou anormalmente na urina ao invés de registrar apenas a sua presença ou ausência, como ocorre no Exame Urinálises Completa que faz um qualitativo com um semiquantitativo de algumas substâncias anormais da urina. Para este exame, a amostra indicada é a Amostra com Tempo Marcado e o tempo de coleta é escolhido de acordo com o tipo de paciente que vai realizar o exame, como visto anteriormente nos tipos de amostra. 
Exames Bacteriológicos - este exame que é denominado de Urocultura tem a finalidade de verificar se está havendo infecção bacteriana no trato urinário seja uma CISTITE ou uma PIELONEFRITE, identificando e quantificando o ou os microrganismos causadores. Para este exame, a amostra indicada é 1ª urina da manhã com jato médio após higiene prévia e obrigatoriamente coletada em recipiente estéril. Caso não seja possível coletar a primeira urina da manhã, deve-se dar um intervalo de 2 a 4 horas após a última micção para permitir a concentração dos microrganismos para então proceder à coleta, após higiene prévia e eliminando o primeiro jato. 
*DENOMINAÇÕES:
Urinálise 
URINA DE ROTINA
Sumário de urina
Urina Tipo I
EAS - elementos anormais e sedimento
EQU - elementos químicos da urina
ECU - exame comum de urina
PEAS - Pesquisa de elementos anormais e sedimento
DETALHES TÉCNICOS DA COLETA:
Instrução: Oral e escrita, com ilustrações. Única para bacteriologia e urinálises 
Laudo: deve informar as condições de coleta (tempo, tipo de amostra, preparo do paciente)
Fatores que alteram a qualidade do exame:
Influenciadores - biológicos. Interferentes - técnicos analíticos
Fatores Influenciadores
Volume de ingesta hídrica - requer rim competente para manter concentração renal. Ideal 20-50mL/h
Dieta - Jejum aumenta excreção de catabólitos (corpos cetônicos, amônia). Exceção - urina pós-prandial = glicemia pós-prandial 
Exercícios e Postura Corporal - Aumentam catabólitos, podem provocar albuminúria e proteínúria. Repouso prolongado aumenta a calciúria em até 2X.
Contaminações
Abstinência sexual por um dia. Proteinúria e celularidade de aparelho genital
Homens - Abstinência ejaculatória de 3 dias. Contaminação por secreção prostática. Excreção de N-acetil-beta-D-glucosaminidase - marcador de função renal - fator de confundimento falso positivo. Exceção - pesquisa de retroejaculação. 
Mulheres - Contaminação menstrual - uso de tampão vaginal na coleta. Piúria gravídica.
REQUISIÇÃO MÉDICA
Registro de identificação e nome do paciente. Data de nascimento.
Unidade de requisição - local em que o paciente está sendo tratado
Endereço de retorno - para onde o laudo do exame deve ser enviado
Médico ou enfermeiro responsável. Terapia antimicrobiana instituída e resultado de urocultura anterior.
Informações clínicas adicionais - sinais, sintomas e tentativas de diagnóstico.
Na ausência dessas informações, o laboratório deve proceder à pesquisa completa
REQUISIÇÃO MÉDICA
DETALHES DA AMOSTRA
Identificação da amostra (código de barras). Data e hora da micção.
Método de coleta (jato médio, cateter simples, cateter de demora, aspiração suprapúbica, saco coletor, outras).
Sucesso do paciente em seguir orientações de coleta - amostra correta ou defeituosa (qual a falha?)
Resultados de exames rápidos, se existentes. 
TRANSPORTE DE AMOSTRAS
	INADEQUADA
	IDEAL
	Sem dieta
	Com dieta
	Qualquer frasco “limpo”
	Coletor estéril
	Hora da coleta + informada
	Exata 
	Coleta em casa
	No Laboratório
	Conservação em geladeira
	Não ocorre
	Urina transportada
	Não ocorre
	Chega + 2h pós-coleta
	Tempo zero
	Início da análise >2h
	Após registro
PRESERVAÇÃO DA AMOSTRA
Na urinálise de rotina não é recomendado o uso de conservantes ou preservantes. A urina deve ser analisada o mais rapidamente possível, sendo geralmente aceito o tempo de até duas horas, à temperatura ambiente. Após este período, pode ocorrer alteração na composição química da urina e os elementos excretados começam a se deteriorar..
RECOMENDAÇÕES ADICIONAIS
Sabe-se que uma alimentação exclusivamente vegetariana alcaliniza bastante a urina, enquanto uma alimentação muito rica em proteína animal pode acidificá-la. Portanto, recomenda-se uma dieta equilibrada para um controle correto dos fatores pré-analíticos que podem interferir na urinálise. Recomenda-se que o indivíduo se submeta a uma dieta equilibrada no dia anterior ao exame, evitando excesso de proteína animal e de vegetais. A ingestão excessiva de líquidos também deve ser evitada, pelo efeito diluidor que provoca na urina.
PREPARO PARA ANÁLISE
Todo material biológico deve ser processado como sendo potencialmente infeccioso. Assim, todas as normas de biossegurança para manipulação e descarte de amostras biológicas devem ser rigorosamente seguidas. 
Equipamentos de proteção individual (EPI) devem ser de uso obrigatório durante os procedimentos envolvidos na análise da urina (luvas, batas, máscaras, óculos*).
Pesquisa Química
Para a pesquisa química com tiras reagentes deve-se utilizar amostra de urina recém colhida, bem homogeneizada, não centrifugada e à temperatura ambiente.
Análise Microscópica
A amostra de urina para a observação do sedimento urinário deve ser preparada da seguinte forma: em um tubo plástico de centrífuga cônico, graduado, com tampa e devidamente identificado, colocar 12mL da amostra de urina bem homogeneizada. Tampar o tubo e centrifugar a 1.800 rpm (400 x g), durante 5 minutos. Decantar o sobrenadante e deixar 1,0 mL de sedimento no tubo de centrifugação. Ressuspender o sedimento agitando-se levemente o tubo. Em seguida, pipetar 0,02 mL do sedimento, colocar sobre uma lâminade vidro, cobrir com lamínula (22 x 22 mm) e examinar ao microscópio utilizando ocular de aumento de 10x e objetivas de 10x e 40x. Em aumento de 100x, com pouca luminosidade e condensador baixo, investigar a presença de muco, cilindros, Trichomonas sp e o sedimento em geral e quantificar os cilindros eventualmente presentes. Em aumento de 400x, com maior luminosidade investigar e quantificar, quando presentes, hemácias, leucócitos, células epiteliais, cristais, flora bacteriana e outros elementos, e identificar os cilindros.
MATERIAIS USADOS PARA URINÁLISE
COLETOR WHIZ-UCD-MSU
Em 2004, na Inglaterra, foi apresentado um dispositivo especial para a coleta da porção do meio do jato urinário, o que mudou o conceito de urina de jato médio. É consenso afirmar que jato médio é aquele que sucede o 1º jato. Essa porção intermediária do jato urinário é fundamental para a cultura bacteriológica porque contém uma flora contaminante menor que a do primeiro jato que “lavou a uretra”. 
Mas, o jato intermediário também entrou em contato com o epitélio uretral e conterá flora contaminante e a UROCULTURA tem a finalidade de pesquisar a presença de microrganismos no interior do trato urinário. O dispositivo permite a coleta do meio do fluxo automaticamente e que não entra em contato com a mucosa uretral. Ocorre porque o sistema físico do dispositivo aspira a parte mais interna do fluxo por um bloqueio parcial, seguindo o mesmo princípio físico das antigas trompas d’água. 
A contaminação em amostras de urina foi reduzida acentuadamente e melhorou o valor preditivo da cultura de urina, porque um exame de urina coletado com esse dispositivo reflete a condição patológica do trato urinário. Com o uso desse coletor, especial para mulheres, houve uma redução de contaminantes bacterianos e das bactérias da flora normal da vagina, e assim a redução de repetição de exames foi igual a 31%.
FUNCIONAMENTO
Observar o esquema diferenciando a coleta do meio do jato. A seta mais escura representa o meio do jato e a mais clara a porção do jato que entra em contato com a mucosa uretral, pois no dispositivo existe um bloqueio do meio do fluxo, gerando um sistema aspirativo.
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