Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Objeto do Direito Constitucional O D.C. tem por objeto as normas que constituem um Estado, ou seja, a constituição política de um Estado. Ex.: organização e estrutura dos Estado, organização dos Poderes etc. Os títulos da Constituição representam claramente os objetos do D.C. Ex.: Título 1 – Direitos fundamentais. Conceito de Constituição Constituição é a norma fundamental de um Estado; é o conjunto de normas que trata do objeto do Direito Constitucional; são as normas que tratam da organização do Estado, da organização dos Poderes, enfim, todo o conjunto de normas que é objeto do D.C. Supremacia da Constituição A norma constitucional é hierarquicamente superior as demais normas existentes no ordenamento jurídico. Uma norma federal, estadual, municipal, lei complementar ou ordinária e um decreto não podem contrariar a Constituição. Classificação das Constituições • Quanto à origem: A) Outorgadas: são as constituições impostas pelo governante; são elaboradas sem a participação do povo. Ex.: Constituição brasileira de 1824 e 1967 B) Promulgadas: são aquelas que têm a participação popular porque são elaboradas pelos representantes do povo, ou seja, por um poder constituinte legitimado pelo povo em uma assembleia constituinte. Ex.: CRFB/1988 • Quanto à forma: a) Escrita: escrita, sistematizada, formada por um conjunto de normas organizadas em um único instrumento (código) denominado de Constituição. Ex.: Constituição de 1988 b) Não escrita: consuetudinárias, formada por textos esparsos, baseada nos costumes de um povo e jurisprudências. Ex.: Constituição da Inglaterra • Quanto ao conteúdo: a) Materialmente constitucionais: são aquelas que consideram normas constitucionais somente aquelas que versam sobre as normas que são objeto do Direito; só é constitucional aquilo que diz respeito ao objeto do D.C: estrutura do Estado, organização dos poderes, direitos fundamentais etc. b) Formalmente constitucionais: são aquelas que consideram norma constitucional todas as normas constantes da Constituição, mesmo que não digam respeito ao objeto do Direito Constitucional, pois o que importa é o critério de sua formação e não o conteúdo das normas. Ex.: Constituição de 1988 • Quanto à estabilidade: a) Rígidas: são aquelas que são difíceis de ser alteradas, pois possuem uma formalidade especial para ser alterada; necessita que seja observada uma solenidade e obtenha mais votos do que as leis ordinárias e complementares. Possuem maior estabilidade. Ex.: CRFB/1988 (3/5 dos votos nas duas casas do Congresso Nacional) b) Flexíveis: são aquelas que são facilmente alteráveis e o são pela mesma forma que são alteradas as leis ordinárias. Não requerem tantos votos e nenhuma formalidade especial. São, por isso, menos estáveis. c) Semirrígidas: são aquelas que têm uma parte rígida e outra parte flexível. Possuem normas rígidas e flexíveis de serem alteradas em seu interior. Ex.: Constituição de 1824 • Quanto ao modo de elaboração a) Dogmáticas: são constituições elaboradas por um órgão constituinte, necessariamente escritas, com base em dogmas, ideias fundamentais do Estado pré-estabelecidas. Forma, então, um instrumento escrito baseado em dogmas prontos. b) Históricas: são constituições não escritas que são resultado da formação histórica de determinado Estado, baseada nas jurisprudências e nos costumes; elaborada aos poucos, lentamente elaborada com base na jurisprudência e costume. Classificação da Constituição de 1988 Quanto à origem: promulgada por uma ANC formada por representantes do povo(preâmbulo da Constituição). Quanto à forma: escrita. Organizada em um único documento denominado Constituição. Quanto ao conteúdo: formalmente constitucional. Todas as normas inseridas na Constituição são consideradas normas constitucionais, independentemente de serem objeto, ou não, do D.C. Quanto à estabilidade: rígida porque é difícil de ser alterada,; possui um rito de alteração diferente do correspondente ao das leis ordinárias complementares etc. Quanto à elaboração: dogmática, pois é escrita e foi elaborada com base em dogmas políticos, teorias preconcebidas, não tendo como base textos esparsos baseados nas jurisprudências e nos costumes. Em suma: a CF/88 é classificada como promulgada, escrita, formalmente constitucional, rígida e dogmática. Diferenças entre princípios e regras Para Robert Alexy, as normas jurídicas se dividem em 2 categorias: princípios e regras. Princípios: a) Canotilho: princípios são valores fundamentadores da ordem jurídica. b) Miguel Reale: princípios são “verdades fundantes” de um sistema de conhecimento. Regras: a) Canotilho: regras são normas que impõem, permitem ou proíbem que se faça algo. Princípios, então, são conceitos mais abstratos e genéricos porque são valores, fundamentos e o norte que as normas jurídicas têm que seguir. Assim, tanto o legislador quanto o aplicador das normas jurídicas devem observar os princípios. Princípios – valores, fundamentos que irradiam para todo sistema jurídico. Ex.: dignidade da pessoa humana (art. 1, III, CF/88), direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade (art. 5) Regras – proveem dos princípios, logo, precisam estar de acordo com eles. I. Regras que impõem fazer algo: obrigação do pagamento do 13◦ salário (art.7, VIII); serviço militar obrigatório (art. 143); dever dos pais e filhos (art. 229) II. Regras que proíbem uma conduta: censura (art. 220, parágrafo segundo) III. Regras que permitem algo (permitir ≠ obrigar): liberdade para trabalhar (art. 5, XIII), liberdade para divorciar (art. 226, parágrafo 6◦) Poder Constituinte Originário – Aula 06 Titularidade do Poder Constituinte O povo é o titular do Poder Constituinte que é exercido por seus representantes, pois é soberano para determinar o seu próprio destino e da sua sociedade, expressando-se por meio da Constituição. • Quem é o titular? Povo • Quem exerce o Poder Constituinte? Representantes do povo • Quais são as formas de expressão do Poder Constituinte? a) criando uma Constituição, b) garantindo uma Constituição e c) eliminando uma Constituição. Tipos de Poder Constituinte 1. Poder Constituinte Originário - 1◦ grau – aquele que cria uma Constituição 2. Poder Constituinte Derivado - 2◦ grau – aquele que modifica uma Constituição Poder Constituinte Originário a) Histórico: o primeiro de todos, aquele P.C.O. que elaborou a primeira Constituição. Ex.: Constituição de 1824, no caso do Brasil b) Revolucionário: todos os demais posteriores ao histórico. Ex.: Constituição de 1934, 1988 etc. Características do Poder Constituinte Originário a) Inicial: instaura uma nova ordem jurídica e não existe antes dele qualquer outro poder pois o poder se inicia com ele b) Ilimitado: não está limitado pelo direito anterior c) Autônomo: o poder constituinte tem autonomia para estruturar uma nova Constituição e só compete a ele decidir o que é melhor para o país e sociedade d) Incondicionado e Soberano: não está limitado a qualquer regra de forma ou de matéria da Constituição ou legislação anterior. e) Permanente: não se esgota com a realização da Constituição, pois pode se manifestar, novamente, mediante uma nova Constituição. Forma de manifestação do Poder Constituinte Originário a) Outorgada: o Poder Constituinte é realizado por uma única pessoa ou por um grupo restrito de pessoas, sem representação popular. Ex.: Constituição de 1824 e 1937, que foram outorgadas pelo Chefe do Poder Executivo. b) Promulgada: o Poder Constituinte é exercido por representantes do povo. Ex.: Constituição de 1988. Poder Constituintee a CRFB/1988 A elaboração da CRFB/1988 veio de um Poder Constituinte Originário, porém a Assembleia Constituinte, que exerceu o Poder Constituinte, ter sido convocada por meio da Emenda Constitucional 26, de 1985, portanto, do regime anterior: “Art. 1º Os Membros da Câmara dos Deputados e do Senado Federal reunir-se-ão, unicameralmente, em Assembléia Nacional Constituinte, livre e soberana, no dia 1º de fevereiro de 1987, na sede do Congresso Nacional.” Poder Constituinte Derivado Reformador Poder Constituinte Derivado a) Reformador b) Decorrente c) Revisor O Poder Constituinte Derivado deriva do Poder Constituinte Originário, pois é por ele criado e instituído; por esse motivo ele não é propriamente um “Poder Constituinte”, mas, sim, um “Poder Constituído” pelo Poder Originário. Em suma, os poderes do Poder Derivado derivam do Poder Originário. O P.C. Derivado é limitado e condicionado, pois deve obedecer às regras impostas pelo P.C. Originário. Assim, o P.C.D. também é denominado de: constituído, instituído, secundário, 2◦ grau e remanescente (seus poderes são aqueles que constam da Constituição) Poder Constituinte Derivado Reformador Tem por competência modificar a Constituição. A modificação da CF ocorre por meio das Emendas Constitucionais. O poder competente para a reforma da CF é o Congresso Nacional, que é o P.C.D. Reformador. Exemplo de reforma da CFFB/88: inclusão do transporte como direito social no art. 6◦; redação dada pela EC 90/2015. O P.C.D.R. é o poder competente para modificar a CF, seguindo sempre as regras impostas pelo P.C.O. As regras para modificação da Constituição constam nos artigos 59 e 60 da CF/88, regras essas que foram impostas pelo P.C. Originário. Poder Constituinte Derivado Recorrente 1. P.C. Originário: cria uma nova Constituição 2. P.C. Derivado Reformador: reforma uma Constituição já existente 3. P.C. Derivado Decorrente: elabora e reforma a Constituição estadual 4. P.C. Derivado Revisor: revisa a CF por meio de regras mais simplificadas P.C.D. Decorrente é o poder competente para elaborar e modificar as Constituições estaduais. Esse poder está diretamente vinculado à CF. O Poder Constituinte Originário deu a cada Estado a capacidade de auto-organização, autogoverno e autoadministração, por isso cada Estado precisa ter uma Constituição. As Constituições Estaduais são elaboradas e modificadas pelo Poder Constituinte Derivado Decorrente que é exercido pelas Assembleias Legislativas de cada Estado. Esse poder provém do art. 11 da ADCT, CF/88. O P.C. responsável por elaborar a C. estadual será o P.C. Decorrente inicial. O P.C. responsável por reformar a C. estadual será o P.C. Decorrente de revisão estadual. Poder Constituinte Derivado Decorrente no Distrito Federal O DF é regido por Lei orgânica nos termos do Art. 32 da CF/88 e não por uma Constituição; essa lei é aprovada e reformada pela Câmara Legislativa do DF e não por uma Assembleia Legislativa. Esse poder também proveem da CF/88, por isso é um P.C.D. Decorrente. Não há P.C.D. Decorrente nos municípios Os municípios são regidos por Lei orgânica nos termos do Art. 29; essa lei é aprovada pela Câmara Municipal. O P.C. Decorrente deve encontrar sua fonte de legitimidade diretamente na CF (2◦ grau), mas a Lei Orgânica do Munícipio está vinculada à CF e à Constituição Estadual, nos termos do Art. 11, parágrafo único, do ADCT; por isso, é como se fosse um poder de 3◦ grau. Poder Constituinte Derivado Revisor Tem por competência revisar a CF por meio de regras mais simplificadas. A CF pode ser reformada a qualquer momento por meio das Emendas Constitucionais. Para aprova-las, devem ser observadas as regras impostas ao Art. 60 da CF/88: • Quórum: maioria qualificada dos membros de cada Casa do Congresso Nacional (3/5) • 2 turnos em cada Casa do Congresso Nacional. Ou seja, 4 turnos para aprovação de uma emenda constitucional. Poder Derivado Reformador x Poder Derivado Revisor A E.C. será aprovada pelo P.C.D. Reformador (art.60) e não pelo revisor. A competência do Poder Derivado Revisor está disposta no Art. 3◦ do ADCT: “Art. 3º A revisão constitucional será realizada após cinco anos, contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão unicameral. “ Esse tempo de revisão de 5 anos foi necessário para a sociedade se adaptar à nova Constituição e verificar todas as reformas necessárias; quem faria essa revisão seria o P.C.D. Revisor. Regras especiais previstas pelo Art. 3 do ADCT: I. A Constituição somente sofreria uma revisão II. A revisão seria realizada por regras mais simplificadas do que as de criação de EC normais, previstas pelo Art. 60. Art. 60 – Poder Constituinte Derivado Reformador Art. 3◦ ADCT – Poder Constituinte Derivado Revisor - 2 turnos na Câmara dos Deputados - 2 turnos no Senado Federal - 1 turno no Congresso Nacional em sessão unicameral - Quórum: maioria simplificada (3/5) - Quórum: maioria absoluta 6 emendas constitucionais de revisão Em 1994 foram aprovadas 6 emendas constitucionais de Revisão nos termos do Art. 3◦ do ADCT.
Compartilhar