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DIREITO CONSTITUCIONAL 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO 
Prof. Cristiano Lopes 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
PODER CONSTITUINTE 
Prof. Cristiano Lopes 
 
1. Conceito 
Pode ser conceituado como o poder de elaborar ou atualizar uma Constituição, 
mediante a supressão, modificação ou acréscimo de normas constitucionais. É a 
manifestação soberana da suprema vontade política de um povo, social e juridicamente 
organizado. 
 
2. Espécies de Poder Constituinte 
O poder constituinte é gênero do qual são espécies o Poder Constituinte 
Originário (PCO) e o Poder Constituinte Derivado (PCD). O poder constituinte 
derivado subdivide-se em poder constituinte reformador, poder constituinte revisor 
e poder constituinte decorrente, conforme esquema abaixo: 
 
 
PODER 
CONSTITUINTE
Originário Poder de criar uma nova constituição
Derivado
Reformador
Emendas 
Constitucionais 
(CF, art. 60)
Revisor
Revisão
(ADCT, art. 3º)
Decorrente ou 
Poder Constituinte 
Estadual
Institucionalizador
(cria a Constituição 
Estadual)
Reforma a 
Constituição Estadual
 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL 
TRIBUNAL DE JUSTIÇA/GO 
Prof. Cristiano Lopes 
Uma informação adicional faz-se necessária para sua prova. Em nosso mundo 
globalizado, fala-se hoje em um poder constituinte supranacional. Atualmente, tal 
modalidade de poder constituinte existe na União Europeia, onde vários Estados abriram 
mão de parte de sua soberania em prol de um poder central. É a manifestação máxima 
daquilo que se chama direito comunitário, reconhecido como hierarquicamente superior 
aos direitos internos de cada Estado. 
 
2.1. Poder Constituinte Originário (PCO) 
O poder constituinte originário é aquele que permite a elaboração de uma nova 
Constituição, fato este que possibilita a substituição da Constituição anterior. É aquele 
que edita atos juridicamente iniciais, porque dão origem, dão início, à ordem jurídica, e 
não estão fundados nessa ordem, salvo o direito natural. É ele que inaugura uma ordem 
jurídica inédita, cuja energia geradora encontra fundamento em si mesmo. 1 
Didaticamente, podemos apresentar as seguintes características do Poder 
Constituinte Originário: 
§ Inicial – porque inaugura uma nova ordem jurídica, rompendo com a 
anterior; 
§ Autônomo – porque só ao seu exercente cabe fixar os termos em que a 
nova Constituição será estabelecida e qual o Direito deverá ser implantado; 
§ Ilimitado – porque é soberano e não sofre qualquer limitação prévia do 
Direito, exatamente pelo fato de que a este preexiste. Chame-se a atenção 
para o fato de que a doutrina moderna vem rejeitando esta compreensão; 
§ Incondicionado – porque não se sujeita a nenhum processo ou 
procedimento prefixado para a sua manifestação. Pode agir livremente, 
sem condições ou formas pré-estabelecidas. Não está condicionado a 
nenhuma fórmula prefixada (...). 
Em suma, podemos apontar três características básicas que se reconhecem ao 
poder constituinte originário. Ele é inicial, ilimitado (ou autônomo) e incondicionado. É 
inicial, porque está na origem do ordenamento jurídico. É o ponto de começo do Direito. 
Por isso mesmo, o poder constituinte não pertence à ordem jurídica, não está regido por 
ela. Decorre daí outra característica do poder constituinte originário - é ilimitado. Se ele 
não se inclui em nenhuma ordem jurídica, não será objeto de nenhuma ordem jurídica. 
O Direito anterior não o alcança nem limita a sua atividade. Pode decidir o que quiser. 
De igual sorte, não pode ser regido nas suas formas de expressão pelo Direito 
preexistente, daí se dizer incondicionado. 2 
2.1.1. Efeitos da nova constituição 
 
1 CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. 15. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 266-267. 
2 MENDES, Gilmar Ferreira; COELHO, Inocêncio Mártires; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. 2 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2008, p. 198. 
 
 
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A força exercida pelo Poder Originário sobre as normas anteriores acaba por gerar 
alguns efeitos. Tais efeitos são chamados fenômenos do Poder Constituinte, e são eles: 
Recepção, Repristinação e Desconstitucionalização. 
A Recepção é um processo abreviado de criação de normas jurídicas, pelo qual a 
nova Constituição adota normas infraconstitucionais já existentes, se com ela 
compatíveis, dando-lhes validade e evitando o trabalho de se elaborar toda a legislação 
infraconstitucional novamente. 
A Repristinação é a restauração de lei revogada, por esse fenômeno, quando 
instituída uma nova Constituição, as normas revogadas pela antiga Constituição 
voltariam a viger. Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a 
lei revogadora perdido a vigência. A repristinação só é admitida se for expressa. 
A Desconstitucionalização ocorre quando da promulgação de uma Constituição, 
esta pode determinar que as normas da constituição anterior, desde que compatíveis 
com a nova ordem jurídica, permaneçam em vigência, mas com status de norma 
infraconstitucional, sob a forma de lei ordinária. No Brasil, prevalece a ideia de que para 
haver a desconstitucionalização necessitaria de previsão expressa na nova Constituição. 
 
2.2. Poder Constituinte Derivado (PCD) 
Poder Constituinte Derivado é o nome dado ao poder que é legado pelos 
cidadãos de determinada coletividade a um representante que terá a tarefa de atualizar 
ou então inovar a Ordem Jurídica Constitucional. Tal poder toma forma através da 
elaboração de nova constituição que substitui uma outra prévia e soberana, ou então 
modifica a atual por meio da Emenda Constitucional, mudando assim aquilo que, de 
acordo com a percepção da coletividade, não se encaixa na atual ordem social, jurídica 
e política daquele meio. É através deste poder que se elaboram ainda as constituições 
dos estados pertencentes à federação brasileira. O Poder Constituinte Derivado recebe 
ainda o nome de poder instituído, constituído, secundário ou poder de 2º grau. É o 
próprio constituinte originário, portanto, que estabelece como a Constituição será 
alterada. 
Conforme ensinado pelo Constitucionalista Paulo Bonavides, o “Poder de reforma 
constitucional exercitado pelo poder constituinte derivado é por sua natureza jurídica 
mesma um poder limitado, contido num quadro de limitações explícitas e implícitas, 
decorrentes da Constituição, a cujos princípios se sujeita, em seu exercício, o órgão 
revisor.”3 
Ao contrário do Poder Constituinte Originário, o Poder Constituinte Derivado é 
derivado, subordinado, condicionado e limitado: 
 
3 BONAVIDES, Paulo. Curso de direito constitucional cit., p. 145. 
 
 
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§ Derivado – pois não inicia uma nova constituição, sendo capaz apenas de 
alterar aquela existente. 
§ Subordinado – pois se subordina a ordem constitucional vigente; 
§ Condicionado – fica condicionada a observância das normas 
constitucionais originárias; 
§ Limitado – Encontra limites no texto constitucional podendo dispor sobre 
qualquer assunto, a qualquer tempo, sem observar um rito legislativo 
formal. 
Dentro do conceito estabelecido para tal faculdade, o Poder Derivado pode ser 
dividido ainda em: decorrente, revisor e reformador. 
 
2.2.1. Poder Constituinte Derivado Reformador 
É o poder de reformar a Constituição, que tem por função manter a Constituição 
atualizada, ou seja, adequar a Carta (formalmente) às modificações que a sociedade vai 
vivendo. É um poder de direito, encontrando seu fundamento de validade na própria 
Constituição. Atua através de Emendas Constitucionais. As limitações impostas a este 
poder estão consagradas no art. 60, da CRFB/88. 
2.2.1.1. Limitações procedimentais ou formais 
Referem-se aos órgãos competentes e aos procedimentos a serem observados na 
alteração do texto constitucional. Conforme o art. 60, da CRFB/88, a Constituição poderá 
ser emendada mediante proposta: de um terço, no mínimo, dos membrosda Câmara 
dos Deputados ou do Senado Federal; do Presidente da República ou de mais da 
metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada 
uma delas, pela maioria relativa de seus membros. Além disso, a Proposta de Emenda 
será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, 
considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos 
membros. 
2.2.1.2. Limitações circunstanciais 
São limitações consubstanciadas em normas aplicáveis a situações excepcionais, 
de extrema gravidade, nas quais a livre manifestação do poder derivado reformador 
possa estar ameaçada. Assim, de acordo com o art. 60, § 1º, da CRFB/88, a Constituição 
não poderá ser emendada na vigência de intervenção federal, de estado de defesa ou 
de estado de sítio. 
2.2.1.2. Limitações materiais 
Impedem a supressão de determinados conteúdos consagrados no texto 
constitucional. São as denominadas cláusulas pétreas. Conforme art. 60, § 4º, da 
CRFB/88, não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: a 
forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos 
Poderes e os direitos e garantias individuais. 
 
 
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2.2.2. Poder Constituinte Derivado Revisor 
O Poder Constituinte Derivado Revisor, assim como o Reformador, é fruto do 
trabalho de criação do originário, estando, portanto, a ele vinculado. É um poder 
condicionado e limitado. 
O art. 3º, do ADCT estabeleceu que a revisão constitucional seria realizada cinco 
anos contados da promulgação da CRFB/88, pelo voto da maioria absoluta de seus 
membros, em sessão unicameral. 
Como fácil de perceber, o poder constituinte derivado revisor pode manifestar-se 
uma única vez, observados os termos estabelecidos pelo poder constituinte originário, 
uma vez que a norma autorizadora teve a sua eficácia exaurida e sua aplicabilidade 
esgotada com a edição de seis Emendas Constitucionais de Revisão. 
Cumpre destacar, as principais diferenças entre a as Emendas Constitucionais (EC) 
e as Emendas Constitucionais de revisão (ECR), no quarto a seguir: 
 
 Emendas Constitucionais Emendas Constitucionais de revisão 
Poder Poder Constituinte Derivado 
Reformador 
Poder Constituinte Derivado Revisor 
Fundamento CRFB/88, art. 60 ADCT, art. 3º 
Votação Câmara dos Deputados e Senado 
Federal, separadamente 
Congresso Nacional, em sessão unicameral 
(Câmara dos Deputados e Senado Federal, 
conjuntamente) 
Turnos 2 (dois) turnos em cada casa do 
Congresso Nacional 
Turno único 
Quórum 3/5 dos membros Maioria absoluta 
 
 
2.2.3. Poder Constituinte Derivado Decorrente 
O Poder Constituinte Derivado Decorrente também obra do Poder Constituinte 
Originário. É a possibilidade que os Estados-membros têm, em virtude de sua autonomia 
político-administrativa, de se auto-organizarem por meio de suas respectivas 
constituições estaduais, sempre respeitando os princípios da Constituição Federal, nos 
termos do art. 11, do ADCT (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias) e art. 25, 
da CRFB/88. 
Conforme estabelecido no art. 11, do ADCT, que assim dispôs: “Cada Assembleia 
 
 
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Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no prazo de 
um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios 
desta. Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara 
Municipal, no prazo de seis meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de 
discussão e votação, respeitado o disposto na Constituição Federal e na Constituição 
Estadual. 
 
3. Mutação constitucional 
Como a sociedade é dinâmica e refaz seus entendimentos (ou constrói outros) 
com o passar do tempo, o ordenamento constitucional deve acompanhar essa evolução 
do pensamento social sob pena de ver-se tolhido do fundamento que lhe concede 
validade: a soberania popular. Assim, seja rígida ou flexível, toda Constituição é passível 
de mudança, e até aconselhável que o seja, sob pena de ser tornar absolutamente 
ultrapassada, criando problemas incontornáveis para a comunidade que regra sua 
conduta conforme suas normas. Para tanto, utilizam-se os meios formais e os meios 
informais. 
A mutação constitucional é um fenômeno informal de alteração do conteúdo 
do texto Constitucional. São alterações semânticas dos preceitos da Constituição, em 
decorrência de modificações no prisma histórico-social ou fático-axiológico em que se 
concretiza a sua aplicação. 
No Brasil, com a ampliação da competência do STF pela Constituição de 1988, 
pode-se perceber que o instituto ora estudado é perfeitamente aplicável ao 
ordenamento jurídico brasileiro e tem ganhado força como mais um mecanismo de 
alteração constitucional.

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