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Aula 8: Mastites Doenças Infecciosas Professor: Edson Inflamações agudas ou crônicas das glândulas mamárias, sendo mais frequentes em ruminantes sendo os agentes etiológicos, predominantemente bacterianos. Sinonímia: mamite, mamite contagiosa das vacas leiteiras, mamite estreptocócica. Entraves da exploração leiteira: Metrites, mastites, pododermatites. Fatores de risco são os nutricionais, ambientais e humanos. Mastites bovinas (importância econômica): afecção que determina a maior queda na produção leiteira entre todas as outras. Aproximadamente de 17 a 20% da população mundial das vacas leiteiras é acometida. Perdas anuais de 2 bilhões de dólares nos EUA, há ainda a redução da produção leiteira total: mastites subclínicas 82%, e mastites clínicas 18% dos casos. Importância Veterinária: Alta ocorrência em rebanhos leiteiros (70%). Redução acentuada da produção de leite, alteração da qualidade do leite comprometendo o processamento, custos do tratamento, enquanto se tratando o animal, o leite deve ser descartado, mastites subclínicas causam a disseminação para todo o rebanho e ainda há riscos para o consumidor. Principais agentes etiológicos: Bactérias: Staphylococcus aureus, S. epidermitis, Streptococcus agalactiae, S. disgalactiae, S. uberis, Corynebacterium, Escherichia coli, Mycoplasma spp, Pastereulla muttocida, Pasteurella haemolytica, Klebsiella pneumoniae, Pseudomonas aeruginosa, Mycobacterium sp., Yersinia pseudotuberculosis Ainda podem produzir algas, fungos, vírus, protozoários e agentes não infecciosos (como traumas ou pancadas) Características Mastite Contagiosa Mastite Ambiental Patógenos na pele dos tetos e úbere Momento de transmissão: durante ordenha Erradicação: possível Diagnóstico: CMT Patógenos disseminados no ambiente Momento de transmissão: entre ordenhas Erradicação: impossível Diagnóstico: Clínico Principais Patógenos Envolvidos Mastite Contagiosa Mastite Ambiental Staphylococcus aureus Streptococcus agalactiae Corynebacterium bovis Streptococcus dysgalactiae Escherichia coli Streptococcus uberis Klebsiela sp Enterobacter sp Pseudomonas sp Aspectos Epidemiológicos: Distribuição cosmopolita Maior ocorrência em gado leiteiro especializado. Geralmente ligado a erros de manejo (manejo sanitário) Infecção ascendente (leite residual, abertura do esfíncter da teta, local de repouso após a ordenha em más condições) APRESENTAÇÃO: CLÍNICA E SUBCLÍNICA EVOLUÇÃO: AGUDA E CRÔNICA Fatores Pré-disponentes: Idade (prevalência aumenta com a idade – pico aos 7 anos). Lactação – Fase inicial ( 50-60 dias) e no período seco (leite residual) Ordenha – higiene e regulagem dos equipamentos Morfologia – diâmetro do canal da teta, proximidade úbere – solo; hiperqueratose do orifício da teta; papilomatose, etc. Estado nutricional – Vitaminas A e E e Selênio Produção – Quanto maior, maior a ocorrência Estação do ano – (pico de lactação nos períodos de maior umidade. Fontes de Infecção: Mãos do ordenhador Copos da ordenhadeira mecânica Contato das tetas com o chão contaminado Lesão dos tetos (porta de entrada) Vetores (moscas) Higienização da sala de ordenha deficiente Regulagem errônea da pressão da ordenhadeira mecânica (leite residual X lesões nos tetos) Patogenia: Infecção pelo canal galactóforo Colonização e progressão para o interior da glândula mamária Causa inflamação e processos granulomatosos na cisterna e nos canais galactóforos Involução dos alvéolos - Redução da produção de leite. Repercussões da Patogênese: Com a infecção localizada, ocorrerá grande atração leucocitária, gerando edema, formação de abcessos e bloqueio dos canais galactóforos por coágulos de fibrina. Os agentes, alteram o ambiente celular por ação de suas enzimas e catabólitos; fermentam a lactose e acidificam o meio (leite). Neutrófilos e linfócitos migram para os focos, instalando-se a mastite (contagem de células somáticas) Patologia Clínica: O exsudato celular dá à secreção um aspecto purulento Devido a precipitação de fibrina e floculação da caseína a secreção poderá apresentar aspecto grumoso ou flocular. Dependendo do agente instalado, poderemos observar secreções purulento-hemorrágicas ou aquosas (casos em que o leite dessora). Alterações Progressivas Observadas: Primeiro sinal - Redução da produção de leite e animal assintomático. Leite com aspecto normal, porém coagula-se mais facilmente e gosto mais salgado Alterações do leite: Aquoso, azulado, amarelado, viscoso, fétido, começa a apresentar massas de fibrina, sangue e pus espesso. Lesões Observadas: Variam com o tipo de evolução da doença, em geral observaremos: Inflamação Formação de tecido intersticial novo, causando fibrose tecidual e/ou induração da glândula; observa-se presença de massas caseosas esbranquiçadas, espessas, no interior da mama. Em processo crônico, o órgão se transforma num bloco fibroso, constituído por tecido conjuntivo intersticial, no qual os alvéolos mamários se encontram atrofiados. Diagnóstico Clínico: Inspeção da Mama - Edema, sensibilidade, calor, abcessos, nódulos fibrosos, reação do gânglio supramamário. Induração da mama Nas mamites agudas é comum a ocorrência de hipertermia (quadros febris), anorexia e depressão Redução da produção láctea e alteração de suas características Devido a dor, causada pelo movimento sobre o úbere inflamado, a vaca claudica Nos casos tóxicos severos poderá haver paraplegia. Diagnóstico Laboratorial: Material a coletar: Leite, recentemente ordenhado Remessa do material: Sob refrigeração Observação: Os exames para diagnóstico de mastite não devem ser realizados durante a primeira semana de lactação, já que o colostro comumente apresenta sangue livre e fragmentos celulares, além de grande quantidade de albumina e globulinas. Exames Laboratoriais: Teste de Hotis - baseia-se na aferição do pH do leite Dosagem de cloretos (normalmente é de 0,08 a 0,14) Prova da catalase (o leite de vacas com mastite apresenta aumento do número de leucócitos) Prova Modificada de Whiteside Cultivos em placa de Ágar-Sangue Prova de contagem global dos leucócitos (Contagem de células somáticas) Prova de contagem global dos leucócitos: Espalhar 0,01 mL do leite homogeneizado sobre a superfície de 1 cm2 de uma lâmina de vidro Secar o leite sobre uma chama branda Retirar a gordura - uso de Xilol Fixar o esfregaço - uso de álcool absoluto Corar - Azul de Metileno Descorar - Álcool absoluto Examinar ao microscópio, contando os leucócitos em cerca de 25 campos e estabelecer a média Técnica Diagnósticas a Campo: Prova da caneca ou prova do caneco de fundo preto, ou prova da caneca telada - visa observar macroscopicamente as alterações do leite (mastite clínica) Califórnia Mastitis Test (CMT) - Baseia-se na reação de um detergente aniônico (pH 7,0) mais Púrpura de Bromocresol, que misturados ao leite produzem gelificação e modificação da cor do indicador nos casos de mastite ( presença de células somáticas). Califórnia Mastitis Test (CMT) Usar uma bandeija especial de plástico, com 4 pequenos copos, uma para cada teta Colher 2-3 mL de leite suspeito, em cada um dos copos. Adicionar 2 a 3 mL do reagente Leitura : O leite alterado forma uma massa gelatinosa de coloração variada, de acordo com a intensidade da reação. Prognóstico: Geralmente Grave - Não pela letalidade, mas sim em relação ao sistema produtivo e pela fácil disseminação. Nos casos de mastites agudas tratadas precocemente, a cura é rápida (5 dias). Se não ceder ao tratamento em 7 a 10 dias, tendem a cronicidade, sendo o prognóstico reservado a mau, de acordo com o agente presente, decréscimo da produção ou do quarto afetado. Profilaxia: Estabelecer severas medidas de higiene Monitoramento periódico da mastite no rebanho Isolar e tratar vacas suspeitas ou doentes Após tratamento realizar novos testes, onde asnegativas voltam ao rebanho, e nas positivas colher o leite para cultura e antibiograma. Tratar de acordo com o resultado do antibiograma Após o tratamento realizar novos testes, onde as negativas voltam ao rebanho, e as positivas: Se animal de grande valor realizar ablação química do quarto afetado Se de baixo valor - eliminar animal do rebanho Tratamento: Antibióticos - Os mais recomendados, são os líquidos ou pomadas anti-mastíticas de uso intra-mamário ( Penicilina, Estreptomicina, Tetraciclinas, Terramicina, Cloranfenicol, Neomicina e Lincomicina) Ablação química - Nitrato de Prata a 5% (20 a 50 ml), em situações graves pode-se utilizar Dexametasona a 0,05 mg/kg via intramuscular, seguido de banho frio na região do úbere. Higiene antes da ordenha Teste da Caneca Telada CMT Pré dipping - solução desinfectante, antes da ordenha aplicar amônia quaternária ou hipoclorito. Após a ordenha colocar glicerina líquida funcionando como um tampão. O pH do leite é neutro para levemente alcalino.
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