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AULA - Alterações da Consciência, Atenção e Orientação 1 - Consciência e suas alterações 1.1 – Consciência – definição básica Sinônimos de consciência: vigilância, lucidez. A consciência ou estado de consciência engloba o todo momentâneo das atividades mentais, desde funções como atenção e percepção até o raciocínio abstrato. Sua integridade é chamada ‘lucidez’ ou clareza de consciência. Só se fala em alteração ou perturbação da consciência quando os fenômenos psíquicos se acham modificados em sua totalidade. 1.2 - Graus de perda da lucidez (ou rebaixamento da consciência): Turvação ou obnubilação da consciência (ob nubilare: por uma nuvem na frente, enevoar). Letargia, sonolência, diminuição global da atenção, todas as funções psíquicas se reduzem. Pode envolver confusão mental ou não. Estupor, sopor ou coma superficial: aprofundamento da turvação, levando a um estado em que o paciente só pode ser despertado por estímulos muito fortes e constantes. Envolve confusão mental freqüentemente. Coma ou coma profundo: Ausência de qualquer reação a estímulo interno e externo; ou seja, não é possível mais despertar o paciente com qualquer procedimento que seja. Não há nenhuma atividade psíquica e pode chegar até a atingir a respiração. Morte cerebral: ocorre após o coma tornar-se irreversível, por lesão cortical generalizada. A determinação da morte cerebral é um processo delicado e envolve controvérsias. 1.3 – Síndromes Confusionais associadas aos estados de rebaixamento de consciência: Confusão mental ou estado confusional agudo. Sinônimos: amência, loucura momentânea, delirium (≠ delírio), etc. Alteração qualitativa associada aos estados de rebaixamento de consciência (obnubilação ou sopor). Associada a comprometimentos globais das funções cognitivas, percepção, atenção, orientação, pensamento, memória, etc. O paciente apresenta reação desnorteada, intranqüila, confusa, desorientada quanto ao ambiente, com medo e angustia. O pensamento e a percepção podem aproximar-se de um sonho com visões e cenas em movimento (alucinações visuais), das quais o paciente participa como um sonâmbulo, de modo assustado. Pode levar às reações mais variadas, fugas e até suicídio por defenestração, daí a necessidade de observação constante do paciente ou mesmo contenção no leito. Tem início súbito, curso breve e flutuante, melhora rápida, assim que a causa é identificada e eliminada. Pode ser causada por estados de fadiga , esgotamento e desidratação. Mais freqüentemente ocorre devido a uma debilitação da condição médica geral (infecções, lesões cerebrais, traumatismos, etc.) É de grande incidência em pacientes hospitalizados (30% dos pacientes em UTI apresentam delirium) É induzida por substâncias tóxicas (uso, abuso ou abstinência de drogas, inclusive anestesia e medicamentos de um modo geral). Na abstinência alcoólica, especificamente, é conhecida como delirium tremens. Um sintoma psicopatológico não tem valor em si mesmo na decorrência de uma redução da consciência. Detectada alteração de consciência, o importante é descobrir a causa (quase sempre médica) da alteração e tratá-la. 1.4 – Alterações qualitativas da consciência EM ANEXO 1.5 - Referências Bibliográficas: DALGALARRANDO, Paulo. Psicopatologia e Sociologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000; cap. 10. LYRA BASTOS, C. Manual do Exame Psíquico – uma introdução prática à psicopatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. Cap. 6. CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap. 5 2 - Atenção e suas alterações Atenção é definida como o foco da consciência Um sinônimo para a palavra atenção é prosexia. 2.1 - Caracterização da atenção normal: Atenção externa e interna. Atenção voluntária e espontânea. Atenção focal e dispersa Atenção concentrada e flutuante. Tenacidade e Vigilância da atenção. 2.2 - Alterações quantitativas da atenção Hiperprosexia: Aumento quantitativo da atenção, superatividade da atenção espontânea. Ex: Casos de excitação psicomotora dos maníacos, esquizofrenia paranóide; anfetamina, LSD, etc. Hipoprosexia: enfraquecimento da atenção. Ex: estados infecciosos com obnubilação da consciência; embriagues; depressão; esquizofrenia catatônica; deficiências mentais, etc. Aprosexia: Falta absoluta de atenção. Ex: Estados demenciais; estados de estupor, etc. 2.3 - Alterações qualitativas da atenção: Distraibilidade: incapacidade de fixar a atenção, de caráter patológico.Ex: estudante que desvia atenção para qualquer ruído. Distração: concentração num assunto impede a apreensão do mesmo, sem caráter patológico. Ex: sábio ou estudioso concentrado. Rigidez da atenção (Hipovigilância + Hipertenacidade) Hipovigilancia: Mobilidade diminuída do foco da atenção, incapacidade de desviar a atenção. Hipertenacidade: Manutenção exagerada do foco de atenção num único objeto, exacerbação da atenção voluntária; ensimesmamento (quando o objeto é interno). Ex: Na depressão, o indivíduo fica concentrado em seus pensamentos dolorosos, sem conseguir desviar a atenção para mais nada. Labilidade da atenção ( Hipervigilância + Hipotenacidade) Hipervigilancia: Mudança acelerada e excessiva do foco da atenção. Hipotenacidade: Incapacidade de manutenção do foco de atenção. Ex: O quadro de TDA (Transtorno de Déficit de Atenção) se caracteriza pela hipervigilância e hipotenacidade da atenção. Desatenção seletiva Bloqueio somente daquelas coisas que geram ansiedade. 2.4 - Referências Bibliográficas: DALGALARRANDO, P. Psicopatologia e Sociologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000; cap11 CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap. 6 LYRA BASTOS, C. Manual do Exame Psíquico – uma introdução prática à psicopatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. Cap. 7. PAIM, I – Curso de Psicopatologia. São Paulo: EPA, 1993, cap.7. LOUZÃ NETO, M.R.- TDAH ao longo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2010. BARKLEY, R.A. e MURPHY, K.R.- Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade – Exercícios clínicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. 3 - Orientação e suas alterações 3.1 - Orientação Orientação Autopsíquica, Auto Orientação ou Orientação do Eu - Diz-se que o paciente está bem orientado quanto à noção do eu, quando fornece os dados de sua identificação (nome, idade, nacionalidade, profissão, estado civil, etc.) Orientação Alopsíquica, Orientação no Mundo ou Espaço Temporal - Associada às noções de espaço e tempo; refere-se a capacidade de responder indagações acerca do lugar onde o paciente se encontra, meio que habita e tempo em que vive (dia da semana, mês, ano, etc.). A capacidade de orientação é expressão objetiva da consciência ou lucidez psíquica. Perturbada a consciência, altera-se concomitantemente a orientação. Outras funções psíquicas (afetividade, memória, pensamento, etc.), quando alteradas, também podem perturbar nossa capacidade de orientação espacial, temporal e pessoal (eu ou outros). 3.2 – Alterações da orientação: Distinguem-se, em geral, quatro formas de desorientação, dependendo das alterações psíquicas primárias que a condicionem: Desorientação apática: A pessoa percebe os acontecimentos de modo claro mas, por falta de interesse ou energia é incapaz de elaborar as percepções e revela-se desorientada no tempo e no espaço. É comum na esquizofrenia e na depressão melancólica. Desorientação amnéstica (amnésica): Por enfraquecimento acentuado da memória, principalmente por incapacidade de fixar acontecimentos, advém uma desorientação espaço-temporal, associada a dificuldades de elaboração das ocorrências da vida cotidiana. É comum nos estados demenciais, síndrome de Korsakov, etc. Desorientação delirante: Sinônimo: dupla orientação: a delirante ao lado da normal.A pessoa conserva perfeita lucidez e compreende os acontecimentos, porém elabora de maneira defeituosa as percepções e lembranças, falsificando a situação (outras identidades, lugares ou épocas). É muito difícil dissuadir a falsa orientação, pois ela é mantida por ilusões, alucinações e o delírio. É encontrada na esquizofrenia paranóide e em depressões graves. Desorientação amencial: Ocorre nas graves alterações de consciência. A imprecisão da atenção, percepção, pensamento, etc. influenciam na desorientação. Desorientação de caráter fantástico, semelhante ao sonho. Acompanha o delirium tremens na abstinência alcoólica e outras afecções orgânicas. 3.3 - Referências Bibliográficas: DALGALARRANDO, Paulo. Psicopatologia e Sociologia dos Transtornos Mentais. Porto Alegre: Artmed, 2000; cap. 12 LYRA BASTOS, C. Manual do Exame Psíquico – uma introdução prática à psicopatologia. Rio de Janeiro: Revinter, 2000. Cap. 7 CHENIAUX, E. Manual de Psicopatologia.Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. Cap.18.
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