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Estudo de Direito Administrativo

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Estudo de Direito Administrativo
Estado
O Direito Administrativo estuda o Estado sobre a ótica do direito interno, o Estado como ente, como sujeito de direito público interno, como ele se organiza. 1º a partir da Constituição, devemos saber o que tem na CF acerca do Direito Administrativo. 
Um povo que se organiza num território sob a batuta de um governo soberano atualmente não tem a mesma configuração que ele detinha no passado. O Estado moderno é próprio do final do século XVIII. A primeira forma de Estado foi ABSOLUTISTA, em que não existia a tripartição de poderes, o soberano que detinha um poder ilimitado, tendia a abusar dele. 
Jhon Lock lançou o embrião da TRIPARTIÇÃO DOS PODERES DO ESTADO, pois observou-se que a reunião desses entes conduzia ao absolutismo, ao arbítrio, a violação dos direitos dos administrados e Montesquieu, com a obra O ESPÍRITO DAS LEIS, a doutrina da separação dos poderes do Estado atingiu seu ponto máximo. Dai se separou os poderes em Executivo (aquele que executa a lei, de ofício, no caso concreto), Legislativo (produz os atos normativos) e Judiciário (soluciona os conflitos, com força de definitividade, mas não age de ofício, pois precisa ser provocado). Esta definição se divide também em função Típica e Atípicas;
Poder Judiciário:
Função típica: julgar
Função atípica: administrar e legislar
Poder Executivo:
Função típica: administrar
Função atípica: legislar e julgar
Poder Legislativo:
Função típica: legislar e fiscalizar
Função atípica: administrar e julgar
Um poder controla o outro nos termos da nossa Constituição, pois os poderes são harmônicos e independentes entre si, logo qualquer forma de controle fora da CF é inconstitucional:
Constituição Federal - Art. 2º São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário.
Função Política ou Função de Governo – É a função desempenhada pelos órgãos superiores da CF, órgãos esses relacionados principalmente com o poder Executivo. Ex.: Quando a União relaciona-se com estados estrangeiros.
Conceito de Direito Administrativo
É o conjunto de regras, de princípios, conjunto de normas jurídicas que regulamenta. É o ramo jurídico de direito público interno que estuda a relação do Estado no exercício da função administrativa e dos administrados na realização do interesse comum, esse é objeto de estudo do Direito Administrativo.
Critérios para definir a atividade da ADM pública:
Critério da Escola do Serviço Público (Século XIX) – Seria considerado Direito Administrativo toda aquela atividade que estava prestes ao serviço público oferece alguma utilidade para os administrados, para os cidadãos. É um critério frágil, pois não diferencia a atividade do Executivo, Legislativo e Judiciário, pois todos prestam um serviço público.
Critério do Órgão Agente: Toda atividade prestada pelo Executivo seria atividade administrativa. É também um critério frágil, pois os outros órgãos também exercem função administrativa.
Critério da Finalidade: Seria considerada atividade ADM toda vez que o Estado presta (de ofício) algum tipo de utilidade que o cidadão usufrui em seu dia-a-dia, necessidades imediatas. Ex.: Início das aulas na escola pública, funcionamento da Delegacia de Polícia, 
Obs.: TODOS OS ÓRGÃOS EXERCEM FUNÇÃO ADMINISTRATIVA
 Sentido
Administração Pública – diz respeito aos entes, aos órgãos e aos agentes que executam a atividade administrativa – este é o SENTIDO SUBJETIVO ou ORGÂNICO.
administração pública – Sentido OBJETIVO ou FORMAL, porque diz respeito a atividade material, àquilo que esses órgãos realizam em sua atividade própria. Ex.: professora na escola pública dando aula, a enfermeira no posto de saúde.
Classificação e fontes do Direito Administrativo
Não existe no direito brasileiro, pois não existe Código Administrativo, logo a competência constitucional para legislar sobre Direito Administrativo é CONCORRENTE. Cada ente político tem suas leis administrativas: leis federais, distritais, estaduais e municipais. 
Obs.: Existem matérias que a própria Constituição atribui exclusivamente a determinado ente federativo. Ex.: Compete exclusivamente aos estados a exploração de gás natural canalizado. A Constituição outorga aos municípios, privativamente, a legislação sobre assuntos de interesse local – transporte urbano municipal.
Cabe privativamente a União legislar sobre expropriação, sobre licitação, sobre exploração mineral, exploração de potencial hídrico.
 
Sistemas de Controle da Administração (PROOOOOOOOOOOOOOOOOOOOVA)
Qualquer forma de controle fora da Constituição é GOLPE. É uma ruptura da ordem constitucional.
- Sistema Francês / Dualidade de Jurisdição
O povo desconfiava dos juízes e resolveram criar 2 sistemas de jurisdição: a Jurisdição Administrativa (cuida dos litígios que envolvem a ADM pública e o tribunal administrativo vai julgar e formar uma coisa julgada administrativa – contencioso administrativo -, ou seja, não vai para o judiciário) e a Jurisdição Comum (Todas as matérias que não envolvem matéria ADM são de competência do judiciário comum).
A desvantagem desse tipo de sistema é que a Administração tanto é parte como juiz.
- Sistema Inglês / Unicidade de Jurisdição (nosso sistema)
É aquele que apregoa que todo e qualquer litígio no seio da sociedade pode ser submetido ao poder judicial. O poder judiciário tem o poder de julgar e fazer a coisa julgada. 
CF, art 5º, XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito;
 
OBS.: Esgotamento da via administrativa: Contencioso administrativo de curso forçado; Na Constituição de 67 que só permitia o acesso ao judiciário, nos litígios administrativos, quando esgotava a jurisdição administrativa – era instância administrativa de curso forçado. 
Ainda hoje existe hoje no nosso direito casos em que é preciso esgotar a jurisdição administrativa:
CF, art. 217, § 1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei. (Primeiro litiga até o fim da justiça desportiva)
Outro exemplo é a Súmula Vinculante, pois para atacar uma Súmula Vinculante cabe uma Reclamação que visa anular ou modificar a decisão, ocorre que só cabe a Reclamação Constitucional para o Supremo quando esgotada a via administrativa.
Formas de Administração Pública (Tipologia) (PROOOOOOOOOOOOOOOOOOVA)
- Administração Pública Patrimonialista: O soberano nomeava quem ele quisesse e isso dava margem à corrupção, pois nomeava seus próprios parentes (Nepotismo). O interesse público confundia-se com o interesse soberano, o soberano geria a coisa pública como se fosse dono dela. A coisa pública se confundia com a coisa do príncipe. Muitos municípios agem assim, o gestor não paga as dívidas da gestão anterior, pois acredita que não é responsabilidade dele.
- Administração Pública Burocrática (Controle Formal): No modelo de Administração burocrática são adotadas uma série de medidas cujo objetivo é a defesa da coisa pública (para evitar corrupção), em contraposição ao período patrimonialista antecedente, cuja característica principal é a confusão entre patrimônio público, Estado, e o patrimônio particular do detentor do poder. Ela é formalista, enfatiza muito o controle de meios e ela disciplina como esses órgãos se escalonam, do ponto de vista hierárquico, e como eles escalonam as suas funções. Logo, ela é FORMAL e é INEFICIENTE, porque ela prioriza muito o controle de meios e impede que o ato seja eficiente, pois a cada passo que o administrador dá, ele tem que prestar contas ao órgão de controle, logo, essa forma de administrar não anda. É o chamado Estado providência. Ex.: Burocracia para abrir uma empresa.
- Administração Pública Gerencial: É uma forma de minimizar os percalços da Administração Burocrática. A Administração pública gerencial é aquela construída sobre bases que consideram o Estado uma grande empresa cujos serviços são destinados aos seus clientes, outroracidadãos; na eficiência dos serviços, na avaliação de desempenho e no controle de resultados, suas principais características. Privilegia a descentralização de funções e órgãos, hierarquização, tenta diminuir o Estado através da privatização (ex.: serviços de telefonia, água...). Visa resultados e cumprimentos de metas, pois como o Estado não consegue fiscalizar tudo ao mesmo tempo ele descentraliza os órgãos e suas funções para controlar e ser mais eficiente. 
Regime Jurídico Administrativo – tem sede constitucional
É o conjunto de normas que regem em seu dia-a-dia a atividade da Administração Pública. Conjunto de normas, princípios e regras, que disciplinam como os órgãos administrativos e entes funcionam, operam no mundo jurídico, como os agentes da administração pública, os servidores em geral, agem no mundo jurídico. Então esse conjunto de princípios que regem a atividade administrativa do Estado é denominado REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO.
O que é Interesse Público? (PROOOOOOOOOOOOOOVA – Questão dissertativa)
Inicialmente, cumpre esclarecer que se trata de norma jurídica, da espécie princípio, implícito no sistema constitucional brasileiro. Esta quer afirmar que, a despeito dos direitos e garantias individuais de cada cidadão, isto é, o chamado interesse particular, não se pode esquecer que estes se somam, se coletivizam e formam o chamado interesse público, o qual nada mais é que a soma de interesses individuais, a ser representado por uma instituição jurídica comum: o Estado, o Poder Público.
Disto decorre que o interesse público, sendo conjunto de interesses individuais, nada mais é do que o próprio interesse dos particulares, no seu todo, numa máxima potência. Daí porque, são inerentes ao interesse público a sua supremacia, ou seja, posicionamento do conjunto acima dos interesses individuais isolados, e a sua indisponibilidade, a saber, impossibilidade de ser manejado segundo subjetividade ou interesses de quem quer que seja, senão da vontade soberana do povo, expressada mediante as leis elaboradas pelos seus representantes devidamente eleitos para esta finalidade.
Portanto, ao contrário do que dizem alguns, não há supremacia do interesse público sobre o privado, porque o interesse público é o interesse privado, qualificado por ser o interesse privado de um conjunto de indivíduos, de uma comunidade, e não destes vistos isoladamente. O que existe é supremacia do interesse público para a promoção dos interesses particulares.
Um exemplo pode ilustrar: todos nós temos o interesse individual, mas comum, de circular pelas vias e ruas, com as melhores condições. Mas um indivíduo pode ter um interesse particular individual, mas isolado, de que sua propriedade permaneça inalterada. Neste aparente conflito, a soma dos interesses particulares, representada com a supremacia do Poder Público, irá permitir a conciliação de ambos: a propriedade do indivíduo será alterada de imóvel para pecuniária (dinheiro), para que nela seja instalada uma estação de metrô, que promoverá o interesse público, ou do conjunto de indivíduos, de melhor circulação e transporte de pessoas, inclusive do então proprietário da área indenizada. Isso se perfaz via instituto da desapropriação, fundamentado no interesse o público, que assim se revela supremo e indisponível, mas favorável ao particular comum, somado!
A questão do interesse público
- Primário: Os interesses públicos primários são os interesses diretos do povo, os interesses gerais imediatos. É o interesse público que atende a coletividade como um todo, ao conjunto de cidadãos em sua projeção social com participação na gestão da coisa pública. O interesse público primário é o verdadeiro interesse a que se destina a Administração Pública, pois este alcança o interesse da coletividade e possui supremacia sobre o particular. 
- Secundário: Já os interesses públicos secundários são os interesses imediatos do Estado na qualidade de pessoa jurídica, titular de direitos e obrigações. Esses interesses secundários são interesses meramente patrimoniais, em que o Estado busca aumentar sua riqueza, ampliando receitas ou evitando gastos. Também são mencionados como manifestação de interesses secundários os atos internos de gestão administrativa, ou seja, as atividades-meio da Administração, que existem para fortalecê-la como organismo, mas que só se justificam se forem instrumentos para que esse organismo atue em prol dos interesses primários.
Qual a razão jurídica de existir um REGIME JURÍDICO ADMINISTRATIVO? Pois o interesse não é do agente, mas sim da COLETIVIDADE. Existem prerrogativas que são atribuídas aos órgãos e aos agentes públicos, pois precisam de instrumentos para que a vontade da coletividade seja realizada. 
Exs.: 1 - O prazo para manifestação da Fazenda Pública é dobrado, pois o Estado tem muitas atividades e visando a organização, o prazo é maior;
2 - O pagamento de execução do Estado é feito por Precatório; 
3 - Os bens públicos são impenhoráveis e imprescritíveis.
Vige desse regime a noção de supremacia do Interesse Público sobre interesse privado. (PROVAAA)
PRINCÍPIOS EXPLÍCITOS
CF, art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte...
L.I.M.P.E: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Publicidade e Eficiência
# Princípio da Legalidade
A Legalidade está no alicerce do Estado de Direito, no princípio da autonomia da vontade. Baseia-se no Art. 5º da CF, que diz que "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei", pressuposto de que tudo o que não é proibido, é permitido por lei, mas o administrador público deve fazer as coisas sob a regência da lei imposta. Portanto, só pode fazer o que a lei lhe autoriza. Ele não pode se distanciar dessa realidade, caso contrário será julgado de acordo com seus atos e além de obedecer ao que está explícito tem que obedecer ao que está implícito: moralidade (Chamado de Princípio da Juridicidade). A legalidade surge do Estado Democrático de Direito, pois as leis são feitas pelos representantes através de democracia indireta, o próprio Estado promulga as leis e ele (estado) também deve obediência a essas leis.
# Princípio da Impessoalidade
A imagem de administrador público não deve ser identificada quando a Administração Pública estiver atuando, logo, os atos que são praticados não são de autoria do agente, eles são de autoria do Estado. Outro fator é que o administrador não pode fazer sua própria promoção, tendo em vista seu cargo, pois esse atua em nome do interesse público. E mais, ao representante público é proibido o privilégio de pessoas específicas. Todos devem ser tratados de forma igual – princípio da Isonomia. 
Ex.: Vedação ao Nepotismo (súmula vinculante 13), Concurso público para cargos, Licitações...Quando um agente de trânsito leva uma moto na blitz não é ele (pessoa) que está agindo e sim o Estado.
# Princípio da Moralidade
A moralidade administrativa não é a mesma e nem se assemelha a uma moral social, ela é uma moralidade de natureza JURÍDICA, que impõe ao gestor no trato com a coisa pública e no relacionamento com os administrados impõe uma conduta proba, honesta, correta e de boa-fé. Visa inibir diversos crimes: peculato, corrupção, desvio de verba pública e que o administrador utilize os bens públicos como se dele fosse dono. Ou seja, o administrador deve trabalhar com bases éticas na administração, lembrando que não pode ser limitada na distinção de bem ou mal. Não se deve visar apenas esses dois aspectos, adicionando a ideia de que o fim é sempre será o bem comum. A legalidade e finalidade devem andar juntas na conduta de qualquer servidor público, para o alcance da moralidade, não adianta a conduta ser legal, tem que ser legal e moral. 
Ex.: Um vereador do Rio de Janeiro, dentro da atual crise econômica, comprar um helicóptero de2 milhões de reais. – a conduta é legal, mas não é moral.
Um prefeito, dentro da crise municipal, contratar um cantor q cobra 500 mil reais para cantar no carnaval. – a conduta é legal, mas não é moral.
A população pode entrar com uma AÇÃO POPULAR para tentar anular um ato administrativo com vício, ou imoral. O Ministério Público pode combater a imoralidade administrativa, combater os atos que agridam os princípios da administração pública é através das Ações de Improbidade Administrativa.
# Princípio da Publicidade
Na Publicidade, o gerenciamento deve ser feito de forma legal, não oculta. Deve ter publicidade dos atos, dos programas, dos projetos, das licitações... Esse princípio decorre do Estado Democrático de Direito; nós temos direito de recorrer aos nossos direitos quando a ADM pública age de forma contrária à lei (AÇÃO POPULAR), mas para que possamos usufruir desse direito devemos ter acesso as informações. A publicação dos assuntos é importante para a fiscalização, o que contribui para ambos os lados, tanto para o administrador quanto para o público. Porém, a publicidade não pode ser usada de forma errada, para a propaganda pessoal, e, sim, para haver um verdadeiro controle social. A exceção a esse princípio é o sigilo necessário para a Segurança Nacional, por exemplo: questões estratégicas relacionadas às forças armadas, questões estratégicas relacionadas ao desenvolvimento tecnológico nacional, questões estratégicas relacionadas à segurança pessoal das altas autoridades da República...
L.A.I. – Lei de Acesso à Informação – 12.527/11
# Princípio da Eficiência
A eficiência administrativa é uma novidade que entrou foi inserida ao caput do art. 37 da CF através da Emenda Constitucional 19/98. Visa diminuir custos e aumentar a eficiência do Estado, visa diminuir a burocracia e melhorar os resultados da prestação de serviço público, melhorar a economicidade, produzir mais, render mais e custando menos. A eficiência abrange o órgão e ao agente público, pois esse princípio afirma que o administrador tem o dever de fazer uma boa gestão, tem que ter rendimento funcional e presteza. O representante deve trazer as melhores saídas, sob a legalidade da lei, bem como mais efetiva. Com esse princípio, o administrador obtém a resposta do interesse público e o Estado possui maior eficácia na elaboração de suas ações. Para analisar essa eficiência existe o estágio probatório onde o agente estará sendo avaliado em seu cargo: frequência, relacionamento com seus colegas de trabalho, cumprimento das normas, observar o desemprenho das atribuições de seu cargo e dependendo dessa avaliação o servidor público pode até ser EXONERADO.
PRINCÍPIOS IMPLÍCITOS
# Princípio da Continuidade do Serviço Público 
É um princípio implícito no Regime jurídico constitucional. Está expresso no art. 22 do CDC, ou seja, não é constitucional, MAS tem previsão legal expressa no Código do Consumidor.
Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias, permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais, contínuos.
Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a reparar os danos causados, na forma prevista neste código.
O princípio da continuidade consiste na proibição da interrupção total do desempenho de atividades do serviço público prestado a população e seus usuários. Entende-se que, o serviço público consiste na forma pelo qual o Poder Público executa suas atribuições essenciais ou necessárias aos administrados. Diante disso, entende-se que o serviço público, como atividade de interesse coletivo, visando a sua aplicação diretamente a população, não pode parar, deve ele ser sempre continuo, pois sua paralisação total, ou até mesmo parcial, poderá acarretar prejuízos aos seus usuários, e não somente a eles, tendo em vista que destes prejuízos poderão ser exigidos ressarcimentos e até mesmo indenizações, recairá estes prejuízos aos próprios servidores públicos. 
É viável a paralisação de um hospital por 7 dias? A paralisação de um serviço de fornecimento de água por 20 dias, 30 dias? Cancelar o fornecimento de energia por 7 dias, 45 dias? NÃOOOOO, POIS VIOLA O PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO PÚBLICO e é um direito público subjetivo.
# Direito de Greve 
CF, Art. 37, VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica; porém até hoje não há lei que verse sobre (e nem haverá, visto que é uma “arma” de defesa na mão do servidor)
Logo, se não tiver lei específica versando sobre a greve ela será ILEGAL!
É PROIBIDA A SINDICALIZAÇÃO E A GREVE DOS MILITARES, pois o servidor militar é responsável pela Segurança Nacional. Como ficaria a segurança nacional se o militar entrasse em greve? Como ficaria a estabilidade nacional se eles são o “braço armado” do país? E essa regra se entende aos militares do estado (corpo de bombeiros e policiais militares), pois eles são uma reserva das forças armadas, auxiliam as foças armadas. Caso o país entre em guerra os militares estaduais também vão fazer parte do fronte militar junto com os militares das forças armadas. Se ele grevar praticará o crime de Abandono de posto ou função e pode ser preso em flagrante por seu superior. Vale ressaltar que a pena é alta, não cabe sursis, o regime é bem rigoroso.
Questões Importantes
Greve do Servidor Público Civil – PONTO DE VISTA DO AGENTE
A mesma razão jurídica que proíbe o policial militar de grevar também proíbe o civil, pois ambos são o “braço armado” do país e exercem importante função de segurança interna pública. Quando o cidadão ingressa nesse órgão ele já está ciente que o regime jurídico veda a greve – polícia rodoviária federal, delegado, policial civil...
O direito de greve tem que ser observado no caso concreto, visto que não tem lei específica que fale sobre a greve. 
É legítimo um perito do INSS gravar 4 meses? NÃO! Como fica a dona Maria que precisa de auxílio doença? Precisa de uma aposentadoria por invalidez. O que pesa mais, o interesse público ou o meu, que é patrimonial? 
Agora, se o servidor civil/administrativo está 4 meses sem receber os vencimentos, uma das vias que ele tem para requerer o seu direito é a greve. Nesse caso ela é sim o instrumento de pressão que viabiliza a busca pela contraprestação do serviço que já foi prestado. 
As cortes superiores já pacificaram: Paralisou – Greve ilegal, não trabalhou NÃO recebe;
 É legítima se não tiver paramento de salário.
Tem que ser judicializada para saber se é legal ou não. Então só o caso concreto é que vai fazer essa análise e como não há previsão legal para greve do servidor público, usa-se os princípios para amparar esse direito.
Lei de greve do servidor privado: Lei 7.783/89, já entraram com 3 Mandados de Injunção e os magistrados resolveram os casos aplicando a lei do servidor de iniciativa privada no que coube, mas como foi uma decisão em Mandado de Injunção, a decisão só coube para as partes daqueles processos, ela não é erga omnes.
Interrupção do Serviço Público – PONTO DE VISTA DO ENTE
Aqui é a pessoa jurídica que interrompe a prestação de serviço. Ela está melhor positivada na lei 8987/95, art. 6º, §3º:
Art. 6o Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas pertinentes e no respectivo contrato.
§ 3o Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.
Logo, Pode cortar o serviço quando não pagam, exemplo: energia, gás, água. Porém, a jurisprudênciafirmou que o serviço só pode ser interrompido pelo inadimplemento desde que o débito incida na FATURA ATUAL. A CELPA só pode cortar minha energia se eu devo o mês de setembro, mas se meus débitos são pretéritos (março, abril, maio), ela deve cobrar judicialmente. (Obs.: ISSO NÃO ACONTECE NO MUNDO REAL, eles vão lá e a KKKKKKKKKKKKKKK)
Pode interromper para fazer manutenção, desde que avise com antecedência. Mas é óbvio que se for por força maior não há como avisar.
Obs.: Serviços essenciais não podem ter interrompidos os serviços mesmo de particulares. Ex.: Como ficariam os pacientes do Hospital Santa Mônica se a CELPA cortasse a energia de lá por ser um hospital particular? Então não pode cortar, pois mesmo sendo particular É UM SERVIÇO ESSENCIAL.
Pode cortar dos órgãos do município??? Pode, desde que não seja serviço essencial.
# Princípio da Segurança Jurídica
A concepção de segurança vem atrelada a organização jurídica, bem como, ao direito, desde o início da civilização, buscando garantir uma boa convivência entre os seres. A segurança jurídica é um princípio que o Estado tem que garantir ao seu cidadão, tendo em vista a necessidade de demonstrar que apesar de ter ele, o Estado, um poder maior, garantido na mesma Carta Magna, existe uma dosagem e um controle da utilização deste poder. A Segurança Jurídica impõe que o Estado tenha uma estabilidade em sua ordem jurídica e em suas decisões, evitando surpresas para o administrado. Então ela impõe uma PREVISIBILIDADE, como o Estado resolverá aquela questão. Então a Segurança Jurídica decorre da proteção à confiança do administrado. O administrado deve confiar que a administração agirá deste ou daquele modo.
Assim sendo, nasce essa Segurança Jurídica para garantir aos cidadãos os seus direitos naturais – direito à liberdade, à vida, à propriedade, entre outro. 
Ele produz estabilidade e previsibilidade: Ex.: A administração interpreta uma lei da seguinte maneira, favorável ao contribuinte, ao administrado e ao longo desse curso ela MUDA sua interpretação. Essa mudança de interpretação por conta da segurança jurídica não pode atingir situações do passado, ela não pode retroagir para alcançar situações do passado, só pode valer dali em diante. 
Também é um princípio implícito no regime. Decorre da boa-fé e proteção, da confiança do administrado. 
	
Poderes Administrativos 
Quando estudamos o Regime Jurídico Administrativo, nós estudamos que ele se caracterizava por uma supremacia do Interesse Público sobre o interesse do particular. Tudo isso visando o alcance do interesse comum, visando à realização do Bem Comum. Então, para munir o agente público de meios para que ele concretize esse interesse comum, a legislação, a constituição e o legislador atribuem a esses órgãos uma série de poderes (poderes-deveres) para que a administração realize e faça valer a vontade da lei no caso concreto.
A função administrativa exige do Estado atuação, na busca do interesse coletivo, o que enseja a necessidade de algumas prerrogativas e poderes para instrumentalizar essa atuação.
Ocorre que, para realizar essas funções, é indispensável que o ente público tenha facilidade no exercício de sua atividade. Assim, os poderes são chamados de PODERES-DEVERES e estes são INSTRUMENTOS, MECANISMOS DE TRABALHO por meio dos quais os órgãos e entidades administrativas executam suas tarefas e cumprem suas funções.
Estes poderes são irrenunciáveis, o administrador não pode dispor deles livremente e somente existem e são legitimamente exercidos enquanto instrumentos necessários à busca do Interesse Público por parte do Estado.
Logo, os Poderes Administrativos são um conjunto de prerrogativas outorgadas pela lei e pela Constituição para viabilizar o exercício da atividade administrativa, para viabilizar a realização do interesse comum, por isso são chamados de instrumentais, são usados como “meios” para o alcance a finalidade do interesse público. Ao lado das prerrogativas estão os deveres que obrigam os agentes públicos, que obrigam as entidades e órgãos da administração pública. Então esse dever-poder NÃO EXISTE POR SI MESMO, pois é um conjunto de meios que a administração tem à sua disposição para a realização do interesse comum. (PROOOOOVA)
Os Poderes Administrativos se dividem em 4:
- Poder Normativo (regulamentar)
- Poder Hierárquico
- Poder Disciplinar
- Poder de Polícia 
Abuso de Poder 
Os poderes têm previsão legal e constitucional e o exercício deles deve ser dentro da baliza legal, dentro da margem legal, deve ser dentro dos limites prescritos em lei, mas como eles são operados por seres humanos, por pessoas que são propensas ao erro, não é eventual que o agente que utiliza desse poder ultrapasse os limites instituídos por lei. Então quando o agente público extrapola os limites, nós estamos diante do Abuso de Poder. É o abuso de poder é gênero e que tem como espécies o Excesso de Poder e o Desvio de PoderABUSO DE PODER
(gênero)
EXCESSO DE PODER
Vício de Competência
DESVIO DE PODER
Vício de finalidade
	
Ao extrapolar os poderes outorgados pela CF ou pelas leis o ato administrativo pode ser ANULADO, Invalidado, retirado do mundo jurídico, pois ele é outorgado para ser exercido dentro dos limites legais. Nem pode fazer o que não está autorizado e nem pode exceder ao que a lei autoriza. 
Logo:
Abuso de Poder - é a conduta ilegal do administrador público, seja: a) pela ausência de competência legal; b) pela ofensa ao interesse público; ou, c) pela omissão. É o gênero cujas espécies são o Excesso de Poder e o Desvio de Poder.
Excesso de Poder - é espécie do gênero abuso de poder, o qual consiste na atuação do agente público sem competência ou ultrapassa seu limite de competência. O ato será ilegal em razão de vício de competência.
Desvio de Poder (ou desvio de finalidade) - outra espécie do gênero abuso de poder, corresponde ao ato exercido por agente público competente, mas que não atende ao interesse público. Há no caso um vício ideológico, subjetivo; um desvio na vontade. O ato será ilegal por ofensa à finalidade (mas há posição no sentido de ser vício no motivo).
As diferenças na prática
Para ilustrar de modo prático essa diferença, imagine uma blitz da polícia militar que solicita que você encoste a motocicleta. Eles poderão pedir o documento do veículo para averiguar se é ou não fruto de roubo ou furto. Como também podem pedir um documento pessoal e até te revistar. Mas exigir a sua carteira de habilitação já extrapola a competência, somente o Departamento de Trânsito tem tal competência. Dessa forma, configura-se abuso de autoridade.
Se, considerando o mesmo caso, ao fazer a revista em você, o policial te agrida fisicamente, nesse ato estaria viciado no requisito finalidade, ou seja, o desvio de autoridade.
Poder Vinculado x Poder Discricionário
Trata-se de classificação doutrinária que tem por base o grau de liberdade do agente público ao atuar. Toda atuação do ente estatal está vinculada à lei e somente desta pode emanar a conduta das autoridades públicas, ou seja, a submissão total à lei não está presente exclusivamente nos atos vinculados. É a lei que, ao definir a atuação do Poder Público, determina se a atuação administrativa será vinculada ou discricionária. Isso porque a LEI pode estipular a atuação do agente de forma objetiva ou cedendo a este uma margem de escolha, dentro dos limites estipulados legalmente. Neste sentido, nas situações em que a lei confere uma possibilidade de escolha ao agente, configura-se um ato discricionário; quando, por outro lado, A LEI estipula todos os elementos do ato a ser praticado, em conferir essa margem de escolha, está-se diante de uma atuação vinculada.
- Poder Vinculado
	Há atividades administrativas cuja execução fica inteiramente definida em lei, que dispõe esta sobre todos os elementos do ato a ser praticado pelo agente, não há nenhuma margem de escolha. A ele não é concedida qualquer liberdade quanto à atividade a serdesempenhada e, por isso, deve se submeter por inteiro ao mandamento legal. Seu fundamento constitucional é o Princípio da Legalidade, que requer à Administração a obediência estrita aos termos da lei.
Ex.: O cidadão com 70/75 anos de idade, servidor público, a CF diz que ele deve ser OBRIGATORIAMENTE aposentado por idade. É obrigatório! Não cabe outra conduta, pois uma vez preenchido os requisitos legais o servidor deve ser aposentado. Não tem margem de escolha.
- Poder Discricionário 
Poder Discricionário é aquele conferido por lei ao administrador público para que, nos limites nela previstos e com certa parcela de liberdade, adote, no caso concreto, a solução mais adequada satisfazer o interesse público, observando sempre os princípios da PROPORCIONALIDADE e da RAZOABILIDADE. Dentro dos limites da lei, o administrador deve eleger entre algumas condutas a que melhor se adeque ao caso concreto. 
Conveniência e Oportunidade são os elementos nucleares do poder discricionário. A primeira indica em que condições vai se conduzir o agente; a segunda diz respeito ao momento em que a atividade deve ser produzida.
ATENÇÃO: Discricionariedade não se confunde com Arbitrariedade (desvio legal - conduta fora dos limites da lei ou em direta ofensa a ela. A conduta ilegítima é suscetível de anulação. O ato arbitrário é sempre uma forma de abuso de poder.) e não confere ao agente uma ILIMITADA margem de escolha em relação à atuação do Estado
Ex.: O fiscal da vigilância sanitária é que escolhe o dia que fará a visita ao estabelecimento. Hoje ele visita um supermercado, semana que vem ele visita um restaurante... A lei diz que ele tem que fiscalizar, mas não diz em qual sequência, nem o dia da semana. Porém essa escolha tem que ser dentro da margem legal, ele não pode deixar de fiscalizar. 
1º PODER NORMATIVO OU REGULAMENTAR (expedir regulamento)
O Poder Normativo qualifica-se como o poder que a Administração possui de editar atos para complementar a lei, buscando sua fiel execução. As leis administrativas em geral atribuem aos órgãos do EXECUTIVO à faculdade de REGULAMENTAR A LEI, de EDITAR ATOS NORMATIVOS que desdobrem aquilo que está previsto abstratamente na lei. Uma das funções do regulamento é desdobrar algo que já exista na lei. Vale lembrar que o regulamento só existe secundum legem (de acordo com a lei), se ele extrapolar o que a lei determina, ele é ILEGAL e não devemos obediência ao que NÃO está de acordo com a lei. Então a fonte de validade do regulamento É A LEI, seja ela ordinária, complementar, delegada, medida provisória. Logo o regulamento é um ato normativo secundário porque ao lado do ato normativo secundário nós temos os atos normativos primários que estão previstos no art. 59 da CF:
Art. 59. O processo legislativo compreende a elaboração de: 
I – emendas à Constituição; 
II – leis complementares; 
III – leis ordinárias; 
IV – leis delegadas; 
V – medidas provisórias; 
VI – decretos legislativos; 
VII – resoluções. 
Parágrafo único. Lei complementar disporá sobre a elaboração, redação, alteração e consolidação das leis.
São essas espécies do 59 da CF que podem INOVAR no mundo jurídico, que podem criar um direito novo. 
Então esses atos subalternos à lei (REGULAMENTO) não podem inaugurar nada novo, não podem inovar, ele entra no mundo jurídico através de uma FORMA jurídica que é o DECRETO. Logo, o DECRETO é um ato normativo que veicula um REGULAMENTO. 
O Poder Regulamentar se formaliza por Decreto (ato privativo do chefe do executivo –presidente, governador e prefeito), nos termos do art. 84, IV da Constituição Federal.
Para a fiel execução da lei podem ser editados atos normativos de complementação da lei como circulares, portarias, editais, regulamentos, decretos ou instruções. O Poder Normativo, ou Regulamentar, apenas complementa a lei, e não pode alterar a lei, não pode modificar seu entendimento. Caso haja alteração da lei ocorrerá abuso de Poder Normativo ou abuso de Poder Regulamentar.
Ex.: O Decreto que regulamento a lei de benefícios da Previdência Social, esse Decreto é só um instrumento que levou ao Regulamento. E nós devemos obedecer ao que está descrito no Decreto desde que ele esteja de acordo com a lei, ou seja, quando eu for atrás dos benefícios da Previdência Social eu tenho que preencher os formulários conforme o solicitado no Decreto, pois ele tem FORÇA INTERNA, os servidores DEVEM obediência a eles e nós, particulares, só devemos obediência ao Decreto quando nós nos comunicamos com a administração. 
Os decretos são a FORMA do ato, já regulamento é o CONTEÚDO do ato. O conteúdo é o que o ato significa já a forma é o veículo introdutor do conteúdo. 
Decreto: ato normativo do chefe do executivo que veicula um regulamento.
Tipologia 
= Decreto do Executivo – art. 84, IV, CF – aquele que se presta a executar a lei, NÃO INOVA NO MUNDO JURÍDICO, é do tipo SECUNDÁRIO. 
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
(...) IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
ATENÇÃO: Por força do Princípio da SIMETRIA este Poder Regulamentar também foi transferido aos GOVERNADORES e aos PREFEITOS.
Logo, cabe ao prefeito sancionar e promulgar uma lei municipal. Cabe a ele também editar um Decreto Municipal que regulamente uma lei municipal.
= Decreto Autônomo – art. 84, VI, CF. É o decreto que NÃO encontra amparo na lei, foi introduzida no Brasil em 2001pela Emenda Constitucional 32, que permitiu o chefe do executivo inovar no Direito desde que atenda as condições previstas no inciso VI do art. 84 CF/88. É editado criando um direito novo, ele INOVA NO DIREITO, quando se trata de organizar o órgão público do ponto de vista interno, desde que não crie despesa nova, é do tipo PRIMÁRIO.
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
 VI -  dispor, mediante decreto, sobre:
            a)  organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
            b)  extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
(Se o cargo público estiver vago o chefe do Executivo pode extingui-lo por meio de Decreto)
Pergunta: TODA LEI PRECISA DE REGULAMENTO? Não né?! Uma lei civil não precisa, pois a lei civil não precisa de regulamentação, pois a administração não precisa desdobrar o que já está exposto na lei.
A lei tributária precisa? Sim, precisa, pois para dá realidade prática aquilo que está disposto na lei tributária e como a administração tributária irá funcionar. 
Uma lei Penal vai precisar de Regulamento? Às vezes, por exemplo, a Lei Penal em Branco, a lei de drogas...
2º PODER HIERÁRQUICO – Só existe no âmbito interno da pessoa jurídica e independe da existência de lei
É aquele pelo qual a Administração distribui e escalona as funções de seus órgãos, ordena e rever a atuação de seus agentes, estabelece a relação de subordinação entre os servidores públicos de seu quadro de pessoal. No seu exercício dão-se ordens, fiscaliza-se, delega-se e avoca-se. 	O Poder Hierárquico INDEPENDE da existência de lei, ele faz parte do Regime Jurídico Administrativo, está implícito no Regime Jurídico Administrativo, não precisa estar escrito que a chefia é que é responsável por fiscalizar, dar ordens e orientar seus subordinados.
Ex.: Que tipo de roupa o servidor deve usar, se está devidamente uniformizado, com crachá, se chega no horário... Tudo isso faz parte do poder hierárquico.
Por força da hierarquia é que o subordinado deve obediência ao seu superior, desde que não seja uma ordem ilegal, tanto que se o servidor desobedecer a uma ordem legal, ele comete um ilícito administrativo denominado INSUBORDINAÇÃO, pois o dever de obediência faz parte do Poder Hierárquico.
3º PODER DISCIPLINAR – É a prerrogativa de penalizar
Ë aquele através do qual a lei permite a Administração Pública aplicar penalidades às infrações funcionais de seus servidores e demais pessoas ligadasà disciplina dos órgãos e serviços da Administração. A aplicação da punição por parte do superior hierárquico é um poder-dever, se não o fizer incorrerá em crime contra Administração Pública (Código Penal, art. 320). 
Ex : Aplicação de pena de suspensão ao servidor público. 
Poder disciplinar não se confunde com Poder Hierárquico. No Poder hierárquico a administração pública distribui e escalona as funções de seus órgãos e de seus servidores. No Poder disciplinar ela responsabiliza os seus servidores pelas faltas cometidas.
Só é aplicada sanção após o PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR, não há que se falar em sanção fora do processo administrativo, pois ai ela será inválida. Precisa ter ampla defesa, contraditório, deve seguir a previsão legal.
ATENÇÃÃÃÃÃÃOO: As instâncias são independentes, o mesmo fato pode ser ilícito Administrativo, Penal e Civil. A esfera Penal vincula as demais quando NEGADA A AUTORIA, ou NEGADA A EXISTÊNCIA DO FATO. 
EX.: Um servidor praticou o ilícito de desviar um bem particular sob custódia do Poder Público (Peculato), essa ação pode ter punição administrativa e penal, porém na esfera pena descobriram que NÃO foi ele que desviou o bem e sim o seu colega, logo, se a autoria não foi dele, a administração não pode decidir de forma diversa. Se ele tiver sido demitido, ele DEVE ser reintegrado ao cargo com todos adicionais e, se o processo ainda estiver em curso, o processo será trancado.
Há também Poder Disciplinar para os particulares, quando nós usufruímos de algum tipo de serviço público, ou quando nós formamos algum contratos administrativo com o Poder Público.
Ex.: O aluno de escola pública, o preso...o particular pode ser penalizado através de expulsão da escola, através de multas em outros casos, sanções penais.
4º PODER DE POLÍCIA 
Vamos estudar o Poder de Polícia administrativo, que se exerce sobre bens, sobre direitos, sobre atividades particulares.
Há também a polícia judiciária que exerce seu poder sobre a liberdade, a pessoa do cidadão, que será objeto de estudo mais a frente.O Poder de Polícia restringe a atividade do cidadão, restringe o uso e gozo dos bens do cidadão, o exercício dos seus direitos subjetivos, inclusive os constitucionais. Logicamente esse poder deve ser exercido dentro dos limites legais e constitucionais, se transbordar esses limites incide nos vícios de Abuso de Poder (Excesso de Poder / Desvio de Poder). O Poder de Polícia se exerce nas várias áreas da Administração, fiscalização de atividades, área de higiene sanitária, fiscalização de construções, matérias ambientais, matéria de saúde. É larga a influência do Estado no exercício dos direitos e liberdades do cidadão, larguíssimo, de maneira que encontramos um conceito LEGAL do Poder de Polícia no artigo 78 do CTN.
“Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável, com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.” 
O Poder de Polícia impõe uma obrigação de NÃO FAZER. Ex.: O cidadão não deve dirigir alcoolizado; O produtor não pode plantar em área de Reserva Legal, O comerciante não pode vender produtos vencidos. 
Em algumas hipóteses haverá também a imposição de FAZER. Ex.: Fazer calçadas, murar o lote, capinar o lote. Há também a obrigação de TOLERAR, pois visa garantir o interesse público.
Características
- Discricionariedade
- Coercitibilidade
- Autoexecutoriedade
Entende-se que o Poder de Polícia é Discricionário - é aquele conferido por lei ao administrador público para que, nos limites nela previstos e com certa parcela de liberdade, adote, no caso concreto, a solução mais adequada para satisfazer o interesse público, observando sempre os princípios da PROPORCIONALIDADE e da RAZOABILIDADE. Dentro dos limites da lei, o administrador deve eleger entre algumas condutas a que melhor se adeque ao caso concreto - , porém ele NÃO É EXCLUSIVAMENTE Discricionário, pois muitas vezes o Estado dá certa liberdade administrativa a cerca de QUANDO agir e ONDE agir, que configura a Discricionariedade.
Ex.: A Lei não define as ruas, horários e setores da blitz, é o agente que, de forma discricionária, escolhe onde fará a blitz.
O agente da vigilância sanitária é que escolhe o local que ele vai fiscalizar, o dia e o horário.
É ERRAADOOO eu dizer que ele é SEMPRE Discricionário, pois algumas vezes ele será VINCULADO, pois em alguns casos a lei já vai trazer todos os elementos de ação da fiscalização pública.
PERGUNTA: Qual é o TRIBUTO que permite o financiamento do Poder de Polícia??? 
É A TAXA DE POLÍCIA. Ela é quem financia o exercício da fiscalização do Estado.
Entende-se por Autoexecutoriedade a possibilidade que tem a Administração de, com seus próprios meios, executar suas decisões DIRETAMENTE, SEM precisar de autorização prévia do Poder Judiciário. É um ato de URGÊNCIA ou conforme PREVISÃO LEGAL, ou seja, NÃO SÃO TODAS AS SITUAÇÕES QUE A ADMINISTRAÇÃO poderá agir por força própria, por mão própria, tomar providência. SEMPRE tem que ter URGÊNCIA DE INTERESSE PÚBLICO, ou QUANDO A LEI PERMITIR QUE A POLICIA ADMINISTRATIVA AJA, fora disso se configura ABUSO DE PODER. 
Logo, em uma inspeção da Vigilância Sanitária depois de detectados erros quanto à refrigeração, higiene e outros casos, o vigilante pode de mão própria, sem pedir autorização ao Poder Judiciário, RECOLHER TUDO. O agente de trânsito pode RECOLHER sua motocicleta, seu veículo, além da aplicação de multas.
Se um grupo invadir o Congresso Nacional, ocupar o prédio público, a polícia pode chegar E PEDIR para que o grupo se retire, porém os protestantes SE RECUSAM. Os policiais podem retirar todo mundo de lá a força? Pode usar da força braçal, bomba de efeito moral? DEVE! Ninguém pode invadir coisa pública e fazer alvoroço lá não. Essa ação do “braço forte” se chama AUTOEXECUTORIEDADE.
Quando a autoridade pública usa de meios INDIRETOS para que a lei seja cumprida estamos diante da Coercibilidade. A Administração poderá valer-se da força pública para garantir o cumprimento do ato de polícia, caso o particular resista. Um dos meios indiretos da coerção são as MULTAS. Não murou o lote, não construiu a calçada, não capinou???? MULTA!!!!! Não pagou? Executa!
Então, a coercibilidade é um meio de COERÇÃO INDIRETO e a Autoexecutoriedade é um meio de COERÇÃO DIRETO. 
LIMITES DO PODER DE POLÍCIA 
É intuitivo que o exercício desse poder seja dentro de limites, primeiro limites LEGAIS, já que a própria lei pode estabelecer normas gerais e abstratas para disciplinar o exercício de atividade. Ex.: Código de Trânsito.
Segundo os limites CONSTITUCIONAIS, sempre respeitando os direitos e as garantias que estão inscritos na CF. Se fechou meu estabelecimento DE MANEIRA ILEGAL, posso dispor de um MANDADO DE SEGURANÇA para providenciar a abertura do meu estabelecimento. As Ações Constitucionais são as maneiras mais céleres de combater o abuso constitucional (Habeas Data, Habeas Corpus...).
Qual a distinção de Poder de Policia Administrativa e Polícia Judiciária? Polícia é tudo polícia? Não, né gente?! A polícia administrativa incide sobre bens, direitos e atividades e é disciplinada por NORMAS ADMINISTRATIVAS, ao passo que, a polícia judiciária atua sobre as pessoas, individualmente ou indiscriminadamente, é preventiva e repressiva, busca reprimir infrações penais, é disciplinada pelo CÓDIGO PENAL e o CODIGO DE PROCESSO PENAL . Porém, ambas exercem função administrativa, ou seja, atividade que buscam o interesse público. A polícia administrativa é exercida por órgãos administrativos de caráter fiscalizador, já a polícia judiciária, em razão de preparar a atuação da função jurisdicional penal, é exercida pela polícia civil ou militar.
Organização Administrativa
Administração Pública – referente a entes públicos e órgãos, pois está escrito com letra maiúscula.
Primeira observação importante: Organização Política é DIFERENTE de Organização Administrativa
A Organização Política refere-se a como, INTERNAMENTE, o Estado divide suas competências. Se o Estado é unitário ou se ele subdivide em estados menores (estados federados, territórios, cantões..), então a Organização define se o Estado é unitário ou composto. O que nós estudamos dentro do Direito Administrativo é COMO esses entes políticos exercem, eles mesmos, essa atividade. 
Existem basicamente 2 formas de prestação dessa atividade, de exercício dessa atividade, quando é o próprio ente político, que através dos seus órgãos e agentes presta atividade administrativa, nós estamos diante da prestação CENTRALIZADA ou DIRETA.
- Prestação Centralizada ou Direta é aquela realizada pelo próprio ente político através de seus órgãos ou seus agentes. Que órgãos são esses??? Estudaremos mais para frente: Ministérios, Secretarias, Superintendências, Delegacias, são unidades administrativas menores que movimentam a máquina administrativa. É aquela exercida pelo ente político: União, Estado, Distrito Federal e Município. 
Por outro lado há outra forma de prestação que é a dita prestação DESCENTRALIZADA ou INDIRETA.
- Prestação Descentralizada ou Indireta: o exercício dessa atividade é prestado por uma pessoa jurídica diversa, então o ente político CRIA uma pessoa jurídica para prestar o serviço ou ele TRANSFERE o exercício dessa atividade para uma pessoa jurídica que já existe, seja ele pessoa natural, seja ele pessoa jurídica.
Existem 2 maneiras por meio das quais o Estado transfere essa atividade para o particular,ou ele transfere essa responsabilidade criando uma pessoa jurídica, ou transfere para uma pessoa jurídica que já existe. Esses fenômenos são chamados de Outorga ou Delegação Legal.
= Outorga OU Delegação Legal (O Estado centraliza em si e exerce de forma direta) – Ocorre quando a União cria uma outra pessoa jurídica. A União cria uma empresa pública, uma autarquia para prestar aquela atividade administrativa.
= Delegação Negocial (o Estado transfere e exerce de forma indireta) – Ocorre quando o Estado transfere para particulares, sejam elas pessoas físicas ou pessoas jurídicas.
 Prestação Concentrada é exercida no âmbito da mesma pessoa jurídica que não se reparte em órgãos, ela é exercida no âmbito da mesma pessoa jurídica que NÃO reparte as suas competências em outros órgãos.
- Prestação Desconcentrada – há repartição interna de competências entre diversos órgãos. A União tem inúmeros órgãos administrativos, temos por exemplo a Presidência da República, Secretaria da Presidência da República que é um órgão administrativo que tem suas competências legais e definidas. Outro exemplo é o Ministério da Fazenda, a União é um todo o MF é um ÓRGÃO que tem suas competências legais. O MF tem diversos outros órgãos, Departamento Nacional de Polícia, Registro de Comércio... O Departamento Nacional de Policia Federal é em Brasília, cada estado tem a superintendência de Policia Regional Federal, cada superintendência tem uma Delegacia de Polícia Federal, percebeu como está se desdobrando? Percebe como a competência foi sendo repartida dentro do mesmo órgão? E todos estão dentro da pessoa jurídica chamada União. Esse é o fenômeno da Desconcentração. O órgão NÃO POSSUI PERSONALIDADE JURÍDICA DE DIREITO PRÓPRIO.
RESUMINDO...
Centralização x Descentralização – Desconcentração x Concentração
Centralização
Ocorre quando a entidade política presta os serviços por meio de seus órgãos; equivale a administração direta.
Descentralização
Ocorre quando a entidade política transfere para outra pessoa parte de suas atribuições; pressupõe a existência de duas pessoas distintas: o ente descentralizador e a pessoa que recebeu a atribuição; entre elas não há subordinação, mas apenas vinculação, existindo o chamado controle finalístico (de desempenho). A descentralização pode ser implementada de duas formas distintas:
a) Outorga – ocorre quando a transferência é feita para uma entidade administrativa por meio de lei e por prazo indeterminado (titularidade e execução).
b) Delegação – ocorre quando a transferência é feita a um particular, por ato ou contrato e por prazo determinado (apenas a execução).
Obs.: Nem toda descentralização faz surgir a administração indireta a não ser quando for implementada por outorga.
 Não existe subordinação apenas VINCULAÇÃO,
Sofre apenas controle finalístico ou tutela administrativa ou supervisão. (para ver se está sendo cumprido o que foi combinado)
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Desconcentração (Criar órgãos)
Mera técnica administrativa de distribuição interna de competências mediante criação de órgãos públicos. Pressupõe a existência de apenas uma pessoa, pois os órgãos não possuem personalidade jurídica própria.
Ocorre desconcentração administrativa quando uma pessoa política ou uma entidade da administração indireta distribui competências no âmbito de sua própria estrutura afim de tornar mais ágil e eficiente a prestação dos serviços. Desconcentração envolve, obrigatoriamente, uma só pessoa jurídica. 
Porque a desconcentração ocorre no âmbito de uma mesma pessoa jurídica, surge relação de hierarquia, de subordinação, entre os órgãos dela resultantes. No âmbito das entidades desconcentradas temos controle hierárquico, o qual compreende os poderes de comando, fiscalização, revisão, punição, solução de conflitos de competência, delegação e avocação. (
Concentração (extinguir órgãos)
Técnica administrativa que promove a extinção de órgãos públicos.
Pessoa jurídica integrante da administração pública extingue órgãos antes existentes em sua estrutura, reunindo em um número menor de unidade as respectivas competências. Imagine-se, como exemplo, que a secretaria da fazenda de um município tivesse em sua estrutura superintendências, delegacias, agências e postos de atendimento, cada um desses órgãos incumbidos de desempenhar específicas competências da referida secretaria. Caso a administração pública municipal decidisse, em face de restrições orçamentárias, extinguir os postos de atendimento, atribuindo às agências as competências que aqueles exerciam, teria ocorrido concentração administrativa. (Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino, 2010)
 Concentrada – Não há repartição de competências
 Centralizada 
 (Exercício é realizado diretamente
Por seus órgãos ou agentes) Desconcentrada – Repartição interna de competências
Formas de Prestação 
 Descentralizada	 Outorga – cria outra pessoa jurídica
(Exercício é prestado por uma 
pessoa jurídica diversa)
 Delegação – transfere p particulares
DescOncentração – cria Órgãos
DescEntralização – cria Entes
O Estudo dos Órgãos
Características dos órgãos da Desconcentração:
- Não possuem personalidade jurídica própria, eles são emanações do ente político, fazem parte do órgão político. Lembre-se, o meu coração é um órgão independente? NÃO! Todos os órgãos do meu corpo são dependentes, todos funcionam em conjunto, de forma dependente. O ÓRGÃO NÃO TEM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA!
- Não possuem capacidade jurídica processual. Órgão público pode estar no polo passivo de uma ação? Não! Como que ele vai ficar no polo passivo de uma ação se NEM PERSONALIDADE JURÍDICA PRÓPRIA ELE POSSUI???!!!! 
- Não possuem patrimônio próprio. Se não tem personalidade jurídica própria não é titular de direitos e deveres, não possui patrimônio próprio, seu patrimônio é o patrimônio do ente político, por isso não figura no polo passivo nem ativo, quem figura esses polos é o ente político, o ente maior. Não tem o pressuposto SUBJETIVO para figurar no polo de uma ação.
ATENÇÃO: Os órgãos independentes possuem personalidade judiciária para defesa de suas prerrogativas VIA MANDADO DE SEGURANÇA.
Ex.: Ministério Público, Defensoria, TCU...
Está previsto na CF que são órgãos independentes que EMBORA NÃO TENHAM CAPACIDADE JURÍDICA PRÓPRIA, POSSUEM CAPACIDADE PROCESSUAL, OU SEJA, CAPACIDADE JUDICIÁRIA, APENAAAAAAAAS PARA DEFESA DE SUAS PRERROGATIVAS. Podem também figurar no polo passivo: massa falida, espólio, herança jacente, herança vacante.
STJ - Súmula 525 - A Câmara de Vereadores não possui personalidade jurídica, apenas personalidade judiciária, somente podendo demandar em juízo para defender os seus direitos institucionais.
Ex.: O Poder Legislativo Municipal pode figurar no polo processual cobrando um débito tributário?? NÃÃÃÕ, NÉ GENTE????? Só pode figurar no polo passivo apenas para defesa de suas prerrogativas.
É um erro primário eu acionar em uma ação o Hospital Iraci, pois ele não tem personalidade jurídica própria. Eu aciono o Estado que depois entra com uma ação regressiva contra o servidor, se for o caso.
Implicações Processuais
- Teoria do Órgão
A teoria do órgão enuncia que toda atuação do agente público deve ser imputada ao órgão que ele representa e não à sua pessoa. Por consequência, sendo o órgão uma divisão das pessoas que compõe a Administração Pública direta ou indireta, a atuação dos servidores públicos é atribuída diretamente à pessoa jurídica para a qual trabalha.
Essa ideia, também denominada teoria ou princípio da imputação volitiva, surgiu no fim do séc. XIX pelo trabalho do jurista alemão Otto Gierke. A inspiraçãoé biológica, sendo os órgãos públicos entendidos como os próprios órgãos de nossos corpos. Da mesma forma que quando alguém bate em outro a culpa não é exclusivamente de sua mão, mas de todo o indivíduo, a atuação de órgão público deve gerar a responsabilização de toda a pessoa jurídica.
O desenvolvimento dessa teoria resolveu o problema da validade do ato administrativo praticado por quem não está legitimamente investido em função pública. Pelas teorias anteriores, do mandato e da representação, tal ato não seria válido. Entretanto, a teoria de Gierke apenas exige a aparência de investidura do agente público e a boa-fé do administrado para que a manifestação de um órgão possa ser imputada à pessoa jurídica. Assim, respeita-se a segurança jurídica e a presunção de legitimidade dos atos administrativos.
Logo, deve-se entrar com ação contra o Estado, pois o órgão não tem personalidade jurídica. Ex.: A pessoa física entra contra o Estado pedindo indenização por causa do juiz que proibiu a entrada na audiência de chinelo. Depois é que o Estado entra com uma ação regressiva contra o servidor.
- Criação e Extinção de Órgãos
Em regra os órgãos são criado através de lei, lei esta do respectivo ente. 
Art. 48. Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção do Presidente da República, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da União, especialmente sobre:
XI -  criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública;
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição .
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
e) criação, estruturação e atribuições dos Ministérios e órgãos da administração pública;
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
VI – dispor, mediante decreto, sobre: 
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos; 
OBS.: O Presidente da República pode extinguir um cargo público vago e Pode criar órgão público por decreto desde que NÃO aumente despesa
Formas de Descentralização
Na Federação, no estado federado, em que são repartidas as competências, em que o Poder Político é repartido em entidades menores, característica própria da federação, o legislador constituinte, por uma decisão política sua é que outorga a competência dos demais entes federativos, aos entes federados, aos estados e o legislador desses estados, por uma decisão política deles, define se determinado serviço vai permanecer centralizado perante a própria pessoa política ou se ele será descentralizado, será outorgado, transferido para outra pessoa jurídica que integre a administração ou para outra pessoa jurídica de direito privado que não integre a administração ou para o particular. Essas são as hipóteses que vamos estudar a partir de agora. Porque que isso é assim, professor? PORQUE FOI UMA ESCOLHA POLÍTICA DO LEGISLADOR. Ele poderia ter escolhido de forma diferente...
Ex.: O legislador federal resolveu transferir os serviços sociais de Previdência Social de titularidade do RGPS a pessoa jurídica chamada INSS. Poderia ter ficado com a própria União de forma centralizada? Poderia, mas por uma decisão política do legislador federal resolveu-se criar um ente autárquico, uma autarquia federal.
Existem duas formas de Descentralização, uma chamada TERRITORIAL/GEOGRÁFICA, consiste na criação de territórios, hoje não temos territórios no Brasil, mas é possível sua criação sim, a CF permite, através de Lei Complementar, que SOMENTE A UNIÃO PODE CRIAR TERRITÓRIO (NÃO É ESTUDO DE ADM E SIM DE CONSTITUCIONAL), e outra chamada OUTORGA LEGAL/DELEGAÇÃO NEGOCIAL (essa é estudo de ADM).
Por Outorga/Delegação Legal/Outorga Negocial (tudo sinônimo): A lei cria um ente ou autoriza a criação desse ente da administração indireta – autarquias, fundações, sociedade de economia mista e empresa pública. 
Já a transferência por Colaboração ou Delegação Negocial é quando um legislador transfere a atividade a particulares via contratos administrativos.
NÓS SÓ ESTUDAREMOS A DELEGAÇÃO LEGAL, as outras vocês verão em ADM2.
Administração Indireta
Já vimos que a Administração Direta ou Centralizada é aquela integrada pelos entes políticos e seus órgãos e agentes (União e seus órgãos e agentes, estados e seus órgãos e agentes...), é centralizada no ente político.
Por outro lado temos a Administração Indireta ou Descentralizada, pois através de instrumentos legais o ente político transfere parcela de suas competências para entes que ele cria ou para entes que ele autoriza a criação, são eles: AUTARQUIAS, FUNDAÇÕES, EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. Podendo essa transferência ser feita por Delegação Legal (transfere a responsabilidade para particulares) ou por Outorga (cria outra pessoa jurídica).
Criação dos entes da Administração Indireta: art.37, IXI, CF – só pode ser criada por LEI ORDINÁRIA ESPECÍFICA (A lei tem que criar ou autorizar a criação, não pode ser um assunto dentro de outra lei, tem que promulgar uma lei que trate exclusivamente desse assunto e não CRIAR ou AUTORIZAR criação de um ente no meio de uma lei que discipline outra coisa qualquer – ISSO É INCONSTITUCIONAL!!!). 
Observação: Em regra é o poder executivo que movimenta a máquina administrativa no sentido de criar ou autorizar a criação de autarquia, ou de uma entidade dessa, porém NADA IMPEDE que o Poder Legislativo e o Poder Judiciário deflagrem o processo de criação ou de autorização de criação dessas entidades. Então em regra essas entidades da Administração Indireta estão VINCULADAS AO PODER EXECUTIVO, mas existem entidades d Administração Indireta vinculadas ao JUDICIÁRIO e ao LEGISLATIVO.
Exemplo, no estado da Bahia tem uma Fundação que administra o pessoal do Poder Judiciário do estado. Então uma LEI ESTADUAL (ORDINÁRIA ESPECÍFICA) foi criada especificamente para autorizar a criação desta Fundação para administrar os servidores do judiciário, então é uma FUNDAÇÃO VINCULADA AO PODER JUDICIÁRIO. 
- Como que é a relação entre os entes da Administração Indireta e da Administração Direta? Como se trata de pessoas jurídicas distintas não há hierarquia, não há vinculo de subordinação, pois só há essa vinculação e essa hierarquia no interior de uma mesma pessoa jurídica. O que existe é a chamada Tuteta ou Controle Finalístico, o poder que criou esta entidade fiscaliza a atuação desta entidade desde que ela cumpra as políticas públicas para as quais elas foram criadas, não devem fugir de sua área de atuação. O INSS, por exemplo, é uma autarquia federal que foi criada para gerenciar o Regime Geral de Previdência Social, logo o INSS não pode atuar na área bancária, não pode atuar na área educacional, pois a lei criou o INSS para gerenciar o Regime Geral de Previdência. 
Logo, NÃO HÁ VINCULO DE HIERARQUIA E SIM UM CONTROLE FINALÍSTICO.
Se não há hierarquia das decisões da autarquia não cabe recurso para a União, pro ente criador, pro estado, pro município. Só haverá recurso das decisões administrativas desses entes em caso de LEI PRÓPRIA com PREVISÃO DE RECURSO. Se a lei não tiver previsão de recurso NÃO CABE RECURSO!!!! Então quando a LEI prevê recurso entre PESSOAS JURÍDICAS DISTINTAS, nós estamos diante do RECURSO HIERÁRQUICO IMPRÓPRIO (para o Presidente da República).
Autarquias
Lembre-se A lei CRIA a autarquia e a Lei Ordinária Específica autoriza a criação. 
As autarquias são criadas para desenvolver atividades típicas do Estado, ou seja, elas NÃO DESENVOLVEM ATIVIDADE ECONÔMICA de nenhuma espécie, realizam apenas serviços próprios do Estado, Poder de Polícia, Assistência Social, Educação...elas não intervém no mercado como uma pessoa lucrativa, não tem nenhuma finalidade lucrativa. Toda leique cria a autarquia diz qual é a sua finalidade, finalidade essa de INTERESSE PÚBLICO. 
Ex.: BACEN, DETRAN, INSS, IBAMA, ICMBIO, BACEN, CADE...
- Características das Autarquias
= As Autarquias são pessoas de Direito Público Interno – art. 41 CC
= São criadas por lei, logo só por via de LEI ESPECÍFICA ocorrerá sua extinção. Pode uma Medida Provisória extinguir uma Autarquia? Pode? NÃO, NÃO PODE, pois ela é criada por lei ESPECÍFICA e só outra LEI pode extingui-la.
= Como é uma pessoa jurídica autônoma, titular de direitos e de obrigações ela tem a capacidade autoadministração, ela é quem paga suas contas, suas tarifas, ela é que adquire seus créditos, cobra seus compromissos, o ÚNICO controle que a entidade que as criou exerce sobre elas é o CONTROLE DE FINALIDADE, é a Tutela, logo ela tem patrimônio próprio que NÃO SE CONFUNDE com o patrimônio do ente criador. Suas atividades não têm finalidade lucrativa e sim apenas realiza atividades de interesse público. O Regime jurídico de servidores é de estatutário (após 3 anos tem estabilidade, só perde mediante processo judicial, baixo desempenho... Os dirigentes são cargos de livre nomeação e livre exoneração pelo chefe do Executivo, então é o presidente da república que escolhe o diretor do INSS, O diretor da CVM. Essas autarquias gerenciam o dinheiro público, pois devem prestar contas anualmente ao Tribunal de Contas. Têm capacidade processual tanto no polo ativo quanto no polo passivo, pois têm personalidade jurídica.
- Prerrogativas
Elas são como o Estado no mundo jurídico, são titulares das mesmas prerrogativas que o Estado detêm: perante a seara tributária, seara civil, quanto a execução. As autarquias estão incluídas no conceito de Fazenda Pública. Elas gozam de imunidade tributária: IPTU, IPVA... 
Os bens e as rendas são impenhoráveis, pois são bens públicos especiais, destinados a cumprir o objetivo da autarquia. O processo executivo dessas autarquias é através do regime de precatórios, seus débitos são pagos através de precatórios e os seus créditos são cobrados através de execução fiscal. Além disso as autarquias têm prazo processual dobrado para se manifestar e quando há condenação acima de 1000 salários mínimos cabe reexame necessário. A responsabilização civil dessas pessoas jurídicas é de OBJETIVA, pois é uma pessoa jurídica de Direito Público, não precisa demonstrar culpa e sim em dano e nexo de causalidade. O foro processual depende da autarquia, se for uma autarquia federal é de competência federal, se for estadual é de competência estadual, se a competência for da Vara da Fazenda Pública (Fazendárias) é onde tiver vara, se não tiver é na Vara Cível Comum.
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