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Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre Biomedicina Integral Física das Radiações Marina Beretta, Paula Kath e Tales Material de Apoio: Molecular Imaging Approaches for Supplemental Screening in Women at Increased Breast Cancer Risk Câncer de mama - Overview Todo câncer se caracteriza por um crescimento rápido e desordenado de células, que adquirem capacidade de se multiplicar. Essas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores malignos. O câncer de mama é o que mais acomete as mulheres no Brasil. No entanto, este geralmente apresenta um bom índice de cura, especialmente se for diagnosticado em suas fases iniciais. É comum o tumor se iniciar na mama e depois atingir regiões axilares ou até mesmo se disseminar para outros sítios anatômicos, evento chamado de metástase. A extensão do tumor direciona o tipo e duração do tratamento. Assim, as medidas de autocuidado são essenciais para tentar descobrir alguma alteração o mais rápido possível. Os principais fatores de risco relacionados a esse tipo de câncer constituem ser do sexo feminino, com idade acima de 50 anos, história familiar ou pessoal: ausência de filhos, primeira gestação após os 30 anos, uso de hormônios externos, consumo abusivo de álcool, radiação torácica e obesidade. Geralmente a possibilidade da população geral de desenvolver câncer de mama é de 1 em cada 10 mulheres ao longo de suas vidas, porém outro número a se considerar é que em geral a taxa anual é de 50 casos para cada 100.000 mulheres/ ano. O câncer de mama também atinge homens, porém, em uma extensão muito inferior, representando cerca de apenas 1% dos casos. Quanto a sintomas, é comum o aparecimento de uma massa ou tumoração palpável. Quando necessária análise mais específica, esse material é encaminhado a biópsia a fim de confirmar o diagnóstico. Embora nem toda massa palpável represente a presença de células malignas, é altamente preconizado que quando a mulher (ou o homem) sentir a presença da mesma, que procure assistência médica o mais breve possível. Alguns outros sintomas menos frequentes também podem ser observados como endurecimento do mamilo, secreções mamilares e adenopatia axilar. Além do autoexame, a realização do exame de mamografia anualmente após os 40 anos é desejável. Mamografia A mamografia é um método de screening eficaz que reduz a mortalidade pelo câncer de mama. O aparelho utilizado é o mamógrafo, uma máquina desenhada para analisar apenas o tecido mamário. O princípio de formação de imagem é o mesmo do aparelho de radiografia, a ampola dentro do mamógrafo emite feixe de raios-x para interagir com o tecido mamário. Além disso, para obtenção de uma imagem mais detalhada, a máquina possui duas placas que pressionam e espalham o tecido mamário, o que pode gerar desconforto. Atualmente, um novo mamógrafo está disponível no mercado, o chamado “breast tomosynthesis” ou mamografia 3D. Neste tipo de metodologia a mama é comprimida uma vez e a máquina dispara várias pequenas doses de raios-x ao longo do seio. Em seguida, um computador agrupa as imagens para formar uma só em formato tridimensional. A dose de radiação nesse método pode variar para mais em alguns casos quando comparado com as mamografias convencionais, porém, há o fornecimento de imagens mais claras para o diagnóstico e ainda diminui a necessidade de repetição do exame. Algumas pessoas questionam sobre a segurança de fazer o teste de screening anualmente, já que os mamógrafos expõem a mama a pequenas quantidades de radiação. Contudo, os benefícios da mamografia superam qualquer possível malefício dessa exposição. Em média, a dose total para uma mamografia de rotina para cada mama é de aproximadamente 0.4 millisieverts. No que diz respeito a sensibilidade, a mamografia apresenta bons índices (90%- 100%) em mulheres a partir de 50 anos de idade. Em idades inferiores a essa, a sensibilidade cai para aproximadamente 80%-85%. Em mulheres com tecido mamário muito denso, essa sensibilidade pode ser ainda menor. Frente a isso, novas estratégias e metodologias de screening vem sendo estudadas. MRI e Breast-specific y-imaging Magnetic Resonance Imaging (MRI) ou Ressonância Magnética (RM) é uma tecnologia não invasiva de obtenção de imagens tridimensionais de estruturas anatômicas sem o uso de radiação. Ressonâncias essencialmente funcionam a partir do emprego de um poderoso campo eletromagnético que força os prótons do corpo a se alinharem com esse campo. Quando então uma corrente de radiofrequência é pulsada pelo paciente, os prótons são estimulados girando em desalinhamento contra o campo eletromagnético. Quando a radiofrequência é desligada os sensores magnéticos do aparelho detectam a energia liberada com o realinhamento dos prótons com o campo eletromagnético. A energia e o tempo de realinhamento variam com as propriedades de cada tecido, assim médicos podem distinguir com clareza as estruturas anatômicas visualizadas no laudo final. Já o Breast-specific g-imaging (BSGI) se baseia no uso de pequenas quantidades de traçadores radioativos (sestamibi) para diagnosticar e determinar a gravidade de algumas doenças além do câncer de mama. Testes baseados em medicina nuclear são capazes de apontar a atividade molecular dentro do corpo, sendo assim possui um grande potencial para identificar doenças em seus estágios iniciais. Depois da injeção do tracer, o mesmo se acumula em tecidos específicos (como a mama), onde emite energia na forma de raios gama. Essa energia é detectada por dispositivos chamados câmera gama. Essa câmera funciona em conjunto com um computador para mensurar a quantidade de raios emitidos. Já foi provado que a ressonância magnética é capaz de avaliar a extensão do câncer e detectar lesões adicionais independentemente da densidade do tecido mamário. Além disso, a RM teve uma melhor sensibilidade para discriminar câncer de mama do que outros métodos de obtenção de imagens convencionais como a mamografia, ultrassom e BSGI. No entanto, a ressonância teve um maior índice de falso positivos. Portanto, qual é o método mais eficaz? É difícil responder a esse questionamento, pois cada paciente possui riscos diferentes assim como características biológicas distintas. A BSGI poderia ser usada para diagnosticar corretamente lesões benignas em mulheres com suspeitas de tumoração maligna a partir da RM, especialmente naquelas pacientes com tecido mamário denso. A partir disso, novas metodologias poderiam ser criadas para avaliar com a mesma precisão mulheres com diferentes tecidos mamários sem a necessidade de expô-las à radiação. E, quando necessário, metodologias mais “invasivas” como BSGI e mamografia poderiam ser usadas em último caso, com o intuito de diferenciar lesões benignas de malignas. Perspectivas Futuras Embora os testes de imagem sejam capazes de visualizar a morfologia e processos funcionais e metabólicos dos tumores de mama, a sensibilidade das diferentes técnicas é amplamente variada quando levado em consideração os tipos de marcadores usados ou processos biológicos. Para progredir com testes mais eficientes é necessário compreender cada vez mais os mecanismos moleculares por trás do câncer de mama assim como seus subtipos, progressão e metástase. Além disso, o desenvolvimento de marcadores quimio e radiosensíveis que sejam eficazes e o menos invasivo possível são cruciais. Vale a pena mencionar que a carreira biomédica pode auxiliar no diagnóstico de maneira substancial em duas formas: pesquisando possíveis marcadores endógenos que estejam na corrente sanguíneanos momentos iniciais do câncer (assim dispensando ou minimizando a necessidade de usar técnicas de imagens que exponham pacientes a um risco “desnecessário”) ou ainda trabalhando no desenvolvimento de novas técnicas de imagem a partir da engenharia biomédica. Por fim, drogas e tratamentos que realmente foquem na sobrevida da (o) paciente são de extrema importância. É necessário distinguir o que é estaticamente relevante do que é clinicamente relevante antes de lançarmos alguma metodologia no mercado. Referências Bibliográficas Alcantara D, Leal MP. Molecular imaging of breast cancer: present and future directions. Frontiers in Chemistry. 2014 Smith RA, Duffy SW, Gabe R. The randomized trials of breast câncer screening: what have we learned? Radiol clin North Am. 2004 Kim BS, Byung IM, Eunn SC. A comparative study of breast-specific gamma imaging with the conventional imaging modality in breast cancer patients with dense breasts. Ann Nucl Med. 2012. Cancer Screening disponível em: https://www.cancer.org/cancer/breast- cancer/screening-tests-and-early-detection/mammograms/mammogram-basics.html Câncer de mama disponível em: http://www.mulherconsciente.com.br/cancer-de- mama/sobre-o-cancer/ Magnetic Resonance Imaging disponível em: https://www.nibib.nih.gov/science- education/science-topics/magnetic-resonance-imaging-mri
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