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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Ciências do Ambiente e Sustentabilidade Aula 1 Professora Cristiane Burmester CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa inicial Olá! Seja bem-vindo à primeira aula de “Ciências do Ambiente e Sustentabilidade”! Nessa disciplina, iremos abordar importantes conteúdos relacionados ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável. Os quais são: Interação da Engenharia com o meio ambiente; Noções gerais de Ecologia; Poluição da água, do solo, do ar e poluição sonora; Relação da energia com o meio ambiente; Gestão e legislação ambiental. Faremos uma abordagem teórica e prática, para que você entenda a atuação do engenheiro. Antes de começar, conheça a professora Cristiane e veja com detalhes como será o encaminhamento dessa disciplina! Nesta primeira aula, veremos uma introdução da disciplina, por meio da abordagem da crise ambiental pela qual o nosso planeta está passando, bem como seus aspectos importantes, como o crescimento populacional, os recursos naturais e a poluição ambiental. Em seguida, estudaremos o desenvolvimento sustentável e como a Engenharia pode contribuir para o controle da crise ambiental. Vamos lá? Bons estudos! Contextualizando O mundo vive uma crise ambiental, que tem como principais componentes a população, os recursos naturais e a poluição. Ela se deve, principalmente, a sequência de fatos a seguir: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 O problema da dinâmica de crescimento e consumo que vimos na página anterior é que o planeta Terra possui recursos naturais finitos, bem como capacidade limitada para assimilar resíduos. Dentro desta perspectiva, cabe questionar: até quando os recursos naturais serão suficientes para sustentar a população? Qual a capacidade de suporte do planeta? O nível de qualidade de vida no planeta depende do equilíbrio entre os três elementos: população, recursos naturais e poluição. Como atingir esse equilíbrio? Qual é o papel do engenheiro para o sucesso deste grande desafio? É isso que vamos ver a partir de agora. Acompanhe com atenção! Pesquise A Crise Ambiental A crise ambiental atual é o resultado de um conjunto de ações danosas que o homem vem realizando ao longo de sua existência, sem se preocupar com os efeitos ao meio ambiente. Apesar de a população ter tomado consciência desta crise há apenas alguns anos, ela teve início há séculos atrás, entre a Idade Média e Moderna, mas principalmente na Revolução Industrial. Foi nesse período que o homem intensificou a exploração dos recursos naturais, e esse é um dos principais fatores causadores da crise ambiental: o desequilíbrio que há entre a oferta de recursos pela natureza e a demanda de recursos para atender as necessidades da população. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 O modelo de desenvolvimento adotado até agora partia dos pressupostos de que a energia e a matéria eram suprimentos inesgotáveis e de que o meio ambiente possuía capacidade infinita de reciclar matéria e absorver resíduos. Como vimos, o crescimento da população mundial acarreta aumento da exploração dos recursos naturais para atender as demandas do homem. Dessa forma, esses recursos, que são limitados, vão diminuindo. É o caso de fontes de matéria, como o petróleo e o carvão, que foram acumuladas durante muito tempo, mas que são fontes esgotáveis. O meio ambiente, além de possuir recursos naturais finitos, tem capacidade limitada para assimilar os resíduos produzidos pelas atividades humanas. Os rios e oceanos, assim como a atmosfera, não são suficientemente grandes para absorver e diluir toda a carga de poluentes. Pode-se afirmar, então, que os atuais padrões de produção e consumo são incompatíveis com a capacidade que o meio ambiente tem de prover os recursos e assimilar os resíduos de forma sustentável. Assista ao vídeo “A história das coisas”, que, entre outros assuntos, trata do intenso consumo de bens materiais e o impacto disso no meio ambiente. https://www.youtube.com/watch?v=7qFiGMSnNjw A poluição ambiental é o resultado do lançamento na natureza dos resíduos produzidos pela atividade humana. Ela pode ocorrer na água, no solo ou na atmosfera. A seguir você confere algumas ações trópicas prejudiciais e suas consequências: Ações O desmatamento das florestas, a agricultura industrial, a pesca excessiva, a produção industrial de gado, a emissão de gases causadores do efeito estufa, a poluição do ar e da água, a construção de grandes áreas industriais e a operação de usinas termoelétricas. Consequências O aquecimento global, as mudanças climáticas, a escassez de água, a degradação dos solos, a poluição dos rios e do ar, a perda de biodiversidade, a redução das áreas florestais, as enchentes e as longas secas, a redução dos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 recursos energéticos, o acúmulo de lixo tóxico, a destruição da camada de ozônio, a contaminação dos alimentos e do lençol freático. A crise hídrica que ocorreu no estado de São Paulo, uma das regiões mais desenvolvidas e populosas do Brasil, nos anos de 2014 e 2015, é um exemplo prático ocorrido no Brasil. Nesse período, reservatórios que compõem o sistema de abastecimento de água da região metropolitana de São Paulo tiveram seus níveis reduzidos, prejudicando fornecimento para essa região. O Sistema Cantareira é o maior fornecedor de água da região metropolitana de São Paulo, atendendo a cerca de 9 milhões de pessoas. As principais causas desta crise foram a diminuição das chuvas no estado, a falta de planejamento, o desmatamento e a ocupação desenfreada dos mananciais. Um modelo conhecido como Sistema de Desenvolvimento Sustentável seria uma solução para esta crise. Algumas premissas deste modelo são o uso racional da energia e da matéria, a redução, o reuso e a reciclagem de materiais, a restauração de ecossistemas degradados, o controle da poluição e a menor geração de resíduos, o controle do crescimento populacional, dentre outras medidas. Em resumo, o nível de qualidade de vida no planeta depende do equilíbrio entre três elementos: Os principais aspectos de cada um desses componentes serão apresentados nos temas seguintes. Leia a introdução do Capítulo 1 – A Crise Ambiental - do livro base “Introdução à Engenharia Ambiental”. Acesse a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e pesquise por ele! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 O vídeo da professora Cristiane traz mais informações sobre a crise ambiental. Confira no material on-line! O Crescimento Populacional A população mundial cresceu de 3 bilhões em 1959 para 6 bilhões em 1999, ou seja, dobrou em 40 anos. O crescimento populacional pode ser medido de duas maneiras: Taxas de crescimento: A taxa de crescimento da população mundial subiu de 1,5% por ano em 1950 para um pico de 2% no início dos anos 1960, devido à redução da mortalidade (U.S. Census Bureau, 2016). Mudanças anuais na população total: O aumento anual da população mundial atingiu o pico de cerca de 87 milhões no final dos anos 1980, apesar das taxas de crescimento anual já terem atingido o seu pico no final dos anos 1960. A ONU publicou em 2015 uma revisão do relatório “Prospectos da População Mundial”, no qual são apresentadas estimativas populacionaise projeções, bem como dados demográficos e indicadores para avaliar as tendências populacionais globais, regionais e em nível nacional. Veja algumas conclusões: A população mundial alcançou os 7,3 bilhões até meados de 2015, indicando que houve um acréscimo de 1 bilhão de pessoas nos últimos doze anos. Em 1950, a população era de 2,5 bilhões de pessoas. Sessenta por cento da população mundial atual vive na Ásia, 16% na África, 10% na Europa, 9% na América do Sul e os restantes 5% na América do Norte e Oceania. A China (1,4 bilhões) e a Índia (1,3 bilhões) permanecem sendo os dois maiores países do mundo, ambos com mais de 1 bilhão de pessoas, representando respectivamente 19% e 18% da população mundial. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Confira a seguir os países mais populosos em 2015 segundo a ONU (população em milhões): Na tabela a seguir, você pode estabelecer uma comparação entre os países mais populosos em 1950, em 2015 (que você viu na página anterior) e uma projeção para 2050: Fonte: ONU, 2015 E como está o Brasil nesse cenário? Segundo a ONU (2015): É quinta maior população no mundo; Tem 2,9% da população mundial; Totaliza 207,8 milhões de habitantes; Tem densidade demográfica de 25 habitantes por quilômetro quadrado; Deve atingir 228,6 milhões em 2030 e 238,3 milhões em 2050; 86% das pessoas vivem em centros urbanos; 14% das pessoas vivem no meio rural. De quanto em quanto tempo, em média, nasce uma pessoa no Brasil? China 544 China 1.376 Índia 1.705 Índia 376 Índia 1.311 China 1.348 Estados Unidos 158 Estados Unidos 322 Nigéria 399 Rússia 103 Indonésia 258 Estados Unidos 389 Japão 82 Brasil 208 Indonésia 321 Alemanha 70 Paquistão 189 Paquistão 310 Indonésia 70 Nigéria 182 Brasil 238 Brasil 54 Bangladesh 161 Bangladesh 202 Reino Unido 51 Rússia 143 República Democrática do Congo 195 Itália 47 México 127 Etiópia 188 População em milhões - 1950 População em milhões - 2015 População em milhões - 2050 País ou Área País ou Área País ou Área CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Consulte o relógio da projeção da população do Brasil e das Unidades da Federação. Acesse e descubra! http://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/ É possível conhecer a população mundial também! A seguir você pode acessar dois relógios de projeção, um deles traz, inclusive, dados sobre saúde, economia e sociedade. Confira! http://www.census.gov/popclock/ http://www.worldometers.info/pt/ A crise ambiental está ligada ao crescimento populacional e consequentemente ao crescimento urbano, o qual desencadeia fatores como: a impermeabilização do solo, a geração de resíduos, a elevada demanda de recursos naturais, a ocupação de áreas de risco, a poluição etc. Ao lado, é possível conferir as 10 cidades brasileiras mais populosas em 2014: Atualmente, a população mundial continua a crescer, porém mais lentamente do que no passado recente. Há dez anos, a população mundial estava crescendo a uma taxa de 1,24% por ano. Hoje, a taxa de crescimento é de 1,18% ao ano. 2006 – 1,24% UF Cidade População 1º SP São Paulo 11.895.893 2º RJ Rio de Janeiro 6.453.682 3º BA Salvador 2.902.927 4º DF Brasília 2.852.372 5º CE Fortaleza 2.571.896 6º MG Belo Horizonte 2.491.109 7º AM Manaus 2.020.301 8º PR Curitiba 1.864.416 9º PE Recife 1.608.488 10º RS Porto Alegre 1.472.482 Fonte: IBGE, 2016. Corresponde a um adicional de 83 milhões de pessoas por ano. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 2016 – 1,18% A previsão para a população mundial é que ela aumente em mais de 1 bilhão de pessoas nos próximos 15 anos: Ano População 2030 8,5 bilhões 2050 9,7 bilhões 2100 11,2 bilhões Em relação aos continentes, qual terá o maior crescimento populacional entre 2015 e 2050? Mais da metade do crescimento populacional global entre 2015 e 2050 é esperado que ocorra na África, que tem uma das maiores taxas de crescimento: 2,55% por ano entre 2010 e 2015. Prevê-se que a Ásia seja o segundo maior contribuinte para o futuro crescimento populacional global, agregando 0,9 bilhões de pessoas entre 2015 e 2050, seguida pela América do Norte, América Latina e Caribe e Oceania, que devem ter aumentos bem menores. O crescimento populacional continua sendo alto no grupo dos 48 países considerados pela ONU como os menos desenvolvidos (LDC, sigla em inglês: Least Developed Countries), dos quais 27 estão localizados na África. Apesar de estar previsto que a taxa de crescimento dos países menos desenvolvidos seja menor do que os atuais 2,4% por ano, a população deste grupo está projetada para dobrar de tamanho: As altas taxas de crescimento populacional só ocorrem nos países menos desenvolvidos. Segundo BRAGA (2005), em 1950 os países desenvolvidos tinham 31,5% da população. Em 2002 apenas 19,3% e, em 2050, terão 13,7%. Ano População 2015 954 milhões 2050 1,9 bilhão 2100 3,2 bilhões CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Um dos indicadores de desenvolvimento mundial utilizados pelo Banco Mundial é o uso de energia pelos países, medido em quilogramas de óleo per capita. Considera-se nesse cálculo apenas o uso primário, antes da transformação para outros combustíveis de uso final. Com base nos dados obtidos, foi elaborado um ranking dos países que mais consomem energia, referente ao ano de 2012: Fonte: Banco Mundial, 2016. A partir dos dados apresentados pelo Banco Mundial (2016), observamos que em 2012 o país que mais consumia energia eram os EUA. Ao lado você confere o comparativo de consumo entre um americano e pessoas de outras nacionalidades: País Consumo de Energia (kg óleo per capita) 1º Catar 18.813 2º Islândia 17.756 3º Trinidade e Tobago 14.332 4º Kuwait 10.121 5º Brunei 9.526 6º Luxemburgo 7.707 7º Emirados Árabes Unidos 7.536 8º Omã 7.424 9º Canadá 7.226 10º Estados Unidos 6.815 1 americano 2 suíços 5 brasileiros 17 haitianos 23 senegaleses CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Isto é, os países desenvolvidos, que representam a menor parte da população mundial, consomem muito mais do que o resto do mundo. Cabe questionar: até quando os recursos naturais serão suficientes para sustentar a população da Terra? Qual a capacidade de suporte do planeta? A longo prazo, teremos que encontrar um modo consensual de reduzir a taxa de crescimento da população. Assista ao documentário da BBC “Quantas pessoas podem viver no planeta Terra?”, apresentado por David Attenborough e dividido em 6 partes, que fala sobre a capacidade de suporte do planeta e o tamanho da população que ele pode suportar. http://www.dailymotion.com/playlist/x17deq_mcrost_qts-pessoas-podem- viver-na-terra/1#video=xbuajk Leia o item 1 - População - do primeiro capítulo do livro base “Introdução à Engenharia Ambiental”. Acesse a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e pesquise por ele! O vídeo da professora Cristiane traz mais informações sobre alguns importantes índices populacionais mundiais. Confira no material on-line! Os Recursos Naturais Conforme a população mundial cresce, a demanda por recursos naturais aumenta para suprir as necessidades dos seres humanos. Mas o que são recursos naturais? São insumos que a natureza coloca à disposiçãodos seres vivos (organismos, população e ecossistemas), para que possam satisfazer às suas necessidades, tais como ar, água, solo, minerais, flora e fauna. Eles estão ligados à tecnologia, uma vez que são necessários processos tecnológicos para utilização de um recurso, e interagem com a economia, tendo em vista que somente é recurso aquilo que tem exploração economicamente viável. Também só se torna recurso natural algo cuja exploração, processamento e utilização não causem danos ao meio ambiente. Sendo assim, são três os tópicos relacionados à definição de recurso natural: tecnologia, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 economia e meio ambiente. Entretanto, nas últimas décadas, o meio ambiente não foi levado em conta e elementos extremamente tóxicos foram utilizados como recursos naturais. Os recursos naturais podem ser divididos em dois grandes grupos: Renováveis São aqueles que naturalmente podem ser regenerados após o uso, como: a água, o ar, a energia solar, a energia eólica, a madeira, as plantas produtoras de fibra, os vegetais usados na alimentação, os animais usados na alimentação e na confecção de agasalhos e os nutrientes. Não renováveis São aqueles que não podem ser naturalmente regenerados após o uso ou são regenerados em tempos geológicos muito extensos. São exemplos o calcário, a argila, a areia, o petróleo e o carvão mineral. Os recursos não renováveis podem ser separados em duas classes: Minerais não energéticos: ferro, fósforo e cálcio, por exemplo, que podem se renovar, porém após um período de tempo em que não serão importantes para a humanidade. Minerais energéticos: combustíveis fósseis, por exemplo, que são efetivamente não renováveis. Um recurso natural renovável pode passar a ser não renovável quando explorado de forma incorreta ou quando o ambiente modificado não fornece condições para sua renovação, isto é, quando a taxa de utilização supera a máxima capacidade de sustentação do sistema. Quer um exemplo? Diversas espécies da fauna brasileira se encontram ameaçadas de extinção, muitas devido à caça predatória associada à transformação no ambiente. A água é outro exemplo de recurso que pode deixar de ser renovável em uma região, quando manejada de forma incorreta. A seguir, você confere um resumo do que vimos na página anterior: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Existem dois aspectos fundamentais para se evitar a extinção, exaustão ou perda de recursos naturais: Conhecimento ecológico Planos de manejo Porém, vimos que os atuais padrões de produção e consumo da nossa sociedade são incompatíveis com a capacidade que o meio ambiente tem de prover os recursos. E você, já pensou na quantidade de natureza necessária para manter seu estilo de vida? Sua alimentação, seu transporte, sua vestimenta, seus passeios e sua casa? Tudo causa um impacto no meio ambiente. Não pensou? Então quando chegar no item “Na Prática” dessa rota de aprendizagem, faça o teste proposto e conheça sua “Pegada Ecológica”. Leia o item 2 – Recursos Naturais - do primeiro capítulo do livro base “Introdução à Engenharia Ambiental”. Acesse a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e pesquise por ele! RECURSOS NATURAIS NÃO RENOVÁVEIS MINERAIS NÃO ENERGÉTICOS (FÓSFORO, FERRO, CÁLCIO) MINERAIS ENERGÉTICOS (COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS) RENOVÁVEIS ÁGUA, AR, BIOMASSA, VENTO Permite o estabelecimento de condições e limites de uso e exploração. Os quais devem ser adequados à capacidade de suporte do ambiente. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 O vídeo da professora Cristiane traz mais informações sobre o conceito de recursos naturais e como a sociedade atual os administra. Confira no material on-line! A Poluição A poluição surge como consequência da utilização dos recursos naturais pela população. Ela é o resultado do lançamento na natureza dos resíduos produzidos pela atividade humana. De forma geral, a poluição é qualquer alteração indesejável nas características físicas, químicas ou biológicas do meio ambiente, ou seja, a degradação da qualidade do ambiente, que cause ou possa causar prejuízos aos seres humanos e ao próprio meio ambiente. Esse conceito auxilia na classificação do grau de qualidade do ambiente ou de um recurso natural, tendo em vista a possibilidade de se avaliar a composição e as características do meio ambiente. De forma prática, deve-se complementar o conceito de poluição associando-o às alterações indesejáveis provocadas pelas atividades e intervenções humanas no ambiente, tendo em vista principalmente a questão legal de controle da poluição. Alguns fenômenos naturais, como um incêndio florestal ou uma erupção vulcânica, apesar de poderem ser consideradas fontes poluidoras, não são causados pelas atividades humanas. A poluição está ligada à quantidade de resíduos gerados pelas atividades humanas contidos no ar, na água ou no solo, os quais causam um impacto negativo ao meio ambiente. Ou seja, é uma alteração indesejável, quando inseridos em um ecossistema que não esteja preparado para recebê-los ou que não suporte o recebimento nas quantidades em que está sendo introduzido. Clicando nos botões a seguir, você confere a Lei n. 6.938/1981 e a Resolução CONAMA n. 003/1990. Acesse cada um e veja o conceito de poluição que é apresentado. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6938.htm http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=100 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Com o objetivo de se mensurar e controlar a poluição, alguns padrões e indicadores de qualidade do ar, da água e do solo são definidos, os quais devem ser respeitados em um determinado ambiente para que este esteja de acordo com a legislação ambiental. Os poluentes são introduzidos no meio ambiente por meio das fontes poluidoras, que podem ser: indústrias, automóveis, queimadas florestais, aumento da produção de lixo etc. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Quanto à origem dos resíduos, as fontes poluidoras podem ser: Pontuais: também chamadas de localizadas, se caracterizam pelo lançamento da carga poluidora de forma concentrada em determinado local, como no caso de tubulações emissoras de esgotos domésticos ou industriais e galerias de águas pluviais. Outros exemplos de fontes localizadas são efluentes gasosos industriais e aterros sanitários de lixo urbano. São caracterizadas pela fácil identificação e pelo controle mais eficiente e rápido. Difusas: conhecidas também como dispersas, provêm de fontes indiretas, como escorrimento superficial de agrotóxicos em áreas agrícolas, que são carregados para os rios ou lençóis freáticos, e gases expelidos do escapamento de veículos. Por não haver um ponto específico de lançamento de poluentes, as fontes difusas são de difícil controle e identificação. Geralmente estão associadas a grandes áreas, exigindo inúmeros pontos de monitoramento para sua caracterização. A dimensão dos efeitos da poluição pode ser: Local ou regional: são os efeitos mais conhecidos e perceptíveis, os quais geralmente ocorrem em áreas de grande densidade populacional ou atividade industrial, correspondendo às aglomerações urbanas. Eles se espalham e podem ser sentidos em áreas vizinhas, sendo objeto de conflitos intermunicipais, interestaduais e internacionais. Global: tem como exemplo o efeito estufae a redução da camada de ozônio. São ainda pouco conhecidos, mas podem trazer consequências graves para o nosso planeta. Por isso, é de suma importância que sejam amplamente estudados e controlados. São responsáveis por boa parte da conscientização recente da sociedade sobre as questões ambientais, provavelmente devido à constatação da dificuldade de se entender e controlar as transformações que estão ocorrendo no meio ambiente, devido às atividades humanas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Os efeitos causados pela poluição são, entre outros, a redução da camada de ozônio, a chuva ácida, os danos ao ecossistema marinho, a acidificação dos oceanos, além da cooperação com o efeito estufa e o aquecimento global. Entretanto, deve-se lembrar de que a poluição não afeta somente os ecossistemas, mas também interfere na vida do ser humano, uma vez que provoca o surgimento e o agravamento de inúmeras doenças. Há dois tipos de problemas causados pela poluição à saúde humana. Diretos: Decorrentes da inalação de ar poluído causando o aumento da ocorrência de doenças respiratórias. Indiretos: Contemplam as doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados por poluentes presentes no solo ou na água. A capacidade de regeneração do meio ambiente diminui de forma considerável à medida que as emissões de poluentes crescem exponencialmente, devido às atividades poluidoras, como a industrialização e o aumento do número de veículos motorizados no planeta. Quanto maior a população, maior o consumo de alimentos, energia, água etc. e, consequentemente, maior a pressão sobre os ecossistemas e maior a degradação da biosfera, ou seja, maior a poluição ambiental. Desta forma, conclui-se que o crescimento populacional pode ser considerado o maior causador da degradação ambiental. A seguir, você confere algumas fontes poluidoras e os poluentes que elas liberam: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Fonte: GALDINO (2015). Leia o item 3 - Poluição - do primeiro capítulo do livro base “Introdução à Engenharia Ambiental”. Acesse a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e pesquise por ele! O vídeo da professora Cristiane vai trazer mais informações sobre a poluição. Confira no material on-line! A Engenharia e o Desenvolvimento Sustentável Conforme foi visto nos itens anteriores, o crescimento da população é um fator fundamental na degradação ambiental, porém não é o único. O nível de consumo (que aumenta cada vez mais) e a tecnologia utilizada também influenciam nesse processo. Um crescimento mais lento da população permitiria reduzir o impacto do desenvolvimento. Para se reduzir o impacto ambiental e garantir a capacidade de suporte do planeta, devem-se tomar medidas que promovam o desenvolvimento sustentável e a redução da taxa de crescimento populacional. A sociedade humana escolheu até agora um modelo de desenvolvimento que depende de suprimento contínuo e inesgotável de matéria e energia, as Fontes poluidoras Poluentes Veículos, especialmente aqueles sem catalisador, e indústrias Monóxido de carbono (CO) Centrais elétricas e incineração de resíduos Mercúrio (Hg) Indústria de aerossóis, compressores de geladeira, fabricação de alguns plásticos Ozônio (O3) Produção de debaterias e matérias-primas que utilizam o chumbo Chumbo (Pb) Automóveis e indústrias em geral (pela queima de combustíveis em altas temperaturas) Óxidos de nitrogênio (NOx) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 quais, depois de utilizadas, são devolvidas ao meio ambiente em forma de descarte. Por que esse modelo não se sustenta? Para que este modelo pudesse ter sucesso, seria necessário que a energia e a matéria fossem inesgotáveis, bem como o meio ambiente deveria ter capacidade infinita de reciclar matéria e absorver resíduos. Entretanto, já se sabe que a quantidade de matéria é finita e que o ambiente possui um limite em sua capacidade de absorver e reciclar matéria ou resíduos. Dessa forma, fica fácil constatar que o crescimento populacional contínuo é incompatível com os limites que o meio ambiente possui. Conclui-se, assim, que se o modelo de desenvolvimento da sociedade não for alterado, estaremos colocando em risco a sobrevivência do homem e caminhando em direção ao colapso do planeta. No desenvolvimento sustentável, as necessidades das gerações do presente são atendidas de forma que não comprometa o suprimento das necessidades das gerações futuras. Segundo a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, para se alcançar o desenvolvimento sustentável é necessário que o uso dos recursos naturais, os programas econômicos, o desenvolvimento tecnológico, o crescimento populacional e as estruturas institucionais estejam em harmonia, a fim de não colocar em risco a atmosfera, a água, o solo e os ecossistemas que mantêm a vida. Segundo BRAGA (2005), o modelo de desenvolvimento sustentável deve funcionar como um sistema fechado, que tem como base as seguintes premissas: Dependência do suprimento externo contínuo de energia (Sol); Uso racional da energia e da matéria com ênfase na conservação, em contraposição ao desperdício; Promoção da reciclagem e do reuso dos materiais; Controle da poluição, gerando menos resíduos para serem absorvidos pelo ambiente; Controle do crescimento populacional em níveis aceitáveis, com perspectivas de estabilização da população. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Uma diferença importante entre este modelo de desenvolvimento e o que vinha sendo adotado pela sociedade até agora é a reciclagem e o reuso dos recursos. E como implantar esse modelo? Analisando suas premissas, observamos que para implementá-lo são necessárias mudanças na sociedade, a fim de que oportunidades econômicas, sociais e políticas sejam iguais para todos, além da consciência das limitações que a tecnologia e a organização social impõem ao meio ambiente. Parte da sociedade atual já despertou para o problema, mas há muito ainda para ser feito em termos de educação, cooperação entre os povos e meio ambiente. É importante analisar o papel da Engenharia nesse contexto. Vamos lá? Ela foi peça-chave no desenvolvimento da sociedade, responsável pela maior oferta de alimentos, pela melhora do conforto e da saúde e por colocar à disposição do homem tecnologias agronômicas, de geração de energia, de construção civil, de transportes, de saneamento etc. Entretanto, hoje sabemos que as práticas da engenharia nem sempre foram as mais adequadas do ponto de vista ambiental. Na sociedade atual, os engenheiros têm um novo desafio: utilizar as tecnologias disponíveis e desenvolver outras novas, visando à minimização dos impactos negativos ao meio ambiente. É papel do engenheiro integrar às suas atividades os novos conceitos de desenvolvimento, avaliar integralmente os processos e trabalhar de forma multidisciplinar e em equipe, bem como desenvolver o planejamento e a gestão ambiental. Para isso, é necessário conhecer os mecanismos básicos de funcionamento dos ecossistemas, as relações existentes entre as atividades humanas e o meio ambiente e os erros cometidos no passado, a fim de ser capaz de promover mudanças. Um grande avanço alcançado foi a necessidade de aprovação por órgãos governamentais normalizadores e financiadores para início de uma obra de engenharia. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 A engenhariaé a solução para minimizar ou controlar a poluição e a degradação ambiental. Mas é importante sanar esses problemas por meio de medidas preventivas e não corretivas. Entretanto, muitas vezes as medidas corretivas são necessárias e requerem grandes investimentos. Como assim? Durante a crise hídrica de São Paulo, foram feitas obras nas represas para permitir a captação de água do volume morto dos reservatórios e para diminuir a demanda sobre o Sistema Cantareira, aumentando a captação de outros sistemas. Essas são medidas corretivas. Leia o Capítulo 6 - Bases do Desenvolvimento Sustentável - do livro base “Introdução à Engenharia Ambiental”. Acesse a Biblioteca Virtual, pelo ÚNICO, e pesquise por ele! Assista ao vídeo da professora Cristiane e entenda a relação entre a Engenharia e o desenvolvimento sustentável. Confira no material on-line! Na Prática Chamamos de pegada ecológica o impacto, os rastros ou as consequências deixadas pelas nossas atividades no meio ambiente. Quanto maior a pegada ecológica de uma atividade, mais danos ela causa. Você pode fazer um teste que indica o tamanho da sua pegada. Confira agora mesmo! http://www.suapegadaecologica.com.br/ Pense o que você pode mudar em sua rotina a fim de contribuir para o Meio Ambiente. Síntese Chegamos ao fim de nossa primeira aula! Nesse encontro, foi possível entender a problemática da crise ambiental atual e a relação entre os três elementos-chave para a sustentabilidade do meio ambiente e da vida humana na Terra: população, recursos naturais e poluição. Vimos também formas alternativas de desenvolvimento para se encontrar o equilíbrio entre esses três componentes e como a Engenharia pode contribuir CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 na solução desse problema. Agora, você é capaz de reconhecer e identificar problemas ambientais, suas causas e as possíveis soluções para reduzir seu impacto. Antes de finalizar essa aula, confira o vídeo com as considerações finais da professora Cristiane! Disponível no material on-line! Referências Banco Mundial. Indicadores de Desenvolvimento Mundial 2015. Disponível em: <http://data.worldbank.org/products/wdi>. Acesso em: 18 fev. 2016. BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. GALDINO, Alana M. R. Introdução ao estudo da poluição dos ecossistemas. Curitiba: InterSaberes, 2015. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 18 fev. 2016. ONU - Organização das Nações Unidas. Prospectos da População Mundial: Revisão de 2015. Disponível em: <http://esa.un.org/unpd/wpp/Publications/Files/Key_Findings_WPP_2015.pdf>. Acesso em: 18 fev. 2016. UNITED States Census Bureau. Disponível em: <www.census.gov>. Acesso em: 18 fev. 2016.
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