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16/03/2017 1 Professor: Afonso Andreozzi Neto Instituições Judiciárias e Ética 16/03/2017 2 A Teoria Geral do Estado sistematiza conhecimentos por meio de diversas ciências: Sociologia, História, Direito, Economia e outras, que contribuem com os seus resultados. Portanto, a Teoria Geral do Estado não é uma ciência, mas um conjunto de ciências. A constituição fixa a estrutura fundamental do Estado. Por isso, o Estado é uma noção prévia ao estudo do Direito Constitucional. Afinal, o que é o Estado? Estado, escrito com “E” maiúsculo, diferente, portanto, do estado com “e” minúsculo, que se refere a uma província ou subdivisão de um determinado país. O Estado corresponde a organização político e administrativa que organiza o espaço de um povo ou nação. Para o reconhecimento do Estado perfeito se faz necessário a presença do povo, território e soberania. 16/03/2017 3 Povo é caracterizado pelo conjunto indivíduos sujeitos à soberania do Estado (aspecto puramente jurídico); são os cidadão, são aqueles dotados de cidadania reconhecida pela ordem jurídica desse Estado. Estão excluídos os estrangeiros de situação jurídica irregular e os transeuntes, viajantes e turistas, ligados a outras Nações ou Estado. Nação é um grupo de indivíduos que se sentem unidos pela origem comum, por ideais e aspirações comuns. Povo tem essência jurídica; nação tem essência moral no sentido rigoroso da palavra. Nação é uma comunidade de consciências, unidas por um sentimento complexo, indefinível e poderosíssimo: o patriotismo. Soberania é o poder de governo ou de comando que se costuma designar como um elemento formal do Estado. É a superioridade derivada de autoridade, domínio, poder, exercida pelo Estado. Cidadania é a prática dos direitos (civis e políticos) e deveres de um(a) indivíduo (pessoa) em um Estado. 16/03/2017 4 Território é o limite espacial dentro do qual o Estado exerce seu poder de império sobre pessoas e bens. Território é elemento essencial para existência do Estado, a base física, a porção do globo por ele ocupada. É o pais propriamente dito, e portanto pais não se confunde com povo ou nação, e não é sinônimo de Estado, do qual constitui apenas um elemento. O Estado é a ordenação jurídica soberana que tem por fim realizar o bem comum de um povo situado em determinado território. Pelo modo de organização política do Estado, existem duas formas básicas de governo: � Monarquia; e, � República. 16/03/2017 5 Monarquia É o governo de um só indivíduo, caracteriza-se pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade do Chefe de Estado. O monarca governa enquanto viver. A escolha é feita dentro da linha de sucessão dinástica, e o rei não tem responsabilidade política. A Monarquia pode ser absoluta ou relativa. O Monarca não responde por seus atos, não é responsável por eles e pode ser um imperador (Japão), rei (Suécia e Espanha) ou rainha (Inglaterra). República A República surge como oposição à Monarquia. O chefe de Estado é temporário e não vitalício; é eleito pelos seus governados, ou seja, pelo povo, em vez de ser sucedido por hereditariedade; e tem responsabilidade pelos seus atos, isto é, pode ser processado e perder o mandato. 16/03/2017 6 Os sistemas de governo são: � o Parlamentarismo; e, � o Presidencialismo Parlamentarismo No regime parlamentar, o Parlamento representa o Estado. O primeiro-ministro exerce uma função de confiança, podendo ser destituído do cargo. O governo é efetivamente estabelecido por um colegiado, com a direção do Primeiro-Ministro, como representante do Monarca. No regime parlamentar, o chefe do governo é o primeiro-ministro e o chefe de Estado é o rei ou presidente. O chefe de Estado não tem qualquer responsabilidade política. O regime parlamentarista é empregado nas Monarquias (Inglaterra, Espanha) e Repúblicas (Itália). 16/03/2017 7 Parlamentarismo No parlamentarismo, os poderes não são autônomos nem independentes. O Legislativo pode ser dissolvido pelo chefe de Estado, com convocação de novas eleições. Na França, por exemplo, o Poder Judiciário é uma repartição do Ministério da Justiça. Presidencialismo O presidencialismo é um sistema de governo no qual o presidente é o Chefe de Estado e de Governo. Este presidente é o responsável pela escolha dos ministros que o auxiliam no governo. No sistema de presidencialismo, o presidente exerce o poder executivo, enquanto os outros dois poderes, legislativo e judiciário, possuem autonomia. O Brasil é uma República Presidencialista deste 15 de novembro de 1889, quando ocorreu a Proclamação da República. 16/03/2017 8 Presidencialismo O regime Presidencialista não se harmoniza com forma de governo monarquista, mas sim com a República, regime político que significa coisa pública (“res” significa coisa) a todos, pertence e por todos será administrada, mediante representação do povo, por tempo determinado, visando o interesse comum. Neste Sistema, o chefe de governo tem um tempo de mandato prefixado. Federação Originalmente, federação significa aliança. Duas são as formas de Estado, segundo a organização do poder interno: � unitário; e, � federal 16/03/2017 9 Unitário A constituição do Estado unitário prevê um único núcleo centralizador do poder político; a descentralização neste caso é meramente administrativa. Federação É a forma descentralizada politicamente do Estado. A forma federal faz incidir sobre um mesmo território e em relação a uma mesma população, duas ordens estatais: a do Estado Federal, a União, com uma forma de governo e a dos Estados federados, denominação que se dá a cada um dos Estados-membros da Federação, com direção e capacidades políticas distintas. *União: é pessoa jurídica de direito público interno, entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros, Municípios e Distrito Federal, possuindo competências administrativas e legislativas determinadas constitucionalmente. 16/03/2017 10 CF, Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado de direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. 16/03/2017 11 O Brasil é uma República Federativa Presidencialista, formada pela União, Estados, Distrito Federal e municípios, em que o exercício do poder é atribuído a órgãos distintos e independentes, submetidos a um sistema de controle para garantir o cumprimento das leis e da Constituição. � O Brasil é uma República porque o Chefe de estado é eleito pelo povo, por período de tempo determinado. � É Presidencialista porque o presidente da República é Chefe de Estado e também Chefe de governo. � É Federativa porque os estados têm autonomia política. CF, Art. 2º. São Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário. A União está divida em três poderes, independentes e harmônicos entre si, conforme previsto no art. 2º da Constituição Federal. 16/03/2017 12 Funções principais do Estado: � Poder Legislativo – formular leis que visem à regulamentação da vida do homem em sociedade; � Poder Executivo – realização da ordem jurídica, para o cumprimento do ordenamento jurídico; � Poder Judiciário – composição dos conflitos de interesses perturbadores da paz social, para soluçãodos conflitos. 16/03/2017 13 O que faz? Qual a sua função?O que faz? Qual a sua função? Soluciona litígios Julga Diz o direito (Jurisdictio) 16/03/2017 14 Para solução dos conflitos, através do Poder Judiciário, temos a figura da Jurisdição (poder-dever dizer o direito). O termo jurisdição vem do latim, que significa dizer o direito (juris=direito, dição=dizer). Trata-se do poder e prerrogativa de um órgão (no Brasil, é o Poder Judiciário), de aplicar o direito, utilizando a força do Estado para que suas decisões sejam eficazes. Jurisdição é o poder que o Estado detém para aplicar o direito a um determinado caso, com o objetivo de solucionar conflitos de interesses e com isso resguardar a ordem jurídica e a autoridade da lei, de forma imparcial. � Substitutiva a vontade das partes – a atividade do Estado substitui a atividade das partes na aplicação da lei, já que não se pode fazer justiça com as próprias mãos; � Definitiva e imutável – as decisões proferidas pelo Poder Judiciário não podem ser revistas ou alteradas, nem sequer por outro Poder; � Natureza declaratória – o Judiciário não cria direitos, apenas aplica as leis já existentes aos casos concretos; e, � Lide – a função jurisdicional está intimamente ligada à essa característica, já que este poder tem por objetivo solucionar conflitos de interesses qualificado por uma pretensão resistida. 16/03/2017 15 A Jurisdição deve observar determinados princípios, quais sejam: � Princípio da Inércia (art. 2º CPC) – a atividade jurisdicional se desenvolve somente quando provocada pelas partes, ou seja, não se move por si só, de ofício. A esta provocação, a ser exercida pela parte se dá o nome de direito de ação; � Princípio da inevitabilidade – a lide, uma vez levada ao judiciário, não poderão as partes impedir a decisão do juiz. Existindo uma decisão as partes devem cumpri-la, independente da satisfação das partes sobre ela; � Princípio da indelegabilidade - A atividade jurisdicional é indelegável, somente podendo ser exercida, pelo órgão que CF/88 estabeleceu como competente. Assim sendo após o processo ser recebido por um Juiz, ele não poderá delegar o julgamento a terceiro ou outro juiz; � Princípio do Juiz Natural - Em um Estado Democrático de Direito é vedado a utilização dos tribunais de exceções, ou seja, uma corte criada para o julgamento de um determinado caso específico. Nesse sentido, surge o Princípio do juiz natural que determina que o juiz deve ser competente para julgar, ou seja, ele deve ter a atribuição legal para julgar aquela matéria e pessoa naquele local; 16/03/2017 16 � Princípio do duplo grau de Jurisdição – aquele que não obteve a satisfação de sua pretensão em primeiro grau, pode provocar um novo exame de seu processo, por um órgão de segundo grau; � Princípio da investidura – Para a jurisdição ser exercida é necessário que alguém seja investido na função. A investidura ocorre através de concurso público de provas e títulos, em observância a CF/88. Contudo essa regra não é absoluta tendo algumas exceções, por exemplo, a escolha dos Ministros do STF ou ingresso nos tribunais pelo quinto constitucional, feitos que independem de concurso público; � Princípio da aderência ao território - A jurisdição aderirá uma base territorial e será aplicada nessa base. Atenção, existem tribunais que sua aderência será em todo o território nacional como o STF (apesar da jurisdição ser una, exercida por todo território nacional, os juízes trabalham com divisões territoriais); � Princípio da inafastabilidade - Princípio de origem constitucional, previsto no art. 5º, XXXV, da CF/88, que determina que toda lesão ou ameaça de direito não poderá ser afastada do conhecimento do Poder Judiciário. O juiz não pode deixar de decidir o conflito, nem mesmo por lacuna ou obscuridade da lei. 16/03/2017 17 Há uma divisão interna da jurisdição, feita de forma meramente pedagógica, que não retira a unicidade da jurisdição. Podendo dividi-la em contenciosa e voluntária. � Contenciosa - Na jurisdição contenciosa, também chamada de jurisdição propriamente dita, pressupõe a existência de um conflito de interesses apresentado em juízo, para que seja solucionado pelo Estado- juiz, com a consequente produção da coisa julgada. A título de exemplo, temos uma ação de cobrança ou uma separação judicial litigiosa. � Voluntária - não incluir interesses em conflito, não existem partes, existem interessados. Na jurisdição voluntária compete ao juiz, em atividade meramente homologatória (administrativa), verificar se houve observância das normas jurídicas na realização do ato jurídico, sem incidir o caráter substitutivo, pois, antes disso, o que acontece é que o juiz se insere entre os participantes do negócio jurídico, em uma intervenção necessária para a consecução dos objetivos desejados, ademais, o objetivo dessa atividade não é uma lide, mas apenas um negócio entre os interessados com a participação do magistrado. 16/03/2017 18 O Poder Judiciário é regulado pela Constituição Federal nos seus artigos 92 a 126. É constituído de diversos órgãos, com o Supremo Tribunal Federal (STF) no topo. O STF tem como função principal zelar pelo cumprimento da Constituição. Abaixo dele estão os Tribunais Superiores, incluindo o Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por fazer uma interpretação uniforme da legislação federal. 16/03/2017 19 CF, Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário: I - o Supremo Tribunal Federal (STF); I–A - o Conselho Nacional de Justiça (CNJ); II - o Superior Tribunal de Justiça (STJ); III - os Tribunais Regionais Federais (TRF) e Juízes Federais; IV - os Tribunais (TRT) (TST) e Juízes do Trabalho; V - os Tribunais (TRE) (TSE) e Juízes Eleitorais; VI - os Tribunais (STM) (TM) e Juízes Militares; VII - os Tribunais (TJ) e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e Territórios. 16/03/2017 20 No sistema Judiciário brasileiro, há órgãos que funcionam no âmbito da União e dos estados, incluindo o Distrito Federal e Territórios. No campo da União, o Poder Judiciário conta com as seguintes unidades: � Justiça Federal (comum) – incluindo os juizados especiais federais (JEF); e, � Justiça Especializada – composta pela Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar. Poder Judiciário (campo da União) Poder Judiciário (campo da União) Justiça Federal (comum) – incluindo os juizados especiais federais (JEF) Justiça Federal (comum) – incluindo os juizados especiais federais (JEF) Justiça EspecializadaJustiça Especializada Justiça MilitarJustiça MilitarJustiça EleitoralJustiça EleitoralJustiça do TrabalhoJustiça do Trabalho 16/03/2017 21 A organização da Justiça Estadual (comum), que inclui os juizados especiais cíveis e criminais (JEC), é de competência de cada um dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, onde se localiza a capital do país. Tanto na Justiça da União (Federal) como na Justiça dos estados, os juizados especiais são competentes para julgar causas de menor potencial ofensivo e de pequeno valor econômico. A Justiça Estadual (comum) é composta: A Justiça Estadual (comum) é composta: Em primeira instância: Pelos juízes de Direito Em primeira instância: Pelos juízes de Direito Em segunda instância: Pelos Desembargadores atuam nos tribunais de Justiça (segunda instância) Em segunda instância: Pelos Desembargadores atuam nos tribunais de Justiça (segunda instância) 16/03/2017 22 A ela cabe processar e julgar: � qualquer causa que não esteja sujeita à competência de outro órgão jurisdicional (Justiça Federal comum, doTrabalho, Eleitoral e Militar), � representa o maior volume de litígios no Brasil. Sua regulamentação está expressa nos artigos 125 a 126 da Constituição. � Caráter residual – A Justiça Estadual Comum tem caráter residual, conflitos não apanhados nem pela competência das justiças especializadas, nem pela justiça federal. O território dos Estados sobre o qual o juiz exercerá a jurisdição é chamado de comarca (que pode compreender mais de um município). Dois níveis de pronunciamento: 1ª Instância (grau de jurisdição) (órgãos singulares) Justiça de primeiro grau Título: Juízes de Direito 2ª Instância (grau de jurisdição) (órgãos colegiados) Tribunais de Justiça (TJ) Título: Desembargadores 16/03/2017 23 Comarca: É o território ou circunscrição territorial em que o juiz de direito de primeira instância exerce sua jurisdição. Cada comarca compreenderá um ou mais municípios, com uma ou mais varas. Assim, pode haver comarcas que coincidam com os limites de um município, ou que os ultrapasse, englobando vários pequenos municípios. Para a criação e a classificação das comarcas serão considerados: � os números de habitantes e de eleitores; � a receita tributária; e, � o movimento forense e a extensão territorial dos municípios do estado, conforme legislação estadual. 16/03/2017 24 Tribunal de Justiça Os Tribunais de Justiça são órgãos colegiados, atuam sempre em 3 desembargadores; Os desembargadores se reúnem em órgãos fracionários denominados Câmaras, compostas por 5 desembargadores (cada); A divisão em Câmaras se dá pela especialidade material. A reunião das Câmaras de determinada especialidade é chamada de Seção. A reunião de todos os desembargadores é o Tribunal Pleno. Os juízes de direito são responsáveis em processar e julgar ações em primeira instância, através de sentença. Após a sentença, caso uma das partes não concorde com a decisão do julgamento, terá o direito de ingressar com recurso para o tribunal superior competente, que neste caso é o TJ. O processo será julgado novamente, só que, dessa vez, por um colegiado de desembargadores, que se dividem em Câmaras. Desembargadores emitem seus votos, mantendo ou não decisão proferida em primeira instância. A decisão em segunda instância é chamada de acórdão. Primeira instância (primeiro grau): Segunda instância (segundo grau): Recurso (segundo grau): Voto (segundo grau): Acórdão (segundo grau): 16/03/2017 25 Todos os julgamentos em 1ª e 2ª instância são públicos e suas decisões devem ser fundamentadas. Caso contrário, podem ser dadas como nulas. Todos os julgamentos em 1ª e 2ª instância são públicos e suas decisões devem ser fundamentadas. Caso contrário, podem ser dadas como nulas. 16/03/2017 26 � SANTOS, Moacyr Amaral. Primeiras linhas de direito processual civil. 25ª ed. São Paulo: Saraiva, 2007. � DOWER, Nélson Godoy Bassil. Instituições de direito público e privado. 13ª ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2005. � Palaia, Nelson. Noções Essenciais de Direito. 4ª ed. São Paulo: Saraiva, 2011. � SILVA, Roberto Baptista Dias da. Manual de direito constitucional. 1ª ed. São Paulo: Editora Manole, 2007 � AZAMBUJA, Darcy. Teoria geral do estado. 36ª ed. São Paulo: Globo, 1997 � Constituição da República Federativa do Brasil. Disponível para downloadwww.planalto.gov.br (caminho: legislação>constituição>constituicao1988).
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