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2017 - 07 - 16 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 1 - Edição 2016 PARTE IV - PROCESSO CAPÍTULO 16. PARTES, CAPACIDADE PROCESSUAL, REPRESENTAÇÃO E ASSISTÊNCIA Capítulo 16. Partes, Capacidade Processual, Representação e Assistência Sumário: 16.1 Partes - Conceito - 16.2 Capacidade processual - Noções gerais: 16.2.1 Capacidade processual - Características - 16.3 Legitimidade - 16.4 Representação e assistência. 16.1. Partes - Conceito Denominam-se partes os chamados sujeitos parciais do processo - autor e réu - que são, respectivamente, aquele que formula pedido em juízo, mediante o exercício da ação, e aquele em face de quem se pede a tutela jurisdicional. 16.1.1. O momento da definição das partes Normalmente, as partes são definidas já na demanda (veiculada na petição inicial). Ali estão identificados o autor, que está propondo a ação, e o réu, contra quem o primeiro está dirigindo sua demanda. Mas há casos em que, supervenientemente, acrescentam-se novos sujeitos como parte no processo ou, até mesmo, altera-se o sujeito que detém a condição de parte. Haverá o acréscimo de novas pessoas como parte, por exemplo, em determinadas modalidades de intervenção de terceiros (v. n. 19.4.2, adiante) ou quando é citado no processo um litisconsorte passivo necessário que originalmente não havia sido demandado pelo autor (v. cap. 18, adiante). Haverá a troca de um sujeito por outro, na condição de parte, quando houver sucessão processual (v. cap. 17, adiante) ou mediante o incidente de correção de ilegitimidade passiva (v. vol. 2, cap. 8). 16.1.2. Parte e legitimidade para a causa O conceito de parte não se confunde com o de legitimidade para a causa (já estudada, como condição da ação, no cap. 10). O sujeito detém a condição de parte pelo tão só fato de figurar em um dos dois polos da demanda jurisdicional, como autor ou réu. Se ele de fato está legitimado para a causa, é outra questão. Eventualmente, o autor propõe a ação sem deter legitimidade para tanto - ou a dirige contra um réu que não está legitimado. Se eu proponho ação em meu próprio nome, para obter uma indenização em favor de meu irmão, por conta de danos que ele sofreu, em princípio eu não detenho legitimidade. Sou autor dessa ação. Portanto, sou parte - ainda que seja parte ilegítima. A ilegitimidade, aí, vem a adjetivar o substantivo parte - o que comprova que a condição de parte existe independentemente da legitimação. Como dito, o tema da legitimidade para a causa já foi examinado (n. 10.3, acima), e não será aqui retomado. 16.2. Capacidade de ser parte O art. 1.º do Código Civil prevê que toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil. Isso quer dizer que todo ser humano é dotado de personalidade jurídica e pode ser titular de relação jurídica, como credor (em sentido amplo) ou como devedor de determinada obrigação. Nesse plano se situa a capacidade de ser parte (ser autor ou ser réu). É a chamada capacidade de direito. Essa capacidade é reconhecida ao ser humano, desde o nascimento com vida, às pessoas jurídicas regularmente constituídas e a uma série de entes destituídos de personalidade jurídica, como, por exemplo, as universalidades de bens (ex.: espólio, massa falida, condomínio, sociedade de fato etc.). 16.3. Capacidade de estar em juízo Para que se esteja diante da capacidade de estar em juízo (formulando pedido ou sendo demandado), todavia, não basta a capacidade de direito, isso é, não basta que a parte seja capaz de ter direitos e assumir obrigações. É preciso que, além disso, exista também a capacidade de fato, ou capacidade de exercício, que se consubstancia na aptidão para a prática dos atos decorrentes da capacidade de direito (CPC/2015, art. 70). Têm capacidade de fato, ou de exercício, aqueles que podem, por si mesmos, praticar os atos da vida civil. Àqueles aos quais a lei material não reconhece essa aptidão, como, por exemplo, os relativamente incapazes ou os absolutamente incapazes, é necessária a integração da capacidade, isto é, à capacidade de direito, de que são titulares, é preciso que se integre uma outra capacidade, que não têm, para o exercício. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil, de acordo com o art. 3.º do Código Civil, necessitando, portanto, da integração da capacidade: os menores de dezesseis anos; aqueles que, em razão de enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos, e os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. A incapacidade relativa, prevista no art. 4.º do Código Civil, atinge aos maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; aos ébrios habituais, aos viciados em tóxicos e aos que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido; aos excepcionais, sem desenvolvimento mental completo; e aos pródigos. O parágrafo único do mesmo artigo dispõe que "a capacidade dos índios será regulada por legislação especial". O "Estatuto do Índio" (Lei 6.001/1973) prevê, nos arts. 7.º a 11, regime de assistência ou tutela aos silvícolas. Todos esses não podem exercer pessoalmente os atos da vida civil, necessitando, em maior ou menor grau (conforme se trate de incapacidade absoluta ou de incapacidade relativa), integrar a capacidade, de modo que, à capacidade de direito que têm, some-se a capacidade de exercício, que não têm. Dessa maior ou menor incapacidade decorrem as modalidades de integração de capacidade de que se pode necessitar. Como veremos em seguida, há duas formas de integração: assistência e representação. 16.4. Representação e assistência A expressão representação tem dois sentidos, neste contexto. Por um lado, pode significar um meio através do qual se integra a capacidade processual (para agir ou para estar em juízo) de quem não a tem, como, por exemplo, o menor impúbere autor de uma ação. Por outro, pode dizer respeito a uma necessidade gerada pelas circunstâncias, o que ocorre quando se dá a representação de pessoa jurídica. Neste último caso, apesar de haver representação, não se pode falar em integração de capacidade. Trata-se de uma exigência que decorre da natureza das coisas: acionada, por exemplo, uma empresa, não podem todos os acionistas comparecer a juízo para atuar em seu nome. Normalmente, os estatutos designam alguém para desempenhar essa função, ou seja, representar a empresa. A integração de capacidade só ocorre quando se tratar de pessoa física, e tem lugar diante de ausência absoluta de capacidade (art. 3.º do CC). A complementação da capacidade, quando se está diante de um relativamente incapaz (art. 4.º do CC), se dá através do instituto da assistência. Neste caso, assistente e assistido agem em conjunto. Obviamente, não há que se confundir esse instituto com o que estudaremos em breve, relativo a uma forma de intervenção de terceiros em processo alheio (n. 19.5, adiante). Havendo representação ou assistência, como forma de integração de capacidade da parte pessoa física, é importante sublinhar serem partes única e exclusivamente o representado e o assistido. Refletindo as normas do Código Civil acima citadas, o art. 71 do CPC/2015 estabelece que "o incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei". Se o incapaz não tiver representante legal ou se os interesses desse colidirem com os daquele, deverá ser nomeado um curador especial para o incapaz (art. 72, I). Tal curadoria deve ser desempenhada pela Defensoria Pública, nos termos da legislação específica (art. 72, parágrafo único), onde essa função estiver organizada. A representação, como solução dada pelo sistema jurídico positivo a uma necessidade criada pela natureza das coisas, rege-se fundamentalmente pelo art. 75 do CPC/2015. Neste dispositivo se diz, por exemplo, que o espólio será representado pelo inventariante; que o município será representado por seu prefeito ou porprocurador, e que uma pessoa jurídica deve ser representada por aquele a quem os seus atos constitutivos designam, ou por seus diretores. Nesses casos, a rigor o que se tem é uma presentação. O "representante" é em verdade "presentante" da entidade coletiva que detém a condição de parte. Funciona como um órgão seu. Note-se que a distinção aqui apresentada é de extrema relevância. Quando a representação (ou assistência) concerne à integração da capacidade, é ônus do autor zelar para que ela seja devidamente observada, inclusive no que concerne ao réu. Por exemplo, quando propõe a ação contra um menor, absolutamente incapaz, o autor tem o ônus de zelar para que a demanda seja devidamente cientificada ao representante do réu. Se a capacidade do réu não for perfeitamente integrada, o processo será extinto sem julgamento de mérito, por falta de pressuposto de validade (n. 15.3.3). Aplica-se a esse caso a regra do inc. I do § 1.º do art. 76. Nessa hipótese, seria absurdo reputar que bastaria ao autor apenas citar o próprio incapaz, cabendo a esse (que é incapaz, afinal) tomar providências para a integração de sua capacidade, sob pena de revelia. Já no que tange à representação de entes coletivos (pessoas jurídicas, sociedades de fato, condomínios etc.), é ônus de cada parte zelar para que ela esteja perfeitamente regularizada no processo. Nessa hipótese, se o réu descumpre esse ônus, será considerado revel (art. 76, § 1.º, II). Se for o autor, suportará a extinção do processo (art. 76, § 1.º, I), por falta de providência necessária ao prosseguimento da ação. 16.5. Capacidade como pressuposto processual Como visto no cap. 15, a capacidade é pressuposto processual positivo de validade. Isto significa que, se ausente, deve impedir o juiz de julgar o mérito. Sendo proferida decisão de mérito apesar de uma das partes não ser capaz, estar-se-á diante de decisão rescindível, com base nos arts. 485, IV e 966, V, do CPC/2015. 16.6. Capacidade postulatória Além disso, em regra, as partes devem ser representadas no processo por advogado regularmente inscrito na OAB (art. 103). O princípio geral é o de que apenas esse profissional possui a capacidade postulatória (quanto às exceções, v. cap. 15 e 23). Assim, a parte deve constituir como seu procurador um advogado para atuar no processo. Os atos técnicos deverão ser praticados no processo por esse profissional. Se a própria parte ou um procurador dela que não seja advogado regularmente inscrito na OAB vier a praticar um ato técnico no processo (petição inicial, contestação, recurso etc.), esse ato será considerado nulo (Lei 8.906/94, art. 4.º). Às partes é dado praticar, contudo, os atos pessoais (não técnicos), como, prestar depoimento pessoal, confessar, participar de audiência para fins de conciliação, exibir documentos, receber citações e intimações para a prática desses próprios atos pessoais etc. A realização de tais atos até pode ser delegada pela parte ao advogado, mediante procuração com poderes expressos. Mas são atos que ela sempre pode praticar pessoalmente. Por outro lado, não basta a atuação do advogado regularmente inscrito na OAB. Ele precisa atuar munido de procuração (mandato) devidamente outorgada pela parte. Caso contrário, serão considerados ineficazes os atos que ele praticar no processo (art. 104, § 2.º). Aqui, põem-se duas exceções: (1) se a própria parte é advogado inscrito na OAB, ela pode atuar em causa própria - hipótese em que não cabe falar de procuração (art. 103, parágrafo único.); (2) o advogado pode praticar atos processuais urgentes em nome da parte, sem procuração, para evitar perda de direito ou em outras situações de urgência (art. 104, caput), desde que junte a procuração no prazo de quinze dias, prorrogáveis por outros quinze (art. 104, § 1.º). 1. Sujeitos do processo · Partes (autor e réu) · Sujeito imparcial - Juiz 2. Momento da definição das partes · Petição inicial · Alteração superveniente · Intervenção de terceiros · Litisconsorte passivo necessário · Sucessão processual · Incidente de correção de ilegitimidade passiva 3. Parte e legitimidade para a causa 4. Capacidade · Pressuposto processual positivo de validade · Espécies · De ser parte · De estar em juízo 5. Representação · Integração de capacidade (sem cap.) · Presentação 6. Pessoa física · Representação - Art. 3.º, do CC · Assistência - Art. 4.º, do CC · Capacidade dos índios: Lei 6.001/1973 7. Pessoa jurídica ou outre ente coletivo Presentação (atuação como órgão) 8. Capacidade postulatória Ineficácia dos atos praticados sem procuração - exceções Partes · Alexandre Flexa, Daniel Macedo e Fabrício Bastos (Novo..., p. 99) indicam que "os sujeitos parciais podem ser classificados como partes da demanda e partes do processo. Partes da demanda são aqueles que pedem e aqueles em face de quem se pede alguma coisa em juízo. São os autores e os réus nos processos de conhecimento, e os exequentes e executados nos processos de execução, sendo possível que todos sejam chamados genericamente de demandantes e demandados. Partes do processo são todos aqueles que praticam atos processuais com parcialidade, aí incluídas as partes da demanda e todos os demais sujeitos parciais, como ocorre com os assistentes técnicos". · Fábio Victor da Fonte Monnerat (Introdução..., p. 219) afirma que "todo litígio pressupõe ao menos dois sujeitos interessados em um mesmo bem jurídico, o que leva, vedada a autotutela e ausente uma forma consensual de resolução da lide, à necessidade de busca de tutela jurisdicional. Esta busca, representada pela propositura da ação, necessariamente deve identificar, de um lado, o sujeito que exerce a pretensão e, de outro, aquele que oferece a resistência". Para o autor, "decorre desta afirmação o conceito de partes: quem pede e contra quem é feito o pedido". · Fredie Didier Jr. (Curso..., vol. 1, 17. ed., p. 475) destaca que "o conceito de parte deve restringir-se àquele que participa (ao menos potencialmente) do processo com parcialidade, tendo interesse em determinado resultado do julgamento. Saber se essa participação dá-se em relação à demanda, principal ou incidental, ou em relação à discussão de outra questão, não é algo essencial para o conceito puramente processual de parte. Parte é o sujeito parcial do contraditório". Acrescenta esse autor que "de três maneiras distintas pode alguém assumir a posição de parte num processo: a) tomando a iniciativa de instaurá-lo; b) sendo chamado a juízo para ver-se processar; c) intervindo em processo já existente entre outras pessoas". · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., vol. 1, 56. ed., p. 265) aduz que parte, ao lado de ser "sujeito da lide ou do negócio jurídico material deduzido em juízo, é também sujeito do processo". Afirma esse autor ser possível "distinguir dois conceitos de parte: como sujeito da lide, tem-se a parte em sentido material, e como sujeito do processo, a parte em sentido processual. Como nem sempre o sujeito da lide se identifica com o que promove o processo, como se dá, por exemplo, nos casos de substituição processual, pode-se definir a parte para o direito processual como a pessoa que pede ou perante a qual se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional. A que invoca a tutela jurídica do Estado e toma a posição ativa de instaurar a relação processual recebe a denominação de autor. A que fica na posição passiva e se sujeita à relação processual instaurada pelo autor, chama-se réu ou demandado". · José Frederico Marques (Manual..., 9. ed. atual., vol. 1, p. 341) sustenta que "partes são as pessoas que pedem e contra as quais se pede, em nome próprio, a tutela jurisdicional. Aquele que pede a tutela jurisdicional tem o nome de autor; e de réu aquele contra quem essa tutela é pedida". No entender desse autor, "se uma pessoa pede a tutela jurisdicional em nome de outrem (e não emnome próprio), representando este, parte será o representado, e não o representante. Adquire-se a posição de parte: a) propondo a ação (autor), ou sendo citado para o processo (réu); b) por efeito de sucessão, na posição de parte que originariamente figurava no processo; c) por efeito de intervenção, voluntária ou coacta, em processo pendente". · Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero (Novo Código..., p. 152) afirmam que "parte é quem pede e contra quem se pede tutela jurisdicional. Ao lado do juiz, as partes compõem o quadro das pessoas do juízo, dos sujeitos do processo. Eventualmente, também o Ministério Público, quando participa como interveniente (art. 178, CPC), é considerado um dos sujeitos do processo, embora nesse caso não assuma o papel de parte. O mesmo se diga dos auxiliares, permanentes ou eventuais, da justiça (arts. 149-175, CPC), que são sujeitos do processo, ainda que não sejam parte. Parte é um conceito puramente processual, que se afere mediante o simples lanço de olhos ao processo. Não se confunde com o conceito de parte legítima, que supõe pesquisa no plano do direito material". Capacidade processual - Representação - Assistência · Humberto Theodoro Júnior (Curso..., vol. 1, 56. ed., p. 270) afirma que a capacidade processual "consiste na aptidão de participar da relação processual, em nome próprio ou alheio. Em regra geral, a capacidade que se exige da parte para o processo é a mesma que se reclama para os atos da vida civil, isto é, para a prática dos atos jurídicos de direito material (Código Civil de 2002, arts. 5º e 40). Ou seja, "toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo" (NCPC, art. 70). Quando se faz necessária a representação do incapaz ou do privado de demandar pessoalmente, como o falido e o insolvente civil, o representante não é considerado parte, mas sim gestor de interesses alheios. Há representações voluntárias, derivadas de negócio jurídico, e representações legais, oriundas imediatamente da lei, como a do titular do poder familiar em relação aos filhos menores. Entre as representações voluntárias, que são aquelas em que a pessoa escolhe voluntariamente o representante para atuar em seu nome, distinguem-se casos de representação necessária, em que, embora o representante seja de livre escolha do representado, não pode deixar de eleger um representante qualificado para a prática do ato". · José Frederico Marques (Manual..., 9. ed. atual., vol. 1, p. 341) sustenta que capacidade processual "é a aptidão de uma pessoa para ser parte, isto é, sujeito de direitos e obrigações, faculdades e deveres, ônus e poderes, na relação processual, como autor, réu, ou interveniente. Todo homem, por ser capaz de direitos e obrigações na ordem civil, (...) tem a capacidade processual de ser parte; (...). De igual capacidade estão dotadas as pessoas jurídicas, bem como outras coletividades organizadas, pluralidade de pessoas ou patrimônios autônomos, tratados no Direito Processual Civil como se tivessem personalidade jurídica, embora não a tenham: é o que se dá com a massa falida, o espólio, a herança vacante ou jacente (Código de Processo Civil, art. 12, III, IV e V)". Distinta da capacidade de ser parte é aquela de agir, sobre a qual assim dispõe o Código de Processo Civil, no art. 7.º: "Toda pessoa que se acha no exercício dos seus direitos tem capacidade para estar em juízo". No entender desse autor, a capacidade para estar em juízo tem como pressuposto a capacidade de ser parte. Segundo sustenta, "uma pessoa capaz pode não ter a capacidade processual de estar em juízo, tal como sucede com os loucos de todo o gênero, ou com os menores de dezesseis anos; tais pessoas não têm capacidade, por isso mesmo, para atuar processualmente, praticando atos processuais ou deles tendo ciência". · Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero (Novo Curso..., vol. 2, p. 81) afirmam que "o conceito de capacidade processual é um gênero que comporta três espécies: capacidade para ser parte, capacidade para estar em juízo e capacidade postulatória". Para esses autores, "a capacidade para ser parte, também conhecida como personalidade processual ou personalidade judiciária, é a capacidade para demandar e ser demandado em juízo. Vale dizer: para figurar como parte no processo civil. O conceito está intimamente ligado ao conceito de personalidade jurídica". A capacidade para estar em juízo, segundo sustentam esses autores, "é a capacidade para praticar válida e eficazmente atos processuais". Na opinião desses autores, "a vinculação com o direito material é evidente, tendo em conta que a capacidade para estar em juízo depende da verificação da capacidade jurídica". A capacidade postulatória, para esses autores, é "a capacidade para postular em nome próprio ou alheio em juízo. É a capacidade de traduzir juridicamente as manifestações de vontade e as declarações de conhecimento das partes no processo civil, postulando a partir daí a produção de efeitos jurídicos". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 372) entendem que a capacidade processual "é pressuposto processual de validade (CPC 485 IV), sendo manifestação da capacidade de exercício no plano do direito processual. Os absoluta e os relativamente incapazes podem ser parte, mas não podem praticar atos processuais, pois não têm capacidade processual. Os incapazes devem ser representados ou assistidos, na forma da lei. Têm capacidade processual os que possuem capacidade plena de exercício". A capacidade de ser partes, para Nelson e Rosa Nery, decorre "da capacidade de direito, significando a aptidão para ser autor, réu ou interveniente em ação judicial. É pressuposto pré-processual (...). Têm-na os que têm capacidade de direito. O incapaz tem capacidade de ser parte, mas não possui capacidade processual (de exercício)". · Rogéria Fagundes Dotti (Breves..., p. 249). Para a autora, "a capacidade processual constitui pressuposto de validade do processo. Trata-se da possibilidade de exercer seus direitos em juízo, de forma direta, sem a necessidade de assistência ou representação. Tal capacidade não se confunde com a possibilidade de pleitear ou apresentar defesa em juízo, o que caracteriza a capacidade postulatória (inerente exclusivamente aos advogados e membros do Ministério Público). A capacidade processual também difere da capacidade de ser parte. Com efeito, os menores, loucos e interditados podem ser parte, mas, para a prática de atos processuais, deverão estar assistidos (menores púberes) ou representados (demais). Isto porque lhes falta a aptidão para o exercício dos direitos e deveres processuais. Em síntese, a capacidade de ser parte refere-se à possibilidade de demandar e ser demandado; a capacidade processual a de agir em juízo e a capacidade postulatória a de formular requerimentos ou se defender (postular)". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 139) sustentam que "têm capacidade de ser parte os que têm capacidade civil de direito. Têm capacidade de agir no processo ou capacidade processual, os que têm capacidade civil de exercício". Afirmam esses autores que "a capacidade é atributo de natureza absolutamente genérica. Liga-se à aptidão para ter direitos ou para a prática de atos. Nesta medida, é diferente da legitimidade (art. 17 do NCPC) que é atributo específico, sempre ligado a certo contexto e à possibilidade de um agir específico". A capacidade processual, para esses autores, é a "capacidade de agir em juízo e é, portanto, diferente da capacidade de ser parte. A capacidade de ser parte abrange também quem não têm personalidade civil - que, para agir (para adquirir capacidade processual) terão de ser representados/ assistidos e, além disso, alguns entes desprovidos de personalidade". Naopinião desses autores, "capacidade processual ou de agir é a aptidão para a prática de atos no processo. Mas para a prática de atos no processo, é necessária também a capacidade postulatória, nome que a doutrina costuma atribuir, a nosso ver de modo meio desajeitado, ao fato de a parte estar sendo representada por advogado. A capacidade é pressuposto processual de validade do processo. Trata-se de matéria de ordem pública, e, havendo vício, pode ser conhecido independentemente de ter sido alegado pelas partes". N.º 18. (Art. 190, CPC/15) Há indício de vulnerabilidade quando a parte celebra acordo de procedimento sem assistência técnico-jurídica. N.º 44. (Art. 339, CPC/15) A responsabilidade a que se refere o art. 339 é subjetiva. N.º 296. (Art. 338; art. 339, CPC/15) Quando conhecer liminarmente e de ofício a ilegitimidade passiva, o juiz facultará ao autor a alteração da petição inicial, para substituição do réu, nos termos dos arts. 338 e 339, sem ônus sucumbenciais. N.º 368. (Art. 1.071, CPC/15) A impugnação ao reconhecimento extrajudicial da usucapião necessita ser feita mediante representação por advogado. Fundamental Alexandre Flexa, Daniel Macedo e Fabrício Bastos, Novo Código de Processo Civil. O que é inédito. O que mudou. O que foi suprimido, Salvador, JusPodivm, 2015; Fábio Victor da Fonte Monnerat, Introdução ao estudo do direito processual civil, São Paulo, Saraiva, 2015; Fredie Didier Jr., Curso de Processo Civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento, 17. ed., Salvador, JusPodivm, 2015, vol. 1; Humberto Theodoro Júnior, Cursodedireitoprocessualcivil, 56. ed., Rio de Janeiro, Forense, 2015, vol. 1; José Frederico Marques, Manual de direito processual civil, 9. ed., atual. Ovídio Rocha Barros Sandoval, Campinas: Millennium, 2003, vol. 1; Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero, Novo código de processo civil comentado, São Paulo, Ed. RT, 2015; _____, _____ e _____, Novo curso de processo civil: tutela dos direitos mediante procedimento comum, São Paulo, Ed. RT, 2015, vol. 2; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao código de processo civil, São Paulo, Ed, RT, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coord.), Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; _____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo código de processo civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015. Complementar Ada Pellegrini Grinover, A assistência judiciária, a capacidade postulatória e o art. 68 do CPP, RPGESP 22/117; _____, Desistência e reajuizamento do processo. Exercício regular de direito. Inexistência de litigância de má-fé. Conduta ética dos procuradores, O processo em evolução, Rio de Janeiro, Forense Universitária, 1995; Alexandre Alves Lazzarini, O papel do representante, do procurador e do Ministério Público nos procedimentos da Lei 8.884/94; Alexandre Freitas Câmara, Lições de direito processual civil, 16. ed., Rio de Janeiro, Lumen Juris, 2007, vol. 1; Alfredo de Araújo Lopes da Costa, Manual elementar de direito processual civil, 3. ed., Atual. Sálvio de Figueiredo Teixeira, Rio de Janeiro, Forense, 1982; Anissara Toscan, Contraditório e representação adequada nas ações coletivas, RePro 240/191; Arruda Alvim, Manual de direito processual civil, 6. ed., São Paulo, Ed. RT, 1997, vol. 2; _____, Tratado de direito processual civil, 2. ed., São Paulo, Ed. 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