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ATIVIDADE NÃO PRESENCIAL Acadêmico: Wellington Domingos Turma: 3º ano Disciplina: Processo Civil – Processo de Conhecimento II Professor: Alexandre PROVA DOCUMENTAL (art. 405-441, CPC/2015) 1. Conceito Básicos A palavra “prova” deriva do latim probare (convencer, tornar crível). São muitos os conceitos jurídicos acerca da prova que se espalham pela doutrina interna e estrangeira. Assim expressa RUI RANGEL (2006, p. 40), onde afirma que a necessidade da prova é fundamental, sendo certo que, “a sua falta ou insuficiência geradora de dúvidas sobre os fatos alegados em juízo ainda que seja insuperável no plano psicológico, não recebe nem dá qualquer cobertura legal para que o juiz decida, na medida que o juiz terá obrigatoriamente que proferir uma decisão, seja favorável ou desfavorável, ao autor.” Dentre os meios de prova expressamente tipificados no novo Código de Processo Civil, o novel legislador, mantendo a previsão que já existia no CPC de 1973, admitiu outros tipos de prova além dos positivados, assim como prevê o art. 369, CPC, in verbis: Art. 369. As partes têm o direito de empregar todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda que não especificados neste Código, para provar a verdade dos fatos em que se funda o pedido ou a defesa e influir eficazmente na convicção do juiz. Analise interessante também é expressa por CARNELUTTI (1942, p. 491- 492), onde nos explica que “noventa e nove por cento dos casos a balança da justiça passará para as mãos do juiz, e será o juiz (quem não vivenciou os factos trazidos pelas partes ao processo) que agora terá que conhecê-los”. E como? A resposta é simples: através da prova. Assim, concluímos que a prova tem uma função primordial dentro do ordenamento jurídico, em todo o desenvolvimento do processo (desde a entrega da petição inicial até a elaboração da sentença), permitindo ―fornecer ao juiz os dados ou elementos necessários para controlar a veracidade das correspondentes afirmações das partes. 2. Documento e prova documental Segundo Fredie Didier (2012, p. 145), o documento é a fonte da prova, é de onde se pode extrair a informação acerca do fato ou do ato nele representado. De outro giro, a prova documental é o veículo por meio do qual essa fonte vai ser levada ao processo para a apreciação judicial, ou seja, pode se dizer que é a ponte entre o fato e a mente do juiz. Documento, em sentido lato, é tudo que aquilo que transmita um registro físico a respeito de algum fato, por exemplo, fotografia, desenhos, filmes, etc. Em sentido estrito, a prova documental vale-se de escritos registrados pela palavra escrita em papel ou outro meio hábil. Segundo nos ensina o professor Nelson Nery Junior (2015, p. 1102), o termo prova documental abrange os instrumentos e os documentos, públicos e privados. Qualquer representação material que sirva para reconstituir e preservar através do tempo a representação de um pensamento, ordem, imagem, situação, ideia, declaração de vontade etc., pode ser denominada documento. 3. Prova documental e prova documentada Conforme preceitua o Código de Processo Civil, a prova documental preexiste à lide e deve vir acompanhando a inicial (art. 320), ou a contestação (art. 335), se for indispensável à propositura da ação ou à defesa do réu (art. 434). Depois, pode a parte fazer a juntada de documentos novos (art. 435) e o autor contrapor com prova documental as preliminares opostas pelo réu (art. 352). Por prova documental, se entende a prova que tenha o conteúdo e forma de documento conforme as exigências legais, enquanto por prova documentada se entende qualquer prova, de qualquer natureza, que seja materializada em laudo pericial, que, certamente, é um documento, se não em conteúdo, inegavelmente em sua forma. No mandado de segurança, a exigência de produção de prova já na exordial, tem como causa a necessidade de comprovação prima facie de, ao menos, da plausibilidade do direito líquido e certo e, em nenhum momento, é possível concluir que esse convencimento no espírito do juiz a respeito dos fatos só possa ser obtido por meio da prova documental. Nesse sentido temos o seguinte julgado: PROCESSUAL CIVIL E ADMINSTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - SERVIDOR PÚBLICO - VIOLAÇÃO DE DEVER FUNCIONAL EM CERTAME LICITATÓRIO - COMINAÇÃO DE PENALIDADE DISCIPLINAR MEDIANTE CONCLUSÃO DE PROCESSO ADMINISTRATIVO - SUSPENSÃO - PLEITO DE PRESCRIÇÃO DA PENA IMPOSTA - CONTROVÉRSIA QUANTO AO CONHECIMENTO DO FATO - NECESSIDADE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA - PROVA DA EXISTÊNCIA DO DIREITO LÍQUIDO E CERTO - CONDIÇÃO ESPECIAL DA AÇÃO MANDAMENTAL - PROVA DOCUMENTAL E PROVA DOCUMENTADA - REMESSA OFICIAL PROVIDA - APELAÇÃO PREJUDICADA. 1. O direito líquido e certo contempla conteúdo de caráter eminentemente processual. Com isso, para sua configuração o impetrante deve estar amparado por prova inequívoca e pré-constituída dos fatos que fundamentam a pretensão de direito material, visto que o mandado de segurança qualifica-se como verdadeiro processo documental, não admitindo dilação probatória. Precedentes do Supremo Tribunal Federal. 2. Prova documental é aquela que representa imediatamente o fato a ser reconstituído. (Grifo nosso). Doutrina. 3. Em se tratando de pleito relativo ao reconhecimento de prescrição de penalidade administrativa, imposta em 2004 (fl. 105), aplicada em virtude de irregularidades em certame licitatório datado de 1999 (fl. 90), há controvérsia fática acerca da data em que o fato se tornou conhecido pela autoridade competente, ensejando a necessidade de dilação probatória, para fins de aplicação do disposto no inciso II do art. 142 da Lei n. 8.112/90. 4. A não comprovação da existência de direito líquido e certo, à míngua de prova pré- constituída, em virtude do conjunto probatório produzido pelos impetrantes, faz necessária a reforma da sentença concessiva, ressalvado o direito ao acesso às vias ordinárias. 5. Remessa oficial, tida por interposta, provida para denegação da ordem. 6. Apelação do INSS prejudicada. (TRF-1 - AMS: 10299 DF 2004.34.00.010299-2, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 02/08/2006, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 04/09/2006 DJ p.19) Conforme pontua Fredie Didier (2012, p. 149), a distinção entre prova documental e prova documentada é extremamente relevante para uma melhor compreensão do instituto da produção de prova antecipada, pois uma vez colhida a prova e documentados os atos do procedimento em que esta colheita se deu, poderá ela, ser utilizada futuramente em outro processo, caso em que guardara a mesma eficácia probatória original. Isto é, embora venha a ingressar no processo por meio de documentos (prova documentada), será considerada prova testemunhal, pericial, inspeção judicial e etc. 4. Força probante dos documentos A importância da prova dentro do processo civil é de tal modo inigualável que, sem a prova, não podemos exercer a tutela dos nossos direitos. Por isso é destinada uma fase exclusiva no desenvolvimento do litígio, com vista à sua recolha e apuração, denominada de fase de instrução. O documento escrito compõe-se do contexto, que enuncia a declaração de vontade ou de conhecimento do fato, e da assinatura que lhe dá autenticidade. Isto posto, cumpre ressaltar que os artigos 405 ao 429 do Código de processo Civil, cuida da força probante dos documentos, onde estão elencadas inúmeras regras quanto à eficácia probatória dos documentos públicos e particulares. De forma a ilustrar deforma pratica a força probante contida nos documentos públicos, faz-se mister a exposição do seguinte julgado: APELAÇÃO CÍVEL. RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. ALTERAÇÃO DA DATA DE NASCIMENTO CONSTANTE DA CERTIDÃO DE NASCIMENTO DO AUTOR (LEI N. 6.015/73, ARTIGO 109). PROVAS FRÁGEIS, INCAPAZES DE RETIRAR A FORÇA PROBANTE DO DOCUMENTO OFICIAL. PEDIDO IMPROCEDENTE. SENTENÇA MANTIDA. RECURSO DESPROVIDO. "CIVIL. AÇÃO DE RETIFICAÇÃO DE REGISTRO CIVIL. ALTERAÇÃO DA DATA DE NASCIMENTO CONSTANTE DA CERTIDÃO DE NASCIMENTO DO AUTOR (LEI N. 6.015/73, ARTIGO 109). PROVAS FRÁGEIS, INCAPAZES DE RETIRAR A FORÇA PROBANTE DO DOCUMENTO OFICIAL. RECURSO DESPROVIDO. A procedência do pedido de retificação de registro civil depende da comprovação de omissão ou erro material no registro" (Apelação Cível n., de Lages. Relator: Luiz Carlos Freyesleben. Órgão Julgador: Segunda Câmara de Direito Civil. Data: 04/05/2009). TJ-SC - AC: 130125 SC 2011.013012-5, Relator: Eduardo Mattos Gallo Júnior. Data de Julgamento: 10/11/2011, Câmara Especial Regional de Chapecó, Data de Publicação: Apelação Cível n., de Ipumirim. Por fim, o documento é idôneo quando a declaração é verdadeira e a assinatura é autêntica. Em regra, estabelecida à autenticidade do documento, presume-se verdadeira a declaração nele contida. Por isso, exceto os casos de vícios materiais evidentes (rasuras, borrões, entrelinhas e emendas), não basta à parte impugnar simplesmente o documento contra si produzido. 5. Documentos públicos Preceitua o Código de Processo Civil em seu art. 405, que o documento público faz prova não só da sua formação, mas também dos fatos que o escrivão, o tabelião, ou o funcionário declarar que ocorreram em sua presença. Fato decorrente de fé pública conferida aos órgãos estatais. De acordo com Theodoro Jr. (2012, p. 472), os documentos podem ser públicos, quando elaborados em repartições públicas ou particulares quando elaborados pelas próprias partes. “O documento, quando autêntico, é prova que goza de enorme prestígio, pela grande força de convencimento que encerra”. Cessa a fé do documento, público ou particular, sendo-lhe declarada judicialmente a falsidade. (art. 427, caput – CPC) Conforme as fontes enunciadas pelo art. 405 do CPC, os documentos podem ser: Judiciais, quando elaboradas por escrivão, com base em atos processuais ou peças dos autos; Notariais, quando provenientes de tabeliães ou oficiais de Registros Públicos, e extraídos de seus livros e assentamentos; Administrativos quando oriundos de outras repartições públicas. Por fim, quando a lei exigir, como da substância do ato, o instrumento público, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta. (Vide art. 406, CPC). Entretanto, o mesmo não ocorre com o documento particular, pois, ainda quando a lei exija a prova escrita, o depoimento pessoal, confessando o contrato, suprirá a falta do instrumento, qualquer que seja o valor da obrigação. 6. Reprodução dos documentos públicos Inicialmente cumpre frisar que, documentos públicos, são escritos ou elaborados por pessoas exercendo o cargo de funcionários públicos, respeitando as devidas formalidades do direito público. Lembrando que esta pessoa precisa estar necessariamente na função de funcionária no momento da elaboração do texto. Se a pessoa exerce a função pública, mas, no entanto no momento não está elaborando o documento dentro do expediente da função, este documento já não mais será público, e sim privado. Portanto, as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticados por oficial público ou conferidos em cartório, fazem a mesma prova dos originais, nos termos do art. 425, III do CPC. Cumpre observar, que são admitidas inúmeras formas de reprodução de documentos públicos, de forma a exemplificar, destaca-se uma forma de reprodução informativa de um boletim de ocorrência pela mídia televisiva: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - REPORTAGEM EM PROGRAMA DE RÁDIO - REPRODUÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO - CARÁTER INFORMATIVO - AUSÊNCIA DE ANIMUS INJURIANDI - DEVER DE INDENIZAR AFASTADO. Para que exsurja o dever indenizatório decorrente de notícia fornecida pela imprensa, é necessário que o periódico onde foi veiculada a reportagem desfavorável ao autor tenha desvirtuado a realidade dos fatos ou alterado o contexto em que ela foi empregada. Desse modo, não há conduta culposa se o programa de rádio reproduz com fidelidade os fatos narrados em boletim de ocorrência, indicando os envolvidos apenas através de suas iniciais, sem trazer novos elementos ou mesmo acrescentando opinião reprovável ao acontecimento. TJ-SC - AC: 194305 SC 2006.019430-5, Relator: Salete Silva Sommariva. Data de Julgamento: 30/01/2007, Terceira Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação cível n. 2006.019430-5, de Cunha Porã. 7. Documentos particulares .Conforme nos ensina Theodoro Jr. (2012, p. 474), os documentos particulares, isto é, aqueles em que não ocorre interferência de oficial público em sua elaboração, podem assumir as feições de declaração: Escrita e assinada pelo declarante; Escrita por outrem e assinada pelo declarante; Escrita pela parte, mas não assinada (papéis domésticos e anotações posteriores em documentos assinados); Nem escrita nem assinada pela parte (livros comerciais). Reputa-se autor do documento particular, as hipóteses previstas no art. 410, CPC, in verbis: Art. 410 Considera-se autor do documento particular: I – aquele que o fez e o assinou; II – aquele por conta de quem ele foi feito, estando assinado; III – aquele que, mandando compô-lo, não o firmou porque, conforme a experiência comum, não se costuma assinar, como livros empresariais e assentos domésticos. As declarações constantes de documento particular fazem prova apenas contra quem o assinou (art. 408, caput, CPC). Contudo, o documento particular não comprova a ocorrência de fato de que o signatário declarou ter ciência. Ensina-nos o professor Neves (2015, p. 617), que, se alguém declara que viu o marido agredir a mulher e registra essa declaração num documento, a eficácia probatória se limita ao fato de o sujeito ter feito a declaração e não ao fato de ter ocorrido a agressão. Todavia, se, por outro meio, o fato é provado, o documento comprova a ciência do signatário (art. 408, § único). 8. Valor probante do documento particular Ensina-nos Theodoro (2014, p 1503) que a força probante varia conforme o conteúdo do documento particular. Quando a vontade é enunciada expressamente no instrumento, incide a regra do art. 408, caput, segundo a qual as declarações constantes do documento particular, escrito e assinado, ou somente assinado, presumem-se verdadeiras em relação ao signatário. Trata-se de enérgica força probante, que se exerce, no entanto, apenas contra o signatário e não perante terceiros. Isto quer dizer que “o documento particular, de cuja autenticidade se não duvida, prova que o seu autor fez declaração que lhe é atribuída” (art. 412). Quando, porém, em vez de uma declaração de vontade, contiver “declaração de ciência, relativa a determinado fato, o documento particular prova a declaração, mas não o fato declarado, competindo ao interessado em sua veracidade o ônus de provar o fato” (art. 408, parágrafo único). 9. Telegramas, cartas, registros domésticos. O CPC regula a utilização de documentos obtidos por meio de processos telemáticos de comunicação, como os telegramas, que nada mais são quecopias de documentos originais e como tais são tratados, equiparando-se sua força probatória a dos documentos particulares, assim, a sua juntada aos autos do processo, quando não impugnada tempestivamente, faz presumir que esta conforme o original, gerando prova suficiente da data em que foi expedido e do recebimento pelo destinatário (art. 414, CPC). Se impugnados farão prova, desde que confiram com o original assinado (art. 222, CC). Segundo o art. 415 do CPC as cartas e registros domésticos, fazem prova contra quem os escreveu nos seguintes casos: I – enunciam o recebimento de um crédito; II – contêm anotação que visa a suprir a falta de título em favor de quem é apontado como credor; III – expressam conhecimento de fatos para os quais não se exija determinada prova. A carta é um documento escrito a outra pessoa, necessariamente ausente, por meio da qual se exprime uma declaração de fato ou de vontade. Registros domésticos são documentos de que as pessoas se utilizam para guardarem memorias de fatos de suas vidas pessoais ou profissionais, como agendas, diários, por exemplo, são documentos unilaterais. Depreende-se portanto, assim como nos ensina Amaral Moacyr (1983, p. 181), que as cartas e os registros domésticos quando assinados, farão em qualquer hipótese, prova contra o seu signatário (art. 408, CPC), se, porém, não estivem subscritos, farão prova nas hipóteses prescritas no art. 415, CPC, e obviamente, nos demais casos em que a parte contra quem forem eles produzidos admitir sua exatidão em juízo. Neste sentido temos o seguinte julgado: APELAÇÃO CÍVEL. CIVIL. PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS. PROVAS. ELEMENTOS. E-MAIL. TESTEMUNHA. 1. Considerada a prova testemunhal, amparada pelos demais elementos constantes dos autos, mormente a troca de e-mails entre as partes, constata-se que a alegação trazida na reconvenção de aprovação e realização dos serviços extras ao contratado foi demonstrada de forma cabal, a justificar a obrigação de indenizar. 2. Deu-se provimento ao recurso para julgar procedente a reconvenção e julgar improcedentes os pedidos da ação. TJ-DF - APC: 20130110151004 DF 0004472- 21.2013.8.07.0001, Relator: SILVA LEMOS, Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 21/01/2015 . Pág.: 460. Cumpre ressaltar finalmente, assim como expresso no julgado acima, que esta regra se aplica perfeitamente aos correios eletrônicos (e-mails, whatsapp, facebook e ect.), que podem ser utilizados como prova judicial e cujas declarações, quando não impugnadas, podem ser imputadas a seu remetente. 10. Livros empresariais É sabido que tanto a legislação tributária quanto o próprio empresário têm pleno interesse em manter a escrituração contábil e financeira de sua empresa em dia. Assim nos ensina Fredie Didier (2012, p. 174), que é com base nesta premissa que surge a presunção de que as declarações contidas nos livros comerciais podem fazer prova, a favor ou contra o empresário. A favor, quando preencherem certos requisitos legais e forem devidamente escriturados sem vícios e confirmados pelos parâmetros do art. 418, CPC. Quando contrários, é permitido ao empresário, demostrar por todos os meios em direito admitidos que os lançamentos não correspondem a verdade (art. 417, CPC). 11. Reprodução de documentos particulares Preceitua o Código de Processo Civil que, qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, cinematográfica, fonográfica ou de outra espécie, faz prova dos fatos ou das coisas representadas, se aquele contra quem foi produzida lhe admitir a conformidade. Impugnada a autenticidade da reprodução mecânica, o juiz ordenará a realização de exame pericial. (art. 422, CPC). De forma analítica nos pontua o professor Cassio Scarpinella (2015, p. 293) que o art. 422, CPC, desenvolve as previsões dos art. 383 e dos §§ 1º e 2º do 385 do CPC de 1973, atualizando o seu conteúdo sobre a força probante de reproduções dos documentos particulares, como a fotográfica (§ 1º), a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, para o mundo digital, espraiando a mesma disciplina à forma impressa de mensagem eletrônica (§ 3º). Ainda segundo Cassio Scarpinella, o novo CPC deixou de reproduzir o § 1º do art. 385 do CPC de 1973, o que pode gerar problemas com relação à autenticidade de fotografias não digitais. Portanto, a melhor compreensão para a hipótese, diante do silêncio normativo, é a de que o negativo das fotografias antigas será, se apresentado, elemento importante para aquele fim, inclusive para, sendo o caso, ser submetido a perícia. 12. Reprodução mecânica de coisas ou fatos A prova documental compreende além dos escritos, a reprodução material de coisas ou fatos, assim admite o art. 422 do CPC, in verbis: Art. 422 Qualquer reprodução mecânica, como a fotográfica, a cinematográfica, a fonográfica ou de outra espécie, tem aptidão para fazer prova dos fatos ou das coisas representadas, se a sua conformidade com o documento original não for impugnada por aquele contra quem foi produzida. § 1o As fotografias digitais e as extraídas da rede mundial de computadores fazem prova das imagens que reproduzem, devendo, se impugnadas, ser apresentada a respectiva autenticação eletrônica ou, não sendo possível, realizada perícia. § 2o Se se tratar de fotografia publicada em jornal ou revista, será exigido um exemplar original do periódico, caso impugnada a veracidade pela outra parte. § 3o Aplica-se o disposto neste artigo à forma impressa de mensagem eletrônica. Nesse sentido já se manifestou a jurisprudência do TST: A reclamada, em sua contestação, alegou que o reclamante "não traz aos autos qualquer prova robusta da sua solicitação, seja requerimento dotado de carimbo da instituição ou assinado por qualquer um dos funcionários responsáveis. Os e-mails trazidos ao processo são de fácil manipulação, e não são competentes para demonstrar a efetiva solicitação do Reclamante, data, ou qualquer situação que confirme o objeto do seu pedido". Com razão o reclamante. Isso porque a prova acostada aos autos revela que o mesmo cancelou o referido plano de saúde, tendo a reclamada, inclusive, por comunicação eletrônica, reconhecido o erro dos descontos. E neste sentido não basta a empresa alegar genericamente que "Os e-mails trazidos ao processo são de fácil manipulação, e não são competentes para demonstrar a efetiva solicitação do Reclamante". No caso, caberia à empresa proceder na impugnação específica, demonstrando a falsidade das referidas comunicações eletrônicas. Não basta a impugnação genérica. Em assim não procedendo, é de se ter essa prova como válida, conforme, aliás, prevê o art. 422 do CPC/15 (Grifo nosso). Pelo provimento. TST - AIRR: 8058520145050037. Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Publicação: DEJT 14/08/2017. 13. Produção da prova documental Conforme já explanado anteriormente, a prova documental preexiste à lide e deve vir acompanhando a inicial (art. 320), ou a contestação (art. 335), se for indispensável à propositura da ação ou à defesa do réu (art. 434). Depois, pode a parte fazer a juntada de documentos novos (art. 435) e o autor contrapor com prova documental as preliminares opostas pelo réu (art. 351). Faltando um destes documentos à petição inicial, cabe ao juiz intimar o autor para emenda-la, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito. Da mesma forma ocorre com a falta da juntada de algum documento indispensável a contestação, deverá o réuser intimado a apresenta-lo em prazo razoável, sob pena de, não o fazendo, operar-se a revelia. Em regra é vedada a posterior de documentos, salvo nas seguintes hipóteses: Fatos supervenientes a propositura da ação (493, CPC); Contraposição às preliminares opostas pelo réu (435, CPC); Demonstração de questões de fato, que por motivos de força maior não puderam ser deduzidas em primeira instancia, caso em que poderá ser suscitada na apelação (1.014, CPC); Quando o documento estiver em poder de repartição publica, caso em que poderá ser requisitada (438, CPC); Quando o documento estiver em poder de parte adversária ou de terceiro particular, caso em que poderá ser determinada sua exibição em juízo (396, CPC). Por fim, aos moldes do que prevê o art. 437, CPC, mesmo fora dos casos previstos em lei, sempre que o juiz observar que ajuntada posterior de algum documento não causa tumulto ao processo, tão pouco foi pleiteada temerariamente pela parte, poderá admiti-la. De qualquer modo, em todos os casos apresentados, devera dar vistas a parte contraria para que esta se manifeste no prazo de 15 dias. 14. Documento eletrônico Com a entrada em vigor do novo CPC, os documentos eletrônicos foram regulamentados (artigos 439, 440 e 441). São, agora, provas típicas. Porém, para que seja considerada pelo juiz em processo judicial que ainda tramite na forma física, a parte interessada deverá convertê-los à forma impressa e também dependerá da verificação de sua autenticidade. Portanto, se a parte interessada pretender provar, em processo físico, a verdade de um fato por meio de vídeo do youtube, gravações telefônicas, textos de sites ou de rede social (facebook, linkedin etc.) ou qualquer outro tipo de gravação em mídia, deverá converter o documento eletrônico à forma impressa. Prevê o Código de Processo Civil que a existência e o modo de existir de algum fato podem ser atestados ou documentados, a requerimento do interessado, mediante ata lavrada por tabelião, assim como podem constar de atas notariais dados representados por imagem ou som gravados em arquivos eletrônicos. Finalmente, nos termos do artigo 384 do novo CPC, é prova processual típica. A ata notarial vale destacar, é um instrumento público pelo qual o tabelião documenta, de forma imparcial, um fato, uma situação ou uma circunstância presenciada por ele, perpetuando-os no tempo. Usa-se, por exemplo, para comprovar a existência e conteúdo de sites, comprovar o estado de imóveis na entrega das chaves, uma ofensa em rede social ou em vídeos divulgados na internet, situação física de imóvel em locação ou comodato, reuniões condominiais e reuniões societárias, conteúdo de e-mail e o IP do emissor etc. Referencias CARNELUTTI, Francesco. Teoria Geral do Direito, tradução de A. Rodrigues Queiró e Artur Anselmo de Castro, Armênio Amado Editor, Coimbra, 1942. RANGEL, Rui Manuel de Freitas, O Ónus da Prova no Processo Civil, 3.ª ed., Almedina, Coimbra, 2006. Theodoro Jr., Humberto. Teoria Geral do Direito Processual Civil I. 53. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2012. Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Direito Processual Civil – Teoria Geral do Direito Processual Civil e Processo de Conhecimento. Volume I. Ed. 55. Rio de Janeiro: Forense, 2014. TRF-1 - AMS: 10299 DF 2004.34.00.010299-2, Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL JOSÉ AMILCAR MACHADO, Data de Julgamento: 02/08/2006, PRIMEIRA TURMA, Data de Publicação: 04/09/2006 DJ p.19. Disponível em: https://trf-1.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2223281/apelacao-em-mandado-de- seguranca-ams-10299-df-20043400010299-2. Acesso em 16/08/2017. TST - AIRR: 8058520145050037, Relator: Augusto César Leite de Carvalho, Data de Publicação: DEJT 14/08/2017. Disponível em: https://tst.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/488296676/agravo-de-instrumento-em- recurso-de-revista-airr-8058520145050037/inteiro-teor-488296729. Acesso em: 16/08/2017. TJ-DF - APC: 20130110151004 DF 0004472-21.2013.8.07.0001, Relator: SILVA LEMOS, Data de Julgamento: 10/12/2014, 3ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado no DJE : 21/01/2015 . Pág.: 460. Disponível em: https://tj- df.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/162135557/apelacao-civel-apc-20130110151004-df- 0004472-2120138070001. Acesso em: 16/08/2017. TJ-SC - AC: 194305 SC 2006.019430-5, Relator: Salete Silva Sommariva, Data de Julgamento: 30/01/2007, Terceira Câmara de Direito Civil, Data de Publicação: Apelação cível n. 2006.019430-5, de Cunha Porã. Disponível em: https://tj- sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/5642542/apelacao-civel-ac-194305-sc-2006019430- 5/inteiro-teor-11819344. Acesso em: 16/08/2017. TJ-SC - AC: 130125 SC 2011.013012-5, Relator: Eduardo Mattos Gallo Júnior, Data de Julgamento: 10/11/2011, Câmara Especial Regional de Chapecó, Data de Publicação: Apelação Cível n. , de Ipumirim. Disponível em: https://tj- sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/20910014/apelacao-civel-ac-130125-sc-2011013012- 5-tjsc/inteiro-teor-20910015. Acesso em: 16/08/2017. DIDIER JUNIOR. Fredie; SARNO BRAGA. Paula; OLIVEIRA. Rafael. Curso de direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa julgada e antecipação dos efeitos da tutela. 7 ed. Salvador: JusPODIVM, 2012. v.2. NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Da prova documental. In: CABRAL, Antônio do Passo & CRAMER, Ronaldo (coordenadores). Comentários ao novo Código de Processo Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2.015. SANTOS. Moacyr Amaral. Prova judiciária no cível e comercial. 5ª ed., São Paulo: Saraiva, volume I, 1983. BUENO, Cassio Scarpinella. Novo Código de Processo Civil anotado. São Paulo: Saraiva, 2015.
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