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RESUMO DE DIREITO CIVIL III - completoo

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1 
 
RESUMO DE DIREITO CIVIL III – 1 BM 
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS: 
 A pessoa pode ser titular de direitos patrimoniais e de direitos extrapatrimonais. Ambos formam o direito 
subjetivo. 
 Os direitos extrapatrimoniais não são valoráveis economicamente, pois são intrínsecas à pessoa (ex: vida, 
liberdade, honra...). 
 A extrapatrimonialidade não impede que o titular do direito, quando lesado, seja ressarcido em dinheiro. É 
apenas uma quantia arbitrada para fins de se tentar atenuar a agressão moral havida. 
 A indenização obedecerá os critérios de razoabilidade, atentando para as circunstâncias do fato, as condições 
econômicas da vítima e o autor, as consequências produzidas, etc. 
 Os direitos patrimoniais são objeto de apreciação econômica e podem ser: (a) uma conduta exigível de outra 
pessoa, como a entrega de uma coisa, fazer ou não fazer uma atividade, etc; (b) um objeto material e corpóreo: um 
bem sobre o qual é possível o contato físico. 
 Se o direito patrimonial for a entrega de um bem ou uma realização humana, o direito incorporado ao titular 
será chamado de direito obrigacional ou direito pessoal. 
 Se o direito incorporado à pessoa for uma coisa móvel ou imóvel, o direito será chamado de direito real. Neste, 
a relação jurídica não ocorre entre o titular do direito e a coisa, mas entre o titular do direito contra todos aqueles 
que venham a embaraçar, prejudicar o seu direito sobre a coisa. A isso se chama oponibilidade erga omnes (contra 
todos). 
 Direito objetivo: é o ordenamento jurídico em vigor, em um país, em uma determinada época. 
 Direito subjetivo: é o poder de ação para a satisfação de um interesse que é protegido pelo ordenamento 
jurídico. Pode ser o extrapatrimonial (não quantificável em dinheiro – irrenunciável, indisponível, imprescritível) e 
patrimonial (quantificável em dinheiro – que se subdivide em reais (quando adquire a propriedade) e obrigacionais 
(obrigação a uma prestação)). 
 O contrato no direito brasileiro não transfere por si só a propriedade. A pessoa só se torna proprietária no ato 
da entrega, mesmo tendo pago. 
 Teoria adotada: TEORIA DUALISTA – diante das inúmeras diferenças entre os direitos obrigacionais e os reais, 
devem os institutos serem estudados separadamente. 
DISTINÇÃO ENTRE DIREITOS REAIS, DIREITOS OBRIGACIONAIS E DIREITO PESSOAL: 
DIREITO REAL DIREITO OBRIGACIONAL DIREITO PESSOAL 
Poder jurídico, direto e imediato do 
titular sobre a coisa com 
exclusividade e contra todos, e a 
segue em poder de quem quer que a 
detenha. Tem como elementos 
essenciais: o sujeito ativo, a coisa e a 
relação ou poder do sujeito ativo 
sobre a coisa, chamado domínio. 
Tem por objeto direitos de natureza pessoal, que 
resultam de um vínculo jurídico estabelecido entre 
o credor, como sujeito ativo, e o devedor, na 
posição de sujeito passivo, liame este que confere 
ao primeiro o poder de exigir do último uma 
prestação. 
Consiste num vínculo 
jurídico pela qual o sujeito 
ativo pode exigir do 
sujeito passivo 
determinada prestação. 
Constitui uma relação de 
pessoa a pessoa e tem, 
como elementos, o sujeito 
ativo, o sujeito passivo e a 
prestação. 
Violação ao direito: sempre ocorre 
por meio de uma conduta positiva; 
Violação ao direito: ocorre por meio de uma 
conduta comissiva ou omissiva; 
É direito contra 
determinada pessoa. 
 
Quanto ao objeto: os direitos (ius in 
re) reais incidem sobre uma coisa 
(bem móvel ou imóvel); 
Quanto ao objeto: exigem o cumprimento de 
determinada prestação (entrega de algo, fazer ou 
não fazer); 
 
Quanto ao sujeito: é indeterminado 
(são todas as pessoas do universo, 
que devem abster-se de molestar o 
titular). Oponível a: contra todos 
(erga omnes) eficácia plena; 
Quanto ao sujeito: (jus ad rem), o sujeito passivo 
é determinado ou determinável. Oponível a: 
apenas contra o devedor (eficácia relativa) 
recaindo somente sobre ele a obrigação de 
cumprir a prestação; 
 
Quanto à duração: são perpétuos, Quanto à duração: são transitórios e se 
2 
 
não se extinguindo pelo não uso, e 
sim nos casos expressos em lei 
(desapropriação, usucapião em favor 
de terceiro etc.). 
extinguem pelo cumprimento ou por outros 
meios. 
Quanto à formação: só podem ser 
criados pela lei, sendo seu número 
limitado e regulado por esta 
(numerus clausus). Numerus Clausus: 
somente as hipóteses elencadas no 
artigo 1225 do CC/02 podem ser 
objeto; 
Quanto à formação: podem resultar da vontade 
das partes, sendo ilimitado o número de 
contratos inominados (numerus apertus). 
Numerus Apertus: abre as partes o direito de 
criar o contrato, mesmo não havendo previsão 
legal; (104, III, e 426 do CC) 
 
Quanto ao exercício: são exercidos 
diretamente sobre a coisa, sem 
necessidade da existência de um 
sujeito passivo. 
Quanto ao exercício: exigem uma figura 
intermediária, que é o devedor. 
 
Quanto à ação: a ação real pode ser 
exercida contra quem quer que 
detenha a coisa. 
Quanto à ação: a ação é dirigida somente contra 
quem figura na relação jurídica como sujeito 
passivo (ação pessoal). 
 
Exemplo característico: propriedade Exemplo característico: contrato 
 
Direito das Obrigações: “o proprietário tem a faculdade de usar, gozar e dispor da coisa, e o direito de reavê-la 
do poder de quem quer que injustamente a possua ou a detenha”. – art. 1228, CC. 
A obrigação só é exigível entre as partes que efetuaram o contrato. 
 
Tradição: (1) ato material – entrega – ex: entrega do livro. 
 (2) ato jurídico – contrato que da causa a entrega – apto a transferência de propriedade. Ex: imóvel – 
registro no cartório de registro de imóveis. 
 
2. INTRODUÇÃO AO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES: 
(A) Noções gerais: é marcado por uma relativa uniformidade no espaço e no tempo. 
 
(B) Unificação do direito das obrigações: o CC/02 revogou o código comercial de 1850 e unificou as 
obrigações civis e comerciais dentro do CC, mas o direito comercial continua existindo em ramo próprio 
do direito. 
 
(C) Conceito de Obrigação: 
A relação jurídica transitória que estabelece vínculos jurídicos entre duas diferentes partes (credor e devedor), 
cujo objeto é uma prestação pessoal, positiva (dar, fazer) ou negativa (não fazer), garantindo o cumprimento, 
sob pena de coerção patrimonial. 
 
 Conceitos Doutrinários: Washington de Barros Monteiro: “a obrigação é a relação jurídica, de caráter 
transitório, estabelecida entre devedor e credor e cujo objeto consiste numa prestação pessoal econômica, 
positiva ou negativa, devida pelo primeiro ao segundo garantindo-lhe o adimplemento através de seu 
patrimônio. 
 
(D) Características: 
a. Caráter transitório; 
b. Vínculo jurídico entre as partes (que permite que uma possa exigir da outra o cumprimento da 
prestação); 
c. Caráter patrimonial (o patrimônio do devedor é que é atingido em caso de descumprimento); 
d. Prestação positiva (dar, fazer) ou negativa (não fazer). 
 
(E) Evolução histórica: o direito das obrigações se caracteriza por sua amplitude conceitual, por sua 
uniformidade nos diferentes sistemas jurídicos e por sua lenta evolução no tempo. Com a lei Lex 
Paetelia Papira (326 aC) a responsabilidade pessoal se transformou em patrimonial (antes da lei a 
3 
 
responsabilidade era pessoal, o credor tinha poder de vida e morte sobre o devedor). Atualmente, a 
única possibilidade de prisão civil por dívidas é a do devedor de alimentos. Não há mais prisão do 
depositário infiel, com base no Pacto de San José da Costa Rica que veda qualquer tipo de prisão civil 
por dívidas que não seja a do devedor de alimentos. Vivemos inclusive, uma época da 
despatrimonialização do direito civil (pois não se pode tirar todo o patrimônio deixando o devedor emcondição indigna. Tem que se respeitar um patrimônio mínimo. Despatrimonialização significa que não 
é todo o patrimônio do devedor que responde por suas dívidas, pois há bens que não podem ser 
penhoráveis em atenção ao princípio da dignidade humana – bens de família, bens indispensáveis ao 
exercício da profissão...), passando o ser humano a ser protagonista e ocupando papel de destaque no 
direito civil. 
 
(F) Obrigação, dever e ônus: 
DEVER JURÍDICO OBRIGAÇÃO ÔNUS JURÍDICO 
Comportamento genérico. Comportamento determinado, 
específico e individualizado. 
É um comportamento que satisfaz 
interesse próprio e não a terceiros. 
Contrapondo-se a direitos subjetivos 
de cunho patrimonial, está 
relacionado a prazos prescricionais. 
Incide apenas sobre pessoas 
específicas e determinadas 
decorrentes de uma relação jurídica. 
Não há um comportamento 
necessário. 
 Importa na necessidade que tem toda 
pessoa de observar as ordens ou 
comandos do ordenamento jurídico, 
sob pena de incorrer numa sanção. 
É o vínculo jurídico em virtude do 
qual uma pessoa pode exigir de 
outra prestação economicamente 
apreciável. 
Necessidade de se observar 
determinada conduta não porque a lei 
impõe, mas para a satisfação e defesa 
de um interesse próprio. 
Trata-se de um dever genérico que 
recai sobre toda a coletividade 
indistintamente. 
Na obrigação, em correspondência a 
este dever jurídico de prestar (do 
devedor), estará o direito subjetivo à 
prestação (do credor), direito este 
que, se violado – se ocorrer a 
inadimplência por parte do devedor - 
admitirá, ao seu titular (o credor), 
buscar no patrimônio do responsável 
pela inexecução (o devedor) o 
necessário à satisfação compulsória 
do seu crédito, ou à reparação do 
dano causado, se este for o caso. 
Não se trata de dever ou obrigação, 
pois o seu inadimplemento não gera 
sanção e o seu cumprimento não 
satisfaz um direito alheio, mas 
simplesmente proporciona uma 
vantagem ou evita uma desvantagem 
para o seu próprio titular. 
Não se limita às relações 
obrigacionais, mas, sim, abrange as de 
natureza real, atinentes ao direito das 
coisas, como também as dos demais 
ramos do direito, como o direito de 
família, o direito das sucessões e o 
direito de empresa. 
Ex: por força de um contrato A deve 
construir uma casa a B. 
O desrespeito ao ônus gera 
consequências somente para aquele 
que o detém. 
Gera lesão ao direito de outrem 
quando não seguido. Além de gerar 
responsabilidade pelo não 
cumprimento. 
 Ex: levar o contrato ao registro de 
títulos e documentos para ter validade 
perante terceiros, inscrever o contrato 
de locação no registro de imóveis. 
Ex: não matar, não roubar... 
 
(G) Fontes das obrigações: Contrato, a declaração unilateral da vontade, os títulos de crédito, ato 
ilícito, lei. 
Prevalece o entendimento de Fernando Noronha de que as fontes são: 
i. NEGOCIAIS (tem por causa um negócio jurídico); 
ii. RESPONSABILIDADE CIVIL (tem como causa atos ilícitos ou lícitos – legítima defesa - que geram o dever 
de indenizar); 
iii. ENRIQUECIMENTO INJUSTIFICADO (gera obrigação de restituir o que foi recebido, sob pena de 
enriquecimento indevido); 
4 
 
iv. BOA FÉ OBJETIVA (obrigam os contratantes a atuarem em todos os contratos de acordo com esse 
princípio, independentemente da vontades das partes ou de previsão contratual). 
(H) DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÃO CIVIL, NATURAL E COMPLEXA 
OBRIGAÇÃO CIVIL OBRIGAÇÃO NATURAL OBRIGAÇÃO COMPLEXA 
Relação de direito. Relação de fato – relação não jurídica, 
que adquire eficácia jurídica através do 
seu adimplemento. Exemplos são: (a) 
dívida de jogo não autorizado; (b) dívida 
prescrita. 
A obrigação é vista como um processo, ou 
seja, como uma série de atos exigidos de 
ambas as partes para a consecução de uma 
finalidade. 
Sujeita o devedor a 
determinada prestação em 
seu favor, conferindo-lhe, 
não satisfeita a obrigação, o 
direito de exigir 
judicialmente o seu 
cumprimento, penhorando 
os bens do devedor. 
Nessa modalidade o credor não tem o 
direito de exigir a prestação, e o devedor 
não está obrigado a pagar. Em 
compensação, se este, voluntariamente, 
efetua o pagamento, não tem direito de 
repeti-lo (não pode exigir de volta o que 
pagou, pois mesmo inexigível existia o 
débito). 
Essa finalidade é o adimplemento, que deve 
ser buscado evitando-se danos de uma parte à 
outra nessa trajetória, de forma que o 
cumprimento se faça da maneira mais 
satisfatória ao credor e menos onerosa ao 
devedor. 
 Encontra respaldo no 
direito positivo, podendo 
seu cumprimento ser 
exigido pelo credor, por 
meio de ação. 
Trata-se de obrigação sem garantia, sem 
sanção, sem ação para se fazer exigível. 
Falta poder de garantia ou 
responsabilidade do devedor. 
Relação obrigacional: (a) em sentido estrito 
(abrangendo apenas a prestação); (b) e em 
sentido amplo (envolvendo outros deveres 
além da prestação propriamente dita – deveres 
recíprocos). A obrigação complexa demonstra 
que a relação obrigacional não é formada pelas 
simples prestações que devem ser cumpridas 
pelas partes. Abrange também outros deveres 
além da prestação que devem ser cumpridos 
tanto pelo credor como pelo devedor e que, 
caso sejam descumpridos são capazes de gerar 
o inadimplemento contratual da mesma forma 
que ocorreria se a prestação propriamente dita 
fosse descumprida por uma das partes. 
 Só pode receber de volta o que pagou em 
2 situações: (a) pagamento feito em 
razão de dolo do credor ou sem quem 
pagou era incapaz; (b) feita em prejuízo 
de terceiro (paga uma dívida de jogo em 
detrimento de dívida de banco onde tem 
débito e responsabilidade). 
Esses deveres são independentes da vontade e 
são chamados de deveres laterais, 
instrumentais, acessórios, de proteção. São 
obrigações de conduta honesta e leal entre as 
partes, caracterizadas por deveres de proteção, 
informação e cooperação, a fim de que não 
sejam frustradas as legítimas expectativas de 
confiança dos contratantes quanto ao fiel 
cumprimento da obrigação principal. 
 
3. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DA OBRIGAÇÃO: 
ELEMENTO SUBJETIVO ELEMENTO OBJETIVO ELEMENTO ABSTRATO 
SUJEITO ATIVO: é o beneficiário da 
obrigação, podendo ser uma pessoa 
natural ou jurídica ou, ainda, um ente 
despersonalizado a quem a prestação é 
devida. É denominado credor, sendo 
aquele que tem o direito de exigir o 
cumprimento da obrigação. 
O objeto da obrigação é a prestação, 
que pode ser positiva ou negativa. 
Sendo positiva, ela terá como 
conteúdo o dever de entregar coisa 
certa ou incerta (obrigação de dar) ou 
o dever de cumprir uma tarefa 
(obrigação de fazer). Sendo a 
obrigação negativa, o conteúdo é uma 
abstenção (obrigação de não fazer). 
Vínculo jurídico. É o liame que une as 
partes (credor e devedor) e que 
possibilita a um deles exigir do outro o 
objeto da prestação, sob pena de 
socorrer ao poder judiciário. 
SUJEITO PASSIVO: é aquele que 
assume um dever de cumprir o 
conteúdo da obrigação, sob pena de 
responder com seu patrimônio. É 
denominado devedor. 
A prestação deve ser lícita, possível 
fisicamente e juridicamente, e ter 
conteúdo patrimonial. 
Confere coercibilidade à prestação, sob 
pena de multa diária. 
A pluralidade de sujeitos (pessoas) não 
altera o número de partes em uma 
relação obrigacional. Se a obrigação 
 Pode se exigir o cumprimento 
específico da obrigação ou as perdas e 
danos, ou seja, requerer que seja 
5 
 
não for personalíssima (é aquela que é 
celebrada levando-se em conta as 
características específicas de uma das 
partes epor isso não admitem a 
modificação das partes da relação), 
pode ocorrer a alteração subjetiva em 
um dos polos da relação (sinalagma), 
ou seja, através de cessão de crédito, 
cessão de débito. 
cumprido a obrigação prevista em 
contrato ou aceitar a devolução por 
perdas e danos. 
 
A prestação pode ser decomposta em débito (schuld) e responsabilidade (haftung). 
DÉBITO RESPONSABILIDADE OBS 
É a prestação que deve ser cumprida 
pelo devedor em decorrência do 
contrato firmado com o credor. 
O inadimplemento da obrigação faz 
surgir a responsabilidade. Esta é a 
sujeição que recai sobre o patrimônio 
do devedor como garantia do direito 
do credor (art 391, cc) 
Toda obrigação há o débito e pode 
haver responsabilidade. A regra geral é 
que quem assume um débito também 
se torna responsável caso o débito não 
seja cumprido. 
DÉBITO SEM 
RESPONSABILIDADE : são as 
obrigações naturais (dívidas de jogo 
não autorizado e dívidas prescritas). 
RESPONSABILIDADE SEM 
DÉBITO: a garantia patrimonial recai 
sobre uma pessoa que não contraiu a 
obrigação. Esse terceiro não foi 
obrigado pela prestação, mas seu 
patrimônio passa a garantir o débito 
contraído por outra pessoa (fiança, 
hipoteca...). 
Aquele que perdeu o bem por ser 
fiador pode ajuizar ação contra o 
devedor para receber o valor que 
perdeu. O fiador pode perder o bem de 
família se o devedor não pagar (já o 
devedor não perde o bem de família). 
 
4. Formas híbridas das obrigações 
Figuras híbridas (cruzamento ou mistura de espécies diferentes) ou intermediárias são as que se situam entre o 
direito pessoal e o direito real. Alguns juristas preferem a expressão obrigação mista. São elas: obrigações 
propter rem, os ônus reais e as obrigações com eficácia real. 
OBRIGAÇÃO PROPTER REM OBRIGAÇÃO COM EFICÁCIA 
REAL 
ÔNUS REAIS 
Obrigação em decorrência da coisa - É a que recai 
sobre uma pessoa, por força de um direito real. Só 
existe em razão da situação jurídica do obrigado, 
de titular do domínio ou de detentor de 
determinada coisa. 
São as que, sem perder o caráter de 
direito a uma prestação, transmitem-se e 
são oponíveis a terceiros que adquiram 
direito sobre determinado bem. 
Assemelham-se as obrigações 
propter rem. A característica 
marcante é que apresentam sempre 
caráter pecuniário. 
Trata-se de obrigações em que a pessoa do credor 
ou devedor individualiza-se não em razão de um 
ato de vontade, mas em função da titularidade de 
um direito real. A coisa responde pelos seus ônus 
e bônus. 
São situações jurídicas em que não 
integrantes do contrato podem ser por 
eles afetados mediante a posição de seu 
conteúdo, com prevalência em face de 
terceiro. 
São obrigações que limitam o uso e 
gozo da propriedade, constituindo 
gravames ou direitos oponíveis 
erga omines. Aderem e 
acompanham a coisa. Quem deve é 
esta e não a pessoa. 
Está vinculada à titularidade do bem, 
independentemente da vontade do sujeito. 
Portanto, uma vez substituído o titular passivo, ao 
adquirente recai o dever de prestar o que se 
encontra ligado à coisa. 
São obrigações contratuais que por força 
de lei adquirem dimensão de direito real. 
Para que haja, efetivamente, um 
ônus real e não um simples direito 
real de garantia, é essencial que o 
titular da coisa seja realmente 
devedor, sujeito passivo de uma 
obrigação e não apenas 
proprietário ou possuidor de 
determinado bem cujo valor 
assegura o cumprimento da dívida 
alheia. 
Elas são ambulatórias e acompanham a coisa nas 
mãos de qualquer novo titular. Existem apenas em 
razão da situação do obrigado. 
O contrato de locação, com registro 
imobiliário, permite que o locatário 
oponha seu direito de preferência erga 
(Ex.: servidão – art.1382; renda 
constituída sobre os imóveis – art. 
803 e 813. Este instituto está em 
6 
 
omnes (contra todos). Situação 
semelhante é a do compromisso de 
compra e venda, em que, uma vez 
inscrito no Registro Imobiliário, o 
compromissário passará a gozar de 
direito real, oponível a terceiros. 
 
desuso – o proprietário do imóvel 
obrigava-se a pagar prestações 
periódicas de sua soma 
determinada. Art. 754 do CC de 
1916) 
 
Resumindo: “as obrigações reais, ou propter 
rem, passam a pesar sobre quem se torne titular 
da coisa. Logo, sabendo-se quem é o titular, 
sabe-se quem é o devedor”. Portanto, essas 
obrigações só existem em razão da situação 
jurídica do obrigado, de titular do domínio ou 
de detentor de determinada coisa. 
Caracterizam-se pela origem e 
transmissibilidade automática. Consideradas em 
sua origem, verifica-se que provêm da 
existência de um direito real, impondo-se a seu 
titular. Se o direito de que se origina é 
transmitido, a obrigação segue, seja qual for o 
título translativo. A transmissão ocorre 
automaticamente, isto é, sem ser necessária a 
intenção específica do transmitente. O 
adquirente do direito real não pode recusar-se 
em assumi-la. 
 
Ex.: art. 27 da Lei Inquilinária (Lei 
8.245/91): 
“Art. 27. No caso de venda, promessa de 
venda, cessão ou promessa de cessão de 
direitos ou dação em pagamento, o 
locatário tem preferência para adquirir o 
imóvel locado, em igualdade de 
condições com terceiros, devendo o 
locador dar-lhe conhecimento do 
negócio mediante notificação judicial, 
extrajudicial ou outro meio de ciência 
inequívoca. 
Parágrafo único. A comunicação deverá 
conter todas as condições do negócio e, 
em especial, o preço, a forma de 
pagamento, a existência de ônus reais, 
bem como o local e horário em que pode 
ser examinada a documentação 
pertinente.” 
 
 
(Ex.: obrigação imposta aos proprietários e 
inquilinos de um prédio de não prejudicarem a 
segurança, o sossego e a saúde dos vizinhos – 
art. 1277 do CC; obrigação de indenizar 
benfeitorias – art. 1.219 do CC; obrigação 
imposta ao condômino de concorrer para as 
despesas de conservação da coisa comum – 
art.1315, etc.). 
 
DIFERENÇAS ENTRE ÔNUS REAIS E OBRIGAÇÃO PROPTER REM 
ÔNUS REAIS OBRIGAÇÃO PROPTER REM 
A responsabilidade é limitada ao bem onerado, não 
respondendo o proprietário além dos limites do respectivo 
valor, pois é a coisa que se encontra agravada. 
Responde o devedor com todos os seus bens, 
ilimitadamente, pois é este que se encontra vinculado. 
Desaparecem, perecendo o objeto. Os efeitos da obrigação propter rem podem permanecer, 
mesmo havendo o perecimento da coisa. 
Implicam sempre uma prestação positiva. Pode surgir com uma prestação negativa. 
A ação cabível é de natureza real (in rem scriptae). A ação cabível é de índole pessoal. 
Pode o titular da coisa responder mesmo pelo cumprimento 
de obrigações constituídas antes da aquisição do seu direito. 
O titular da coisa só responde, em princípio, pelos vínculos 
constituídos na vigência do seu direito. 
5. Modalidades das obrigações 
Modalidade é o mesmo que espécies. Não há uniformidade de critério entre os autores, variando a classificação 
conforme o enfoque e a metodologia adotada. 
 Quanto ao objeto: dar, fazer (obrigações positivas) e não fazer (obrigação negativa). Há casos em que a 
obrigação de fazer pode abranger a obrigação de dar. Ex.: contrato de empreitada com fornecimento de 
material. 
 
7 
 
 
DAR FAZER NÃO FAZER 
Obrigação positiva de dar pode ser 
conceituada como aquela que o sujeito 
passivo compromete-se a entregar alguma 
coisa, certa ou incerta. Há na maioria das 
vezes uma intenção de transmissão de 
propriedade de uma coisa, móvel ou 
imóvel. 
Pode ser conceituada como uma obrigação 
positiva cuja prestação consiste no 
cumprimento de uma tarefa ou atribuição por 
parte do devedor. Exemplos típicos ocorremna prestação de serviço e no contrato de 
empreitada de certa obra. 
A obrigação de não fazer é a única 
obrigação negativa admitida no direito 
privado brasileiro, tendo como objeto a 
abstenção de uma conduta. Nas 
obrigações negativas o devedor é 
havido por inadimplente desde o dia 
em que executou o ato de que se devia 
abster. O que se percebe é que o 
descumprimento da obrigação negativa 
se dá quando o ato é praticado. 
COISA CERTA – obrigação específica – 
situações em que o devedor se obriga a dar 
coisa individualizada, móvel ou imóvel, 
cujas características já foram acertadas 
pelas partes. Ex: compra e venda. O credor 
não é obrigado a receber outra coisa, ainda 
que mais valiosa. A coisa perece para o 
dono. 
OBRIGAÇÃO DE FAZER FUNGÍVEL - é 
aquela que ainda pode ser cumprida por outra 
pessoa, a custa do devedor originário, por sua 
natureza ou previsão no instrumento. 
Havendo inadimplemento com culpa do 
devedor, o credor poderá exigir: (a) o 
cumprimento forçado da obrigação por meio 
de tutela específica com a possibilidade de 
fixação de multa; (b) o cumprimento da 
obrigação por terceiro, a custa do devedor 
originário; (c) não interessado mais a 
obrigação de fazer, o credor poderá requerer a 
sua conversão em perdas e danos; (d) nos 
casos extrajudiciais, em caso de urgência, o 
credor poderá executar o fato, 
independentemente de autorização judicial, 
sendo ressarcido depois. 
A obrigação de não fazer é quase 
sempre infungível, personalíssima, 
sendo também predominantemente 
indivisível pela sua natureza. Exemplo 
é o contrato de confidencialidade, pelo 
qual alguém não pode revelar 
informações, geralmente empresariais 
ou industriais, de determinada pessoa 
ou empresa. 
Até a tradição pertence ao devedor a coisa, 
com os seus melhoramentos e acrescidos, 
pelos quais poderá exigir aumento de 
preço. 
OBRIGAÇÃO DE FAZER INFUNGÍVEL – 
é aquela que tem natureza personalíssima em 
decorrência de regra constante do instrumento 
obrigacional ou pela própria natureza da 
prestação. Havendo inadimplemento com 
culpa do devedor, o credor poderá exigir: (a) 
o cumprimento forçado da obrigação por 
meio de tutela específica com a possibilidade 
de fixação de multa; (b) não interessado mais 
a obrigação de fazer, o credor poderá requerer 
a sua conversão em perdas e danos. 
Havendo inadimplemento com culpa 
do devedor, o credor poderá exigir: (a) 
o cumprimento forçado da obrigação 
por meio de tutela específica com a 
possibilidade de fixação de multa; (b) 
não interessado mais a obrigação de 
fazer, o credor poderá requerer a sua 
conversão em perdas e danos; (d) nos 
casos extrajudiciais, em caso de 
urgência, o credor poderá desfazer ou 
mandar desfazer, independentemente 
de autorização judicial, sendo 
ressarcido depois. 
COISA INCERTA – obrigação genérica – 
indica que a obrigação tem por objeto uma 
coisa indeterminada (mas determinável), 
pelo menos inicialmente, sendo ela 
somente indicada pelo gênero e pela 
quantidade, restando uma indicação 
posterior quanto a sua qualidade que, em 
regra, cabe ao devedor. Após a escolha 
feita pelo devedor (concentração) e, tendo 
sido cientificado o credor, a obrigação 
genérica é convertida em obrigação 
específica e responde as mesmas regras 
que esta. O gênero nunca perece, assim 
antes da individualização da coisa não 
poderá o devedor alegar perda ou 
deterioração da coisa, ainda que em 
decorrência de caso fortuito ou forma 
maior. 
Caso a obrigação de fazer, nas duas 
modalidades, torne-se impossível sem culpa 
do devedor (ex: falecimento de um pintor 
contratado, que tinha arte única), resolve-se a 
obrigação sem a necessidade de pagamento de 
perdas e danos. 
Caso a obrigação de não fazer, nas duas 
modalidades, torne-se impossível sem 
culpa do devedor (ex: falecimento 
daquele que tinha a obrigação de 
confidencialidade), resolve-se a 
obrigação sem a necessidade de 
pagamento de perdas e danos. 
 
 
 
8 
 
 REGRAS DA OBRIGAÇÃO DE DAR: 
PERECIMENTO: 
 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA CERTA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
Sem Culpa do Devedor: (antes da tradição) resolve-se 
a obrigação sem perdas e danos, artigo 234, 1ª parte 
do CC/02. 
Sem Culpa do Devedor: (antes da tradição) resolve-se a 
obrigação sem perdas e danos, artigo 238 do CC/02; suportando 
o credor o prejuízo, mas poderá pleitear os direitos que já 
existiam até o dia da referida perda. 
Com Culpa do Devedor: o credor pode exigir o 
equivalente a coisa e mais perdas e danos, artigo 234, 
2ª parte do CC/02; 
Com Culpa do Devedor: resolve-se a obrigação o equivalente 
mais perdas e danos, artigo 239 do CC/02; 
 
DETERIORAÇÃO: 
 
OBRIGAÇÃO DE ENTREGAR COISA CERTA OBRIGAÇÃO DE RESTITUIR 
Sem Culpa do Devedor: o credor pode resolver a 
obrigação (sem direito de perdas e danos) ou aceitar a 
coisa com abatimento do preço, vide artigo 235 do 
CC/02; 
Sem Culpa do devedor: o credor deve receber a coisa no 
estado em que se encontra, sem perdas e danos, artigo 240, 
1ª parte do CC/02; 
Com Culpa do Devedor: o credor pode exigir o 
equivalente ou aceitar a coisa com perdas e danos em 
ambos os casos (art. 236 do CC) 
Com Culpa do Devedor: o credor pode exigir o valor 
equivalente ou aceitar a coisa no estado em que se encontra, 
e ambos os casos com direito a perdas e danos, artigos 236 e 
240 2ª parte do CC/02. 
 Quanto aos seus elementos: dividem-se as obrigações em: 
*Simples: 1 sujeito ativo 1 sujeito passivo 1 objeto todos os elementos no singular. Ex.: João 
obrigou-se a entregar a José um veículo. 
*Composta ou complexa: quando um dos elementos acima estiver no plural, a obrigação será composta. Ex.: 
João obrigou-se a entregar a José um veículo e um animal (dois objetos). 
A) No exemplo acima será obrigação composta por multiplicidade de objetos. Esta, por sua vez, pode ser 
dividida em: 
A.1) cumulativas ou conjuntivas: os objetos encontram-se ligados pela conjunção “e”, ex.: obrigação de 
entregar um veículo “e” um animal; 
A.2) alternativas ou disjuntivas: estão ligados pela disjuntiva “ou”, ex.: entregar um veículo “ou” um animal. 
Nesse caso o devedor libera-se da obrigação entregando o veículo ou o animal. 
Alguns doutrinadores mencionam uma espécie “sui generis” da modalidade alternativa, a facultativa: trata de 
obrigação simples ficando porém ao devedor, e só a ele, exonerar-se mediante o cumprimento de prestação 
diversa da pretendida – obrigação com faculdade de substituição. Neste caso ela é vista só sob a ótica do 
devedor, pois se observarmos sob o prisma do credor ela será simples. 
OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OU DISJUNTIVAS: 
 
 IMPOSSIBILIDADE DE UMA PRESTAÇAO IMPOSSIBILIDADE DE AMBAS PRESTAÇÕES 
SEM CULPA Concentra-se o débito na obrigação restante, 
artigo 253 do CC/02; 
Resolve-se a obrigação artigo 256 do CC/02; 
COM CULPA Escolha do devedor: concentra-se o débito na 
prestação remanescente; 
Escolha do Devedor: o devedor ficara obrigado 
a pagar a prestação, mais perdas e danos; 
COM CULPA Escolha do Credor: é facultado ao credor exigir a 
prestação seguinte ou o valor da outra, com 
perdas e danos, artigo 255, 1ª parte do CC; 
Escolha do Credor: pode escolher o valor de 
qualquer das prestações, mais perdas e danos, 
artigo 255, 2ª parte do CC; 
 
9 
 
DIFERENÇA ENTRE OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS E ALTERNATIVAS: 
 OBRIGAÇÃO FACULTATIVA OBRIGAÇÃO ALTERNATIVA 
Em relação a prestação: 
 
Há uma obrigação principal e outra 
acessória, e é a prestação principal 
que determina a natureza do negócio. 
Se a prestação principal for nula 
contamina todo onegócio. 
As duas ou mais prestações estão no mesmo 
nível e o desaparecimento de uma não pode 
extinguir a obrigação. 
Em relação ao objeto: 
 
Ao nascer o objeto é único. Há multiplicidade de objeto 
Em relação a escolha: 
 
 
A escolha só compete exclusivamente 
ao devedor 
A escolha pode ser do credor, do devedor ou 
de terceiro. 
Em relação a 
concentração: 
Não existe concentração, mas o 
exercício de uma opção, o devedor 
pode optar pela obrigação subsidiária 
até o efetivo cumprimento da 
obrigação. 
Há concentração. 
B) Por outro lado, caso haja mais de um sujeito seja ele ativo ou passivo, será obrigação composta por 
multiplicidade de sujeitos. Estas, por sua vez, podem ser: 
B.1) divisíveis: o objeto da prestação pode ser dividido entre os sujeitos – cada credor só tem o direito à sua 
parte, podendo reclamá-la independentemente do outro. E cada devedor responde exclusivamente pela sua 
quota. Se houver duas prestações o credor pode exigi-la dos dois devedores (CC art. 257); 
B.2) indivisíveis: o objeto da prestação não pode ser dividido entre os sujeitos (CC, art. 258). Lembrando que 
neste caso, cada devedor é responsável por sua quota parte, todavia, em função da indivisibilidade física do 
objeto (ex.: cavalo) a prestação deve ser cumprida por inteiro (art. 259 e 261); 
B.3) solidárias: independe da divisibilidade ou da indivisibilidade, pois resulta da lei ou da vontade das partes 
(CC art. 265). Pode ser ativa ou passiva. Se existirem vários devedores solidários passivos, cada um deles 
responde pela dívida inteira. O devedor que cumprir sozinho a prestação pode cobrar, regressivamente, a 
quota-parte de cada um dos co-devedores (CC, art. 283). 
LEMBRE-SE: Nos três casos só há necessidade de saber se uma obrigação é divisível, indivisível ou solidária 
quando há multiplicidade de devedores ou de credores. 
 Obrigações principais e acessórias: as primeiras subsistem por si, sem depender de qualquer outra, ex.: 
entregar a coisa, no contrato de compra e venda; as segundas têm sua existência subordinada a outra relação 
jurídica, ou seja, dependem da obrigação principal, ex.: fiança, juros, etc. Vale ressaltar que a nulidade da 
obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a recíproca não é verdadeira, pois a destas não 
induz a da principal (CC art. 184, 2a parte). 
 Nulidade da principal: Extingue a obrigação acessória. 
 Nulidade da acessória: Permanece a obrigação principal. 
 
 
10 
 
BOA FÉ OBJETIVA 
 
Ensina Teresa Negreiros que “a incidência da boa-fé objetiva sobre a disciplina obrigacional determina uma 
valorização da dignidade da pessoa, em substituição da autonomia do indivíduo, na medida em que se passa a 
encarar as relações obrigacionais como um espaço de cooperação e solidariedade entre as partes e, sobretudo, 
de desenvolvimento da personalidade humana”. Ensina Teresa Negreiros que “a incidência da boa-fé objetiva 
sobre a disciplina obrigacional determina uma valorização da dignidade da pessoa, em substituição da 
autonomia do indivíduo, na medida em que se passa a encarar as relações obrigacionais como um espaço de 
cooperação e solidariedade entre as partes e, sobretudo, de desenvolvimento da personalidade humana”. 
A boa fé objetiva - Norma de conduta para o contratante. Se preocupa com a conduta do agente, ou seja, se ele 
atuou de forma ética e leal, independentemente de se saber se o agente tinha conhecimento e que deveria 
atuar dessa forma. Consiste num dever contratual ativo e não de um estado psicológico experimentado pela 
pessoa do contratante. A análise se faz unicamente em relação a conduta concreta do agente, ou seja, se ele 
atuou de forma a proteger , a cooperar e a informar o outro contratante sobre todas as circunstâncias do 
contrato independentemente de sua intenção, com consideração aos interesses do outro. 
É uma cláusula geral – norma que não prescrevem uma certa conduta, mas simplesmente, definem valores e 
parâmetros. Servem como ponto de referência interpretativo e oferecem ao intérprete os critérios axiológicos e 
os limites para a aplicação das demais disposições normativas. 
A boa fé objetiva pressupõe: 
 
 
 
O princípio da boa fé objetiva deve ser avaliado observando-se o comportamento da parte em conformidade 
com os padrões sociais vigentes, pouco importando o sentimento que motivou o agente. O contrário da boa fé 
objetiva não é a má fé, mas a ausência de boa fé. 
A boa fé objetiva deve existir durante todo o curso do contrato, do seu nascimento até sua extinção, podendo 
subsistir durante a fase das tratativas preliminares e ir até após o fim do contrato. É norma de ordem pública 
(norma cogente), de aplicação obrigatória (princípio de observância obrigatória) e necessária em todas as 
obrigações contratuais, independentemente da vontade das partes. O magistrado pode aplica-la de ofício, 
mesmo que não provocado por uma das partes, podendo anular cláusula que viole o princípio mesmo que não 
seja essa a cláusula que ajuizar a ação. 
11 
 
FUNÇÕES DA BOA FÉ OBJETIVA: 
FUNÇÃO INTERPRETATIVA FUNÇÃO LIMITADORA FUNÇÃO INTEGRATIVA 
Desempenha papel de paradigma 
para a interpretação dos negócios 
jurídicos de acordo com o artigo 
 113, do CC;
Assume caráter de controle, 
impedindo o abuso do direito 
subjetivo e qualificando-o como ato 
ilícito, na forma do artigo 187, do 
CC; 
 
Desempenha uma função criadora 
de deveres anexos ou laterais ao 
contrato, presentes em todas as 
relações obrigacionais, conforme o 
artigo 422, do cc (pic). 
 
 
A. FUNÇÃO INTERPRETATIVA – ARTIGO 113, CC – estabelece que os negócios jurídicos devem ser 
interpretados conforme a boa fé e os usos do local de sua celebração. A boa fé objetiva serve de modelo de 
interpretação de todos os negócios jurídicos. O magistrado não fará apenas uma leitura literal do contrato, 
mas observará a vontade aparente do negócio jurídico. A cláusula será interpretada de acordo com o 
conteúdo ético como se tivesse sido escrito por pessoas honestas e leais do mesmo meio cultural e social 
dos contratantes. A boa fé na função interpretativa poderá suprir eventuais lacunas não previstas pelos 
contratantes. É um parâmetro interpretativo, busca completar a relação obrigacional no que não foi 
previsto pelas partes, com o objetivo de se garantir a finalidade do que foi pactuado, sempre no sentido 
mais conforme à lealdade e honestidade em relação aos propósitos comuns. Assim, a boa fé é consagrada 
como meio auxiliador do aplicador do direito para a interpretação dos negócios, da maneira mais favorável 
a quem esteja de boa fé objetiva. 
 
B. FUNÇÃO LIMITADORA – ARTIGO 187, CC – afirma que comete ato ilícito quem, ao exercer o seu direito, 
exceder manifestamente os limites impostos pela boa fé. Comete-se ato ilícito quando, ao exercitar um 
direito subjetivo, o agente superar os limites éticos do ordenamento jurídico, ofendendo os objetivos do 
sistema e o espírito do Direito. Aquele que contraria a boa fé objetiva comete abuso de direito. A 
responsabilidade civil que decorre do abuso de direito é objetiva. A noção de abuso é intimamente ligada ao 
excesso, uso imoderado de poderes e a boa fé objetiva é elencada como um fator para distinguir o exercício 
regular ou irregular de direitos, delimitando o que pode ser considerado abusivo em face do outro. A boa fé 
imprime as partes o dever de agir com lealdade, com cooperação, desta feita, impede o abuso de direito, o 
ato ilícito, o enriquecimento sem causa, sustenta a teoria da imprevisão, dá força obrigatória às convenções 
e mitiga o princípio da autonomia da vontade. Sob esta ótica, apresenta-se a boa-fé como norma que não 
admite condutas que contrariem o mandamentode agir com lealdade e correção, pois só assim se estará a 
atingir a função social que lhe é cometida.” 
 A função limitadora pode ocorrer através de condutas: 
VENIRE CONTRA FACTUM PROPRIUM DA SUPPRESSIO (VERWIRKUNG) E DA SURRECTIO 
Proibição de comportamento contraditório. Significa o 
exercício de um direito em proibição contrária, ou seja, em 
contradição com o comportamento assumido 
anteriormente pelo exercente. O 1º comportamento é o 
factum proprium e o 2º comportamento o contraria. O 
fundamento reside na confiança depositada no outro 
contratante e busca impedir a prática de condutas 
contraditórias em uma obrigação. Em tese, os dois 
comportamentos são lícitos, mas o 2º comportamento 
quebra a confiança e é uma conduta proibida pela boa fé 
objetiva.Tem como máxima a prescrição jurídica de que 
“ninguém é dado vir contra o próprio ato, frustrando uma 
justa expectativa alheia”.23 Isto significa que a mudança 
súbita de atitude não é possível, se inspirou em outrem 
uma expectativa de comportamento. Conforme José 
A figura da suppressio, fundada na boa-fé objetiva, visa 
inibir providências que já poderiam ter sido adotadas há 
anos e não o foram, criando a expectativa, justificada pelas 
circunstâncias, de que o direito que lhes correspondia não 
mais seria exigida. A suppressio tem sido considerada com 
predominância como uma hipótese de exercício 
inadmissível do direito.27 Como já ressaltado, a boa-fé 
objetiva, que é inerente ao comportamento nas partes nas 
relações jurídicas, mormente as relações civis, posto que 
este instituto é assume uma proeminência no Direito Civil 
como um todo, impede que o titular de um direito aja, se 
criou expectativa na parte contrária pela sua inércia em 
exercer o direito. A surrectio que se refere ao fenômeno 
inverso, isto é, o surgimento de uma situação de vantagem 
para alguém em razão do não exercício por outrem de um 
12 
 
Roberto de Castro Neves, o “dever de agir de boa fé 
funciona como verdadeiro corolário, do qual se irradiam 
outros deveres, como, por exemplo, o de prestar 
informações, de proteger a integralidade da coisa antes de 
sua entrega, o de cooperar para que a prestação seja 
oferecida de forma perfeita, o de lealdade e confiança”. 
“Mais que contra a simples coerência, atenta o venire 
contra factum proprium à confiança despertada na outra 
parte, ou em terceiros, de que o sentido objetivo daquele 
comportamento inicial seria mantido, e não contrariado”. A 
ideia central da proibição de comportamento contraditório 
consiste em propiciar a manutenção da coerência das 
condutas das partes nas relações jurídicas. Proíbem-se 
comportamentos contraditórios quando houver 
incoerência, contradição aos próprios atos, de modo a 
violar expectativas despertadas em outrem e assim causar-
lhes prejuízos. 
 
determinado direito, cerceada a possibilidade vir a exercê-
lo posteriormente. 
 
 
 
 
C. FUNÇÃO INTEGRATIVA DA BOA FÉ OBJETIVA – ATIGO 422, CC – a boa fé cria deveres para as partes e passa 
a exercer função integrativa de deveres de comportamento antes, durante e após a relação contratual. São 
os chamados deveres de conduta, também conhecidos como deveres anexos, instrumentais, laterais, 
acessórios, de proteção ou tutela. Isto significa que o princípio da boa-fé objetiva é fonte de direitos e 
conforma a atuação das partes, que devem não apenas observar o objeto principal da obrigação, mas 
também as demais obrigações laterais consentâneas ao exato adimplemento. Em sendo fonte de direitos, 
indica que as partes devem atuar com ânimo de cooperação, de modo que as expectativas geradas não se 
frustrem e, como tem como alicerce a lealdade e confiança, do primado da boa-fé objetiva, é possível 
extrair algumas consequências: 
 (i) Quem inspira na outra pessoa uma certa crença no agir responde por isso. 
(ii) Há a imposição de deveres às partes, de modo a proteger a confiança e as expectativas 
legítimas geradas. 
A boa-fé cria deveres anexos para as partes contratantes independente de manifestação de vontade destas. São 
deveres de cuidado, deveres de informação, deveres de colaboração e cooperação, deveres de sigilo, entre 
outros. Esses deveres se violados geram o dever de indenizar. Isso porque a boa-fé determina que as partes 
ajam com lealdade umas com as outras, respeitando os objetivos da relação obrigacional. 
Ao se pensar na boa-fé como criadora de deveres, remonta-se à obrigação como processo. A relação 
obrigacional passa a ser um processo complexo, no qual, é simplório remeter ao simples adimplemento da 
obrigação, quer se atender à finalidade global da obrigação, exigindo das partes o dever de atuar entre si com 
cooperação, até mesmo após o adimplemento da obrigação. 
Quando se infringem deveres pré-negociais, não se está infringindo deveres principais, já que o contrato ainda 
não se formou, mas sim deveres anexos ou secundários. As partes devem guardar a boa-fé, antes, durante e 
após o cumprimento da relação obrigacional para que seja respeitado o objetivo do pactuado, bem como a 
legítima expectativa das partes. 
Funcionam como uma espécie de blindagem contra interesses injustificados que possam atingir a relação 
obrigacional. Os deveres de conduta não surgem da vontade das partes, pois dele não dependem. Decorrem 
diretamente da boa fé e, por isso, não precisam de previsão contratual. 
 
 
 
 
 
 
13 
 
DEVERES DE CONDUTA: 
DEVER DE PROTEÇÃO DEVER DE INFORMAÇÃO DEVER DE COOPERAÇÃO 
Cabe aos contratantes garantir a 
integridade dos bens e dos direitos do 
outro contratante, em todas as etapas 
do vínculo obrigacional que possam 
oferecer perigo. Buscam proteger a 
contraparte dos riscos de danos a sua 
pessoa e ao seu patrimônio. Significa 
que mesmo sem previsão no contrato 
e sem as partes queiram, elas devem, 
em obediência à função integrativa da 
boa-fé objetiva, proteger a pessoa 
física e o patrimônio do outro 
contratante evitando causar danos 
injustos a ele. Ex: placas de ‘piso 
escorregadio’ no chão das lojas. 
É o dever de comunicar à outra parte 
fatos relevantes que envolvem o 
contrato desde a sua origem até o 
seu fim, envolvendo as fases pré-
contratual, contratual e pós-
contratual. Busca ampliar o 
conhecimento da outra parte. Ambas 
devem prover informações das 
circunstâncias que envolvem o 
contrato mesmo que não esteja 
previsto no contrato essa 
necessidade de informação. Ex: 
consentimento informado no código 
de ética médico. 
 
Significa a ajuda que uma das partes 
deve dar à outra para que esta possa 
cumprir o contrato. Proíbe que a 
conduta das partes possa desiquilibrar 
a obrigação. Devem ser leais em todos 
os momentos da relação. Cooperar 
para que a obrigação atinja ao seu fim 
da melhor forma possível a ambas as 
partes. A conduta ética é uma 
conduta jurídica. Ex: o advogado não 
deve revelar detalhes de seu cliente. 
 
 
Obs: 
 
 A violação dos deveres anexos constitui espécie de inadimplemento, independentemente de culpa. 
 Os direitos devem exercitar-se de boa fé, as obrigações têm de cumprir-se de boa fé. 
 Informar a respeito do que estava ocorrendo, cooperar para que o problema seja resolvido e buscar 
conferir proteção ao outro contratante. O STJ é unânime no sentido de que a negativação indevida gera 
danos morais que independem de prova para a sua configuração. 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
 
ALMEIDA, Juliana Evangelista de. A boa-fé no direito obrigacional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 78, jul 
2010. Disponível em: <http://www.ambito-
juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=8041>. Acesso em abr 2014. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil brasileiro: teoria geral das obrigações, v 2. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
 
GUTIER, Murillo Sapia. Introdução ao Direito CivilConstitucional: A Boa-fé Objetiva. Material da 1ª aula da 
disciplina Fundamentos do Direito Civil, ministrada no curso de pós-graduação lato sensu em Direito Civil e 
Processual Civil – UNIT (Universidade Tiradentes). 
 
Tartuce, Flávio Manual de direito civil: volume único. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: METCDO. 2011.

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