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Modelos de Casos Concretos

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _
JOSÉ, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do RG n. ..., inscrito no CPF n. ..., residente e domiciliado na rua (...), n. (...), bairro (...), CEP (...), na cidade de ..., JOAQUIM, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portador do RG n. ..., inscrito no CPF n. ..., residente e domiciliado na rua (...), n. (...), bairro (...), CEP (...), na cidade de ..., JULIETA, (nacionalidade), (estado civil), (profissão), portadora do RG n. ..., inscrita no CPF n. ..., residente e domiciliada na rua (...), n. (...), bairro (...), CEP (...), na cidade de ..., vêm à presença de Vossa Excelência, por intermédio de seu advogada, que prescreve esta peça, cuja qualificação segue em anexo (doc. 01), com endereço profissional na rua (...), nº (...), bairro (...), cidade (...), propor, com fundamento nos artigos 186 e 927 do Código Civil:
AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS
em face de JOÃO, (nacionalidade), (estado civil), advogado, portador do RG n. ..., inscrito no CPF n. ..., residente e domiciliado na rua (...), n. (...), bairro (...), CEP (...), na cidade de ..., pelos fatos e fundamentos que passa a expor.
DOS FATOS
Os Requerentes contrataram os serviços de advogado do Requerido a fim de receberem informações sobre sucessão e para ajuizar o inventário de seu pai.
O pai dos Requerentes foi casado com a mãe dos Requerente pelo regime de comunhão universal de bens por 50 anos, tendo construído um patrimônio comum de R$ 2.400,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).
Ocorre que o Requerido, amigo do pai dos Requerentes, sabia de um segredo deste, qual seja, que ele tinha um filho fora do casamento, Pedro, e que, atualmente, constava com a idade de 13 anos, nunca tendo revelado este segredo para que a família se mantivesse unida.
O pai dos Requerentes não registrou Pedro, apesar de reconhecer sua paternidade perante a mãe do menino e de outras pessoas, apesar de omitir o fato para sua família legítima. 
Os Requerentes, objetivando resguardar a velhice de sua mãe e mantê-la tranqüila e certa do amor, respeito e admiração dos filhos optaram por renunciar à parte que cabia a cada um na herança em favor dela, de modo que apenas receberiam os bens novamente após o falecimento desta. 
Assim, o Requerido, considerando que todas as partes envolvidas na sucessão do pai dos Requerentes eram maiores e capazes, ajuizou um procedimento sucessório adotando o rito do Arrolamento Sumário e elaborou os termos de renúncia “em favor do monte” dos Requerentes, que foram reconhecidos como válidos judicialmente. 
Ao ser questionado pelos Requerentes sobre o porquê de não constar no documento, expressamente, que as partes deles estavam sendo doadas para sua mãe, o Requerido esclareceu que não havia necessidade, já que, como os seus avós não eram mais vivos, a mãe dos Requerentes acabaria por receber, além de sua meação, as cotas dos renunciantes, na qualidade de herdeira, além de evitar o pagamento do imposto de doação que incidiria no caso de renúncia translativa.
Tal orientação foi dada pelo Requerido acreditando que a mãe de Pedro manteria o segredo sobre a paternidade de seu filho, o que não ocorreu, de modo que Pedro acabou por receber toda a herança, avaliada no montante de R$ 1.200,00 (um milhão e duzentos mil reais), ficando a mãe dos Requerentes apenas com sua meação de igual valor, enquanto os Requerentes nada receberam, o que lhes causou sério abalo emocional.
Sendo assim, necessário se faz o ajuizamento da presente ação a fim de buscar o ressarcimento dos prejuízos danos sofridos em razão da orientação errônea repassada pelo Requerido aos Requerentes.
DO DIREITO
É evidente no presente caso a responsabilidade civil do Requerido em relação aos danos sofridos pelos Requerentes, haja vista que ao elaborar o termo de renúncia em sua espécie abdicativa e omitir uma informação essencial, qual seja a existência de um outro herdeiro, permitiu que o herdeiro até então desconhecido, Pedro, recebesse todo o montante da herança em detrimento dos Requerentes e da mãe destes, a qual seria a real destinatária dos valores de acordo com a intenção dos Requerentes. 
No caso, havendo a intenção dos Requerentes em abrir mão da herança de seu pai em favor de sua mãe, deveria ter sido realizada uma renúncia translativa, ou seja, em favor de uma pessoa determinada.
Sendo assim, percebe-se que o Requerido, em sua função de advogado foi omisso nas informações repassadas aos Requerentes, já que não alertou sobre a existência de outro herdeiro, além de ter produzido um documento que feria a real intenção dos Requerentes, causando prejuízo a estes, já que ao elaborar um termo de renúncia abdicativa, ao invés de uma renúncia translativa como visto, possibilitou que Pedro, ao se habilitar na sucessão do pai dos Requerentes, ficasse com todo o montante que havia sido renunciado, em tese, em favor da mãe dos Requerentes, de modo que esta permaneceu, tão somente, com sua meação e os Requerentes sem nada.
O dano material suportado pelos Requerentes é no valor total de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais), uma vez que sendo 4 filhos (José, Joaquim, Julieta e Pedro), cada um teria o direito a R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), já que a herança era avaliada em R$ 1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais).
Além do prejuízo patrimonial, a falha do Requerido em sua função de advogado também causou sério abalo emocional aos Requerentes e sua mãe, uma vez que, além da desestruturação familiar causada pela notícia de um filho fora do casamento, também houve a frustração da perda de toda a herança e da não efetivação do repasse dos valores à mãe dos Requerentes. 
O artigo 927 do Código Civil prevê que toda pessoa que, por ato ilícito, causar dano a outrem fica obrigado a repará-lo.
Já o artigo 186 define que ato ilícito é a ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência que viola direito e causa dano a outrem, ainda que exclusivamente moral.
Ainda, o próprio Estatuto da OAB dispõe expressamente que o “advogado é responsável pelos atos que, no exercício profissional, praticar com dolo ou culpa”.
Portanto, configurada está a responsabilidade do Requerido, uma vez que omitiu informação dos Requeridos, bem como foi negligente na produção do termo de renúncia, ou seja, demonstrada está sua culpa quanto aos prejuízos causados aos Requerentes, tanto no âmbito material quanto moral, surgindo, assim, o dever de indenizá-los.
DO PEDIDO
	
Ante o exposto, requerem:
Que a presente ação seja recebida, processada e julgada pelo MM. Juízo;
A procedência total da ação, a fim de que os Requerentes recebam, cada um, a indenização por danos materiais no valor de R$ 300.000,00 (trezentos mil reais), e por danos morais, no valor a ser arbitrado por Vossa Excelência;
A citação do Requerido, para contestar a presente ação, no prazo de quinze dias, se o quiser, sob pena de revelia e confissão, nos moldes do artigo 285 do Código de Processo Civil;
A produção de todos os meios de provas em direito admitidos;
A condenação do réu ao pagamento dos honorários advocatícios e das custas judiciais, na forma do art. 20 do CPC.
Dá-se a causa o valor de R$ 900.000,00 (novecentos mil reais).
Nestes termos, 
pedem e esperam deferimento.
Local, data.
Advogado
OAB n. ...

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