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constatações teóricas acerca da fusão entre a Bayer e a Monsanto

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Consequências oriundas da fusão entre a Bayer e a Monsanto
Thalyne Moreira do Rosário dos Santos[1: Graduanda no 8º semestre do curso de Direito pelo Centro Universitário Jorge Amado. Orientanda de projeto de Iniciação Científica na área criminal. mthalyne@gmail.com ]
No último dia 04 de outubro de 2017, a Superintendência-geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica – CADE recomendou por meio de parecer divulgado no D.O.U., que a fusão entre a Monsanto e a Bayer seja rejeitada pelo Tribunal. É importante que conheçamos as empresas quem vem atormentando os estudiosos e tirando o sono dos agricultores, para que seja possível compreender os impactos decorrentes da referida fusão. Do ramo das ciências nas áreas de saúde e agricultura, a Bayer é uma empresa que objetiva a distribuição de produtos inovadores pretendendo soluções e melhorias na saúde da população, animais e plantas e a Monsanto, que tem uma monstruosa atuação no mercado, se mostrar como uma companhia de agricultura sustentável que objetiva a produção de melhor qualidade nos alimentos para os indivíduos e os animais. Importante frisar que a Monsanto ocupa hoje uma posição autoritária no seu ramo de atuação, equivalente a mais de 90% do mercado de transgênicos, o que de plano já demonstra que a fusão entre uma empresa global e uma multinacional só pode acarretar o monopólio da atividade. A título ilustrativo, a Monsanto é responsável por 33 unidades distribuídas em 11 estados brasileiros, dentre eles a Bahia, cuja sede no Brasil fica em São Paulo – SP, cujos principais produtos comercializados são a sementes de soja, o milho, o algodão, o sorgo, o sorgo sacarino, as hortaliças, atuação na biotecnologia e na produção de herbicidas. Pioneira na biotecnologia, a Monsanto fora a responsável pelo primeiro produto geneticamente modificado que se comercializou no mundo, o hormônio rBGH (Bovine Somatropine) recombinante do crescimento, BST ou Polisac, com intuito de induzir as vacas na produção de leite em quantidades superiores à sua produtividade natural. Tendo em vista a prejudicialidade de tais produtos, o seu consumo é proibido em diversos países em decorrência da constatação de problemas como cistos no ovário, desordem uterina, redução do tempo de gestação e retenção da placenta nos experimentos com a sua utilização. A Bayer é uma empresa global de atuação em tecnologias para inovação e crescimento, por óbvio, possui unidades nos mais diversos países em todo o mundo. A atuação mercadológica das duas empresas individualmente já acarreta inúmeras preocupações com a concentração do ramo, sua fusão será motivo de total desequilíbrio de dificílima reparação, quiçá uma solução, tendo em vista que mesmo antes de se efetivar a pretendida venda, o monopólio da Monsanto já põe em risco a existência de pequenos agricultores, que, inclusive, se suprem dos seus produtos para se manter de pé. Durante todos esses anos a Monsanto caminhou para acabar com as sementes camponesas (e conseguiu), movendo ações legais contra pequenos agricultores, legalizando patentes, monopolizando o ramo e controlando a produção e comercialização dos alimentos, dominando completamente o mercado e capitalizando um lucro absurdamente excessivo na sua atuação. O que se pode constatar é a estranheza da presente fusão, tendo em vista que a Monsanto e a Bayer são concorrentes de longas datas, restando claro que a pretensão latente é enterrar de uma vez por todas os pequenos agricultores, sem deixar espaço em um ramo que já é marcado pela concentração de poder. Dentro desse quadro preocupante já exposto, a venda da Monsanto é um assunto que vem tomando lugar na mídia nos últimos meses, tendo em vista que foi anunciada em 2016 e desde então é alvo das mais variadas críticas, todas desfavoráveis. Os impactos decorrentes da referida fusão são imensuráveis, considerando, principalmente, a concentração e monopólio da produção dos Organismos Geneticamente Modificados – OMGs que irá se instalar no ramo agrícola. Por outro lado, como se não fosse grave o bastante o fato de se monopolizar o comércio agrícola, a Bayer obviamente voltará seus esforços para intensificar a atuação no Brasil (por ser o segundo maior produtor de transgênicos no planeta), e, considerando sua realidade contemporânea, terá por consequência o difícil controle do crescimento do desemprego que hoje, absurdamente já atinge quase 14% da população, segundo dados do IBGE. Não é novidade que a atuação da Monsanto é marcada por atividades poluidoras, elevando índices de mortalidade em decorrência da contaminação por substâncias químicas, bem como também não é novidade que o Brasil possui uma fiscalização frágil quando se depara com empresas de tamanho porte, ocasionando mais um grande motivo para preocupação da população brasileira, que é o aumento na corrupção. Tais constatações são ainda especulações teóricas, com base na análise sistêmica da história da Monsanto e da Bayer durante toda a sua trajetória desde a sua fundação. 
CONCLUSÃO
Por motivos lógicos, sua fusão será defendida com a falsa e utópica ideia de que aumentará a receita, bem como as oportunidades de emprego, contudo, sabemos o quão é difícil superar o monopólio do poder, seja na seara política, seja na economia. A fusão entre a Monsanto e a Bayer será mais um grande e tormentoso capítulo desse círculo de fogo que se instaurou na vida de cada indivíduo fadado a suportar as consequências de medidas irresponsáveis, prejudiciais, disfarçadas de soluções com o respaldo da legalidade.

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