Buscar

Direito Previdenciário Marina Vasques Duarte

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 115 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Série Concursos 
Marina Vasques Duarte é Juiza Federal na 4a Região desde outubro de 1998, tendo atuado durante dois anos em Vara especializada em Direito Previdenciário em Porto Alegre. 
É professora de Direito Previdenciário no Instituto de Desenvolvimento Cultural - IDC 
em Porto Alegre/RS, na Universidade do Sul de Santa Catarina - UNISUL, em Tubarão/SC, e no curso Verbo Jurídico. Mestranda em direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul PUC/RS. 
Foi autora da decisão proferida na ACP no 2000.71.00.030435-2 que determinou que o INSS em âmbito nacional adotasse interpretações diversas acerca da aposentadoria especial. 
Direito Previdenciário 
2ª Edição 
Marina Vasques Duarte 
Editora Verbo Jurídico 
Direito Previdenciário
Direito Previdenciário
Marina Vasques Duarte
Editora Verbo Jurídico
Porto Alegre - Maio/2003
1 788588 007147 
Diagramação e projeto: Verbo Jurídico 
 
D712d Duarte, Marina Vasques 
Direito Previdenciário/ Marina Vasques 
Duarte.- Porto Alegre: Verbo Jurídico , 2003. l52p. (Série:Concursos) 
1. Direito Previdenciário. II. Título CDD 341.67 
Catalogação: Cláudia Walther Zanenga 
CRB 10/306 
2003 
Proibida a reprodução total ou parcial. 
Os infratores serão processados na forma da lei. 
Editora Verbo Jurídico Ltda 
Rua 24 de Outubro, 435/205 Fone: (51) 3222 - 3107 
PORTO ALEGRE - RS CEP-905 10-002 
e-mail: verbojuridico @verbojuridico.com.br 
www.verbojuridico.com.br 
Prefácio 
O Direito Previdenciário não tem merecido a atenção necessária dos operadores jurídicos. A se considerar a sua importância na vida das pessoas, especialmente de trabalhadores, idosos, inválidos e desassistidos, e a julgar pelo volume de ações que sobre ele versam, a conclusão inafastável é a de que precisaríamos melhor estudá-lo. E isso desde o período de formação nos cursos de direito, que o tem, no mais das vezes, apenas como disciplina opcional. Este descaso (cujo pano de fundo tem natureza econômica, pois que as causas previdenciárias não se revelam assim tão rentáveis) acaba por prejudicar, sem dúvida, a tutela de direitos fundamentais sociais de inegável importância. Em boa hora, a doutora Marina Vasques Duarte, que já havia proferido, em Ação Civil Pública sobre aposentadoria especial, uma das mais importantes sentenças sobre a matéria, nos premia agora com um trabalho singular, revelando, nas letras jurídicas, as mesmas virtudes que já revelara, desde o início, no exercício dajudicatura. Digo isso porque acompanhei de perto, na cidade de Criciúma, o seu ingresso na carreira de juíza federal, e lá pude testemunhar, de imediato, os seus sólidos conhecimentos nas mais diversas áreas do Direito e a sua invejável sensibilidade no trato de questões sociais. 
Seu "Direito Previdenciário", já em sua 2' edição, considerada a abrangência, é aparentemente despretensioso. Mas as aparências enganam. O que temos aqui, em verdade, é uma obra que conjuga, numa simbiose jurídica de qualidade indubitável, conhecimentos teóricos e práticos, estes últimos extraídos da experiência profissional da autora. O livro, composto das lições básicas indispensáveis ao iniciante na matéria, vem enriquecido também com os temas mais controvertidos e complexos do momento, apontando, sempre que possível, as mais atualizadas e qualificadas soluções pretorianas. Revela-se, em vista disso, de leitura obrigatória para estudantes, advogados, procuradores públicos, membros do ministério público e todos os demais operadores do direito. Aos candidatos ao ingresso na carreira da magistratura, diria que este é o trabalho mais completo que conheço no gênero, pois que, além de conter toda a matéria que pode ser objeto de uma prova de Direito Previdenciário, traz, como acréscimo, questões práticas devidamente resolvidas, que facilitam em muito o processo de aprendizagem. 
Parabéns à ilustrada colega e a todos que a esta obra tiverem acesso! 
Porto Alegre, 07 de maio de 2.003. 
Paulo Afonso Brum Vaz 
Desembargador Federal
ÍNDICE 
SEGURIDADE SOCIAL: ASSISTÊNCIA, PREVIDÊNCIA & SAÚDE 
1. Introdução 13 
2. Princípios ___ 15 
2.1. Seguridade Social _______________________ ________ 15 
2.2 Previdência Social ______________________________________ 17 
2.2.1 Relações Jurídicas com a Previdência Social ________________ 18 
2.2.2. Sistema de capitalização e de repartição _________________ 20 
PREVIDÊNCIA SOCIAL: SEGURADOS E DEPENDENTES 
1. Introdução 21 
2. Segurados ___________ 21 
2.1. Segurados Obrigatórios ___ 22 
a) Empregado___ ____________ 22 
b) Empregado doméstico_________ _____ 23 
c) Contribuinte individual ___________________ 24 
d) Trabalhador avulso __________________ ______ 27 
e) Segurado especial ____________________ _________________ 27 
2.2. Segurados Facultativos _ 34 
2.3. Manutenção da Qualidade de Segurado ________ _____ 35 
3. Dependentes _____ 37 
3.1. Cônjuge/Companheiro(a) _______________________________ 37 
3.2. Filhos _______________________________________________ 38 
3.3. Companheiros Homossexuais __________ ________ 39 
3.4. Pessoa Designada ________________________________________ 40 
4. Filiação/Inscrição __________________________ ___________ 41 
5. Relaçãode Benefícios _________________________ 41 
CARÊNCIA 
1. Conceito 42 
2. Diferenças carência & tempo de serviço ______________________ 43 
SALÁRIO-DE-CONTRIBUIÇÃO 
1. Atualização monetária dos salários-de-contribuição .. 50
SALÁRIO-DE-BENEFÍCIO 
1. Fator Previdenciário _________________________ 54
2. Atividades Concomitantes _____________ 55
3. Limitação do salário-de-benefício 57
RENDA MENSAL 
1. Conceito ______________________ 58 
2. Reajustamento _________________ ________________________ 58 
3. Ações Revisionais ____________ 60 
3.1. Situação anterior à Constituição Federal de 1988 ____________ 60 
a) Súmula 260 do ex- TFR _______________________ _________ 60 
b) Súmula n° 02 do TRF da 4 Região ____________________ 62 
c) art. 58 do ADCT _____________________________________ 62 
3.2. Situação posterior à Constituição Federal de 1988 ____________ 63 
a) IRSM 02/94 .. 64
b) Reajuste pelo Salário Mínimo _____________________________ 65 
c) URV - março 1994 ________________________________ 65 
d) Reajuste maio de 1996 ________________ ________ _______ 69 
e) Reajustes a partir de junho de 1997 - ______ 70 
4. Prescrição e decadência. _______ ___________ ___________ 72 
BENEFÍCIOS EM ESPÉCIE 
1. Aposentadorias .. 74
1.1. Aposentadoria por Invalidez .. 77 
1.1.1. Titular .. 77
1.1.2. Requisitos .. 78
1.1.3. Termo inicial .. 79_ 
1.1.4. Manutenção/Termo final _______ 79 
1.1.5. Valor do benefício .. 82 
1.2. Aposentadoria por Idade .. 84 
1.2.1. Titular .. 84 
1.2.2. Requisitos .. 84 
1.2.3. Processamento .. 86
1.2.4. Termo inicial ____________ ________ ________________ 86 
1.2.5. Valor do benefício .. 86 
1.2.6. Observações____________________________________________ 87 
1.3. Aposentadoria por Tempo de Serviço/Contribuição____________ 88 
1.3.1. Titular .. 88
1.3.2. Requisitos _____________________________ ______ 88 
1.3.3. Termo inicial ___________________ ___________________ 89 
1.3.4. Valor do benefício _________ _____________________________ 89 
1.3.5. Períodos considerados como tempo de contribuição_________ 90 
1.3.6. Contagem recíproca do tempo de contribuição ____________ 93 
1.3.7. Professores ____________________________________ _____ 96 
1.3.8. Regras de Transição _____________________ 97 
1.3.9. Direito adquirido à legislação anterior ______ _____ 98 
1.3.10. Comentários finais __________________________ ______ 99 
1.4. Aposentadoria Especial __________________________ 101 
1.4.1.Titular ________ _____________ 101 
1.4.2. Requisitos _______________________________ 102 
1.4.3. Tempo de trabalho a ser considerado_________ 102
1.4.4. Termo inicial .. 110 
1.4.5. Valor do benefício ________________________ 111
1.4.6. Conversão de tempo de serviço especial/comum .. 111 
1.4.7. Observações .. 114
2. Auxílio-doença ..117
2.1.Titular - 117 
2.2. Requisitos .. 117
2.3. Termo inicial .. 118
2.4. Termo final .. 118
2.5. Valor do benefício .. 119 
2.6. Observações .. 119
3. Auxílio-acidente .. 119
3.1. Titular .. 120
3.2. Requisitos .. 120
3.3. Termo inicial .. 120
3.4. Termo final .. 120
3.5. Valor do benefício .. 121 
3.6. Observações .. 121
4. Salário-família .. 121 
4.1.Titulares ________________________________ _________ 121 
4.2. Requisitos 122 
4.3. Termo inicial _______________ 122 
4.4. Termo final .. 122 
4.5. Valor do benefício ________________________________________ 123 
4.6. Observações __________________________________________ 123 
5. Salário-maternidade ________________________________________ 123 
5.1. Titulares __________________ ________________ 123 
5.2. Requisïtos ____________ _____________________ 123 
5.3. Valor do benefício _________ 124 
5.4, Duração _______ _______ 125 
5.5. Observações _________ _____ 125 
6. Pensão por Morte _________________ _______________ 126 
6.l.Titulares ____________ ___________ 126 
6.2. Requisitos ________ ________________ 126 
6.3. Termo inicial _____ ____________ __________ 126 
6.4. Termo final .. 127 
6.5, Valor do benefício __________ ___________ 127 
6.6. Observações _____ __________ 128 
7. Auxílio-reclusão __________ 128 
7.1.Titulares __________ - _________ 128 
7.2. Requisitos ___________ 128 
7.3. Forma de cálculo/beneficiários ___________ 129 
7.4. Termo inicial ________ _________________________________ 129 
7.5. Termo final .. 129 
7.6. Observações _________________ ________ 130 
8. Abono Anual __________________________ 130 
9. Benefícios extintos; pecúlio & abono de permanência em serviço - 130 
10. Benefícios assistenciais ________________________ _______ 131 
11. Acumulação de benefícios ______________________ 133 
12. Quadro de Benefícios ________ 134 
SÚMULAS__________________ ______________ 137 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO ______ 147 
BIBLIOGRAFIA ___________ ____ 151 
& NOTA À 2 EDIÇÃO 
Quando iniciei a trabalhar com Direito Previdenciário, ao 
assumir como Juíza Federal Substituta da 4 Região, pude sentir a enorme dificuldade que os profissionais do direito têm em relação à matéria. 
No ano de 2000, quando comecei a atuar em uma vara especializada em Porto Alegre, fui convidada a dar aulas no curso de extensão em Direito Previdenciário do Instituto de Desenvolvimento Cultural. Senti na oportunidade a necessidade de deixar aos alunos um breve resumo sobre as aulas que seriam lecionadas. 
A partir de então, a Verbo Jurídico convidou-me a ministrar 
as aulas de Direito Previdenciário para os seus cursos preparatórios para concursos 
e novamente senti que os estudantes na maioria dos casos não tinham sequer visto 
a matéria na faculdade. 
Pensando em esquematizá-la da forma mais prática e objetiva 
possível, para os profissionais e para os estudantes, foi publicada a ja edição deste livro. 
Com a sua edição esgotada e tendo em vista diversas manifestações daqueles que leram a I' versão, esta 2 edição vem com as alterações que se fizeram necessárias no período, revisado o texto original, acrescentando-se jurisprudências do STJ e as súmulas mais aplicadas diariamente. Além disso, para os concursandos, foram acrescentados os dois últimos exercícios de matéria previdenciária cobrados no IX e X concursos para Juiz Federal Substituto do TRF da 4 Região. devidamente solucionados. 
Sempre aberta a novas sugestões, coloco-me a disposição para 
o que for necessário. 
Porto Alegre, maio de 2003. 
Marina Vasques Duarte 
11 
&& SEGURIDADE SOCIAL: ASSJSTÊNCIA, PREVIDÊNCIA & SAUDE 
& 1. INTRODUÇÃO 
A Seguridade Social, nos termos do artigo 194 da CF, compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. 
A finalidade principal da Seguridade Social é a cobertura dos riscos sociais, o amparo social mantido por receita tributária ou assemelhada. Sua instituição deve-se ao fato de o homem ter percebido sua impotência frente aos encargos produzidos pelos riscos sociais, ainda que protegido pelo núcleo familiar. 
A evolução histórica da Seguridade Social contou com dois momentos marcantes: na Inglatena, a famosa Lei de Amparo aos Pobres (PoorReliefAct), em 1601, instituiu a Assistência Social ao criar a contribuição obrigatória para fins sociais, consolidando outras leis sobre assistência pública; enquanto a Previdência Social, sob a inspiração de Otto von Bismarck, foi instituída na Alemanha, em 1883, com a criação de uma série de seguros sociais, de modo a atenuar a tensão existente nas classes trabalhadoras: em 1883 foi instituído o seguro-doença, custeado por contribuições dos empregados, empregadores e do Estado, em 1884, decretou- se o seguro contra acidentes do trabalho com custeio dos empresários, e em 1889 criou-se o seguro de invalidez e velhice, custeado pelos trabalhadores, pelos empregadores e pelo Estado. 
No Brasil, as formas de montepio foram as manifestações mais antigas 
de assistência. Pode-se citar o Montepio Geral da Economia dos Servidores do 
Estado (MONGERAL), entidade de previdência privada. 
Apesar de um Decreto de 1° de outubro de 1821 ter previsto a aposentadoria aos mestres e professores após 30 anos de serviço, foi no fim do Império que se notaram algumas medidas legislativas tomadas para proporcionar aos empregados públicos certas formas de proteção, como a aposentadoria aos empregados dos Correios, aos 30 anos de serviço e aos 60 anos de idade (Decreto n°9.912-A, de 26/03/1888) e a aposentadoria dos empregados da Estrada de Ferro Central do Brasil (Decreto n°221, 26/02/1890), posteriormente estendida aos demais ferroviários do Estado (Decreto n°565, de 12/07/1 890). 
A Constituição de 1891 foi a primeira a conter a expressão 
"aposentadoria". Determinou que a aposentadoria só poderia ser dada aos 
funcionários públicos em caso de invalidez a serviço da Nação (art. 75). Na verdade 
o benefício era realmente dado, pois não havia nenhuma fonte de contribLlição para 
o financiamento de tal valor. 
No entanto, foi com à Lei Eloy Chaves (Decreto-Lei n° 4.682, de 24 de 
janeiro de 1923) que se implantou efetivamente a Previdência Social, com a criação 
13 
de Caixas de Aposentadoria e Pensões junto a cada empresa ferroviária, tornando seus empregados segurados obrigatórios. Para eles eram previstos os seguintes benefícios: assistência médica, aposentadoria por tempo de serviço e por idade avançada, por invalidez após dez anos de serviço e pensão aos seus dependentes. 
Em 29-6-1933, por intermédio do Decreto n°22.872, foi criado o Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Marítimos (IAPM), que foi seguido por outros institutos de aposentadorias e pensões, sempre estruturados por categorias profissionais e não mais por empresas. &&
Em 1960, um projeto de lei apresentado em 1947 foi convertido na Lei Orgânica da Previdência Social- LOPS (Lei n° 3.087/60), que não chegou a unificar os organismos existentes, mas criou normas uniformes para o amparo a segurados e dependentes dos vários Institutos existentes. 
A Lei n° 4.214/63, de 22/03/1963, que dispôs sobre o Estatuto do Trabalhador Rural, criou o Fundo de Assistência e Previdência do Trabalhador Rural, posteriormente substituído pela Lei Complementar n° 11, de 25 de maio de 1971, que instituiu o Programa de Assistência ao Trabalhador Rural - PRORURAL. Nenhum dos sistemas anteriores à Constituição Federal de 1988 previu um sistema previdenciário propriamente dito para o trabalhador rural, já que para a percepção dos benefícios não se tinha como pressuposto a contribuição direta do rurícola. 
O Decreto-lei n° 72, de 21-11-1966, unificou os institutos de aposentadorias e pensões, centralizando a organização previdenciária no Instituto 
Nacional de Previdência Social (INPS), que foi realmente implantado em 2-1-1967. 
Em 1976 foi expedida uma nova Consolidação das Leis da PrevidênciaSocial, por meio do Decreto n° 77.077/76. 
A Lei 006.439, de 1 o7 1977, alterou o sistema organizacional, instituindo o SINPAS (Sistema Nacional de Previdéncia e Assistência Social), que tinha como objetivo a reorganização da Previdência Social. O SINPAS destinava-se a integrar as atividades da previdência social, da assistência médica, da Assistência social e de gestão administrativa, financeira e patrimonial, entre as entidades vinculadas ao Ministério da Previdência e Assistência Social. 
A última CLPS (Consolidação das Leis de Previdência Social) data de 
1984, reunindo o Decreto n° 89.312, de 23/01/1984 toda a matéria de custeio e 
benefícios previdenciários, mais os decorrentes de acidentes do trabalho. 
Entretanto, apenas com a Constituição Federal de 1988, cujas determinações foram regulamentadas nas Leis n° 8.212/91 e 8.213/91 é que se unificou o sistema previdenciário de todos os trabalhadores da iniciativa privada. rural ou urbana, criando-se o Regime Geral de Previdência Social. Os primeiros Decretos que regulamentaram as Leis de Custeio e de Benefício foram os de n°356 e 357, de 07/12/1 991. A seguir, vieram os Decretos n°611 e 612, de 2 1/07/92, os Decretos 002.172 e 2.173, de 05/03/97 e, por fim, o Decreto n° 3.048, de 06/05/99, com as alterações posteriores. 
A mais recente Instrução Normativa da Diretoria Colegiada do INSS que fixa as normas previdenciárias administrativas das áreas de arrecadação e de benefícios é a de n° 84, baixada em 17 de dezembro de 2002, que revogou a IN INSS/DC 78/02, que já havia revogado a IN INSS/DC 57/01. 
14 
& 2. PRINCÍPIOS 
& 2.1. Seguridade Social 
Os princípios que regem a Seguridade Social vêm elencados nos artigos 
194 e 195 da CF: 
a) universalidade da cobertura e do atendimento: a proteção social deve alcançar todos os eventos cuja reparação seja premente a todos que necessitem 
(quanto à previdência social deve ser obedecido também o princípio contributivo); 
b) uniformidade e equivalência dos benefícios e serviços às populações urbanas e rurais: deverão ser postos a disposição idênticos benefícios e serviços 
para os mesmos eventos cobertos pelo sistema; 
c) seletividade e distributividade na prestação dos benefícios e serviços: pelo primeiro princípio (seletividade) o legislador tem uma espécie de mandato específico com o fim de estudar as maiores carências sociais em matéria de seguridade social, oportunizando que essas sejam priorizadas em relação às demais; pelo segundo (distributividade), após cada um ter contribuído com o que podia, dá-se a cada um de acordo com as suas necessidades; 
d) irredutibilidade do valor dos benefícios: mantida pela proibição de redução efetiva dos valores nominais das prestações. Dentro da mesma idéia, o art. 201, § 4°, da CF ao se referir aos benefícios previdenciários, estabelece o reajustamento periódico dos benefícios, de modo a preservar-lhes, em caráter permanente, o seu valor real; 
e) eqüidade na forma de participação no custeio: também denominado princípio da solidariedade contributiva. Vem concretizado no artigo 195 da CF quando determina que a Seguridade Social será financiada pelo Estado e por toda a sociedade. Assim, a responsabilidade pela manutenção financeira é compartilhada entre Estado e sociedade civil. Segundo bem explica o prof. Wladimir Novaes Martinez, "no momento da contribuição, é a sociedade quem contribui. No instante da percepção da prestação, é o ser humano a usufruit: Embora no ato da contribuição seja possível individualizar o contribuinte, não é possível vincular cada uma das contribuições a cada um dos percipienles, pois há um fundo anônimo de recursos e um número determinável de beneficiários. I; 
f) diversidade da base de financiamento: em complemento ao princípio anterior, atendendo aos princípios da capacidade contributiva e proporcionalidade (de ordem tributária), a base de financiamento não se concentrará em uma só fonte de tributos, sendo distribuída entre o maior número de pessoas capazes de contribuir, Atualmente, a Seguridade Social é financiada pelas empresas com contribuições incidentes sobre a folha de salários, a receita ou faturamento e o lucro, pelos trabalhadores, com recursos provenientes dos descontos em seus salários e pela sociedade em geral, tanto pela receita oriunda da União, Estados, Distrito Federal e 
MARTNEZ, Wladimir Novaes. Pencipios de Ddedo Prevdenciário. 4 ed. Sào Psuo: Eddora LTr, 2001, p75. 
15 
Municípios. como da receita de concursos de prognósticos (loterias), conforme artigo 195 da CF. Este não é um rol taxativo, podendo ser instituídas outras fontes de recursos, além das já previstas na própria Constituição Federal, nos termos do § 4° do artigo 195, por meio de lei complementar. 
Além dessas contribuições, a Emenda Constitucional n° 12/96 criou a 
CPMF, destinada ao Fundo Nacional de Saúde. A EC n° 37/2002 determinou que a 
CPMF seja destinada ao Fundo Nacional de Saúde (0,20%), ao custeio da Previdência 
Social (0,10%), e ao Fundo de Combate e Erradicação da Pobreza (0,8%). 
As contribuições sociais para financiamento da seguridade social, incluídas as contribuições para a Previdência, têm natureza jurídica tributária, e como tal devem ser analisadas. Por isto, a sua cobrança é compulsória. Aplicam- se a elas as regras tributárias (constitucionais e infraconstitucionais), no que não conflitarem com os dispositivos do artigo 195, como por exemplo no que diz respeito ao princípio da anterioridade, que, para as contribuições sociais, reflete-se na determinação de serem exigidas apenas após decorridos noventa dias da data da publicação da lei que as houver instituído ou modificado2 
g) caráter democrático e descentralizado da administração, mediante gestão quadripartite, com participação dos trabalhadores, dos empregadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos colegiados: para isto foram criados órgãos colegiados de deliberação, como o Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), o Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), e o Conselho Nacional de Saúde (CNS); 
h) precedência da fonte de custeio: segundo o § 5°do artigo 195, nenhum benefício ou serviço da seguridade social poderá ser criado. majorado ou estendido 
sem a correspondente fonte de custeio total; 
i) orçamento diferenciado: a Constituição estabelece que a receita da Seguridade Social constará de orçamento próprio, distinto daquele previsto para a 
União Federal (art. 165, § 50, 111; art. 195, § 1° e 2°). 
- Nos termos do decidido no REx 146.7331SP, o Mm. Moreira Atves, em voto condutor, esclareceu que as contribuições sociais têm natureza de tributo: "De efeito, a par das três modalidades de tributos (os impostos, as taxas e as contribuições de melhorias) a que se refere o artigo 145 para declarar que são competentes para ínsfituilos a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municipios, os artigos t48 e 149 aludem a duas outras modalidades tributárias, para cuja instituição so a União e competente: o emprestimo compulsorio e as contnbuições sociais, inclusive as de intervenção no domínio económico e de interesse das categonas profissionais ou econÔmicas. No tocante às contribuições sociais (...), não só as referidas no artigo 149 - que se subordina ao capitulo concernente ao sistema tributário nacional - têm natureza tributána, como resulta, igualmente, da observãncia que devem ao disposto nos artigos 146, III, e 150, te III mas também as relativas à seguridade social previstas no artigo t95, que pertence ao titulo 'Da Ordem Social'. Por terem esta natureza tributaria é que o artigo t49, que determina que as contribuições sociais observem o inciso til do artigo t50 (cuja letra b consagra o principio da anterioridade), exclui dessa observãncia as contribuições para a segundade social previstas no artigo 195, em conformidade como disposto no § Mdeste dispositivo, que, aliás, em seu §M', ao admitira instituição de outras fontes destinadas a garantir a manutenção ou expansão da seguddade social, determina se obedeça ao disposto no ad.154, 1, norma tributária, o que reforça o entendimento favorável à natureza tributaria dessas contribuições sociais." 
16 
& 2.2. Previdência Social
Como a Previdência Social é apenas uma das atuações da Seguridade Social, a ela aplicam-se os princípios acima elencados. Além desses, verificamos 
os seguintes princípios: 
a) filiação obrígatória: exercendo o trabalhador uma das atividades elencadas no artigo 12 da Lei 8.212/91 ou no artigo 11 da Lei 8.213/91, não estando amparado por outro regime próprio, há vinculação obrigatória ao Regime Geral da Previdência Social. A Constituição Federal de 1988 garantiu também a participação facultativa ao Regime Geral de Previdência Social àqueles que, não sendo vinculados a nenhum tipo de regime previdenciário, quiserem filiar-se ao Regime Geral. Entretanto, para estes, a filiação é facultativa, sendo a inscrição ato necessário para que o indivíduo seja considerado segurado do Regime Geral da Previdência Social; 
b) caráter contributivo: o artigo 201 da CF menciona que a Previdência Social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo. Não há, 
em tese, direito a benefício àquele que não é contribuinte do regime; 
c) equilíbrio financeiro e atuarial: Também o caput do artigo 201 determina seja preservado o equilíbrio financeiro e atuarial do sistema, devendo ser observada a relação entre custeio e pagamento de benefícios, a fim de mantê-lo em condições superavitárias. Com base neste princípio, a Lei n° 9.876/99 trouxe o Fator Previdenciário; 
d) garantia do benefício mínimo: "nenhum benefício que substitua o salário-de-contribuição ou o rendimento do trabalho do segurado terá valor mensal inJrior ao salário mínimo." ( 2° do art. 201). O auxílio-acidente por ter caráter iridenizatório pode ser inferior ao salário mínimo; 
e) correção monetária dos salários-de-contribuição: "todos os salários-de-contribuição considerados para o cálculo de benefício serão devidamente atualizados, najbrrna da lei. "Os índices de atualização destes salários- de-contribuição serão aqueles que a lei previdenciária determinar; 
1) preservação do valor real dos benefícios: mais que a irredutibilidade, identificada com a manutenção do valor nominal, para os benefícios previdenciários garante-se a preservação do valor real dos benefícios. Entretanto, este princípio será concretizado conforme critérios definidos em lei, sem que seja possível atrelar o reajuste dos benefícios previdenciários pelos mesmos índices e condições dos reajustes do salário mínimo; 
g) princípio da comutatividade: o artigo 201, § 9°, assegura a contagem recíproca do tempo de contribuição na administração pública e na atividade privada, rural e urbana, hipótese em que os diversos sistemas de previdência social se compensarão financeiramente, segundo critérios estabelecidos na Lei n° 9.796, de 05 de maio de 1999 (DOU de 06/05/99); 
h) previdência complementar facultativa: apesar de o regime previdenciário estatal ser compulsório e universal, admite-se a participação da iniciativa privada na atividade securitária, em complemento ao regime oficial, e em caráter facultativo para os segurados (art. 202, CF). Após a EC 20/98 que alterou a redação original do art. 201, § 70, não é mais a previdência social que manterá 
17 
seguro coletivo, de caráter complementar e facultativo, custeado por contribuições adicionais. Será a iniciativa privada a responsável por oferecer este regime facultativo e complementar, autônomo em relação ao Regime Geral de Previdência Social, a ser regulado por lei complementar (Lei Complementar n° 109/OU; 
i) indisponibilidade dos direitos dos beneficiários: os benefícios previdenciário têm caráter alimentar, e como tal são inalienáveis, impenhoráveis e 
imprescritíveis. 
Uma vez implementadas as condições, os beneficiários têm direito adquirido ao benefício, podendo reclamá-lo a qualquer tempo (art. 102, Lei 8.213/91). Não há perda do direito ao benefício. Além disto, não se admite seja o benefício sujeito a penhora, arrestou ou seqüestro, sendo nula de pleno direito a sua venda ou cessão, ou a constituição de qualquer ônus sobre ele, bem como a outorga de poderes irrevogáveis ou em causa própria para o seu recebimento. (art. 114, Lei 
n° 8213/91), 
& 2.2.1. Relações Jurídicas com a Previdência Social 
Existem 2 tipos de relações jurídicas que o indivíduo pode te'r com a 
Previdência Social: 
a) Relação Jurídica de Custeio: baseia-se na capacidade contributiva. Nesta, o Estado impõe coercitivamente a obrigação de que as pessoas consideradas pela norma jurídica como contribuintes do sistema de seguridade recolham contribuições. Como acima mencionado, as contribuições sociais têm natureza jurídica tributária, aplicando-se a maioria das regras inerentes a este tipo de relação. Estão nesta relação jurídica não apenas os segurados do Regime Geral da Previdência Social, mas também todas aquelas pessoas que contribuem para o sistema. 
contribuinte (devedor) X Estado - INSS (credor) 
b) Relação Jurídica da Prestação: baseia-se na necessidade. Aqui, o Estado é compelido, também pela lei, à obrigação de dar (pagar benefício) ou de fazer (prestar serviço) aos segurados e dependentes que, preenchendo os requisitos legais para a obtenção do direito, o requeiram. A natureza jurídica da obrigação de conceder os benefícios e serviços é de um múnus público, como o é toda atividade prestada pela Administração Pública na consecução das finalidades da atividade estatal, enquanto que para o indivíduo configura-se como direito indisponível. A responsabilidade do ente previdenciário é puramente objetiva, fundada na teoria do risco social, que independe de resposta às indagações subjetiva sobre a causa do evento deflagrador do direito ao benefício. Tampouco tem o Estado discricionariedade na concessão do benefício, pois uma vez preenchidos os requisitos legais para a obtenção 
18
desse direito, o beneficiário poderá requerê-lo e o Estado está obrigado a 
concedê-lo. E, uma vez concedido, não pode ser revisado por motivos de 
oportunidade e conveniência, pois se trata de ato administrativo vinculado, 
que só pode ser anulado em virtude de ofensa à lei, dentro de um prazo 
os decadencial de 05 anos, salvo comprovada má-fé.3 Por fim, o direito do 
se indivíduo à proteção só ocorre quando demonstra estar compulsória ou 
facultativamente filiado ao RGPS, seja como segurado ou dependente. 
beneficiário (credor) X Estado - INSS (devedor) 
Importante mencionar que a relação obrigacional de custeio é autônoma em relação à relação jurídica de prestação previdenciária. Não há correspondência entre a obrigação de custeio e a de amparo, já que a obrigação de recolher não é, na maior parte dos casos, nem mesmo condição para o exercício do direito à prestação, como, por exemplo, nos casos em que a lei não exige carência para a concessão de benefício. "O direito à prestação é uma conseqüência da ocorrência de fato poste nor à relação vinculativa e, em regra, alheia à conseqüência jurídica de custeio "." 
Assim, ao contrário do que vinha sendo exigido administrativamente (art. 455 da IN 57/01: "A existência de débito relativo a contribuições devidas pelo segurado junto à Previdência Social não é óbice, por si só, para a concessão de benefícios, quando preenchidos todos os requisitos legais para a concessão do benefício requerido, salvo nas situações em que o período em débito compuser o pÇ. "), não é possível exigir como condição para a concessão de determinado benefício a quitação de eventuais débitos para com a Previdência. Se o período durante o qual o segurado não recolheu contribuição não será utilizado para cálculo do benefício ou não importará para comprovação do período de carência, o INSS não pode obstaculizar a concessão do benefício com a condição de seu adimplemento. 
A questão parece ter sido resolvida pelo artigo 461 da IN 78/02, 
disposição repetida no artigo 459 da IN 84/02: 
"A existência de débito relativo a contribuições devidas pelo segurado junto à PrevidênciaSocial não é óbice, por si só, para concessão de benefícios, quando preenchidos todos os requisitos legais para a concessão do beneficio requerido, inclusive nas situações em que o período em débito compuser o PBC." 
O art. 54 da Lei n 9.784, de 29/01/99, estabelece que o direito de a Administração anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada me-te. No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. 
'COIMBRA, Feijá. Direito Previdenciário Brasileiro, t0ed, Rio de Janeiro: Edições Trabalhistas, 1999, p. 121. 
19 
& 2.2.2. Sistema de capitalização e de repartição 
Feijó Coimbra, ao discorrer sobre o custeio da Previdência Social (páginas 231/245), explica que o funcionamento financeiro das instituições de seguro social normalmente obedece a dois tipos: o da capitalização e o ria repartição. O primeiro, inspira-se em técnicas de seguro e poupança, acentuando sua filiação aos sistemas por que funcionam os seguros privados. O esforço de cada indivíduo e de cada geração conflui para a realização de fundos que, administrados de maneira correta, permitiriam a entrega das prestações no devido tempo. Já pelo sistema da repartição, o volume das quantias arrecadadas em cada período servirá para o custeio das prestações que devidas forem no mesmo período. Nos primeiros tempos do seguro social, as técnicas de capitalização, pela formação das reservas, até poderiam ser úteis. Mas, ao chegarmos ao terreno da seguridade social, o sistema da repartição parece o único possível. Por ele, os direitos do cidadão têm, por garantia suficiente, a que o Estado pode fornecer, seja mediante subvenções, seja pela receita tributária, acaso existente e destinada a esse custeio. 
No nosso sistema atual brasileiro prevalece o da repartição e não o da capitalização. E isso pode ser constatado no dispositivo 195, inciso 11, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual a Seguridade Social será financiada por toda a sociedade, de forma direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além das contribuições sociais dos empregadores, dos trabalhadores e sobre a receita de concursos de prognósticos. 
Portanto, o trabalhador financia não a sua Previdência, mas a Seguridade Social como um todo, que compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à Saúde, à Assistência Social e à Previdência. 
20
&& PREVIDÊNCIA SOCIAL: SEGURADOS E DEPENDENTES 
& 1. INTRODUÇÃO 
 
BENEFICIARIOS: titulares do direito subjetivo de gozar das prestações lo, contempladas pelo regime geral. Pode ser segurado ou dependente. 
. Segurado: pessoa física que exerce atividade vinculada ao Regime 
 Geral ou recolhe contribuições. Está vinculado diretamente ao Regime Geral. E o 
 contribuinte daquela relação jurídica acima descrita (tributária). 
Dependente: está vinculado (protegido) com o Regime Geral da Previdência de forma reflexa, em razão de seu vínculo com o segurado. Depende diretamente do direito do titular (segurado). A partir do momento que este deixa de manter qualquer relação com o regime geral (p. ex. perda da qualidade de segurado), o dependente deixa de estar sob o manto da proteção previdenciária. 
& 2. SEGURADOS 
Os segurados podem ser obrigatórios, quando exercem atividade vinculada 
ao Regime Geral, ou facultativos, quando, não vinculados obrigatoriamente, desejam 
filiar-se ao regime, mediante o recolhimento de contribuições. 
Importante mencionar que os segurados obrigatórios filiam-se automaticamente ao Regime Geral, bastando apenas exercer atividade descrita no artigo 11 da Lei de Benefícios (ou art. 12 Lei de Custeio). Já os segurados facultativos dependem da inscrição e contribuição para se filiarem ao Regime Geral. 
Além disso, o exercício de dupla atividade implica filiação obrigatória a 
cada urna delas (art. 11, § 3, LB). 
Importante ressaltar que nem toda atividade remunerada enseja filiação obrigatória ao Regime Geral. Excluem-se, por exemplo, aquelas que já ensejam filiação a outro regime, que não o geral, além dos presos, embora desenvolvam trabalho remunerado (art. 29, LEP). Daniel Machado da Rocha e José Paulo Baltazar Junior lembram que os presos estão excluídos do RGPS. Todavia, estes, se em regime aberto e mantendo relação empregatícia fora do estabelecimento prisional, serão filiados obrigatórios, normalmente. Ademais, há que se considerar que, quando 
ROCHA, Daniel Machado da & BALTAZAR JuNIOR, Joae Paulo. Comentários à Lei de Benefícios da Previdáncia Social, 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000, pp.66/67 
21
já eram filiados ao Regime Geral antes de serem detidos ou reclusos, a teor do artigo 15, inciso IV, da Lei n° 8213/91, mantêm esta qualidade por até 12 meses após o livramento, seja condicional ou não. 
& 2.1. Segurados Obrigatórios (Art. 11 LB) 
Em sua redação original, a LB distinguia 7 classes de segurados 
obrigatórios: empregado, empregado doméstico, empresário, trabalhadores 
autônomos, equiparados a autônomos, avulsos e segurados especiais 
A Lei 9876, de 26.11.99, reduziu para 5 classes, introduzindo a classe 
do contribuinte individual, onde se enquadrariam o empresário, os trabalhadores 
autônomos e equiparados a autônomos. 
A CFde 1988 equivaleu a seguridade social do trabalhador rural e urbano, 
não sendo mais possível diferenciar os benefícios e serviços oferecidos a essas 
populações. 
a) Empregado 
a.1) A hipótese mais comum é a do empregado no conceito trabalhista: 
aquele que presta serviço de natureza urbana ou rural à empresa, em caráter não eventual, sob sua subordinação e mediante remuneração, inclusive como diretor empregado. Deve estar caracterizado a pessoalidade, subordinação, não- eventualidade e remuneração; 
a.2) Empregado temporário: contratado por empresa de trabalho temporário, definida em legislação específica (Lei 60 19/74), que presta serviço para atender a necessidade transitória de substituição de pessoal regular e permanente ou a acréscimo extraordinário de serviços de outras empresas; 
a.3) (alíneas c ef) "o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contratado no Brasil para trabalhar como empregado em sucursal ou agência de empresa nacional no exterior" e "o brasileiro ou estrangeiro domiciliado e contrarado no Brasil para trabalhar como empregado em empresa domiciliada no exterior, cuja maioria do capital votante pertença a empresa brasileira de capital nacional" Estas duas hipóteses são de aplicação extraterritorial do direito brasileiro; 
a.4) "aquele que presta serviço no Brasil a missão diplomática ou repartição consular de carreira estrangeira e a órgãos a elas subordinados, ou a membros dessas missões e repartições, excluídos o não-brasileiro sem residência permanente no Brasil e o brasileiro amparado pela legislação previdenciá ria do país da respectiva missão diplomática ou repartição consular; 
a.5) "o brasileiro civil que trabalha para a União, no exterior, em organismos oficiais brasileiros ou internacionais dos quais o Brasil seja membro efetivo, ainda que lá domiciliado e contratado, salvo se segurado na forma da legislação vigente do país do domicílio ". Hipótese distinta da alínea e do inciso V do artigo 11, quando será segurado contribuinte individual se trabalhar diretamente para o organismo internacional; 
22
a.6) "o servidor público ocupante de cargo em comissão sem vínculo 
 efetivo con a União, Autarquias, inclusive em regime especial, e Fundações Públicas Federais" o § 13 do art. 40 da CF, EC 20/98, vincula obrigatoriamente qualquer servidor público ocupante, exclusivamente, de cargo em comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração da União, Estados, Distrito Federal 
e Municípios e suas respectivas autarquias e fundações públicas,bem como de 
es outro cargo temporário ou de emprego público. 
Mas atenção. Se se tratar, por exemplo, de funcionário público Estadual 
se cedido para órgão Municipal, ocupando neste uma função gratificada, não será a hipótese aqui veiculada já que não é servidor público ocupante exclusivamente de cargo em comissão. Sobre esta função gratificada, a princípio, não incidirá contribuição para regime previdenciário dos funcionários municipais, tampouco para o RGPS. 
Esta alínea g aplica-se também para os Ministros de Estado, Secretários 
Estaduais, Distrital ou Municipais, sem vínculo efetivo com a União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios. suas autarquias. ainda que em regime especial. e fundações. 
a.7) "exercente de mandato eletivo federal, estadual ou municipal, desde que não vinculado a regime próprio de previdência social ". Esta alínea foi acrescentada pela Lei o° 9.506, de 30 de outubro de 1997. Até então o vereador ou deputado estadual que não fosse vinculado a regime próprio de previdência social não era segurado obrigatório do RGPS. Se quiserem, poderão recolher contribuições anteriores à filiação obrigatória para comprovação de tempo de serviço/contribuição nos termos do art. 55, § 1°, da Lei n° 8213/91, e/e ali. 45, § 2° e 3°, da Lei n° 8212/91; 
a.8) "empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil, salvo quando coberto por sistema próprio de previdência social". Até a Lei 9.876, de 26/11/1999 era classificado como equiparado a autônomo. 
b) Empregado doméstico 
"Aquele que presta serviço de natureza contínua a pessoa ou família, 
no âmbito residencial desta, em atividades sem fins lucrativos ". 
O que distingue o empregado doméstico do empregado comum não é a remuneração do trabalho, que deve existir em ambos, mas a finalidade lucrativa da 
exploração do trabalho. 
É imprescindível averiguar se há ou não a exploração econômica do trabalho para que o empregado seja enquadrado neste inciso ou no inciso 1, alínea a. Já decidimos enquadrar como segurada empregada a hipótese em que empregada rural trabalhava na residência do empregador, fazendo as atividades de casa, além de auxiliá-lo com as atividades rurais. Ficou provado nesta ação que o empregador vendia leite e outros produtos agrícolas, sendo este o seu meio de subsistência. Tendo sido enquadrada a autora no inciso 1, alínea a, como empregada rural, pôde beneficiar-se da regra do artigo 143 da Lei n° 8213/91. 
23
c) Contribuinte individual 
A Lei 9.876/99, a fim de simplificar o tratamento, reduziu o número de classes, abarcando na classe do contribuinte individual o empresário o autônomo e 
o equiparado a autônomo. 
A Medida Provisória n° 1.463-12, de 15-4-1997 já havia nivelado a alíquota da contribuição para 20% sobre o respectivo saláriodecontribuição independentemente de seu valor (antes era 10% até Cr$ 51.000,00 e 20% para os demais saláriosdecontribuição) (art. 21, Lei de Custeio). 
Outra alteração importante daquela Lei diz com a extinção da escala de salário-base. Até a Lei 9.876/99 o salário-decontribuição do segurado facultativo, do trabalhador autônomo e equiparado e do empresádo (hoje contóbuintes individuais) era o salário-base determinado conforme uma tabela que vinha prevista no artigo 29, da Lei 8.213/91. Os segurados mencionados tinham que cumprir interstícios (número mínimo de meses) em cada uma das classes para progredir na escala. 
Este artigo hoje está revogado e pelo artigo 28, inciso 111, o salário-de contribuição corresponde à remuneração auferida no mês, observados os limites mínimo (R$ 200,00) e máximo (R$ 1561,56)6 Para o segurado facultativo, é valor por ele declarado, também observados os limites (art. 28, inciso IV, Lei de Custeio, acrescentado pela lei 9876/99). 
Em razão da extinção da escala de salário-base, esta Lei estabeleceu em seu art. 40, disposição transitória sobre o salário-decontribuição para os contribuintes individuais e facultativos filiados ao Regime Geral de Previdência Social até o dia anterior à data da publicação desta lei. 
"Art. 4°. Considerase saláriodecontribuição para os segurados contribuinte individual efacultativo, filiados ao Regime Geral da Previdência Social até o dia anterior à data de publicação desta Lei, o salário-base, determinado conforme o art. 29 da Lei 82 12/9], com a redação vigente naquela data. 
J°O número mínimo de meses de permanência em cada classe da escala 
de salário-base de que trata o art. 29 da Lei n°8212/91, com a redação anterior à 
data de publicação desta Le será reduzido, gradativamen em doze meses a 
cada ano, até a extinção da referida escala. 
§2º Havendo a extinção de uma determinada classe em face do disposto no § 1", a classe subseqüente será considerada como classe inicial, cujo salário base variará entre o valor correspondente ao da classe extinta e o da nova classe inicial. 
§ 3º Após a extinção da escala de salários-base de que trata o § 1°, entenderseá por saláriodecontrjbuição para os segurados contrjbuj,7te individual efacultativo, o disposto nos incisos II e IVdo art. 28 da Lei n°8212/9] com a redação dada por esta Lei." 
art. 4', da Portada MPAS 525, de 29/05/2003 
24 
A Medida Provisória n° 83, de 12 de dezembro de 2002, no artigo 9°, determinou a extinção definitiva da escala transitória de salário-base estabelecida 
de por essa Lei 9.876/99, a partir de 1' de abril de 2003. 
 Outra alteração efetuada por essa MP diz com a forma de recolhimento 
da contribuição do contribuinte individual. O artigo 4° passou a determinar que a 
 empresa ôca obrigada a arrecadar a contribuição do segurado contribuinte individual a seu serviço, descontando-a da respectiva remuneração, e a recolher o valor arrecadadojuntamente com a contribuição a seu cargo até o dia dois do mês seguinte ao da competência. Este artigo entrará em vigor a partir do dia 1° de abril de 2003. 
c.1) Empresário: 
A alínea f do artigo 11, inciso V, assim dispõe: "O titular de firma 
 individual urbana ou rural, o diretor não empregado e o membro de conselho de 
 administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o 
sócio gerente e o sócio cotista que recebam remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural, e o associado eleito para cargo de direção em cooperativa, associação ou entidade de qualquer natureza ou finalidade, bem como o síndico ou administrador eleito para exercer atividade de direção condominial, desde que recebam remuneração". (em negrito as alterações efetuadas pela nova Lei. Redação anterior "O titular defirma individual urbana ou rural, o diretor não-empregado, o membro de conselho de administração de sociedade anônima, o sócio solidário, o sócio de indústria, o sócio cotista que participe da gestão ou receba remuneração decorrente de seu trabalho em empresa urbana ou rural). 
Segundo o § 3° do art. 9° do Decreto n° 3048, de 06 de maio de 1999, diretor não-empregado é "aquele que, participando ou não do risco cconômico do empreendimento, seja eleito, por assembléia geral dos acionistas, para cargo de direção das sociedades anônimas, não mantendo as características da relação de emprego." 
Observe-se que os sócios dos diversos tipos de empresas são segurados obrigatórios, mesmo sem comprovação da retirada pro labore, conforme sua própria condição na sociedade presuma trabalho na empresa. Se, porém, o trabalho não for presumido (como, por exemplo, o sócio de capital nas sociedades de capital e indústria ou o sócio cotista na sociedade por quotas de responsabilidade limitada), necessária a comprovação da retirada do pro labore. 
Neste sentido, já julgamos uma ação em que a mãe, sócia de empresa com o filho (sociedade limitada), pretendia ver reconhecidas como válidas as contribuições que havia efetuado como empresária. Entretanto, não participava da gestão da empresa, pois o sócio gerente era seu filho. Tampouco recebia remuneração por seus eventuais serviços prestados: atendimento de telefonemas e pagamento de contas,já que o filho"pagava suas contas". Nos estritos termos da lei, esta pessoa não era segurada obrigatória do RGPS já que não recebia remLlneração. Foi, contudo, julgada procedente a ação tendo em vista a boa-fé da segurada que sempre recolheu as contribuições em dia, desde o ano de 1976, aliado ao fato de a administração nunca ter-se oposto a sua inscrição na Previdência Urbana. 
25 
Por outro lado, também foi considerado a "legalização" de sua situação,já que o atual RGPS permite que aqueles que não são segurados obrigatórios do RGPS ou de qualquer outro regi me previdenciário realizem contribuições como segurado facultativo. 
c.2) Autônomo: 
Não houve alteração de fundo, apenas a forma de disposição. As alíneas 
g e h do inciso V do artigo 11 da Lei de Benefício, correspondem exatamente ao 
que vinha disposto no inciso IV, alíneas a e b, do mesmo artigo. São eles: 
"g) quem presta serviço de natureza urbana ou rural, em caráter 
eventual, a unia ou mais empresas, sem relação de emprego; 
h) a pessoa física que exerce, por conta própria, atividade econômica de natureza urbana, com fins lucrativos ou não.,, 
O primeiro é aquele que não tem profissão definida (por exemplo, biscates) ou está treinando antes de dominá-la e presta serviços subordinadamente para as empresas, sem chegar a ser empregado. Trabalha em função ocasional, serviço não permanente, tarefa esporádica. Segundo Wladimir Novaes Martinez7, "suas características básicas são a pessoalidade, a eventualidade e, conseqtientemente, a não-habitualidade do labor, além da dependência hierárquica. Exatamente como o empregado, é subordinado ao poder de comando da empresa. Tem seu trabalho conduzido pelo contratante." 
O segundo é o autônomo propriamente dito. Que tem profissão definida. A expressão "com fins lucrativos ou não" refere-se à atividade do tomador do serviço, daquele para quem o autônomo presta o serviço, que pode ser uma empresa ou a uma família, e não à atividade em si do próprio autônomo. 
c.3) Equiparado a Autônomo: 
Estes são os incisos referentes ao equiparado a autônomo: 
a) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade agropecuá ria ou pes queira, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos e com auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que deforma não contínua; 
Diferentemente do segurado especial, nesta hipótese o agricultor ou o 
pescador têm o auxílio de empregados. 
b) a pessoa física, proprietária ou não, que explora atividade de extração mineral - garimpo, em caráter permanente ou temporário, diretamente ou por intermédio de prepostos, com ou sem o auxílio de empregados, utilizados a qualquer título, ainda que deforma não contínua; 
Esclarecida a questão do garimpeiro, já que desde a Lei 8398, de 07.01.92, este não mais figurava como segurado especial, apenas na Lei 8212/91: o legislador havia se esquecido de alterar a Lei 82 13/91. Desde a MP 1523-9/97, de 27.06.97, que foi convertida na Lei 9528, de 10.12.97, o garimpeiro, com ou sem empregados foi transformado em trabalhador equiparado a autônomo, agora, contribuinte individual, e não mais segurado especial. 
- MARTtNEZ, Wladimir Novaes. Curso de Direito Previdenciario, tomo It, Sao Paulo LTr, 1998, pp. 141-142. 
26 
Todavia, na Constituição Federal de 1988 manteve-se a figura do garimpeiro sem empregados como segurado especial até a EC 20/98. E perfeitamente possível discutir-se a constitucionalidade daquela norma frente ao ordenamento constitucional anterior. 
c) o ministro de confissão religiosa e o menbro de instituto de vida consagrada, de congregação ou de ordem religiosa. Este dispositivo foi alterado pela Lei n° 10.403/02. Até então, essa atividade não ensejava filiação obrigatória se já fossem filiados obrigatoriamente à Previdência Social em razão de outra atividade ou a outro regime previdenciário, militar ou civil, ainda que na condição de inativos; 
d) (esta alínea foi levada para o inciso referente ao segurado empregado, alínea i. Era o empregado de organismo oficial internacional ou estrangeiro em funcionamento no Brasil); 
e) o brasileiro civil que trabalha no exterior para organismo oficial internacional do qual o Brasil é membro efetivo, ainda que 16 domiciliado e 
contratado, salvo quanto coberto por regime próprio de previdência social." 
No Decreto, incluiu-se entre os equiparados a autônomos "o aposentado de qualquer regime previdenciário nomeado magistrado classista temporário da Justiça do Trabalho ou da Justiça Eleitoral na forma dos incisos II do art. 119 e III do § 10 do art. 120 da Constituição Federal". Assim, em face da nova disciplina jurídica, este trabalhador passa a ser enquadrado como contribuinte individual. 
d) Trabalhador Avulso 
"quem presta, a diversas empresas, sem vínculo empregatício, serviço 
de natureza urbana ou rural definidos no Regulamento." 
O RBPS, aprovado pelo Decreto 2 172/97, em seu artigo 60, acrescentou como elemento para a caracterização do avulso que o trabalho seja prestado com a intermediação obrigatória do sindicato da categoria ou do órgão gestor de mão- de-obra, nos termos da Lei n° 8.630, de 25 de fevereiro de 1995, para a seguir arrolar os trabalhadores avulsos que são, essencialmente, os trabalhadores de porto, tais como estivadores, conferentes, práticos, guindasteiros etc. 
A contribuição previdenciária destes trabalhadores é recolhida pelos empregadores, órgão gestor de mão-de-obra que deve existir em cada porto, e descontada do trabalhador avulso, como no caso do empregado (art. 30, inciso 1, alínea a, da Lei de Custeio). Também quanto à participação da contribuição referente ao seu trabalho, é idêntica ao do segurado empregado: contribui em 8%, 9% ou 11% sobre o seu salário-de-contribuição, conforme remuneração (art. 20, Lei de Custeio). A empresa (órgão gestor de mão-de-obra) contribui com mais 20% (art. 22, 1, Lei de Custeio). Todos esses valores é o órgão gestor que paga, descontando do empregado e segurado avulso aquele percentual definido no art. 20. 
e) Segurado Especial 
Inciso VII do artigo 11 da Lei 8213/91 define como segurado especial 
"o produtor, o parceiro, o meeiro co arrendatá rio rurais, o pescador artesanal e o 
assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de 
27 
economia fànuliar ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, compro cadamente, com o grupo familiar respectivo." Ainda, o § 1° do artigo 11 da LB dispõe: "entende-se como regime e economia familiar a atividade em que o trabalho dos membros da família é indispensável à própria subsistência e é exercido em condições de mótua dependência e colaboração, sem a utilização de empregados." 
Ou seja, aquele que trabalha individualmente ou com o grupo familiar, 
sendo sua atividade indispensável à própria subsistência. 
Antes da CF 88 havia expressa distinção entre os trabalhadores urbanos e rurais para efeitos previdenciários. Os benefícios para estes trabalhadores rurais eram bem reduzidos: tinham direito a meio salário mínimo a título de aposentadoria por invalidez, por velhice e pensão (esta para dependentes), além do auxílio-funeral de um salário mínimo (Lei Complernentarn° 11. de 25/05/1971). Não existia um sistema previdenciário propriamente dito; era maís um sistema assistencial onde os segurados recebiam o benefício independentemente do recolhimento de contribuições. 
Aliás, não existia sequer a possibilidade de o trabalhador rural contribuir para um regime previdenciário. A exceção que se fazia era quanto ao empregado de empresa agroindustrial ou agrocomercial que, embora prestando exclusivamente serviço de natureza rural, era considerado segurado da Previdência Social Urbana (art. 6°, § 4°, CLPS/84). 
A fim de minimizar esta situação, bem como levando em conta que o trabalhador rural exerce em geral atividade mais desgastante, além de sua hipossuficiência, a CF88 e a Lei8213/91 previu diversas situações beneficiando os trabalhadores rurais. 
O nosso novo ordenamento constitucional e legal foi além de simplesmente igualar os benefícios concedidos aos trabalhadores urbanos e rurais. 
Cite-se o artigo 201, §7°, inciso 11, da CF (ex- art. 202, inciso 1) que reduz em cinco anos o limite para aposentadoria por idade dos trabalhadores rurais de ambos os sexos e que exerçam suas atividades em regime de economia familiar. Idêntica norma é repetida no artigo 48, § 1° e 2°, da Lei de Benefícios, ampliando a distinção concedida para os empregados rurais, autônomo rural (que presta serviços a uma ou mais empresas, em caráter eventual e sem relação de emprego), avulso rural. além, claro, do segurado especial. 
Além disso, o segurado empregado rural, o trabalhador avulso rural e o segurado especial terão direito de requerer durante 15 anos da entrada em vigência da Lei n° 8213/91 aposentadoria por idade no valor de um salário mínimo desde que comprovem o efetivo exercício de atividade rLlral, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, por tempo igual ao námero de meses de contribuição correspondente à carência do benefício pretendido (art. 143, Lei n° 8213/91). Não precisam, neste caso, comprovar período mínimo de contribuições mensais a título de carência; apenas o exercício da atividade. 
28 
Ainda, no que pertine à aposentadoria por tempo de contribuição, o § 2° do artigo 55 da Lei de Benefícios ressalva que "o tempo de serviço do segurado trabalhador rural (incluído aqui o empregado ou o segurado especial), anterior à data de início de vigência desta Lei, será computado independentemente do recolhimento das contribuições a ele correspondentes, exceto para efeito de carência, conforme dispuser o regulamento." 
Portanto, os trabalhadores rurais poderão requerer qualquer um dos benefícios previstos na Lei n° 8213/91 desde que comprovem o preenchimento de todos os requisitos, incluindo a carência. Ou, então, poderão optar por requererem a aposentadoria por idade nos termos do art. 143 da Lei n° 8213/91. 
Quanto aos segurados especiais, a Lei foi mais longe ainda. Determinou no artigo 25 da Lei n°8212/91 a facultatividade da contribuição para a Previdência Social desses segurados, garantindo aposentadoria por idade ou por invalidez, auxílio-doença, auxílio-reclusão, pensão ou salário-maternidade, no valor de um salário-mínimo, desde que comprovem o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido (independem, portanto, de carência propriamente dita, nos termos do artigo 26, III, Lei 8213/91) (art. 39, inciso 1, e parágrafo único da Lei n° 8213/91). 
Se não quiserem que seu benefício seja calculado no valor mínimo ou, ainda, se quiserem ter direito a todos os benefícios devidos aos outros segurados do RGPS. podem contribuir facultativamente para a Previdência Social, conforme disposto no art. 25, §1°, da Lei de Custeio (art. 39, inciso II. Lei n° 8213/9 1). 
Portanto, a Lei faculta aos segurados especiais a contribuição idêntica 
aos dos contribuintes individuais, para percepção dos benefícios em forma de 
igualdade com os outros segurados do RGPS. 
Ressalte-se que o segurado especial que não contribui facLiltativamente para 
o sistema não tem direito à aposentadoria por tempo de serviço/contribLlição, já que este benefício não vem arrolado no inciso 1 do art. 39 da Lei n° 8213/91. 
A respeito, a Súmula n° 272 do STJ determina que "o trabalhador rural, na condição de segurado especial, sujeito à contribuição obrigatória sobre a produção rural comercializada, somente fiz jus à aposentadoria por tempo de serviço, se recolher contribuições Jócultativas 
Entretanto, tanto o segurado especial quanto o segurado empregado rural têm direito de ver computado o tempo de serviço/contribuição anterior à data de início de vigência da Lei n°8213/91 (até novembro de 1991 ,já que o primeiro Decreto que regulamentou as Leis de Custeio e de Benefício é de dezembro de 1991) independentemente do recolhimento de contribuições (art. 55, § 2°, Lei n°8213/91). 
Grande número de ações atualmente na Justiça Federal são justamente essas em que se pleiteia o reconhecimento de tempo de serviço exercido como segurado especial, para o fim de concessão de aposentadoria por tempo de serviço/ contribuição. 
Mas afinal, quem são os segurados especiais que têm direito ao cômputo 
deste tempo de serviço? 
29 
Antes da CF88 a Lei Complementar n° 11/7 1 estipulava o conceito d segurado especial na alínea b, § 1°, artigo 3°, como sendo "produtor, proprietárk ou não, que, sem empregado, trabalhe na atividade rural, individualmente ou en' regime de economia familiar assim entendido o trabalho dos membros da família indispensável à própria subsistência e exercido em condições de mátua dependência e colaboração." 
No seu artigo 4° estabelecia que não seria devida a aposentadoria a mais de um componente da unidade familiar, cabendo apenas benefício ao respectivo chefe ou arrimo. Por isto, segurado da Previdência Rural era o chefe ou o arrimo da unidade familiar. Somente a este segurado era devido o benefício de aposentadoria. Os demais membros integrantes da família, que trabalhavam junto com o "chefe" eram vislumbrados como "dependentes". 
Com a CF88 e a Lei 8213/91, esses outros membros da família que inicialmente eram apenas dependentes daquele segurado, passaram a ser também segurados. Assim, não apenas o chefe da unidade familiar, mas o respectivo cônjuge ou companheiro, bem como seus filhos maores de 14 anos ou a eles equiparados, passaram a ser segurados. 
O entendimento majoritário é no sentido de que o conceito de trabalhador rural previsto no § 2° do artigo 55 da Lei n° 8213/9 1 deve ser adequado à legislação atual. Assim, têm direito ao cômputo do tempo de serviço não apenas aquele que era considerado o chefe de família pela Lei Complementar n° 11/71, como também todos os membros da família que efetivamente trabalhassem com o grupo para subsistência deste. 
Quanto à idade a partir de quando se começa a computar o tempo de serviço, há faiia discussão jurisprudencial. Uns entendem que deve ser considerado o trabalho do menor a partir dos 12 anos, uma vez que a Constituição Federal anterior permitiuo em alguns períodos e tendo em vista o tratamento igualitário que se quer dar com o regime urbano. Por sinal, orientação administrativa do INSS determinava o reconhecimento do tempo de serviço de segurado especial a partir dos 12 anos. Atualmente, entretanto, o § 1° do art. 25 da IN 84/02 determina que para o trabalhador rural segurado especial o limite mínimo de idade para ingresso no RGPS até 15/12/98 é de 14 anos, aplicando-se a idade de 16 anos a partir de 16/12/98. 
O STJ firmou entendimento no seguinte sentido: 
"AGRAVO REGiMENTAL. RECURSO ESPECIAL. PREVIDENC1ÁRÍO. 
TEMPO DE SERVIÇO. RURAL. REGIME DE ECONOMIA FAMILIAR. MENOR 
DE 14 ANOS. 
Esta Corte, sob o entendimento que a limitação etária para atividade laborativa é imposta em beneficio do infante, já afirmou que comprovado o exercício da atividade empregatícia rural, abrangido pela Previdência Social, pormenor de 14 anos, é de se computar esse tempo de serviço para fins previdenciários. "8 
AGRG/RESP 360.636-AS, Relator Ministro José Arnaldo da Fonseca, 5' Turma, decisão unãnime, DJ1 241, de 16/12J02, 
p. 363 
30 
Entretanto, entendemos que deve ser computado o Interregno apenas a partir dos 14 anos de idade. Antes da promulgação da Constituição Federal de 1988, nos termos do artigo 4" da Lei Complementar n° 11/71, a qualidade de segurado especial era restrita ao chefe ou arrimo de família. Apenas com a entrada em vigor da Carta Magna de 1988 é que o conceito de segurado especial ampliou-se para enquadrar os respectivos cônjuges e os filhos menores que trabalhassem no meio rural. Esta mesma Lei Maior fixou a idade mínima de14 anos para o trabalho infantil (arts. 7°, XXXIII, e 227, § 3°, 1). Em consonância, o artigo 11, inciso VII, da Lei n°8.213/91 fixou a idade mínima de 14 anos, a partir de quando o filho menor poderia ser considerado segurado especial. 
Assim, não há que se falar em cômputo de atividade rural como segurado especial a partir dos 12 anos, mesmo que Constituição anterior fixasse esta idade mínima para o trabalho. Pois, como acima mencionado, nesta época o filho menor não era sequer considerado segurado, vindo a adquirir esta qualidade apenas após a CF de 1988 e a Lei 8213/91, devendo ser preenchidos os requisitos por elas elencados, sendo possível o cômputo do tempo de serviço independentemente do recolhimento de contribuiçôes nos exatos termos por ela mencionados. 
A 3' Seção do TRF da 4" Região decidiu recentemente a questão nos EI n° 2000.04.01.021823-3/RS (Sessão de 12/02/2003). Em virtude de a votação ter empatado - três votos a favor do reconhecimento a partir dos 12 anos (Des. Fed. Antônio Albino Ramos de Oliveira, Des. Fed. Néfi Cordeiro e Juiz Federal Celso Kipper) e três a favor do reconhecimento a partir dos 14 anos (Des. Fed. Tadaaqui Hirose, Des. Fed. Paulo Afonso Brum Vaz e Juiz Federal Alvaro Junqueira), o Des. Fed. Nylson Paim de Abreu pediu vista, tendo dado provimento aos embargos, entendendo que se aplica o art. 11, mc. IV, da Lei 8.213/91 o qual determina(va) o enquadramento como segurado especial somente a partir dos 14 anos de idade.9 
No âmbito dos juizados especiais, a Turma de Uniformização Regional dos JEFs da 4agj decidiu fixar em 12 anos a idade a partir da qual é possível o 
reconhecimento do tempo de serviço rural. 
A EC 20/98, por outro lado, alterou a idade mínima do trabalho do menor para 16 anos (inciso XXXIII do artigo 7°). O Decreto 3048, de 06.05.99 (Novo Regulamento da Previdência Social) adequou a norma constitucional ao conceito de segurado especial. Todavia, aqueles que trabalharam antes da alteração constitucional, embora não tenham requerido o reconhecimento daquele tempo de serviço, já viram incorporado ao seu patrimônio pessoal aquele tempo de serviço desde os 12 ou 14 anos, conforme entendimento que se adotar. Portanto, entendemos que essa regra só pode ser aplicada aos que passaram a trabalhar a partir de 16.12.98, data da publicação da Emenda. 
Voltando ao conceito de segurado especial, o Desembargador Federal Nylson Paim de Abreu, em artigo publicado na Revista 36 do TRF da 4° Rg 
manifestou entendimento no sentido do preenchimento dos seguintes requisitos: 
'BoeIifls 143 e 145 do TRF da 4 Região. 
31 
labor de todos os membros presentes no grupo familiar; 
• trabalho do grupo deve ser indispensável à própria subsistência; 
mútua colaboração, sem auxílio de empregados, ressalvada a 
hipótese de eventual auxílio de terceiros, v. g., vizinhos na colheita, conhecida como 
troca de mão-de-obra, desde que não ocorra subordinação e dependência econômica; 
área total do imóvel não superior a dois módulos rurais das 
respectivas microrregiões e zonas típicas, de acordo com o tipo de exploração. 
Discordamos, todavia, no que se refere ao limite objetivo da área. Na 
verdade, não há disposição previdenciária atual fazendo esta restrição. O que importa 
é que não haja a exploração de empregados na respectiva área. 
Aquele requisito foi buscado no Decreto-lei n° 1166/71 que disciplinava 
sobre o enquadramento sindical, ao dispor sobre o empregador rural. 
Adoto o entendimento de José Paulo Baltazar Junior'°, segundo o qual 
mesmo aquele que fosse enquadrado como empregador rural pelo Decreto 1166/71, 
nos termos do artigo l', inciso 11, alíneas b e e, pede ser considerado segurado especial. 
Explicando melhor, o artigo 1, inciso II mencionava que, para efeito de enquadramento sindical considerar-se-ia empresário ou empregador rural "b) quem, proprietó rio ou não e mesmo sem empregado, em regime de economia fan2iliac explore imóvel rural que lhe absorva toda aforça de trabalho e lhe garanta a subsistência e progresso social e econômico em re igal ou superior à dim são 
ódulo rural a respectiva região c) os proprietó rios de mais de um imóvel rural, desde que a soma de suas óreas seja igual ou superior à dimensão do módulo rural da respectiva região." Isto é, diferenciava-se o empregador rural do trabalhador rural, dentre outros requisitos, pelo simples tamanho da propriedade. 
Ora, este não é um dos pressupostos discriminados na legislação previdenciária 
para o enquadramento do trabalhador como segurado especial, mas um conceito disposto 
em urna lei que disciplina o enquadramento sindical do trabalhador rural. 
O tamanho da área pode e deve ser considerado para averiguar se era possível a sua exploração por uma família pequena. sem empregados, ou se parte 
das terras não era arrendada, possuindo a família outra fonte de renda. 
É que para ser considerado segurado especial, como acima mencionado, não pode haver exploração de empregados, bem como a renda advinda da atividade rural deve ser jndispensável ao sustento da família. Se esta tinha outros meios de subsistência, como renda proveniente de arrendamentos, ou mesmo trabalho urbano de outros membros da família, sendo a atividade rural mero complemento da renda familiar ou nem isso, descaracterizado está o alegado regime de economia familiar.' 
Também, por óbvio, se o cônjuge for empregador rural, evidentemente 
que a segurada não poderá ser considerada segurada especial. 
° ROCHA, Dan,et Machado da & BALTAZAR JUNIOR, Jose Paulo. Comentários a Le, de Renefícios da Previdência Social, 
Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2000, pp.66/67. 
"AC 2001.04.01.066431 -6/PR, Relator Deu. Fed Pauto Afonso Brum Vaz, 5' Turma do TRF 4' Rg, decisão unanime, 05/12/2002, 
DJ2 n 5, p. 264. 
32 
Agora, se um dos membros da família exercer atividade diversa, mas a atividade rural dos outros for indispensável ao sustento próprio ou da família, estes serão considerados segurados especiais. E o caso, por exemplo, de uma mãe que é professora na escola da região rural e ganha um salário mínimo. A mãe não pode ser considerada segurada especial mesmo que trabalhe nos períodos de folga, já que não é esta sua atividade principal (art. 90, VII, § 8°, 1, RPS). Mas, os filhos e o marido poderão ser enquadrados nesta legislação que os beneficia. 
Ainda, Baltazare Daniel'2 referem ser essencial que haja produção agrícola para fins de comercialização, não adquirindo a qualidade de segurado especial aquele que planta apenas para subsistência, pois a contribuição do segurado especial para a previdência social decorre da comercialização do seu excedente (art. 25 da Lei de Custeio). Citam inclusive acórdão do TRF4aRg: "o plantio em pequena área, no âmbito residencial, para consumo próprio, não tem o condão de caracterizar-se como exercício da agricultura nos termos do art. 11, VII, e § 1°, da Lei 8213/91, nem dá à autora o direito à percepção dos benefícios previdenciários decorrentes da qualidade de segurado especial. Se assim fosse, qualquer pessoa, mesmo na área urbana, que tivesse uma horta de fundo de quintal, também seria segurada especial." (AC 97 .04.29554-5! RS, TRF4aR., Rel. Desembargador Federal Luiz Carlos de Castro Lugon, 6 T., Di 26.01.2000, p. 567) 
No que se refere ao cômputo do tempo de serviço do trabalhador rural 
para efeitos de contagem recíproca ajurisprudência do STJ consolidou-se no sentido 
de que seria imprescindível a indenização das contribuições no período: 
"PREVIDENCIÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO MUNICIPAL. 
APOSENTADORIA ESTATUTÁRIA. TEMPO DE SERVIÇO PRESTADO COMO 
TRABALHADOR RURAL. CONTAGEM RECÍPROCA. CF ART 202, § 2°, 
ALTERADO PELA MP 1.523/96. AUSÊNCiA DE DIREiTO LÍQUIDO E CERTO. 
RECURSO ORDIÁRIO. 
1. Para fins de aposentadoria, é assegurado a contagem recíproca do tempo de contribuição na Administração Pública e na atividade privada, rural ou 
urbana. Regra contida na Cl art. 202, § 2°. 
2. O STF apreciando a AD1N 1.664/UF deferiu medida cautelar para suspender aeficácia da expressão 'exclusivamente para fins de concessão do beneficio previsto no art. 143 desta Lei e dos benefícios de valor mínimo', contida na Lei 8.213/91, art. 55, § 2°, com a redação dada pela MP 1.523/96, mantendo a parte final do dispositivo que veda a utilização do tempo de serviço rural anterior à data mencionada para efeito de contagem recíproca, sem a comprovação das respectivas contribuições. 
op. ci,. p. 63 
33 
3. Não comprovadas as contribuições previdenciárias devidas no período que se pretende averbar corno de efetivo serviço rural, não existe o direito líquido 
e certo, a ser amparado pelo Mandado de Segurança. 
4. Recurso não provido." 
& 2.2. Segurados Facultativos (Art. 13 LB) 
Trata-se de pessoa que, sem exercer atividade que determine filiação obrigatória, seja do Regime Geral ou qualquer outro, contribui voluntariamente para a previdência social. Cita-se como exemplo a dona de casa, o síndico não remunerado, o bolsista, o estagiário, o estudante. 
Assim, o funcionário público, que já está ao abrigo de previdência 
própria, não pode se filiar como segurado facultativo. A não ser que peça licença 
não remunerada. nos termos do artigo 11, § 2", do Decreto 3.048/99 (RPS). 
Por outro lado, embora o artigo 13 da LB mantenha a idade a partir dos 14 anos para contribuir como segurado facultativo, a EC 20/98 estabeleceu como idade mínima para o trabalho os 16 anos. Esse artigo deve ser lido em consonância com a EC2O/98, de modo que, a partir de então, só pode iniciar a contribuir a partir dos 16 anos (art. 11 do RPS). 
Outro ponto relevante diz com a contribuição. Deve contribuir com 20% 
do valor declarado, conforme artigo 21 da lei de Custeio, como o contribuinte 
individual. 
Todavia, não tem a opção de recolher atrasado, como este. É que, como acima mencionado, a filiação ao regime previdenciário para o segurado obrigatório dá-se independentemente de inscrição ou recolhimento. Já para o segurado facultativo, enquanto ele não se inscreve no Regime Geral da Previdência Social e não recolhe a contribuição respectiva, ele não existe para a previdência social, já que sua filiação depende apenas de ato próprio e voluntário. 
Dispõe o § lO do artigo 45 da Lei de Custeio que "para comprovar o exercício de atividade rernunerada, com vistas à concessão de benefícios, será exigido do contribuinte individual, a qualquer tempo, o recolhimento das correspondentes contribuições. " Da leitura deste artigo exsurgem duas conclusões: 
os outros segurados obrigatórios não necessitam recolher as contribuições referentes a períodos atrasados para reconhecimento daquele tempo de serviço, até porque ou não são responsáveis pelo seu recolhimento ou ele é facultativo (segurado especial); o segurado facultativo não tem esta prerrogativa. Ou ele recolhe na época própria ou não tem como computar este período. (art. 11. § 30• do RPS). 
"RESP 236402)SC, STJ/5 Turma, Relator Ministro Edson Victigal, julgado em 08-06-2000, DJ 01-O82O0O, p. 00307. 
34
 O período que se admite recolher com atraso é apenas aquele durante o 
qual o segurado facultativo mantém esta qualidade sem contribuições (6 meses, a 
teor do inciso VI do artigo 15 da LB). E o que prevê o § 40 do artigo 11 do Regulamento da Previdência Social (Decreto 3048/99): "após a inscrição, o segurado facultativo somente poderó recolher contribuições em atraso quando não tiver ocorrido perda da qualidade de segurado, conforme o disposto no inciso VI do art. 13". 
& 2.3. Manutenção da Qualidade de Segurado (Art. 15 LB) 
 Em princípio, o segurado mantém a qualidade de segurado enquanto 
estiver desenvolvendo atividade obrigatoriamente vinculada ao RGPS'4. Entretanto, 
cessado o recolhimento das contribuições, haverá perda da qualidade de segurado. 
Para evitar prejuízos aos segurados, o artigo 15 da Lei de Benefícios 
prevê determinados períodos (chamados "períodos de graça"), nos quais é mantida 
a qualidade de segurado e conservados todos os seus direitos perante a Previdência 
 Social. 
 O inciso 1 determina que aquele que está em gozo de qualquer benefício rtir previdenciário não perde, por óbvio, a qualidade de segurado. Tem que ser, claro, 
benefício que tenha como pressuposto a exclusão do trabalhador, mesmo que temporariamente, do mercado de trabalho. Se não o requereu ou a administração cancelou-o indevidamente, mas faz prova de que fazia jus, também não perde esta 
qualidade. E o exemplo de alguém que esteve doente, incapacitado para o trabalho, 
mas não requereu auxílio-doença, ou perícia administrativa conclui pela capacidade 
e em juízo ele prova que não estava apto para o trabalho desde antes da perda da 
qualidade de segurado. 
O inciso III deixa claro que o segurado acometido de doença de 1 e segregação compulsória mantém a qualidade de segurado por até 12 meses após 
cessar a segregação. Enquanto da segregação o segurado estará em gozo de benefício, 
mantendo a qualidade em razão disto. 
Pelo inciso II o segurado que deixar de exercer atividade remunerada 
abrangida pela Previdência Social (segurado obrigatório) ou estiver suspenso ou 
licenciado sem remuneração mantém-se segurado por até doze meses após a cessação 
das contribuições. 
O RPS estendeu este dispositivo àqueles que se desvinculam de regime u próprio de previdência social (art. 13, § 4°). 
Este prazo de doze meses pode ser prorrogado para até 24 meses (observe-se, não são mais 24 meses, mas mais 12 além daquele previsto no inciso 11) se o segurado já tiver pago mais de 120 contribuições mensais sem interrupção que acarrete a perda da qualidade de segurado (1°). 
"O contribuinte individual, embora seja enquadrado como segurado pelo simples exercício da atividade, para fazer jus a algum beneficio deve recolher as contribuiçõeu, pois é o único responsável ppr elas. Diferente o caso dos segurados empregados, empregados domésticos e avulsos que não necessitam comprovar o recolhimento das contribuições, apenas o eeercicio da atividade, tu que não são responsáveis por ele. 
35 
Este prazo ou aquele de doze meses, ainda, podem ser prorrogados por mais doze meses, para o segurado desempregado (2°). A lei faz exigência quanto à comprovação dessa situação pelo registro no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Este registro ocorre quando o trabalhador requer seguro-desemprego. Corno muitas vezes ele nem sabe que tem este direito, o registro não é feito. Por isto, tenho entendido que para fazer jus a esta prerrogativa, basta a comprovação da rescisão do contrato de trabalho na CTPS, na esteira do entendimento abaixo: 
PREV1DENCIÁRIO. A UXÍLIO-RECLUSÃO. PERDA DA QUALIDADE 
DE SEGURADO. INOCORRÊNCIA. 
1. Tanto o ART-]5, INC-2, PAR-2, da LEJ-82]3/91, como o ART-]O, INC-2, PAR-2, do DEC-611/92, prevêem a manutenção da qualidade de segurado por 24 meses, desde que comprovada a situação de desemprego do segurado "no órgão próprio do Ministério do Trabalho e da Previdência Social ". 
2. Hipótese em que, apesar de inexistente aquele registro no Ministério do Trabalho e Previdência Social, restou comprovado o desemprego do segurado recluso mediante ajuntada de cópia da CTPS, onde se verifica que o seu último contrato de trabalho findou um ano e dois meses antes da reclusão, estende-se o período de graça para 24 meses, tendo em vista a proteção alcançada àfrzmília e ao ,nenot a teor do ART-226 e ART-227 da C'F-88 e ART-4 da LEJ-8069/90. 
3. Apelação improvida. Beneficio mantido." (AC 95.0456474-7/SC, TRF4Rg, 6 Turma, Relator Desembargador Federal Nylson Paim de Abreu, DJ 
11/06/1997, p. 42923) 
Para o segurado facultativo, aquele prazo é reduzido para seis 
conforme inciso VI, gjrQj]ggações. 
O segurado retido ou recluso, que antes de ser preso era segurado da pevidência social, mantém esta qualidade até meses após o livramento. Isto é, ele tem doze meses para procurar emprego e voltar a contribuir para a Previdência Social. Durante a prisão ele mantém intacta a sua qualidade de segurado (inciso IV). 
Por fim,

Outros materiais