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ISEL INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA ÁREA DEPARTAMENTAL DE ENGENHARIA CIVIL Mestrado em Engenharia Civil Dinâmica de Estruturas Prof. Paulo Mendes ISEL, Abril de 2012 ii Resumo … iv v Abstract … vi i Índice CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO À DINÂMICA DE ESTRUTURAS Introdução à dinâmica de estruturas ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................ 1 1.1 Enquadramento geral..................................................................................................................... 1 1.1.1 Breve apontamento sobre a história da dinâmica estrutural ................................................................ 3 1.1.2 Porquê estudar dinâmica de estruturas? .............................................................................................. 5 1.2 Objectivos ...................................................................................................................................... 8 1.3 Conteúdos programáticos .............................................................................................................. 9 1.3.1 Programa e conteúdos ......................................................................................................................... 9 1.3.2 Conteúdos por capítulos ..................................................................................................................... 10 1.4 Conceitos iniciais ......................................................................................................................... 12 1.4.1 Tipos de análise .................................................................................................................................. 13 1.4.2 Modelos de análise .............................................................................................................................. 13 1.4.3 Abordagem para o estudo da dinâmica de estruturas ......................................................................... 16 1.4.4 Qual a diferença entre estática e dinâmica ......................................................................................... 17 CAPÍTULO 2 – SISTEMAS DE UM GRAU DE LIBERDADE (1 G.L.) Sistemas de um grau de liberdade (1 G.L.) ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 19 2.1 Caracterização de um sistema com 1 G.L. .................................................................................. 19 2.1.1 Forças de equilíbrio dinâmico ............................................................................................................. 20 2.1.2 Formulação das equações do movimento ............................................................................................ 22 2.2 Associação de corpos em sistemas de 1 G.L. generalizado .......................................................... 23 2.2.1 Sistemas com deformação elástica concentrada em elementos de mola ............................................... 23 2.2.2 Sistemas com elasticidade distribuída ................................................................................................. 24 2.3 Exemplo de um oscilador de 1 G.L.............................................................................................. 24 2.4 Tipos de análises .......................................................................................................................... 25 CAPÍTULO 3 – VIBRAÇÕES LIVRE DE SISTEMAS COM 1 G.L. Vibrações livres de sistemas com 1 G.L. ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 27 3.1 Vibrações livres sem amortecimento ........................................................................................... 27 3.1.1 Análise na forma complexa ................................................................................................................. 30 3.1.2 Exercícios............................................................................................................................................ 30 3.2 Vibrações livres com amortecimento ........................................................................................... 34 3.2.1 Análise (do movimento sub amortecido) na forma complexa.............................................................. 38 3.2.2 Forma alternativa para a equação diferencial ..................................................................................... 38 3.2.3 Determinação do coeficiente de amortecimento .................................................................................. 39 3.2.4 Ensaio de vibração livre ...................................................................................................................... 40 3.2.5 Energia na vibração livre .................................................................................................................... 41 3.2.6 Exercícios............................................................................................................................................ 41 ii CAPÍTULO 4 – RESPOSTA DE UM SISTEMA DE 1 G.L. A EXCITAÇÕES HARMÓNICAS E PERIÓDICAS Resposta de um sistema de 1 G.L. a excitações harmónicas e periódicas ......................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................43 4.1 Considerações iniciais ................................................................................................................... 43 4.2 Sistema não amortecido ............................................................................................................... 44 4.2.1 Exercícios ........................................................................................................................................... 49 4.3 Sistema com amortecimento ........................................................................................................ 50 4.3.1 Factores de amplificação da resposta dinâmica .................................................................................. 54 4.3.2 Resposta em ressonância e frequências de ressonância ....................................................................... 56 4.3.3 Cálculo do amortecimento em sistemas de 1 G.L. (método da meia potência) ................................... 57 4.3.4 Exercícios ........................................................................................................................................... 58 4.4 Ensaios de vibração forçada ......................................................................................................... 59 4.4.1 Avaliação experimental das frequências naturais e do amortecimento ............................................... 60 4.5 Transmissão de força e isolamento de vibração ........................................................................... 60 4.5.1 Resposta a movimentos harmónicos da base de fundação .................................................................. 62 4.5.2 Instrumentos de medição de vibrações ............................................................................................... 64 4.5.3 Exercícios ........................................................................................................................................... 64 4.6 Resposta a excitações periódicas.................................................................................................. 66 4.6.1 Representação das séries de Fourier ................................................................................................... 66 4.6.2 Resposta a forças periódicas ............................................................................................................... 67 4.6.3 Exercícios ........................................................................................................................................... 69 CAPÍTULO 5 – RESPOSTA DE UM SISTEMA COM 1 G.L. A UMA ACÇÃO DINÂMICA QUALQUER Resposta de um sistema com 1 G.L. a uma acção dinâmica qualquer ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 71 5.1 Considerações iniciais ................................................................................................................... 71 5.2 Conceito de impulso unitário ....................................................................................................... 72 5.2.1 Resposta a uma força impulsiva ......................................................................................................... 74 5.2.2 Resposta dinâmica a uma sequência de forças impulsivas .................................................................. 75 5.3 Resposta a uma acção dinâmica qualquer. Integral de Duhamel ................................................ 76 5.3.1 Cálculo numérico do integral de Duhamel pelo método dos trapézios ................................................ 77 5.3.2 Alguns exemplos de aplicação ............................................................................................................ 78 5.3.3 Exercícios ........................................................................................................................................... 81 5.4 Cálculo numérico da resposta dinâmica ....................................................................................... 81 5.4.1 Exercícios ........................................................................................................................................... 86 CAPÍTULO 6 – ANÁLISE DA RESPOSTA NO DOMÍNIO DA FREQUÊNCIA Análise da resposta no domínio da frequência ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 87 6.1 Considerações iniciais ................................................................................................................... 87 6.2 Da série de Fourier à transformada de Fourier........................................................................... 88 6.3 Análise da resposta dinâmica no domínio da frequência ............................................................. 92 6.3.1 Cálculo da transformada discreta de Fourier através de módulos computacionais ............................. 95 6.3.2 Exercícios ........................................................................................................................................... 97 6.4 Aplicação das séries de Fourier na análise de resultados experimentais ..................................... 97 6.4.1 Exercícios ........................................................................................................................................... 99 iii CAPÍTULO 7 – RESPOSTA DE UM SISTEMA COM 1 G.L. A UMA ACÇÃO SÍSMICA Resposta de um sistema com 1 G.L. a uma acção sísmica .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 101 7.1 Introdução ................................................................................................................................. 101 7.2 Excitação sísmica .......................................................................................................................101 7.2.1 Equação do movimento .................................................................................................................... 104 7.3 Análise da resposta estrutural a eventos sísmicos ..................................................................... 105 7.4 Conceito de espectro da resposta .............................................................................................. 108 7.4.1 Espectro da resposta em deslocamentos, pseudo-velocidades e pseudo-acelerações ........................... 109 7.4.2 Espectros de projecto ........................................................................................................................ 111 CAPÍTULO 8 – OSCILADOR GENERALIZADO COM UM GRAU DE LIBERDADE Oscilador generalizado com um grau de liberdade .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 114 8.1 Sistemas generalizados com um grau de liberdade .................................................................... 114 8.2 Associação de corpos rígidos ...................................................................................................... 116 8.2.1 Exemplo de aplicação ....................................................................................................................... 116 8.2.2 Exercícios.......................................................................................................................................... 117 8.3 Sistemas com rigidez e massa distribuída .................................................................................. 118 8.3.1 Função de forma ............................................................................................................................... 119 8.3.2 Equação do movimento .................................................................................................................... 120 8.3.3 Exercícios.......................................................................................................................................... 122 8.4 Sistemas com rigidez distribuída e massa concentrada ............................................................. 124 8.4.1 Vector da função de forma ............................................................................................................... 124 8.4.2 Equação do movimento .................................................................................................................... 125 8.4.3 Análise da resposta ........................................................................................................................... 126 8.4.4 Exercícios.......................................................................................................................................... 127 8.5 Método de Rayleigh ................................................................................................................... 128 8.5.1 Sistemas com massa e rigidez concentradas ...................................................................................... 128 8.5.2 Sistemas com massa e rigidez distribuídas ........................................................................................ 130 8.5.3 Sistemas com massas concentradas ................................................................................................... 131 8.5.4 Coeficiente de Rayleigh .................................................................................................................... 132 8.5.5 Selecção da função de forma ............................................................................................................. 133 8.5.6 Exercícios.......................................................................................................................................... 135 8.6 Forças de inércia de corpos rígidos............................................................................................ 136 CAPÍTULO 9 – ANÁLISE DE SISTEMAS COM VÁRIOS GRAUS DE LIBERDADE Análise de sistemas com Vários Graus de Liberdade .................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................... 137 9.1 Introdução ................................................................................................................................. 137 9.2 Estabelecimento do equilíbrio dinâmico de sistemas com N G.L. ............................................. 138 9.2.1 Matriz de massa ............................................................................................................................... 139 9.2.2 Matriz de rigidez .............................................................................................................................. 141 9.2.3 Matriz de amortecimento .................................................................................................................. 141 9.2.4 Equação de equilíbrio dinâmico ........................................................................................................ 142 9.3 Análise do movimento em vibração livre .................................................................................. 142 9.3.1 Sistemas estruturais sem amortecimento .......................................................................................... 143 iv 9.3.2 Determinação de frequências e modos naturais de vibração ............................................................. 143 9.3.3 Ortogonalidade dos modos de vibração ............................................................................................ 147 9.3.4 Normalização dos modos de vibração ............................................................................................... 147 9.3.5 Exercícios ......................................................................................................................................... 149 9.3.6 Representação em coordenadas modais ............................................................................................ 150 9.4 Vibração com amortecimento e forças aplicadas ....................................................................... 152 9.5 Análise da resposta dinâmica no domínio do tempo .................................................................. 154 9.5.1 Resposta a uma aceleração na base .................................................................................................. 154 9.6 Análise da resposta dinâmica no domínio da frequência ...........................................................156 9.6.1 Excitação determinística. Funções de resposta em frequência .......................................................... 156 9.7 Excitação estocástica. ................................................................................................................. 158 9.7.1 Conceitos de estatística e processos estocásticos .............................................................................. 159 9.7.2 Funções de densidade espectral da resposta ..................................................................................... 163 9.8 Aplicação à análise de resultados experimentais ....................................................................... 166 BIBLIOGRAFIA v vi Simbologia Latinas maiúsculas Latinas minúsculas c Constante de amortecimento f(t) História de uma força k Constante de rigidez m Massa de um corpo (estrutura) u(t) História de deslocamentos Gregas maiúsculas Gregas minúsculas Abreviaturas (siglas) vii 1 1 INTRODUÇÃO À DINÂMICA DE ESTRUTURAS 1.1 Enquadramento geral As estruturas de engenharia civil são solicitadas por diversos tipos de acções, que podem introduzir comportamentos caracterizados por respostas estáticas e/ou dinâmicas. As acções que originam respostas estáticas, permanecem constantes ao longo do tempo (ex. acções gravíticas, como o peso próprio e cargas permanentes), enquanto as acções que provocam respostas dinâmicas variam, durante intervalos de tempo relativamente longos (ex. vento, tráfego rodoviário) ou por pequenos instantes de tempo (ex. sismos, explosões). Na realidade, todas as acções têm carácter dinâmico, uma vez que variam de grandeza, direcção ou sentido com o tempo, mas, de facto, em muitos casos o efeito dinâmico da acção pode ser desprezado. Todavia, há domínios da engenharia civil em que a consideração dos efeitos dinâmicos das acções é fundamental, nomeadamente em: estruturas situadas em zonas de risco sísmico; estruturas esbeltas sujeitas à acção do vento; estruturas que suportam equipamentos que provoquem vibrações; estruturas de grande risco potencial, mesmo em zonas de baixo risco sísmico, como são o caso dos grandes edifícios, das pontes de grande vão, das grandes barragens e das estruturas off-shore, sempre sujeitas a acções que induzem importantes efeitos dinâmicos. Durante muito tempo, o dimensionamento das estruturas de engenharia civil, bem como o acompanhamento do seu comportamento, ao longo da sua vida útil, foi efectuado recorrendo 2 apenas a análises estáticas. Este facto, deveu-se essencialmente à inexistência ou, à fraca capacidade computacional para resolver os algoritmos de análise dinâmica, bastante mais laboriosos e complexos que os da análise estática. Presentemente, para além de possível é mesmo necessário recorrer à análise dinâmica na realização de projectos correntes, obtendo-se, desta maneira, soluções mais realistas e económicas, enquanto no acompanhamento da evolução do comportamento estrutural, a análise dinâmica é fundamental para caracterizar convenientemente alguns dos fenómenos que originam as acções dinâmicas. Em termos académicos, a disciplina de dinâmica de estruturas é um dos últimos elos da cadeia de disciplinas da área das estruturas (Mecânica Aplicada, Mecânica dos Sólidos, Estruturas, Observação e Comportamento de Obras, Dinâmica das Estruturas, Engenharia Sísmica), trata- se de uma disciplina abrangente na qual se abordam muitos dos conhecimentos apreendidos nas outras disciplinas da área das estruturas, generalizando-os mediante a incorporação da variável tempo. Por outro lado, a aprendizagem dos conceitos associados à dinâmica de estruturas apresenta aspectos de grande valor formativo, pois implica um olhar sobre a realidade física substancialmente diferente do que é inerente à compreensão dos fenómenos em regime estático. Figura 1.1 Esquema representativo da caracterização do comportamento dinâmico de uma estrutura. u (t) t u (t) t u (t) t Acção harmónica (conhecida / desconhecida) t0 f (t) t0 f (t) f τ Acção sísmica (desconhecida) Acção do tipo ruído ambiente (desconhecida) Acção do vento (desconhecida) Acção impulsiva (conhecida / desconhecida) f (t) = - m.u (t) .. b u (t) - aceleração da base de fundação .. b m u(t) + c u(t) + k u(t) = f(t) Propriedades estruturais: rigidez - k massa - m amortecimento - c Características modais: frequências naturais - f i configurações modais - φφφφi amortecimentos modais - ξi Solicitações Resposta estrutural .. . Equação do movimento _ ~ _ ~ _ ~ ~ t0 f (t) t0 f (t) t0 f (t) 1.1.1 Breve apontamento sobre A dinâmica estrutural é uma área do conhecimento transversal aos diversos campos d engenharia dos tempos modernos, tendo evoluído a partir de disciplinas do campo da matemática aplicada, mecânica teórica e física experimental, apresentando por isso uma história complexa e diversificada dado que decorre de diversas fontes e sofreu influ áreas do conhecimento. A sua origem, como disciplina de estudo, é apontada aos tempos de Galileu Galilei sendo nessa altura considerada como um ramo da filosofia natural (também conhecida por física associada aos fenómenos naturais), que se designava por dinâmica aplicada. considera-se que o início da história da dinâmica remonta aos tempos de Aristóteles A.C.), que meditou sobre duas questões fundamentais, debatidas previamente por (século V A.C.) e Heráclito (c.550 2006). Embora o primeiro passo tenha sido dado por por outros filósofos e pensadores, que lhe seguiram, apenas após Galileu e sobretudo após Newton (1642-1727) se verificaram avanç breve resumo dos principais autores e objetos que contribuíram estrutural (Clough & Penzien, 2003) Figura 1.2 Principais autores e objetos de Breve apontamento sobre a história da dinâmica estrutural A dinâmica estrutural é uma área do conhecimento transversal aos diversos campos d engenharia dos tempos modernos, tendo evoluído a partir de disciplinas do campo da matemática aplicada, mecânica teórica e física experimental, apresentando por isso uma história complexa e diversificada dado que decorre de diversas fontes e sofreu influ A sua origem, como disciplina de estudo, é apontada aos tempos de Galileu Galilei sendo nessa altura considerada como um ramo da filosofia natural (também conhecida por física naturais), que se designava por dinâmica aplicada. se que o início da história da dinâmica remonta aos tempos de Aristóteles ), que meditou sobre duas questões fundamentais, debatidas previamente por c.550-480 A.C.): a realidade e os mecanismos Embora o primeiro passo tenha sido dado por Aristóteles e vários contributos tenham sido dados filósofos e pensadores, que lhe seguiram, apenas após Galileu e sobretudo após 1727) se verificaram avanços decisivos, apresentando-se em breve resumo dos principais autores e objetos que contribuíram o desenvolvimento (Clough & Penzien, 2003). e objetos que contribuíram para a evolução histórica da dinâmica estrutural de (Becchi, Corradi, Foce, & Pedemonte, 2006)). 3 A dinâmica estrutural é uma área do conhecimento transversal aos diversos campos da engenharia dos tempos modernos, tendo evoluído a partir de disciplinas do campo da matemática aplicada, mecânica teórica e física experimental, apresentando por isso uma história complexa e diversificada dado que decorrede diversas fontes e sofreu influências de diferentes A sua origem, como disciplina de estudo, é apontada aos tempos de Galileu Galilei (1564-1642), sendo nessa altura considerada como um ramo da filosofia natural (também conhecida por física naturais), que se designava por dinâmica aplicada. No entanto, se que o início da história da dinâmica remonta aos tempos de Aristóteles (384-322 ), que meditou sobre duas questões fundamentais, debatidas previamente por Parmênides da dinâmica (Corradi, Aristóteles e vários contributos tenham sido dados filósofos e pensadores, que lhe seguiram, apenas após Galileu e sobretudo após se em (Corradi, 2006) um desenvolvimento da dinâmica que contribuíram para a evolução histórica da dinâmica estrutural (adaptado 4 No domínio de aplicações da dinâmica estrutural em problemas de engenharia civil, salientam-se as contribuições dadas por H. Reissner na análise de treliças e pórticos publicadas em 1899 e 1903, também F. Bleich deu algumas contribuições no seu tratado para o estudo de pontes ferroviárias (Bleich 1924, pp 41-77). Salientam-se também as contribuições de F. Jodi, G. Krall, A. Galli, que aplicaram as formulações da dinâmica a vários problemas prácticos, enquanto Guido Alfani (1876-1940) desenvolveu importantes estudos sobre as vibrações mecânicas em edifícios (Alfani 1909, 1910). Importa ainda referir que A. Sommerfeld, A. Hertwig e H. Lorenz estudaram o problema da acção dinâmica em solos elásticos (Love 1911, Krall 1940). Todavia, em engenharia civil, os grandes contributos para o desenvolvimento da dinâmica estrutural foram muito motivados pela necessidade de compreender o comportamento das construções em relação à acção sísmica, que como é do conhecimento geral, a ocorrência deste tipo eventos tem, desde sempre, causado variados danos em estruturas de edifícios, pontes, barragens, monumentos históricos, etc. Por outro lado, a construção de estruturas cada vez com maiores dimensões e de grande esbelteza também impulsionou a necessidade de conhecer melhor o comportamento dinâmico das estruturas de engenharia civil, nem sempre pelas melhores razões, como é o caso bastante conhecido da ponte de Tacoma Narrows, ver Figura 1.3. a) b) Figura 1.3 Ponte Tacoma Narrows: a) Dia da abertura, 1 de Julho de 1940; b) Dia do colapso (associado à ocorrência de fenómenos de ressonância), 7 de Novembro de 1940. O exemplo apresentado na Figura 1.3 é um clássico neste domínio, essencialmente por ter contribuído decisivamente para a consciencialização dos engenheiros de estruturas em relação à necessidade de compreender adequadamente o comportamento dinâmico destas obras. 5 1.1.2 Porquê estudar dinâmica de estruturas? Como já foi referido anteriormente, na generalidade das estruturas de engenharia civil, a análise estática é suficiente para caracterizar e interpretar o seu comportamento estrutural, no entanto, a utilização de novos materiais de construção e a adopção de soluções estruturais inovadoras e cada vez mais arrojadas obriga a um melhor e maior conhecimento sobre o seu funcionamento estrutural, encontrando-se na dinâmica de estruturas ferramentas extremamente úteis para elaborar uma adequada caracterização do seu comportamento estrutural. A construção de edifícios cada vez mais altos (ver Figura 1.4), em que se têm batido consecutivamente recordes neste domínio, obriga a um adequado conhecimento sobre o seu comportamento dinâmico, nomeadamente em relação à acção do vento. Figura 1.4 Alguns dos edifícios com maior altura, construídos nos tempos mais recentes. No domínio das pontes também se têm batido sucessivamente, nos últimos anos, recordes ao nível dos máximos vãos, quer de pontes em tirantes, quer de pontes suspensas, obtendo-se obras surpreendentes, relativamente às quais é necessário prestar uma atenção especial em relação ao seu comportamento dinâmico, nomeadamente, em relação ao vento e a eventos sísmicos, apresentando-se na Figura 1.5 exemplos de pontes construídas com recurso a tirantes e na Figura 1.6 apresentam-se exemplos de pontes suspensas. 6 a) Figura 1.5 Pontes de tirantes: a) Ponte de Sutong, com um vão de 1088 metros, China desde 2008; b) Ponte Vasco da Gama, com um vão de 420 m, a) Figura 1.6 Pontes suspensas: a) Ponte de Akashi Kaikyo, com um vão central Japão desde 1998; b) Ponte 25 de Abril Também no domínio das barragens se têm construído obras exuberantes, Figura 1.7 exemplos de barragens abóbada, construídas em betão, que se evidenciam por serem as que atingem maiores alturas. Uma adequada caracterização do seu comportamento dinâmico é muito importante para as actividades de observação e para estudos sísmicos. a) Figura 1.7 Barragens abóbada: a) Barragem na República da China em 2012; b) Barragem do Cabril b) onte de Sutong, com um vão de 1088 metros, em funcionamento ; b) Ponte Vasco da Gama, com um vão de 420 m, em funcionamento em Portugal b) Ponte de Akashi Kaikyo, com um vão central de 1991 metros, em funcionamento no 25 de Abril, com um vão central de 1012 m, em funcionamento em Portugal desde Também no domínio das barragens se têm construído obras exuberantes, exemplos de barragens abóbada, construídas em betão, que se evidenciam por serem res alturas. Uma adequada caracterização do seu comportamento dinâmico ito importante para as actividades de observação e para estudos sísmicos. b) Barragem de Xiaowan, com uma altura de 294,5 metros, entrará em Barragem do Cabril, com uma altura de 132 metros, em funcionamento em Portugal desde 1954. em funcionamento na República da em Portugal desde 1998. de 1991 metros, em funcionamento no m, em funcionamento em Portugal desde 1966. Também no domínio das barragens se têm construído obras exuberantes, apresentando-se na exemplos de barragens abóbada, construídas em betão, que se evidenciam por serem res alturas. Uma adequada caracterização do seu comportamento dinâmico ito importante para as actividades de observação e para estudos sísmicos. metros, entrará em funcionamento , em funcionamento em 7 A dinâmica de estruturas apresenta-se como uma disciplina que proporciona importantes ferramentas a utilizar no projecto de novas estruturas de engenharia civil, nomeadamente para evitar a ocorrência de fenómenos de ressonância, como os verificados no caso da ponte de Tacoma Narrows, que são perfeitamente ilustrados na Figura 1.8; para prevenir as situações de fadiga, especialmente em estruturas metálicas sujeitas a acções cíclicas; bem como para assegurar condições de conforto aos utentes destas estruturas. a) b) Figura 1.8 Fenómenos de ressonância na ponte de Tacoma Narrows: a) vista do tabuleiro central; b) vista ao nível do tabuleiro. Por outro lado, a dinâmica de estruturas também proporciona ferramentas muito interessantes para efectuar um adequado diagnóstico estrutural sobre o comportamento (“saúde”)1 de estruturas de engenharia civil, apresentando-se na Figura 1.9 um esquema ilustrativo da monitorização do comportamento estrutural dinâmico de uma ponte ferroviária. Figura 1.9 Esquema de monitorização do comportamento estrutural dinâmico de uma ponte ferroviária. 1 O termo - “saúde estrutural” - é muito utilizado na literatura inglesa (“structural health”), pelo que se impõe esta referência, embora a tradução possa não ser a mais adequada! 8 Finalmente, uma das principais aplicações da dinâmica de estruturas está relacionada com o desenvolvimento de ferramentasque permitem aferir/avaliar o comportamento das construções perante diversos cenários associados à ocorrência de eventos sísmicos. A necessidade de continuar a desenvolver ferramentas deste tipo está patente na Figura 1.10. a) b) Figura 1.10 Efeitos da acção sísmica sobre edifícios: a) Sismo de L´Aquila (2009); b) Sismo de Sichuan (2008). 1.2 Objectivos Para esta disciplina estabelecem-se como principais objectivos a apresentação dos fundamentos que regem o comportamento dinâmico das estruturas e a discussão dos métodos utilizados na determinação da resposta estrutural a acções dinâmicas. Consideram-se como objectivos parcelares, o estudo detalhado do comportamento de sistemas de um grau de liberdade (1GL), no qual se inclui o estabelecimento da equação de equilíbrio dinâmico, a análise das suas características e os métodos de resolução para diferentes hipóteses de solicitação. Outro objectivo parcelar é a generalização para o caso de sistemas com vários graus de liberdade, que é realizada expressando-se o sistema de equações de equilíbrio dinâmico no espaço modal, permitindo deste modo a utilização de ferramentas desenvolvidas para sistemas de um grau de liberdade. Será dedicada especial atenção à análise do comportamento dinâmico de estruturas quando solicitadas pela acção sísmica, uma vez que se trata da acção dinâmica mais frequentemente envolvida no dimensionamento de estruturas, apresentando-se os princípios expressos no Regulamento de Segurança e Acções para Estruturas de Edifícios e Pontes e o Eurocódigo 8. Assim, com esta disciplina espera-se dotar os alunos de um conjunto de conhecimento que os habilitem a entender o comportamento dinâmico das estruturas, a determinar os esforços devidos a acções com carácter dinâmico e a conceber sistemas estruturais eficientes e económicos. 9 1.3 Conteúdos programáticos Sendo a Dinâmica de Estruturas um dos últimos elos da cadeia de disciplinas da área das estruturas a sua organização apoia-se, necessariamente, num conjunto de conhecimentos anteriormente transmitidos, sobretudo nas disciplinas de Mecânica, Resistência de Materiais e Teoria de Estruturas. O desenvolvimento dos conceitos é efectuado de forma gradual e encadeada, desde o estabelecimento da equação de equilíbrio dinâmico, para sistemas com uma só incógnita, até à discussão de alguns aspectos práticos inerentes ao projecto de estruturas de edifícios. Pretende-se, deste modo, transmitir um conjunto de conhecimentos teóricos e práticos com uma estrutura coerente e lógica. 1.3.1 Programa e conteúdos O programa encontra-se dividido em três partes: a primeira é dedicada à introdução dos conceitos sobre o comportamento dinâmico em sistemas com um grau de liberdade; a segunda corresponde à generalização dos sistemas com N graus de liberdade; e a terceira, com carácter mais prático, voltada para a análise dinâmica de estruturas de edifícios e pontes. Na primeira parte caracterizam-se os sistemas com um grau de liberdade, formulam-se as equações de equilíbrio dinâmico, para diversos sistemas estruturais, e apresentam-se os métodos de resolução da equação diferencial de equilíbrio para os diversos tipos de carga. Estudando-se os casos associados a movimento livre e forçado e discutindo-se o significado e a importância dos parâmetros envolvidos. Nesta primeira parte evidencia-se a importância dos sistemas de um grau de liberdade para a compreensão do comportamento dinâmico das estruturas e para a abordagem a sistemas com vários graus de liberdade. Na segunda parte abordam-se os sistemas com N graus de liberdade quem envolvem a sua caracterização, modelação matemática e respectiva resolução. A situação de vibração livre merece um destaque especial, permitindo a introdução dos conceitos de frequências e modos de vibração e respectivas propriedades, que estão na base dos procedimentos mais utilizados na obtenção da resposta de sistemas estruturais lineares a acções dinâmicas. Neste contexto é apresentado o método da sobreposição modal e a sua aplicação na determinação dos efeitos da acção dos sismos. 10 Nas duas primeiras partes, à medida que se introduzem os vários tópicos, são apresentados diversos exemplos, baseados em estruturas do tipo pórtico plano, com o objectivo de ilustrar e ajudar a compreender os conceitos fundamentais. Na terceira parte abordam-se aspectos com carácter mais prático com incidência no comportamento tridimensional de edifícios sujeitos à acção sísmica. São introduzidos os aspectos relativos à acção sísmica contidos na regulamentação portuguesa e europeia, o EC8, e discutidos os seus fundamentos. Tendo as acções dinâmicas mais correntes, sismos e ventos, predominantemente a direcção horizontal, são apresentadas metodologias para a sua distribuição pelos elementos estruturais constituintes dos edifícios e discutidas as suas hipóteses e campos de aplicação. O curso termina com a abordagem de alguns aspectos especiais da modelação estrutural, especialmente relevantes para a análise da resposta estrutural a acções dinâmicas, nomeadamente as que têm direcção horizontal. 1.3.2 Conteúdos por capítulos Neste ponto apresenta-se uma descrição pormenorizada da arrumação das matérias contidas na disciplina de Dinâmica de Estruturas, em correspondência com os capítulos em que o programa se encontra organizado. O Capítulo 1 é um capítulo de introdução, no qual se apresenta o enquadramento da disciplina, os objectivos, a forma como os conteúdos programáticos estão organizados, os conceitos iniciais associados à dinâmica de estruturas e as metodologias a adoptar na formulação das equações do movimento. No Capítulo 2 procede-se ao estabelecimento da equação de equilíbrio para sistemas com um grau de liberdade, apresentam-se os métodos gerais para a sua formulação e mostram-se aplicações a diversos tipos de sistemas estruturais. Após a definição da equação de equilíbrio abordam-se os métodos utilizados na sua resolução e estudam-se os parâmetros envolvidos nas soluções obtidas. O Capítulo 3 é dedicado à análise do movimento em vibração livre, trata-se de um tema simples que permite extrair ensinamento de grande valia para a compreensão dos problemas de análise dinâmica para além de servir de base ao estudo de sistemas mais complexos (com vários graus de liberdade). Neste capítulo são introduzidos os conceitos de frequência de vibração e de coeficiente de amortecimento, que se obtêm a partir da resposta em movimento livre, discutindo- se as situações associadas a diferentes valores de amortecimento. 11 No Capítulo 4 determina-se a resposta de sistemas de 1 GL a cargas harmónicas, evidenciando- se as características associadas à parcela estacionária da resposta, nomeadamente a relação entre o coeficiente de amplificação dinâmica e a razão entre as frequências da acção e da estrutura. Este tipo de carga é também utilizado para ilustrar as situações em que pode ocorrer o fenómeno de ressonância. O Capítulo 5 aborda a determinação da resposta estrutural para uma acção dinâmica qualquer. Com esse objectivo começa-se por estudar a resposta a impulsos unitários e procede-se à dedução do integral de convolução, também conhecido por integral de Duhamel. Trata-se da metodologia vulgarmente utilizada para determinar a resposta estrutural a acções com variação arbitrária, usualmente com leis de variação complexa, ou de difícil tradução analítica, como é por exemplo o caso da acção sísmica. No Capítulo 6 apresenta-se uma outra via para obter a resposta estrutural para qualquer tipo de acção, utilizando-se para o efeito o desenvolvimento em séries de Fourier de uma forçaperiódica e a correspondente generalização para o caso geral de forças não periódicas. Neste capítulo procede-se ainda à introdução das metodologias de análise da resposta no domínio da frequência, expondo-se o seu interesse e complementaridade em relação às análises no domínio do tempo. Também se introduz a utilização do conceito de série de Fourier para a avaliação experimental do comportamento dinâmico de estruturas. O Capítulo 7 termina a abordagem a sistemas de 1 G.L. com a introdução da acção sísmica. Após uma breve referência à sismologia, estabelece-se a equação de equilíbrio dinâmico devida a movimento da base de fundação e, recorrendo à sua resolução, apresenta-se o conceito de espectro de resposta e a sua utilização na determinação do efeito da acção dos sismos. No capítulo 8 inicia-se a segunda parte da matéria que é dedicada aos sistemas estruturais com vários graus de liberdade. Em primeiro lugar introduzem-se os aspectos referentes à sua modelação matemática, seguindo-se uma revisão sobre o conceito de matriz de rigidez e introdução dos conceitos de matriz de massa e de amortecimento, prosseguindo com o estabelecimento do sistema de equações de equilíbrio dinâmico. Em segundo lugar, tal como nos sistemas de um grau de liberdade, analisa-se a resposta em movimento de vibração livre que permite introduzir os conceitos de frequências e modos de vibração, essenciais no contexto da análise dinâmica. Analisam-se as suas características e apresentam-se as suas propriedades, nomeadamente as condições de ortogonalidade. Segue-se a abordagem a métodos que permitem a determinação das frequências e dos modos de vibração. Finalmente, procede-se à determinação da resposta dinâmica para uma acção dinâmica qualquer recorrendo ao método da sobreposição 12 modal, sendo para o efeito definidas as coordenadas modais e estabelecido o sistema de equações de equilíbrio no espaço modal, base para a obtenção de um sistema de equações desligadas. O Capítulo 9 começa por abordar a aplicação do método da sobreposição modal à determinação da resposta à acção sísmica através de espectros de resposta, prosseguindo-se, neste contexto, com a discussão sobre o número de modos de vibração a considerar na análise dinâmica e as regras de combinação das contribuições modais, combinação quadrática simples e completa. Este capítulo termina com uma breve abordagem a assuntos com maior aplicação prática, no âmbito da análise dinâmica de estruturas de edifícios e pontes, começando-se por fazer breves referências aos aspectos regulamentares da acção sísmica, designadamente os contidos no RSAEEP e Eurocódigo 8. 1.4 Conceitos iniciais Em termos gerais, a análise dinâmica de estruturas difere da análise estática pois tem em consideração a variação no tempo das solicitações, bem como a existência de movimentos2 (associados ao comportamento dinâmico das estruturas) que induzem forças de inércia devidas à aceleração (ver Figura 1.11). Face a estas importantes particularidades, convém introduzir alguns conceitos iniciais que são essenciais para o estudo da dinâmica de estruturas, assim, define-se: • Acção dinâmica, como uma acção que varia de grandeza, direcção, e ponto de aplicação com o tempo; • Resposta dinâmica, como a resposta à acção dinâmica, usualmente expressa em termos de deslocamentos, velocidades, acelerações e tensões, que obviamente também variam com o tempo. a) b) Figura 1.11 Comparação entre: a) acção estática e b) acção dinâmica. 2 Os movimentos associados ao comportamento dinâmico das estruturas são usualmente designados por vibrações. f f (t) forças de inércia 13 Neste enquadramento inicial é ainda importante introduzir os tipos de análises usualmente utilizados na dinâmica de estruturas, bem como os modelos de análise. 1.4.1 Tipos de análise A análise dinâmica de estruturas depende do conhecimento, ou não, da lei de variação da acção dinâmica no tempo, subdividindo-se por esta razão em: • Análise determinística, quando a lei de variação da acção dinâmica no tempo é conhecida (ver Figura 1.12 a); e • Análise estocástica, quando a lei de variação da acção dinâmica no tempo não é completamente conhecida, mas pode ser definida em termos estatísticos (ver Figura 1.12). a) b) Figura 1.12 Tipos de análise dinâmica de estruturas: a) representação de várias realizações determinísticas; b) representação de realizações de um campo estocástico. Usualmente a resposta estrutural a uma carga dinâmica é expressa em termos dos deslocamentos da estrutura. Numa análise determinística, a análise estrutural é efectuada analisando em primeiro lugar a história de deslocamentos, obtida para a história de carga considerada, enquanto a análise utilizando as outras grandezas, como são o caso das tensões, deformações, esforços, etc., apenas é concretizada numa segunda fase da análise. 1.4.2 Modelos de análise Geralmente, recorre-se à análise dinâmica de estruturas para efectuar verificações de segurança em projectos de novas estruturas e no controlo de segurança de estruturas existentes. Nestas tarefas a análise do comportamento dinâmico das estruturas pode ser assegurada por via analítica e/ou por via experimental (ver Figura 1.13), sendo que em qualquer uma destas vias é necessário utilizar modelos matemáticos que sejam adequados para idealizar o comportamento t u (t) 1 u (t) 2 u (t) 3 t t t1 t2 t u (t) 1 u (t) 2 u (t) 3 t t t1 t2 14 estrutural do sistema físico real, para além de incluírem todas as hipóteses simplificativas necessárias. a) b) Figura 1.13 Análise dinâmica de estruturas por via: a) analítica; b) experimental. Os modelos matemáticos podem ser contínuos ou discretos (ver Figura 1.14), nos modelos contínuos é possível caracterizar a totalidade da deformada das estruturas, enquanto nos modelos discretos apenas é possível caracterizar os valores da deformada para os pontos considerados na discretização da estrutura. a) b) Figura 1.14 Tipos de modelos matemáticos: a) contínuos; b) discretos. Na designada via analítica (Clough & Penzien, 2003) são utilizados modelos analíticos apenas em algumas circunstâncias muito específicas, isto é, apenas em alguns casos simples em que é possível descrever analiticamente o comportamento de uma estrutura, sendo que na generalidade dos casos utilizam-se modelos numéricos (ver Figura 1.15), dos quais os (Cunha, Caetano, Moutinho, Magalhães, & Hu, 2010) mais usuais são os de elementos finitos (Clough & Penzien, 2003). m , k , c1 1 1 m , k , c 2 2 2 m , k , c 3 3 3 u (t) 1 u (t) 2 u (t) 3 f1, φ1, ξ1 f2, φ2, ξ2 f3, φ3, ξ3 ü (t) t t t ü (t) ü (t) 1 2 3 f1, φ1, ξ1 f2, φ2, ξ2 f3, φ3, ξ3 DEP f u (x,t) u (t) u (t) u (t) u (t) u (t) 1 2 3 4 5 15 a) b) Figura 1.15 Modelo numérico 3D de um edifício: a) Vista 3D; b) vista de topo. Na via experimental, recorre-se a diversos tipos de ensaios (ver Figura 1.1) para medir as grandezas físicas de interesse para caracterizar o comportamento dinâmico das estruturas, usualmente medem-se histórias de acelerações (também designadas por séries temporais de aceleração), a partir das quais se extraem as grandezas que mais facilmente se correlacionam com o comportamento dinâmico das estruturas, tais como frequências naturais, modos de vibração e estimativas de coeficientes de amortecimento modal. a) b) c) Figura 1.16Ensaios dinâmicos in situ: a) equipamentos utilizados para impor acções impulsivas; b) excitadores utilizados em vibração forçada; c) vibração livre da ponte Vasco da Gama (Cunha, Caetano, Magalhães, & Moutinho, 2006). 16 1.4.3 Abordagem para o estudo da dinâmica de estruturas A grande motivação para estudar dinâmica de estruturas … a) b) Figura 1.17 Modelo numérico 3D de um edifício: a) Vista 3D; b) vista de topo. a) b) Figura 1.18 Modelo numérico 3D de um edifício: a) Vista 3D; b) vista de topo. a) b) Figura 1.19 Modelo numérico 3D de um edifício: a) Vista 3D; b) vista de topo. Antes de se avançar para o estudo dinâmico de estruturas com vários graus de liberdade é importante estudar com detalhe o caso mais simples, correspondente ao comportamento dinâmico de modelos de 1 G.L., designados usualmente por osciladores de 1 G.L. De facto, o estudo destes modelos mais simples, para além de permitir introduzir os principais conceitos envolvidos na análise dinâmica de estruturas, permite também obter resultados que podem ser 17 utilizados directamente na análise de modelos de vários G.L., dado que a resposta dinâmica destes modelos mais complexos pode ser estudada através da sobreposição da resposta de modelos de 1 G.L., se for utilizada uma transformação de coordenadas adequada (transformação de coordenadas estruturais, correspondentes aos deslocamentos nos diversos graus de liberdade, para a denominadas coordenadas modais). 1.4.4 Qual a diferença entre estática e dinâmica Revisões de análise estática necessárias para a análise dinâmica! 18 19 2 SISTEMAS DE UM GRAU DE LIBERDADE (1 G.L.) … 2.1 Caracterização de um sistema com 1 G.L. Os sistemas de um grau de liberdade (1 G.L.), também conhecidos por osciladores de 1 G.L. encontram-se usualmente idealizados na literatura como sistemas constituídos por uma massa, uma mola e um amortecedor, tal como se mostra na Figura 2.1. a) b) Figura 2.1 Esquema usualmente utilizado para representar um sistema de 1 G.L (vibração de translação). Neste tipo de esquema é ainda usual representar a aplicação de forças, dependentes do tempo, f(t), e os deslocamentos originados pela aplicação dessas forças u(t). Na Figura 2.1 b) mostra-se o equilíbrio (dinâmico) das forças que actuam o corpo, a partir do qual se pode escrever a equação seguinte: f (t) u(t) k c m f (t) u(t) Fi (t) Fe (t) Fa (t) 20 ( ) ( ) ( ) ( )+ + =i a eF t F t F t f t (2.1) Sendo que, nesta fase importa caracterizar as forças que intervêm no equilíbrio (dinâmico) expresso pela equação anterior, bem como abordar a equação diferencial que daí resulta, a denominada equação diferencial do movimento. 2.1.1 Forças de equilíbrio dinâmico Como já se referiu anteriormente, os principais aspectos que diferenciam os problemas de análise dinâmica dos problemas de análise estática são a variação das solicitações no tempo e a existência de movimento oscilatório (usualmente designado por vibrações). O movimento oscilatório é usualmente caracterizado através das grandezas posição (deslocamento), velocidade e aceleração, às quais são associadas as forças que asseguram o designado equilíbrio dinâmico (contrapondo-se às forças externas), designadas respectivamente por forças elásticas, forças de amortecimento e forças de inércia, Assim, para analisar convenientemente o movimento oscilatório de uma estrutura é necessário caracterizar adequadamente as diferentes forças que ajudam a equilibrar as forças externas, as quais são apresentadas na Figura 2.1 b). Neste sentido, apresentam-se de seguida os principais aspectos físicos associados a cada uma das referidas forças. As forças elásticas são proporcionais aos deslocamentos e em termos matemáticos representam-se por ( )= ⋅ef k u t (2.2) em que e f representa a designada força elástica, k é usualmente conhecida por constante elástica ou rigidez, enquanto ( )u t representa a componente de deslocamento em função do tempo. Na Figura 2.2 a) apresenta-se um esquema representativo do conceito físico associado a este tipo de força. As forças de amortecimento (viscoso) são proporcionais à velocidade, na usual hipótese de amortecimento viscoso, e representam-se matematicamente por ( )= ⋅ ɺaf c u t (2.3) 21 em que a f representa a força de amortecimento, c a constante de amortecimento e ( )ɺu t a componente de velocidade em função do tempo (ver Figura 2.2 b). As forças de inércia são proporcionais à aceleração, representando-se matematicamente na seguinte forma ( )= ⋅ ɺɺif m u t (2.4) Na expressão anterior i f representa a força de inércia, m a massa e ( )ɺɺu t a componente de aceleração em função do tempo (ver Figura 2.2 c). a) b) c) Figura 2.2 Forças de equilíbrio dinâmico: a) Força elástica; b) Força de amortecimento; c) Força de inércia. Relativamente às forças apresentadas existe um interesse particular em caracterizar um pouco melhor a força elástica, a qual se considera, nas situações correntes, como apresentando um comportamento linear, no entanto, podem ocorrer cenários em que exista necessidade de considerar situações com comportamento não linear (ver Figura 2.3), nas quais a lei de variação é forçosamente diferente da apresentada pela expressão (2.2), podendo-se representar matematicamente na forma seguinte: ( )= ⋅edf k u du (2.5) Fextk u u k Posição deformada Força exterior (acção) Força interior elástica (reacção) Fe u k 1 Fextc u u Força exterior constante (acção) Fa u c 1 . . . Velocidade constante Força de amortecimento (reacção) campo magnético Electroíman campo magnético Fextm u u Força exterior constante (acção) Fi u m 1 .. .. .. Aceleração constante Força de inércia (reacção) Electroíman 22 Figura 2.3 Comportamento típico dos materiais em engenharia civil. Um outro aspecto importante relativo à abordagem às forças … é a energia de deformação Figura 2.4 Energia de deformação. 2.1.2 Formulação das equações do movimento A formulação das equações do movimento, para um sistema estrutural dinâmico, é considerada como um dos aspectos fundamentais da análise dinâmica de estruturas, apresentando-se de seguida uma das metodologias usualmente utilizadas no estabelecimento da formulação das equações do movimento. As equações do movimento de um sistema dinâmico qualquer representam expressões da segunda lei de Newton do movimento, que relacionam a força que é necessário aplicar a um corpo de massa m para este resistir a uma força fictícia usualmente conhecida por força de inércia, que resulta do produto da massa do corpo pela aceleração a que este está sujeito. Admitindo que na generalidade dos problemas de dinâmica de estruturas, a massa do corpo não varia com o tempo, então, a relação anterior pode ser expressa matematicamente pela seguinte equação diferencial ( ) ( )= ⋅ ≡ ⋅ ɺɺ2 2d uf t m m u tdt (2.6) Fe (t) u Comportamento linear Comportamento não linear Fe (t) udu F D 23 O conceito expresso anteriormente é usualmente conhecido como o princípio de D’Alembert. Trata-se de um conceito muito interessante em problemas de dinâmica de estruturas, pois permite que as equações do movimento possam ser expressas como equações de equilíbrio dinâmico. Nesta perspectiva, pode igualmente considerar-seque a força ( )f t equilibra os outros tipos de forças que actuam sobre a massa do corpo: como as forças elásticas que se opõem aos deslocamentos e as forças viscosas de amortecimento que resistem às velocidades. Assim, na generalidade dos problemas mais simples, a forma mais directa e conveniente de formular as equações do movimento baseia-se no estabelecimento destes equilíbrios directos, obtendo-se desta maneira a conhecida equação do movimento ( ) ( ) ( ) ( ) � ⋅ + ⋅ + ⋅ =ɺɺ ɺ ����� ����� ����� Força Força de Força de Força exteriorinércia amortecimento elástica m u t c u t k u t f t (2.7) A formulação das equações do movimento pode ser obtida recorrendo a diversas vias, as quais se encontram bem explicitadas na bibliografia da especialidade (Clough & Penzien, 2003), das quais se evidenciam as seguintes: • Equações do movimento de Newton; • Princípio de d’Alembert; • Princípio do trabalho virtual; • Princípio de Hamilton ou princípio da variação; • Equações do movimento de Lagrange; 2.2 Associação de corpos em sistemas de 1 G.L. generalizado • Sistemas em que a deformação elástica está concentrada em elementos de mola; • Sistemas com elasticidade distribuída e em que as deformações podem ser contínuas através de toda a estrutura. 2.2.1 Sistemas com deformação elástica concentrada em elementos de mola 24 2.2.2 Sistemas com elasticidade distribuída Consideram-se estruturas contínuas mas em que a deformada é de determinado tipo. Caracteriza-se a deformada da estrutura num instante t, por um parâmetro (coordenada generalizada) que multiplica a função de forma que se admitiu para a deformada. ( ) ( ) ( )= ⋅ ψu x, t u t x (2.8) 2.3 Exemplo de um oscilador de 1 G.L. Na abordagem que se apresenta neste documento, por uma questão prática/pedagógica, o sistema de 1 G.L. é idealizado como o modelo físico de um edifício de 1 piso (ver Figura 2.5), o qual se entende como o mais adequado para introduzir os conceitos fundamentais da dinâmica de estruturas na óptica da engenharia civil. Figura 2.5 Modelo físico do edifício de um piso. O modelo físico apresentado na Figura 2.5 é constituído por uma chapa de aço, que assume o papel do piso do edifício, enquanto os pilares são lâminas de alumínio, que conferem uma grande flexibilidade na direcção perpendicular ao seu plano, quando comparada com a flexibilidade na direcção perpendicular. O modelo é ainda constituído por uma outra chapa de aço (com maior dimensão em planta e espessura que a primeira) que funciona como base do modelo e por cantoneiras que ajudam a estabelecer a conexão entre as chapas de aço e as lâminas de alumínio, através de ligações aparafusadas. Na Figura 2.6 apresentam-se as principais características geométricas do modelo físico e uma idealização estrutural plana do modelo, na sua direcção mais flexível. 25 a) b) Figura 2.6 a) Esquema geométrico do modelo físico do edifício de 1 piso; b) Idealização plana do modelo. Na idealização estrutural plana do modelo físico, apresentada na Figura 2.6, assume-se que a placa de aço é responsável pela massa do sistema (uma vez que a massa das lâminas de alumínio é praticamente desprezável) e funciona como um elemento estrutural que se pode considerar como infinitamente rígido (podendo assim desprezar-se os efeitos de flexão no seu plano). Por outro lado, a consideração de pilares com geometria de lâmina confere ao sistema uma flexibilidade muito maior na direcção perpendicular ao plano das lâminas, evidenciando-se assim a importância do estudo da estrutura na sua direcção mais flexível, ficando a rigidez do modelo apenas a depender da rigidez dos pilares, nessa direcção, tal como se mostra na Figura 2.7. a) b) Figura 2.7 …: a) b). 2.4 Tipos de análises Para sistemas de 1 G.L. Secção transversal dos pilares Y [mm] 3 18 u(t) [m] 0.20 0.20 0.25 u(t) X X Z Z 0.015 k - rigidez da estrutura (pilares) m - massa do piso u(t) f = kpilar u = 1 k =pilar 12EI L 3 26 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ = ⋅ + ⋅ + ⋅ = ɺɺ ɺ ɺɺ ɺ ɺɺ ɺ ɺɺ ɺ Vibração livre sem amortecimento m u t c u t k u t f t Vibração livre com amortecimento m u t c u t k u t 0 m u t c u t k u t f t Vibrações devidas a forças aplicadas m u t c u t k u t f t Vibrações devidas a m ( ) ( )( ) ( ) ( ) ⋅ + + ⋅ + ⋅ = ɺɺ ɺ b ovimentos da base de fundação m a t u t c u t k u t 0 (2.9) 27 3 VIBRAÇÕES LIVRES DE SISTEMAS COM 1 G.L. O Capítulo 3 é dedicado à análise do movimento em vibração livre, trata-se de um tema simples que permite extrair ensinamentos de grande valia para a compreensão dos problemas de análise dinâmica para além de servir de base ao estudo de sistemas mais complexos (com vários graus de liberdade). Neste capítulo são introduzidos os conceitos de frequência de vibração e de coeficiente de amortecimento, que se obtêm a partir da resposta em movimento livre, discutindo- se as situações associadas a diferentes valores de amortecimento. 3.1 Vibrações livres sem amortecimento No capítulo anterior apresentou-se a equação diferencial do movimento de um sistema estrutural usualmente designado como do tipo massa-mola com amortecimento, o qual é expresso pela equação diferencial do movimento ( ) ( ) ( ) ( )⋅ + ⋅ + ⋅ =ɺɺ ɺm u t c u t k u t f t (3.1) Nesta fase o problema será abordado na sua forma mais simples, isto é, começa-se por se admitir que não existem forças externas aplicadas (f(t)=0) e considera-se que a componente de amortecimento é nula, pelo que a expressão anterior assume a seguinte forma 28 ( ) ( )⋅ + ⋅ =ɺɺm u t k u t 0 (3.2) Esta equação diferencial corresponde à situação de vibração livre sem amortecimento, para a qual facilmente se pode verificar que as funções do tipo “onda” sinusoidal3 de frequência ω N , dadas pela expressão ( ) ( ) ( )= ⋅ ω ⋅ + ⋅ ω ⋅N Nu t a cos t b sen t (3.3) são soluções, desde que ω = N k m (3.4) O que significa que um oscilador de massa m e rigidez k tende a oscilar naturalmente com uma frequência, usualmente designada por frequência angular natural de vibração. A este conceito encontram-se associados outros dois, o de frequência natural ou frequência própria de vibração, N f , e o de período natural de vibração, N T , que se obtêm pelas expressões seguintes ω = = pi N N N N 1 f , T 2 f (3.5) A equação (3.3) é uma solução geral da equação diferencial (3.2). Para se obter uma solução particular é necessário conhecer, neste caso, duas condições iniciais, para se poder determinar os valores das constantes a e b que surgem na solução geral (que resulta da combinação linear das funções ( )ω ⋅Nsen t e ( )ω ⋅Ncos t ). Nestas condições é necessário ter-se conhecimento sobre o deslocamento inicial, u0, e a velocidade inicial, v0, do movimento, que permite obter 3 É importante notar que as funções complexas ⋅ω ⋅ N i te e − ⋅ω ⋅Ni te , que formam um espaço mais alargado de soluções (complexas) que contém o subespaço das soluções reais que interessam para análise deste problema, ( ) ( ) ( )= ⋅ ω ⋅ + ⋅ ω ⋅N Nu t a cos t b sen t . De facto é possível combinar linearmente as soluções complexas⋅ω ⋅ N i te e − ⋅ω ⋅Ni te , para obter as funções ( )ω ⋅Ncos t e ( )ω ⋅Nsen t que formam o subespaço das soluções reais, recorrendo à formula de Euler, ( ) ( )⋅ω ⋅ = ω ⋅ + ⋅ ω ⋅Ni t N Ne cos t i sen t , verificando-se facilmente que ( ) ( )⋅ω − ⋅ω ⋅ω − ⋅ω⋅ ⋅ ⋅ ⋅= ω ⋅ = ω ⋅+ − ⋅ N N N N i t i t i t i t N N e e e e cos t sen t 2 2 i 29 ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) = ⇔ ⋅ ω ⋅ + ⋅ ω ⋅ = ⇔ = = = ⇔ − ⋅ ω ⋅ ω ⋅ + ⋅ ω ⋅ ω ⋅ = ⇔ = ω ����� ����� ɺ ɺ ɺ ɺ ����� ����� 0 N N 0 0 1 0 0 0 0 N N N N 0 N 0 1 u 0 u a cos 0 b sen 0 u a u u u 0 v u a sen 0 b cos 0 u b (3.6) Assim, para estas condições iniciais obtém-se a seguinte solução particular ( ) ( ) ( )= ⋅ ω ⋅ + ⋅ ω ⋅ ω ɺ 0 0 N N N u u t u cos t sen t (3.7) Importa agora referir que a expressão (3.3) também pode ser escrita na forma seguinte ( ) ( )= ⋅ ω ⋅ − φNu t A cos t (3.8) em que, > > = + φ = + pi > < + pi < 2 2 b arctg a 0, b 0 a b A a b ; arctg 2 a 0, b 0 a b arctg a 0 a (3.9) Na Figura 3.1 apresenta-se uma representação gráfica da equação (3.7), na qual se pode ver o movimento de vibração livre de um oscilador de 1 G.L. sem amortecimento, também designado por movimento harmónico simples. Figura 3.1 Resposta em vibração livre de um sistema de 1 G.L. sem amortecimento. u (t) t u0 u0 . φ ωN ___ TN TN A A 30 Apresenta-se agora na Figura 3.2 uma outra representação gráfica da resposta em vibração livre de um sistema de 1 G.L. sem amortecimento, em que se evidencia a representação dos termos a, b e A dados pelas equações (3.3) e (3.8). Figura 3.2 Representação gráfica dos vários parâmetros associados à resposta em vibração livre de um sistema de 1 G.L. sem amortecimento. 3.1.1 Análise na forma complexa A equação diferencial (3.2) contém soluções complexas … Figura 3.3 Representação gráfica no plano de D’Argrand. 3.1.2 Exercícios Exercício 3.1.1 Para o exemplo apresentado em 2.3 despreze os efeitos de amortecimento e determine o valor da frequência angular natural, da frequência natural e do período natural de vibração. Exercício 3.1.2 A estrutura apresentada na Figura 3.4 representa um depósito de água elevado, com capacidade para 100 000 litros de água. A u (t) t a TN TN _ _ _ 2 TN _ _ _ 4 3TN _ _ _ 4 A b φ ωN ___ A b a φ a b 31 estrutura vertical de suporte tem uma rigidez de flexão EI=640 000 kN.m2 e uma altura de h = 10 m. Considerando somente a massa de água, determinar: i) A frequência natural da estrutura? ii) O período natural da estrutura? iii) Admitindo que no topo é imposto um deslocamento horizontal de 1 cm a uma velocidade de 20 cm/s, determine os valores dinâmicos máximos do deslocamento, velocidade e aceleração no topo da estrutura em regime livre? iv) Trace o andamento do deslocamento horizontal do topo da estrutura? v) Compare o momento flector estático na base provocado pela força necessária para impor o deslocamento de 1 cm com o momento dinâmico máximo verificado quando a estrutura está a vibrar em regime livre? Figura 3.4 Esquema da estrutura de um depósito de água elevado. Exercício 3.1.3 As vigas rígidas apresentadas na Figura 3.5 têm um peso de 40 N e estão vinculadas a uma mola de constante elástica k = 500 N/m. Impondo um deslocamento vertical de 0,05 m em A e depois libertado, determine: i) O período de vibração? ii) A máxima velocidade na extremidade A. a) b) Figura 3.5 Vigas rígidas com apoios elásticos. Exercício 3.1.4 Para a estrutura do pórtico apresentado na Figura 3.9, admita-se que a força de 50 kN é libertada repentinamente ficando a estrutura a vibrar em regime livre. Considerando que o peso efectivo do pórtico relativamente ao deslocamento horizontal concentrado no ponto representado e com um valor de W = 490 kN, determinar: 10,0 100 000 litros EI = 640 000 kN.m2 [m] 0,9 0,3 0,9 0,3 A A [m] 32 i) A frequência própria (angular e ciclíca) e o período de vibração do pórtico? ii) As amplitudes máximas do movimento, em deslocamento, velocidade e aceleração, traçar graficamente o andamento da resposta nestas três grandezas, para as condições iniciais u 0 devido à força de 50 kN e v 0 = 0 m/s? iii) O mesmo que em ii) para as condições iniciais u 0 = 0,8 cm e v 0 = 20 m/s? iv) O mesmo que em ii) para as condições iniciais u 0 = 1 cm e v 0 = -10 m/s? Considere que o pórtico é em estrutura de betão armado com E = 30,5 GPa. Figura 3.6 Estrutura de um pórtico de 1 piso. Exercício 3.1.5 Determine as frequências naturais de vibração da coluna-viga em consola, representada na Figura 3.7, relativamente aos graus de liberdade indicados. Considere para a resolução do problema E = 30 GPa; = 0,25; = 25 kN/m3; G = E/(2×(1+)) = 12 GPa. Figura 3.7 Coluna-viga em consola. Exercício 3.1.6 (adaptado de (Chopra, 2001)) Para o edifício industrial de 1 piso que se indica na Figura 3.8 considere que os pilares são perfis em I (com I X = 3450 cm4 e I Y = 762 cm4) e os elementos de contraventamento são barras circulares com um diâmetro ø25 mm, ambos em aço; a cobertura é constituída por uma treliça com um peso de 1,5 kN/m2. 7,0 3,5 0,35 0,20 0,35 0,20 0,40 0,20 [m] F = 50 kN W 3,0 φ0,20 0,3 φ1,0 [m] uh uv θh θv 33 a) b) c) Figura 3.8 Edifício industrial de 1 piso: a) planta; b) pórtico na direcção N-S; c) pórtico na direcção E-O. Determine a frequência angular natural, a frequência natural e o período natural de vibração: i) Na direcção N-S; ii) Na direcção E-O. Exercício 3.1.7 (adaptado de (Chopra, 2001)) Na Figura 3.9 apresenta-se o perfil longitudinal de uma ponte com 3 vãos de 40 m. Dos 4 apoios, dois são encontros móveis e os outros dois são, cada um, constituídos por 3 pilares com 8 m de altura que têm ligação monolítica ao tabuleiro. O tabuleiro tem uma secção transversal de 12 m2, enquanto os pilares são circulares e têm I Y = I Z = 65 m4. A ponte é de betão armado e apresenta E=40 GPa e =25kN/m3. Determine a frequência angular natural, a frequência natural e o período natural de vibração na direcção longitudinal da ponte. Figura 3.9 Perfil longitudinal de uma ponte com 3 vãos. 9,0 6,0 3,6 1,2 Y X N N - S E - O Y X [m] 40,040,0 40,0 8,0 [m] 34 3.2 Vibrações livres com amortecimento Considere-se agora a situação mais geral da vibração livre, isto é, a vibração livre de forças exteriores aplicadas (f(t)=0) e com amortecimento não nulo (c≠ 0), o que corresponde a analisar a seguinte equação diferencial ( ) ( ) ( )⋅ + ⋅ + ⋅ =ɺɺ ɺm u t c u t k u t 0 (3.10) Também neste caso, a solução geral pode ser obtida admitindo que podem existir funções exponenciais, do tipo λ⋅te , que são solução da equação em análise. Assim, substituindo na expressão (3.10), ( ) λ⋅= tu t e , ( ) λ⋅= λ ⋅ɺ tu t e e ( ) λ⋅= λ ⋅ɺɺ 2 tu t e , obtém-se ( ) ( )⋅ λ + ⋅ λ + ⋅ =2m c k u t 0 (3.11) o que conduz à seguinte equação algébrica do 2º grau, cujas raízes λ 1 e λ 2 , correspondem aos valores pretendidos para λ − ± − ⋅ ⋅ ⋅ λ + ⋅ λ + = ⇔ λ = ⋅ 2 2 1,2 c c 4 m k m c k 0 2 m (3.12) Analisando as soluções
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