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Resumo Semiologia

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Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
1 
 
Resumo Semiologia 
 
# Anamnese 
A anamnese é uma entrevista realizada com o 
intuito de registrar os fatos relacionados à doença e ao 
paciente; é o pilar do trabalho do médico e, quando 
bem-feita, acompanha decisões diagnósticas e 
terapêuticas importantes. 
A anamnese pode ser coletada deixando o paciente 
falar livremente suas queixas, sem interferência; 
conduzindo tecnicamente a entrevista, de modo a 
objetiva-la; ou por uma mistura dos dois 
procedimentos. 
São objetivos da anamnese: 
. Estabelecer uma boa relação médico-paciente 
. Conhecer os determinantes epidemiológicos do 
paciente que influenciam na doença 
. Fazer a história clínica do paciente 
. Avaliar detalhadamente os sintomas de cada 
sistema 
. Avaliar o estado de saúde do paciente, 
conhecendo fatores pessoais, familiares, sociais e 
ambientais que influenciam a doença 
. Conhecer os hábitos de vida do paciente 
 
Elementos da anamnese 
- Identificação: perfil sociodemográfico do paciente. 
- Queixa principal (QP): o motivo que levou o paciente 
a buscar atendimento médico, se possível, usando as 
mesmas expressões usadas pelo paciente. Erro comum 
é o paciente se diagnosticar e o médico utilizar esse 
“diagnóstico” como queixa principal. Ideal é registrar 
um sinal ou sintoma que fez o paciente buscar 
atendimento, como “dor no ombro”. 
- História da doença atual (HDA): registro cronológico 
e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar 
assistência médica. É a parte principal da anamnese e 
chave para se chegar a um diagnóstico. 
Sintoma-guia: sinal ou sintoma que permite 
recompor a HDA mais facilmente. Os outros sinais e 
sintomas que o paciente porventura apresentar se 
ligam ao sintoma-guia como galhos em um tronco de 
árvore. 
- História patológica pregressa (HPP): relaciona 
doenças anteriores, alergias, vacinas, cirurgias prévias, 
doenças crônicas e medicamentos utilizados. Para 
todos os dados coletados na anamnese, a ordem 
cronológica é importante, por isso pergunta-se sobre o 
tempo. 
- História fisiológica: análise de marcos do 
desenvolvimento. 
Gravidez materna: como decorreu a gravidez, 
nasceu a termo ou prematuro, uso de medicamentos 
pela mãe, número de irmãos 
Desenvolvimento sexual: puberdade, sexarca, 
menarca, ciclo menstrual, menopausa, gestações, 
abortos, vida sexual (qualidade, frequência, queixas, 
orientação sexual) 
Padrão urinário e de evacuação 
Sono: qualidade, número de horas, estado ao acordar 
- História familiar: estado de saúde, quando vivos, dos 
pais e irmãos; cônjuge e filhos. Perguntar se tem 
alguém doente na família (doença e grau de 
parentesco). 
Em caso de falecimento, indicar causa do óbito e idade 
em que morreu. 
Presença de enxaqueca, diabetes, doença arterial 
coronariana, AVE, dislipidemia, úlcera péptica, 
colelitíase e varizes, que são doenças de caráter 
familiar. 
- História pessoal: hábitos e estilo de vida do paciente. 
 
Nome 
Idade 
Gênero 
Cor (branca, parda ou preta) 
Estado civil 
Profissão 
Local de trabalho 
Naturalidade 
Procedência 
Residência 
Responsável 
(se tiver) 
Religião 
Escolaridade 
. Início dos sintomas 
. Forma de início (súbito, progressivo, fator 
desencadeante) 
. Características do sintoma 
. Localização do sintoma 
. Ritmo (periodicidade) 
. Período (associado a alguma hora do dia, como 
ao acordar, após o almoço, etc) 
. Fatores de alívio de agravo (posição, ingesta de 
alimento ou água, movimentos) 
. Evolução 
. Situação atual (estado do paciente no momento 
da anamnese) 
Com quem mora 
Animais de estimação 
Habitação (água 
encanada, esgoto, tipo 
de estrutura da casa) 
Profissão 
Hobbies 
Atividade física 
Lazer 
Vida social 
Hábitos de higiene 
Álcool, tabaco, drogas 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
2 
 
- Revisão de Sistemas: exame clínico e físico de cada 
sistema. 
- Hipótese diagnóstica: síndrome que mais 
provavelmente está relacionada ao quadro analisado. 
# Edema 
É o acúmulo anormal de líquido no espaço 
intersticial. Para que o edema ocorra, deve haver uma 
quebra nos mecanismos que controlam a distribuição 
do volume de líquido no espaço intersticial. 
O fluxo dos fluidos no leito capilar depende da 
diferença entre as pressões hidrostática e oncótica ao 
longo do vaso. Na extremidade arterial do capilar, a 
pressão hidrostática no interior do vaso é maior do que 
a pressão oncótica, acarretando a saída de fluido para 
o interstício. Por outro lado, conforme o fluido vascular 
extravasa do vaso, a concentração plasmática 
aumenta, acarretando aumento na pressão oncótica, 
que fica maior que a pressão hidrostática, levando à 
inversão do fluxo de fluido. O fluido que permanecer 
no interstício é drenado pelos vasos linfáticos. 
A figura abaixo resume as principais alças 
fisiológicas de controle do volume extracelular. 
 
Os rins atuam não só como principal efetor no 
balanço de água e sódio, mas também como um 
importante sensor, levando ao SNC informações sobre 
o volume extracelular (volume e pressão, nas arteríolas 
aferentes) e concentração de sódio no interior dos 
túbulos renais (mácula densa). 
O volume de sangue arterial efetivo (VSAE) 
representa o volume de sangue necessário para 
manter o retorno venoso, perfusão tecidual e débito 
cardíaco dentro de valores normais. A redução no SVAE 
ativa mecanismos que atuam no sentido de reter água 
e sódio. 
 
Fisiopatologia 
Edemas generalizados são acompanhados de 
aumento de peso (o edema generalizado é detectável 
a partir de aumento de 4-5% do peso). 
Anasarca é uma forma avançada de edema, que se 
espalha por todo o corpo, inclusive o rosto. 
O sinal do cacifo é a depressão formada pela 
compressão da região pré-tibial com o polegar. Caso 
essa depressão desapareça em um tempo menor do 
que 15seg, suspeita-se de baixa pressão oncótica 
(albuminemia). Tempos maiores sugerem aumento da 
pressão hidrostática. O sinal do cacifo é avaliado em 
uma escala de cruzes, variando de + a ++++. 
. Baixa pressão oncótica: diminuição na concentração 
de proteínas plasmáticas. Resultado da perda excessiva 
(síndrome nefrótica, lesões gastrointestinais) ou 
diminuição da produção (síndrome hepática, 
desnutrição). 
. Alta pressão hidrostática: aumento do volume de 
líquido vascular. Predomina em doenças como: 
insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal 
(síndrome nefrótica, síndrome nefrítica), estrogênio e 
corticosteroides (gravidez), anti-inflamatórios e drogas 
ricas em Na+ ou edema iatrogênico (reposição 
hidrossalina inadequada). 
 
Edemas localizados 
. Erisipela: resultado de inflamação, com aumento da 
permeabilidade do leito capilar. Edema quente, duro, 
eritematoso e doloroso. 
. Trombose venosa profunda (TVP): obstrução do fluxo 
venoso profundo, com aumento da pressão venosa 
como consequência da tríade de Virchow (ativação da 
coagulação, lesão endotelial e estase venosa). Há 
formação de edema assimétrico no membro 
acometido, podendo ou não vir acompanhado de 
inflamação (tromboflebite). 
. Linfedema: obstrução do fluxo linfático, resultante de 
filariose ou remoção de linfonodos em mastectomias. 
Edema assimétrico e duro. 
 
Edemas generalizados 
Síndrome nefrítica 
Mecanismo de lesão do glomérulo renal, que para 
de funcionar. Há redução na taxa de filtração 
glomerular, com diminuição da excreção renal de Na+ e 
retenção de água, além do aumento da 
permeabilidade capilar. A gravidade do edema é 
Geral 
Pele 
Cabeça e pescoço 
Tórax 
Abdômen e pelve 
Aparelho vascular 
Membros 
Sistema neurológico 
Mente 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
3 
 
proporcional à diminuição na taxa de filtração 
glomerular. Há disfunção renal de início abrupto, 
hematúria, oligúriae hipertensão arterial. Edema 
discreto a moderado (+ a ++), mole, inelástico, indolor, 
pele com temperatura normal ou ligeiramente 
reduzida. Há edema renal periorbitário matinal mole, 
frio e inelástico (fácies renal). 
 
Síndrome nefrótica 
Presença de lesões específicas na membrana basal 
glomerular e/ou pedicelos das células epiteliais 
glomerulares que acarretam em aumento da 
permeabilidade glomerular às macromoléculas. Isso 
resulta em filtração das proteínas plasmáticas 
(proteinúria), manifestando-se com urina espumosa e 
edemas. O edema é resultado da diminuição da 
pressão oncótica do plasma, acarretando menor 
reabsorção do fluido intersticial. 
A hipoproteinemia resultante da perda urinária de 
proteínas leva ao catabolismo da albumina, agravando 
o quadro (hipoalbuminemia). O extravasamento de 
fluido plasmático para o interstício leva à redução do 
volume intravascular, levando à redução do DC e 
diminuição da perfusão renal. A redução da perfusão 
renal ativa o SRAA, aumentando a retenção de Na+ e 
água (hiperaldosteronismo secundário). Há edema 
importante (+++ a ++++) mole, inelástico, indolor e pele 
com temperatura normal ou ligeiramente reduzida. Há 
edema renal periorbitário matinal mole, frio e 
inelástico (fácies renal). 
 
Edema cardíaco 
O edema cardíaco é resultado da diminuição do DC 
em função da falência do miocárdio. Como resultado, 
há aumento da pressão venosa sistêmica ao mesmo 
tempo em que se reduz o VSAE. O volume de sangue 
que irriga os átrios cardíacos, o VE, o arco aórtico, o 
seio carotídeo e a arteríola aferente renal é crítico para 
o controle da volemia pois possuem sensores de 
volume e pressão. Assim, a redução no VSAE ativa o 
SRAA, levando à retenção de Na+ e água. 
A diminuição do DC na insuficiência cardíaca leva ao 
aumento da pressão venosa e desequilíbrio das forças 
de Starling nos capilares periféricos, prevalecendo a 
pressão hidrostática intravascular, favorecendo a 
formação de edemas. O edema cardíaco é 
generalizado, ascendente, simétrico, sem sinais 
flogísticos, predominando nos MMII. É um edema 
vespertino. Varia de + a ++++, é mole, inelástico, 
indolor e pele é lisa e brilhante. 
 
Insuficiência hepática 
O processo cirrótico é a resposta hepática a vários 
tipos de agressão, levando à alteração na função 
hepática em decorrência da fibrose formada. A 
destruição da arquitetura lobular, canalículos e vasos 
dificulta o fluxo de linfa e sangue nos sinusoides 
hepáticos, resultando em aumento da pressão no 
território venoso e linfático – hipertensão portal. Há 
formação de circulação colateral e aprisionamento do 
sangue em território mesentérico. A diminuição do 
fluxo de sangue na VCI resulta em diminuição no VSAE 
e consequente ativação do SRAA. 
Além disso, o fígado é responsável pela síntese de 
albumina, principal proteína plasmática e maior 
responsável pelo controle oncótico do plasma. Em 
processo cirrótico, há hipoalbuminemia. 
O edema da cirrose hepática é generalizado mas 
quase sempre discreto (+ a ++), predomina nos MMII, 
podendo haver transudação de líquido para a cavidade 
peritoneal (ascite). É mole, inelástico e indolor. 
 
Mixedema 
É a deposição de substância mucopolissacarídea 
(glicoproteínas) no espaço intersticial, resultando em 
certa retenção de água. É um edema leve a moderado, 
duro (pouco depressível), inelástico e pele clássica da 
hipofunção tireoidiana (pele opaca, seca, descama com 
facilidade). 
# Dor 
“Desagradável experiência sensorial e emocional 
associada a uma lesão tecidual já existente ou 
potencial, ou relatada como se a lesão existisse”. 
A dor compreende 3 mecanismos básicos: 
transdução, transmissão e modulação. 
 
Transdução da dor 
É o mecanismo de ativação dos nociceptores, 
através da transformação de um estímulo em potencial 
de ação. Os nociceptores são as terminações nervosas 
de fibras mielínicas dos tipos A-delta (estímulos 
mecânicos e térmicos) ou amielínicas do tipo C 
(estímulos mecânicos, térmicos e químicos). 
Os estímulos mecânicos e térmicos, além de 
estimularem os nociceptores, promovem dano tecidual 
e vascular local, liberando ou formando uma série de 
substâncias que atuam em nociceptores sensíveis a 
elas. 
No ser humano, o estímulo isolado de fibras A-delta 
cutâneas produz dor em pontada; de fibras C cutâneas, 
dor em queimação; e de fibras A-delta e C musculares, 
dor tipo câimbra. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
4 
 
Admitindo-se que a dor seja um sinal de alarme, o 
estímulo que provoca a dor em um tecido é aquele que, 
em geral, é capaz de lesioná-lo (por exemplo, 
estiramento e isquemia no tecido muscular, 
movimentos extremos no tecido articular, etc). 
Transmissão da dor 
É o conjunto de vias e mecanismos que permite que 
o impulso nervoso gerado nos nociceptores seja 
conduzido para regiões do SNC responsáveis pelo 
reconhecimento da dor. 
Fibras A-delta e C periféricas: prolongamentos 
periféricos dos neurônios aferentes situados nos 
gânglios espinais e de alguns nervos cranianos. 
Fibras A-delta e C viscerais: cursam por nervos 
autonômicos simpáticos (cardíaco, esplênico) e 
parassimpáticos (vago, glossofaríngeo). 
Os prolongamentos centrais dos neurônios 
pseudounipolares adentram na medula espinal pelo 
corno dorsal. Dos neurônios do corno dorsal originam-
se vias nociceptivas que podem ser divididas em: 
. Vias do grupo lateral: tratos espinotalâmico lateral, 
trigeminotalâmico, espinocervicotalâmico. Terminam 
em núcleos talâmicos, de onde partem radiações para 
o córtex somestésico. Estão envolvidas com o aspecto 
sensorial-discriminativo da dor. 
. Vias do grupo medial: tratos paleoespinotalâmico, 
espinorreticular e espinomesencefálico. Terminam no 
tálamo medial após sinapse na formação reticular. Do 
tálamo medial partem radiações difusas para todo o 
córtex cerebral. Estão relacionadas com o aspecto 
afetivo-motivacional da dor. 
 
Modulação da dor 
A modulação da dor é realizada por vias e centros 
responsáveis pela supressão da sensação de dor. Essas 
vias modulatórias são ativadas pelas vias nociceptivas. 
De acordo com a teoria do portão da dor, enquanto 
fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A-delta) 
conduzem sensibilidade termoalgésica, as fibras 
mielínicas grossas (A-alfa e A-beta) conduzem as 
demais formas de sensibilidade. Segundo essa teoria, a 
ativação de fibras mielínicas grossas excitaria 
interneurônios inibitórios para os aferentes 
nociceptivos, impedindo a passagem dos impulsos 
dolorosos. Esse mecanismo explica porque a 
massagem em uma área dolorosa alivia a dor. 
A dor não é apenas um estímulo álgico, mas 
também envolve uma série de reações reflexas, 
emocionais e comportamentais. 
 
Aspecto afetivo-motivacional da dor 
As vias nociceptivas do grupo medial estão 
relacionadas com a formação reticular do tronco 
cerebral, hipotálamo, tálamo e sistema límbico, 
estruturas comprometidas com a regulação das 
emoções e do comportamento, incluindo a dimensão 
afetiva (experiência ruim, medo) e motivacional 
(reação de fuga). 
Aspecto cognitivo-avaliativo da dor 
Está relacionado com a associação da dor a 
polaridades como prazer/castigo e bom/mau. As 
informações e experiências são armazenadas e, a partir 
da avaliação e julgamento desses dados, o indivíduo 
julgará aquilo que entende como dor. 
O impulso doloroso chega ao córtex somestésico 
pelas vias nociceptivas do grupo lateral, onde a 
informação é processada. Essa informação, 
juntamente com outras informações de outras 
naturezas, é integrada nas áreas corticais associativas 
(neocórtex temporal). Então, os componentes da 
memória são ativados em busca de experiência similar 
e entra em ação o julgamento da experiência sensorial, 
quando é definida como dolorosa ou não. 
A intensidadeda dor depende de uma série de 
fatores (amplitude do estímulo álgico, grau de atenção 
ou distração, estado emocional, aspectos culturais e 
religiosos), que indicam se o estímulo será considerado 
intenso ou não, a partir desses aspectos e das 
circunstâncias da dor. 
 
Fisiopatologia da dor 
Dor nociceptiva 
Causada pela ativação de nociceptores e pela 
transmissão dos impulsos gerados até as regiões do 
SNC. É a dor secundária a agressões externas, dor 
visceral, neuralgia do trigêmeo, dor da artrite, da 
invasão neoplásica, etc. 
Começa simultaneamente ao início do fator causal, 
que pode ser identificado. A remoção do fator causal 
culmina com o alívio da sensação dolorosa. Não há 
déficit sensorial e a distribuição da dor é 
correspondente às fibras estimuladas. 
Pode ser espontânea ou evocada. A dor espontânea 
são aquelas do tipo pontada, facada, agulhada, 
latejante, contínua, dolorimento. Sugere lesão tissular. 
Já a dor evocada é desencadeada com manobras como 
a manobra de Lasègue, estiramento da raiz nervosa, 
elevação do membro afetado, etc. 
 
Dor neuropática 
Dor por lesão neural, por desaferentação (privação 
de um neurônio de suas aferências) ou central 
(secundária a lesões no SNC). É um tipo de dor gerado 
dentro do SNC, independentemente de qualquer 
estímulo interno ou externo. A secção do trato 
neoespinotalâmico agrava a dor neuropática. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
5 
 
Pode apresentar-se de forma constante, 
intermitente e evocada. A dor constante ocorre em 
praticamente 100% dos casos, sendo descrita como dor 
em queimação ou dormência. A dor intermitente é 
relatada como dor em choque, aguda. Decorre da 
ativação de vias nociceptivas pela cicatriz formada no 
foco lesional. É solucionada com a secção completa da 
via neoespinotalâmica ou neotrigeminotalâmica. A dor 
evocada se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes 
da desaferentação. Essa reinervação das fibras 
nociceptivas pode ser feita por fibras aferentes táteis e 
uma sensação que antes não era dolorosa, como o 
toque, passa a produzir sensação desagradável 
(alodínia). Outra manifestação da dor evocada é a 
hiperpatia, que é o aumento da sensibilidade à dor. 
 
Dor mista 
Decorre dos mecanismos nociceptivo e 
neuropático. Ocorre em dor por neoplasias malignas. 
 
Dor psicogênica 
É uma dor gerada puramente por meios psíquicos. 
Tende a ser difusa, generalizada e imprecisa. Pode ser 
localizada, se o paciente tem estrutura que julga 
doente. Pode mudar de localização sem razão aparente 
e, quando irradiada, não segue o trajeto de qualquer 
nervo. Sua intensidade é variada e agravada 
dependendo do estado emocional do paciente 
(contestado por ele). Costuma ser descrita de maneira 
dramática. É possível estabelecer concomitância de um 
evento negativo do paciente e o início da dor. 
 
Tipos de dor 
Dor somática superficial 
Dor nociceptiva decorrente da estimulação de 
nociceptores superficiais (tegumento). Tende a ser 
bem localizada e apresentar-se de maneira distinta de 
acordo com o estímulo aplicado. 
 
Dor somática profunda 
Dor nociceptiva profunda decorrente da ativação de 
nociceptores nos músculos, fáscias, tendões, 
ligamentos e articulações. É mais difusa que a dor 
somática superficial, apresenta localização imprecisa, 
mas de intensidade proporcional ao estímulo causal. 
 
Dor visceral 
Dor nociceptiva decorrente da estimulação de 
nociceptores viscerais. Tem características similares às 
da dor somática profunda, ou seja, é difusa e descrita 
como um dolorimento, que tende a acentuar-se com a 
solicitação funcional do órgão acometido. Pode ser 
decorrente do comprometimento da própria víscera; 
comprometimento secundário do peritônio ou pleura 
parietal; irritação do diafragma ou dor nervo frênico; 
ou reflexo viscerocutâneo (dor referida). 
A dor referida é uma sensação dolorosa superficial 
que está distante da estrutura profunda cuja 
estimulação nóxica é responsável pela dor. Obedece à 
distribuição metamérica. Uma explicação para isso é o 
fenômeno de convergência de impulsos dolorosos 
viscerais e somáticos e profundos. 
 
Dor irradiada 
Dor sentida a distância da sua origem, que ocorre 
em estruturas inervadas pela mesma raiz nervosa cuja 
estimulação nóxica é responsável pela dor. 
 
Dor aguda e crônica 
A dor aguda atua como um sinal de alerta, 
informando ao cérebro que algo está errado. 
Desaparece com a remoção do fator causal e resolução 
do processo patológico. 
A dor crônica persiste por um período de tempo 
superior ao necessário para a cura de um processo 
mórbido. Está associada a afecções crônicas ou decorre 
de lesão no sistema nervoso. Determina estresse, 
sofrimento e perda na qualidade de vida. 
 
Semiologia da dor 
. Localização: região onde o paciente sente a dor. 
. Irradiação: a dor pode ser localizada, irradiada ou 
referida. 
. Qualidade ou caráter: é a descrição da dor pelo 
paciente, dizendo o tipo de emoção ou sensação que a 
dor lhe traz. Definir se a dor é espontânea ou evocada. 
A dor constante nunca desaparece completamente, 
embora sua intensidade possa variar. A dor 
intermitente ocorre episodicamente (é diferente da 
exacerbação da dor constante). 
. Intensidade: é o componente que representa a maior 
importância para o paciente. Por se tratar de 
experiência subjetiva, sua qualificação é baseada em 
critérios rígidos. Normalmente, usa-se escala de 0 a 10, 
sendo 0 a ausência de dor e 10 a dor mais forte que já 
sentiu. 
. Duração: determinar com máxima de precisão o início 
da dor. Dependendo da duração, pode ser classificada 
como aguda ou crônica (dura mais de 3 meses). 
. Evolução: investigação de como a dor evoluiu desde o 
seu aparecimento até o momento da anamnese. 
. Relação com funções orgânicas: relação avaliada de 
acordo com a localização da dor e órgãos e estruturas 
localizados na mesma área (respiração, micção, 
evacuação, caminhar, etc). 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
6 
 
. Fatores desencadeantes ou agravantes: fatores que 
desencadeiam a dor ou que a agravam (levantar o 
membro, ingestão de determinados tipos de alimento, 
etc). 
. Fatores atenuantes: fatores que aliviam a dor, como 
algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que 
resguardam a estrutura ou o órgão onde esta é 
originada. 
. Manifestações concomitantes: a dor aguda 
nociceptiva costuma acompanhar-se de manifestações 
como sudorese, palidez, taquicardia, mal-estar, 
náusea. 
# Sinais vitais 
São fundamentais para a avaliação do estado físico 
do paciente. 
Temperatura 
. Locais de aferição de temperatura: axila, boca, reto, 
esôfago, prega inguinal, membrana timpânica (mais 
fiel à temperatura real do corpo). 
. Valores normais de temperatura: 
Axilar: 35,5°C – 37,0°C 
Oral: 36,0°C – 37,4°C 
Retal: 36,5°C – 37,5°C 
. Sinal de Lenander: diferença > 1°C entre as 
temperaturas axilar e retal (com maior temperatura 
retal), indicando infecção abdominal (apendicite). As 
diferenças > 1°C entre as temperaturas de locais de 
aferição distintos podem indicar doença inflamatória 
pélvica (apendicite). Diferenças < 1°C, indicam 
isquemia mesentérica. 
. Sinal de Faget: dissociação pulso-temperatura. 
Normalmente, a cada 1°C de aumento de temperatura, 
há aumento de 10bpm na FC. Quando o aumento da FC 
não acompanha o aumento de temperatura, chama-se 
esse achado de sinal de Faget. É carcaterístico de febre 
tifoide e uso de β-bloqueadores. 
Ex.: 36°C →70bpm; 37°C →80bpm; 38°C → 90bpm 
 
Pulso 
Podem ser usados diversos sítios, sendo o radial, 
braquial, carotídeo e femoral os mais usados. Também 
pode-se usar o poplíteo, tibial anterior e posterior e 
dorsal do pé. Quanto mais central o pulso, mais fácil a 
avaliação. O pulso deve ser palpado simetricamentee 
deve-se observar possíveis diferenças. 
. Frequência: a frequência normal de pulso está 
entre 60 e 100bpm; se < 60bpm, diz-se que o paciente 
é bradicárdico, se > 100bpm, diz-se que paciente é 
taquicárdico. A técnica de contar 15 ou 30seg e depois 
multiplicar é muito usada, mas pode originar erros. 
Deve-se contar 1min. 
. Ritmo: pode ser regular ou irregular. Ritmos 
irregulares podem ser fisiológicos ou patológicos. 
. Amplitude: variação do diâmetro da artéria a cada 
pulsação. Pode ser parvus (baixo DC, como estenose 
aórtica, choque) ou célere (insuficiência aórtica). 
. Frêmitos e sopros: sopro refere-se ao fluxo 
turbilhonado do sangue no vaso e o frêmito refere-se à 
sensação tátil do sopro auscultado. O frêmito é sinal de 
gravidade do sopro. 
. Contorno da onda de pulso: o pulso traça uma 
onda normal que corresponde aos fluxos de sístole e 
diástole. As ondas podem ser: 
Pulso anacrótico (parvus et tardus): onda baixa e 
atrasada. Onda demora 
para subir e desce 
rápido. Ocorre em 
estenose aórtica. 
Pulso em martelo d’água (amplo): oposto do pulso 
anacrótico. Onda fica mais 
estreita e com maior 
amplitude. Há “pancadão” 
de pressão. Ocorre na 
insuficiência aórtica. 
 
 
Pulso bisferiens: há duplo pulso sistólico, ambos no 
ápice da onda de pulso. 
Típico da cardiomiopatia 
hipertrófica. A principal 
manifestação da CMP 
Hipertrófica é a morte 
súbita em idade tenra. O 
pico duplo ocorre pela assimetria da hipertrofia, 
prejudicando o fluxo coronariano. Pode ocorrer por 
associação de estenose com insuficiência aórtica. 
Pulso dicrótico: há dupla onda em cada pulsação, 
sendo a primeira mais intensa e nítida e a segunda de 
menor intensidade, logo depois. Ocorre em febre 
tifoide e em outras síndromes febris. 
Pulso bigeminado: há extrassístole no período 
refratário relativo. Em seguida, há pausa prolongada 
pelo aumento do período refratário. Ocorre na 
extrassístole ventricular bigeminada. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
7 
 
Pulso alternante de Traube: é caracterizado pela 
alternância de pulsação 
de pequena amplitude 
com pulsação de grande 
amplitude. Significa que 
os volumes sistólicos 
estão diferentes. 
Encontrado em 
insuficiência cardíaca esquerda, arritmia, ventilação 
mecânica. 
Pulso irregularmente irregular: frequência e amplitude 
das pulsações é irregular. Há dissociação pulso – pré-
córdio (ritmo cardíaco diferente do pulso). Sugestivo 
de fibrilação atrial – átrio em fibrilação não contrai, 
balança. VE com frequência aumentada com volume 
sistólico variável. 
Pulso paradoxal de Kussmaul: o pulso arterial 
desaparece ou fica muito pequeno durante a 
inspiração profunda. Há diminuição na pressão arterial 
sistólica > 10mmHg durante a inspiração (na inspiração 
aumenta o retorno venoso e diminuição da cavidade 
do VE impede a compensação, levando à queda do 
débito sistólico). Típico de paciente com pericardites 
constritivas, ocorrendo também no tamponamento 
cardíaco. 
 
Pressão Arterial Sistêmica (PAS) 
A pressão arterial é um binômio entre o DC (volume 
sistólico x FC) e RVP. Enquanto o DC é responsável pela 
pressão arterial sistólica, o RVP é resposável pela 
pressão arterial diastólica. Deve sempre ser aferida 
simetricamente. 
Pressão de pulso ou pressão diferencial é a 
diferença entre PA sistólica e PA diastólica, que deve 
ficar entre 30 e 60mmHg. A pressão de pulso, então, 
pode ser convergente (quando a diferença < 30mmHg) 
ou divergente (quando a diferença > 60mmHg). Uma 
pressão de pulso convergente indica perda de volume 
(desidratação, hemorragia, restrição à ejeção) e a 
pressão de pulso divergente indica aumento da pós-
carga no VE. 
Na posição ortostática, a PAS nos MMII costuma ser 
20mmHg maior do que nos MMSS. Se a pressão nos 
MMSS > MMII, suspeita-se de coarctação da aorta. 
Pelo método da palpação, é possível determinar a 
pressão arterial sistólica. Ao sentir o pulso da artéria 
radial, insulflar o manguito até que este desapareça. 
Desinsulflar lentamente até sentir novamente. Esse 
primeiro pulso é a pressão arterial sistólica. 
No método da ausculta, ao desinsulflar o manguito, 
o primeiro som escutado é a pressão arterial sistólica. 
O último som a ser escutado é a pressão arterial 
diastólica. 
Os sons de Korotkoff incluem 5 fases. Em pacientes 
com HAS, idosos ou com estenose aórtica, o sopro 
característico da fase 2 pode desaparecer, dando 
origem ao hiato auscultatório. 
A PAS deve ser verificada nas 3 posições (deitado, 
sentado e em pé). Quando o paciente sai de uma 
posição deitado para uma posição em pé, por exemplo, 
a gravidade faz com que parte do sangue circulante 
acumule-se nos MMII. Essa queda de volume é 
percebida pelos sensores no arco aórtico e no seio 
carotídeo, que regulam os batimentos para controlar a 
PAS. Assim, embora pequenas variações sejam 
esperadas, queda na pressão sistólica > 20mmHg 
caracteriza hipotensão postural. 
As pressões aferidas nos lados direito e esquerdo 
devem ter variação < 10mmHg. Se a diferença > 
10mmHg, suspeita-se de aneurisma aórtico dissecante. 
A pseudo-hipertensão ocorre pelo enrijecimento 
das artérias, que podem estar calcificadas. Mais 
comum no idoso. Para detectar, insufla-se o manguito 
até desaparecer o pulso da artéria radial, que passa a 
ficar palpável (manobra de Osler). 
 
Frequência respiratória 
Em adultos, a frequência respiratória normal 
encontra-se entre 12 e 20 incursões por minuto (ipm). 
Frequência < 12 ipm indica bradipneia; frequência > 20 
ipm indica taquipneia. 
A frequência respiratória deve ser aferida 
discretamente, sem que o paciente perceba. Uma dica 
é contar enquanto palpa o pulso do paciente. 
Apneia é a cessação das incursões respiratórias. 
Quando percebido, esse tempo deve ser anotado. 
Hiperpneia é o ato de respirar profundamente. 
A relação inspiração/expiração deve ser de 2:1. Em 
DPOC, essa relação está invertida, servindo como sinal 
de alerta. 
Tipos de respiração: 
Eupneia: ritmo normal, com incursões de amplitudes 
semelhantes, com algumas hiperpneias isoladas. 
Respiração de Cheyne-Stokes: típico da insuficiência 
cardíaca. Como o tempo de 
circulação é mais lento, teria 
atraso na transmissão de pCO2 
para o SNC. Assim, paciente 
faz hiperpneia e algumas 
incursões cada vez menores até a apeneia. É um sinal 
de gravidade da IC. 
Respiração de Biot: não tem padrão percebido. Há 
períodos de apneia e 
hiperventilação intercalados. Tem 
relação com doença no SNC (AVE, 
TCE). Sinal de mau prognóstico e 
paciente precisa ser entubado. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
8 
 
Respiração de Kussmaul: típico de distúrbios 
metabólicos (acidose). Há 
alternância de apneia e apneuse. 
Paciente é hiperpneico e 
taquipneico para compensar 
acidose. Comum em cetoacidose 
diabética, insuficiência renal, intoxicação por 
barbitúricos. 
. Respiração de Cantani: taquipneia. Mesma amplitude 
das incursões e frequência aumentada. 
# Febre 
Febre é a alteração do set point hipotalâmico (área 
pré-óptica) para a temperatura corporal em resposta a 
ação de substâncias pirogênicas – secretadas por 
bactérias ou por tecidos em degeneração. A 
temperatura corporal é mais ou menos constante, 
variando em torno de ± 0,5°C. 
A infecção bacteriana resulta não só na produção de 
toxinas pirogênicas, mas também estimula a chegada 
de células de defesa ao tecido infectado. Essas células 
liberam interleucinas que chegam ao hipotálamo. Uma 
vez “ativado” o hipotálamo, há a liberação de 
prostaglandinas, que, através das ciclo-oxigenases, 
aumentam o set point da temperatura corporal 
(ativação de mecanismos que aumentam a produção e 
a conservação de calor). Antitérmicos possuem 
substâncias que inibem as Cox. 
A febre não é somente um sinal, mas uma síndrome(síndrome febril). Além da elevação da temperatura, 
observa-se astenia (diminuição da força física), 
inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia, oligúria, 
dor no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, 
confusão mental e até convulsões. 
 
Semiologia da febre 
Início 
Pode ser súbito ou gradual. No início súbito, a 
elevação da temperatura é percebida repentinamente, 
acompanhando os sintomas da síndrome febril, como 
calafrios. Quando a febre instala-se de maneira 
gradual, o paciente não percebe seu início e 
predominam os sintomas de cefaleia e inapetência. 
 
Intensidade 
Febre leve (febrícula): ≤ 37,5°C 
Febre moderada: entre 37,6°C e 38,5°C 
Febre alta (elevada): ≥ 38,6°C 
Pacientes em mau estado geral, indivíduos em 
choque e pessoas idosas podem não apresentar febre 
ou ter apenas uma febrícula quando acometidos por 
processos infecciosos. 
 
Duração 
Dado de grande relevância médica. Quando a febre 
permanece por períodos maiores do que 1 semana ou 
10 dias, é possível fazer uma lista das principais 
doenças que causam febre prolongada: colagenoses, 
linfomas, pielonefrite, brucelose, esquistossomose, 
tuberculose, septicemia, malária, endocardite 
infecciosa, febre tifoide. 
 
Modo de evolução 
O quadro térmico estabelece o tipo de evolução da 
febre. É feito o registro em uma tabela, dividida em 
dias e subdividida em 4 ou 6 horários. A união por uma 
linha dos valores de febre do paciente resulta em uma 
curva térmica. 
. Febre contínua: permanece sempre acima de 37,5°C 
com variações de até ± 1°C. 
Ex.: febre tifoide, endocardite infecciosa, 
pneumonia. 
. Febre irregular ou séptica: picos muito altos 
intercalados por períodos de temperaturas baixas ou 
ausência de febre (apirexia), sem qualquer caráter 
cíclico. 
Ex: septicemia, abscessos pulmonares, epiema 
vesicular, tuberculose e fase inicial da malária. 
 
. Febre remitente: febre diária, com variações de mais 
de 1°C e sem períodos de apirexia. 
Ex.: septicemia, pneumonia, tuberculose. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
9 
 
. Febre intermitente: a hipertermia é ciclicamente 
interrompida por períodos de temperatura normal. 
Ex.: malária. 
. Febre recorrente: período de temperatura normal 
que dura dias ou semanas, seguido por períodos de 
temperatura elevada. 
Ex.: brucelose, doença de Hodgkin, outros linfomas. 
 
Término 
. Crise: desaparecimento súbito, com sudorese profusa 
e prostração. Ex.: malária. 
. Lise: hipertermia desaparece gradualmente. 
 
Febre de origem obscura 
Febre alta, com temperaturas acima de 38,3°C com 
duração de mais de 3 semanas e sem diagnóstico 
definido. A maioria das causas é por infecções (40%), 
seguido de neoplasias (30%) e colagenoses (20%). 10% 
das febres permanece não diagnosticada. 
# Ectoscopia 
É o exame físico geral (somatoscopia/ectoscopia) e 
consiste em inspeção e palpação. 
O paciente deve ser examinado nas posições de 
decúbito, sentado, de pé e andando. O Porto sugere 
que seja obedecida a seguinte sequência para a 
adequada semiotécnica do exame: 
 
Estado geral 
É o que o paciente aparenta, visto em sua 
totalidade. Utiliza-se as terminologias “bom”, “regular” 
ou “ruim”. Um bom estado geral em paciente com 
dooença sabiamente grave indica boa capacidade de 
reação do organismo. 
 
Nível de consciência 
O estado de vigília é a percepção consciente do 
mundo exterior e de si mesmo. Pode ser: 
Lúcido: acordado 
Sonolento: facilmente despertável 
Torporoso: despertar difícil 
Comatoso: não desperta 
Obnubilado: confusão mental 
Para a avaliação do nível de consciência considera-
se os seguintes fatores: 
. Perceptividade: capacidade de responder perguntas 
simples, informar endereço e nome dos familiares e 
atender a ordens. 
. Reatividade: capacidade e reagir a estímulos 
inespecíficos, como virar a cabeça ao ouvir um barulho. 
. Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e 
degluti-los. 
. Reflexos: resposta a reflexos tendinosos, plantares, 
cutâneos, abdominais e pupilares. 
 
Fala e linguagem 
. Disfonia: alteração no timbre da voz causada por 
algum problema no órgão fonador. Voz fanhosa, rouca. 
. Afonia: ausência de voz. 
. Dislalia: alterações menores da fala, mais observadas 
em crianças, como troca de letras (“R” pelo “L”), 
gagueira. 
. Disartria: alterações nos músculos de fonação, 
incoordenação cerebral (fala lenta, arrastada), 
hipertonia no parksonismo (voz baixa e fala monótona 
e lenta), perda do controle piramidal (perda do conrole 
motor, lábios permanecem paralisados na fonação mas 
realizam movimentos involuntários). 
. Disfasia: perturbação na elaboração cortical da fala, 
em diversos graus, desde alterações mínimas até perda 
total da fala. 
 
Estado de hidratação 
Para avaliação do estado de hidratação, leva-se em 
consideração os seguintes parâmetros: perda abrupta 
de peso, alterações na pele, alterações nas mucosas, 
fontanelas (crianças), alterações oculares, estado 
geral. 
Em estado de hidratação normal, em pessoas de cor 
branca, a pele é rósea, com boa elasticidade e leve grau 
Febre cotidiana: febre pela manhã, mas não à tarde 
Febre terçã: um dia com febre e um dia sem febre 
Febre quartã: um dia com febre, dois dias sem febre 
Musculatura 
. Movimentos 
involuntários 
. Enfisema subcutâneo 
. Exame dos linfonodos 
. Veias superficiais 
. Circulação colateral 
. Edema 
. Temperatura corporal 
. Postura ou atitude na 
posição de pé 
. Biotipo 
. Marcha 
. Estado geral 
. Nível de consciência 
. Fala e linguagem 
. Estado de hidratação 
. Altura e outras medidas 
. Peso 
. Estado de nutrição 
. Desenvolvimento físico 
. Fácies 
. Atitude e decúbito 
preferido no leito 
. Pele, mucosa e fâneros 
. Tecido celular subcutâneo 
e panículo adiposo 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
10 
 
de umidade, as mucosas são úmidas, sem alterações 
oculares ou perdas abruptas de peso. 
Na desidratação, há sede, perda abrupta de peso, 
pele seca, mucosas secas, olhos afundados e 
hipotônicos, fontanelas deprimidas, excitação psíquica 
ou abatimento, oligúria. 
 
Altura e outras medidas 
Na prática, a única medida rotineira é a planta-
vértice (planta dos pés até vértice da cabeça). Em 
crianças até 4 anos de idade, mede-se na posição 
deitada, usando-se uma fita métrica. Os valores 
obtidos são comparados com uma tabela que leva em 
conta a idade e o sexo. Idosos possuem altura mais 
baixa (encurtamento da coluna com redução dos 
corpos e discos vertebrais, aumento da curvatura e 
osteoporose). 
Outras medidas que podem ser aferidas em casos 
especiais são: envergadura (distância entre os dedos 
médios com os braços estendidos), distância 
pubovértice (entre a sínfise púbica e o vértice da 
cabeça) e distância puboplantar (entre a sínfise púbica 
e a planta dos pés). 
 
Peso 
O peso também é comparado com tabela que o 
relaciona com idade e sexo. Na ausência de tabela, o 
peso ideal pode ser analisado de acordo com a regra de 
Broca: aproximadamente o número de centímetros 
que excede 1m de altura. Para mulheres, subrai-se 5% 
desse valor. 
O peso máximo normal é obtido aplicando-se a 
mesma regra somado 5-10% ao peso ideal. O peso 
mínimo normal é obtindo aplicando-se a regra de Broca 
e subtraindo-se 5-10% ao peso ideal. 
O índice de massa corpórea (IMC) é utilizado como 
indicador de alterações de peso. 
 
𝐼𝑀𝐶 = 
𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑘𝑔)
𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎2(𝑚)
 
 
Baixo peso < 19,99 kg/m² 
Normal 20 – 24,99 kg/m² 
Sobrepeso 25 – 29,99 kg/m² 
Obesidade I 30 – 34,99 kg/m² 
Obesidade II 35 – 39,99 kg/m² 
Obesidade III > 40 kg/m² 
A medida da circunferência abdominal é feita logo 
acima da crista ilíaca. O excesso de gordura abdominal 
está relacionado com alteraçõesmetabólicas como 
dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão 
arterial, doença arterial coronariana. 
Homens: até 102cm 
Mulheres: até 88cm 
O homem tende a armazenar gordura na região 
abdominal (corpo androide), enquanto a mulher tende 
a acumular gordura na região do quadril (corpo 
ginecoide). 
. Magreza: paciente abaixo do peso mínimo normal. 
Pode ser conformacional (traço genético) ou patológica 
(relacionado a doenças como diabetes tipo 1, 
hipertireoidismo, neoplasias malignas, tuberculose, 
anorexia nervosa, subnutrição. 
. Caquexia: estado de extrema magreza, com 
comprometimento do estado geral do paciente. 
Relacionada à doenças como tuberculose em estado 
grave, cirrose, desnutrição grave, neoplasias malignas, 
AIDS. 
. Sobrepeso e obesidade: paciente acima do peso 
normal máximo. A obesidade tem importância clínica 
pois é acompanhada por distúrbios metabólicos. Na 
obesidade central (androide), a gordura concentra-se 
no tórax e abdome, com deposição de gordura 
subcutânea e intra-abdominal. Está relacionada ao 
diabetes tipo 2, hipertensão arterial e IAM. Já na 
obesidade periférica (ginecoide), a gordura se deposita 
em regiões próximas à pelve, na camada subcutânea, 
favorecendo o aparecimento de celulite mas pouco 
correlacionada com enfermidades. 
Como a maioria das pessoas conhece seu peso, essa 
pergunta deve acompanhar a anamnese, bem como o 
registro das modificações ocorridas ao longo da 
doença. 
 
Estado de nutrição 
Avaliado de acordo com os parâmetros: peso, 
musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento 
físico, estado geral, pele, pelos e olhos. 
Hiponutrição ou desnutrição é quando o peso está 
abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é 
hipotrófica e o panículo adiposo é escasso. A pele 
torna-se seca e rugosa, podendo adquirir aspecto de 
papel de lixa. Na desnutrição proteica, os cabelos 
tornam-se finos e quebradiços. Nos olhos há sequidão 
da conjuntiva, perda do reflexo à luz, falta ou 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
11 
 
diminuição de lágrimas e dificuldade de adaptação à 
luz (hipovitaminose A ou xeroftalmia). 
O critério de Gomez baseia o défict de peso em 
relação ao padrão normal. Essa classificação não leva 
em consideração a altura do paciente e não inclui os 
elementos fornecimentos pelo exame da musculatura 
e panículo adiposo. No entanto, pela simplicidade, é a 
mais aplicada: 
Desnutrição 1º grau Défict de peso 10-24% 
Desnutrição 2º grau Défict de peso 25-39% 
Desnutrição 3º grau Défict de peso > 40% 
 
Fácies 
É o conjunto de dados exibidos na face do paciente. 
Certas doenças imprimem traços característicos. 
. Fácies normal ou atípica: embora não indique 
qualquer enfermidade específica, é preciso identificar 
sinais de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, 
apreensão, felicidade. 
. Fácies hipocrática: olhos 
fundos, parados e 
inexpressivos. Batimentos 
das asas do nariz. Rosto 
suado. Palidez cutânea e leve 
cianose labial. Indica doença 
grave. 
 
 
 
. Fácies renal: edema na região dos olhos e palidez 
cutânea. Observada na síndrome nefrótica e 
glomerulonefrite difusa aguda. 
. Fácies leonina: alterações produzidas pelas lesões da 
hanseníase. Pele espessa e com lepromas (nódulo 
superficial glomerulomatoso típico da lepra) de 
tamanhos variados. Nariz espesso e alargado. 
. Fácies adenoidiana: nariz pequeno e afilado e boca 
sempre entreaberta. Pacientes com hipertrofia das 
adenoides, com dificuldade de respiração pelo nariz 
pela obstrução dos orifícios nasais posteriores. 
. Fácies parksoniana: cabeça imóvel e inclinada para a 
frente. Olhar fixo, supercílios elevados e fronte 
enrugada (expressão de espanto). 
. Fácies basedowiana: 
exoftalmia e rosto magro. 
Expressão com aspecto de 
vivacidade, espanto ou 
ansiedade. Pode ter bócio. 
Característica do 
hipertireoidismo. 
 
 
 
. Fácies mixedematosa: rosto 
arredondado, nariz e lábios 
grossos, pela seca e 
espessada, com acentuação 
dos sulcos. Supercílios 
escassos e cabelos secos e 
sem brilho. Expressão de 
desânimo e apatia. 
Característica de 
hipotireoidismo ou 
mixedema. 
. Fácies acromegálica: saliência das arcadas 
supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e 
maior desenvolvimento do maxilar inferior. Aumento 
do nariz, lábios e orelhas, de modo que olho parece 
pequeno. 
. Fácies cushingoide (lua 
cheia): arredondamento do 
rosto, com acentuação de 
traços faciais. Aparecimento 
de acne. Ocorre na síndrome 
de Cushing, hiperfunção do 
córtex da suprarrenal e uso 
de corticoides. 
 
 
. Fácies mongoloide: prega cutânea na fenda palpebral 
que torna os olhos oblíquos e distantes um do outro. 
Rosto redondo, boca entreaberta, expressão 
fisionômica de pouca inteligência. Observada na 
síndorme de Down. 
. Fácies de depressão: cabisbaixo, olhos com pouco 
brilho e fixos em um ponto distante. O olhar 
permanece voltado para o chão. 
. Fácies pseudobulbar: súbitas crises de choro ou riso 
involuntárias mas conscientes, levando o paciente a 
tentar contê-las. 
. Fácies da paralisia facial periférica: assimetria da face, 
com impossibilidade de fechar as pálpebras, 
repuxamento da boca para o lado são e apagemento 
do sulco nasolabial. 
. Fácies miastênica: ptose palpebral bilateral, 
obrigando o paciente a franzir a testa e elevar a cabeça. 
Ocorre na miastenia gravis e síndrome de Hutchinson. 
. Fácies do deficiente mental: traços faciais apagados, 
boca entreaberta, salivação, olhar desprovido de 
objetivo, olhos não se fixam em nada, lábios em meio 
sorriso que se acentua com estímulo. 
. Fácies etílica: olhos avermelhados e ruborização da 
face. Hálito etílico, voz pastosa e sorriso indefinido. 
. Fácies esclerodérmica (múmia): quase completa 
imobilidade facial devido a alterações na pele que a 
tornam endurecida e aderente aos planos profundos, 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
12 
 
com repuxamento dos lábios, afilamento do nariz e 
imobilização das pálpebras. 
. Fácies tetânica: contratura dos músculos da face 
repuxa os lábios horizontalmente em aspecto de riso 
de zombaria. Contratura impede a abertura da boca. 
. Fácies heredoluética: fronte olímpica e nariz em sela. 
Característico da sífilis hereditária tardia. 
. Fácies mitral: eritema malar bilateral, típico de 
pacientes com lesão da válvula mitral. 
. Fácies lúpica: eritema em vespertílio (asa de 
borboleta) nas regiões malares e dorso do nariz. 
 
Atitude 
Atitude é a posição adotada pelo paciente por 
comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir 
alívio para algum padecimento. As atitudes podem ser 
voluntárias ou involuntárias e o médico deve saber 
distigui-las. Só tem valor diagnóstico aquelas 
involuntárias ou que proporcionam alívio para algum 
sintoma. Se isso não for observado, pode-se dizer que 
o paciente não tem atitude específica ou que ela é 
indiferente. 
Voluntárias 
. Ortopneica: paciente permanece sentado a beira do 
leito, com os pés no chão e as mãos apoiadas no 
colchão. Essa posição alivia a falta de ar decorrente da 
insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites 
volumosas. 
. Genupeitoral (prece maometana): paciente de 
joelhos, com o tronco fletido sobre as coxas e a face 
anterior do tórax e mãos em contato com o colchão e 
rosto apoiado sobre as mãos. Essa posição facilita o 
enchimento do coração em caso de derrame 
pericárdico. 
. Cócoras: posição que oferece algum alívio da hipóxia 
generalizada que acomete crianças com alguma 
cardiopatia congênita cianótica, aumentando o 
retorno venoso para o coração. 
. Parkinsoniana: o paciente portador de Parkinson, ao 
se por de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e 
membros inferiores e, ao caminhar, parece estar 
correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. 
. Decúbito lateral: adotada quando há dor de origempleurítica. Nessa posição, paciente reduz a 
movimentação dos folhetos pleurais do lado sobre o 
qual repousa. 
. Decúbito dorsal: com as pernas fletidas sobre as coxas 
e estas sobre a bacia, é observada em processos 
inflamatórios pelviperitoneais. 
. Deúbito ventral: observada em pacientes com cólica 
intestinal. 
. Posição antálgica da coluna: decúbito com variados 
graus de flexão da coluna são observados em 
lombalgias. 
. Atitude de Blechmann (sinal do travesseiro): paciente 
senta-se na cama, abraça o travesseiro e inclina-se para 
a frente. Alívio da dor da pericardite ou derrame 
pericárdico. 
Involuntárias 
. Passiva: paciente permanece na posição em que é 
colocado, sem contração muscular. Observada em 
pacientes inconscientes ou comatosos. 
. Ortótono: todo o tronco e membros estão rígidos. 
. Opistótono: corpo apoia-se na cabeça e calcanhares, 
formando um arco.Observado no tétano e na 
meningite. 
. Emprostótono: também observado no tétano e na 
meningite, além da raiva, é a contração da musculatura 
para a frente. 
. Pleurostótono: também observado no tétano e na 
meningite e na raiva, é a contração da musculatura 
para o lado. 
. Posição em gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão 
das pernas sobre o corpo e encurvamento do tronco 
para a frente, sendo a cabeça o sinal mais evidente. 
 
Movimentos involuntários 
. Tremor: afeta principalmente a parte distal dos 
memebros. É observado pedindo para o paciente 
estender as mãos com a palma voltada para baixo. 
Outra técnica de observação é pedir para o paciente 
realizar algum movimento, como levar o dedo ao nariz 
ou um copo d’água à boca. 
Repouso 
Atitude ou postura: surge quando o membro é 
colocado em uma determinada posição. Pode ser um 
tremor familiar, regular, fino e acentuado pelas 
emoções. 
Ação: surge ou se agrava com a execução de 
movimentos. 
Vibratório: fino e rápido, como uma vibração. 
Comum no alcoolismo, hipertireoidismo e neurossífilis. 
. Coreia: movimentos involuntários, amplos, 
desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, 
localizados na face, membros superiores e inferiores. 
. Atetose: movimentos das extremidades, lentos e 
estereotipados, lembrando movimentos dos 
tentáculos de um polvo. Decorrente de lesão nos 
núcleos da base. 
. Hemibalismo: movimentos abruptos, violentos, de 
grande amplitude, limitados a uma metade do corpo. 
. Asterix (flapping): movimentos rápidos dos 
segmentos distais que lembram o bater de asas das 
aves. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
13 
 
. Tiques: movimentos involuntários de determinados 
grupos musculares, de característica regular e 
repetitivos. Podem ser motores ou vocais 
Motor simples: grupos musculares isolados, como 
piscamentos, abertura de boca, balanceio da cabeça. 
Motor complexo: padrões elaborados de 
movimentos, como contrações faciais bizarras, desvios 
oculares, pulos durante a marcha, tocar e cheirar 
objetos, gesticulação. 
Vocal simples: limpar a garganta, grunhidos, estalos 
da língua. 
Vocal complexo: palavras ou fragmentos de 
palavras, elementos musicais, repetição de palavras. 
. Convulsões: movimentos musculares súbitos e 
incoordenados, involuntários, paroxísticos. Podem ser 
generalizadas ou localizadas em certos segmentos. 
Tônicas: mantidas permanentes e imobilizarem 
articulações. 
Clônicas: rítimicas, alternando contração e 
relaxamento muscular. 
. Tetania: crises exclusivamente tônicas localizadas nas 
mãos e nos pés. Ocorre nas hipocalcemias e alcalose 
respiratória (hiperventilação). 
. Discinesias orofaciais: movimentos rítmicos, 
repetitivos e bizarros comprometendo face, boca, 
mandíbula e língua, caracterizado por caretas, 
protrusão da língua. 
. Distonias: movimentos atetoides que envolvem 
porções maiores do corpo, inclusive o tronco, 
resultando em posturas grotescas e contorcidas. 
 
Circulação colateral 
Presença de circuito venoso anormal visto sob a 
superfície da pele. No desenho venoso, a rede visível 
está na topografia normal, simétrica e as veias não são 
sinuosas. A circulação colateral indica dificuldade ou 
impedimento de fluxo venoso através dos troncos 
venosos principais. Por isso, o sangue se desvia para as 
colaterais tornando-se um caminho varicante. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para determinar o sentido do fluxo venoso, colocar 
dois dedos indicadores em determinado ponto do vaso 
e pressionar; afastá-los de modo a empurrar o sangue 
presente no vaso para longe do ponto médio, 
objetivando o esvaziamento da veia; soltar um dos 
dedos e observar sentido do enchimento. 
# Icterícia 
Icterícia é uma síndrome caracterizada pela 
elevação da bilirrubina no soro em níveis superiores a 
2mg/100ml, cuja exteriorização clínica principal é a 
coloração amarelada da esclera, mucosa e líquidos 
orgânicos. 
A bilirrubina é proveniente do metabolismo do 
radical heme da hemoglobina. No sistema retículo 
endotelial, o heme é convertido em biliverdina e, 
então, em bilirrubina não conjugada, lipossolúvel. Ao 
cair na circulação, liga-se à albumina e chega ao fígado. 
Nos hepatócitos, a bilirrubina é conjugada ao ácido 
glicurônico, formando a bilirrubina conjugada, 
hidrossolúvel. Ela, então, é encaminhada ao intestino 
junto com a bile. 
No intestino delgado, a bilirrubina conjugada chega 
ao íleo terminal e cólon, onde há produção de 
glucuronidase pelas bactérias intestinais, quebrando o 
ácido glicurônico e desconjugando a bilirrubina. Por 
ação das bactérias intestinais, é convertida em 
urobilinogênio e, em seguida, em urobilina. Enquanto 
90% da urobilina é eliminada com as fezes, 10% retorna 
ao sangue e é excretado através da urina. 
Bilirrubina conjugada: hidrossolúvel; já passou pelo 
fígado; penetra mais facilmente no tecido conjuntivo e 
líquidos orgânicos. 
Bilirrubina não-conjugada: lipossolúvel; não sofreu 
metabolização hepática. Tem afinidade pelo tecido 
nervoso e, no recém-nascido, pode impregnar os 
núcleos da base, levando ao kernicterus, levando à 
morte. 
 
 
 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
14 
 
Patogenia 
Hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) 
Decorre de 4 mecanismos: 
. Aumento da hemólise: produção de bilirrubina em 
grande quantidade e a conjugação não é capaz de 
atender a oferta. Ex.: anemia falciforme, esferocitose, 
anemia hemolítica, deficiência de B12, malária. 
. Deficiência no transporte de bilirrubina ao fígado: 
quanto muitas substâncias competem pela albumina. 
. Deficiência hepática de conjugação da bilirrubina 
. Defeito ou ausência de enzimas que promovem a 
conjugação. São exemplos as síndromes hereditárias 
de Gilbert (conjugação lentificada por deficiência 
enzimática) e de Crigler-Najjar (ausência total da 
enzima, com icterícia muito grave e kernicterus). 
Nesses casos a bilirrubina indireta predomina sobre 
a direta e a icterícia é leve, não ultrapassando os 
5mg/100ml. A icterícia é percebida, em geral, apenas 
nas escleras e, por ser lipossolúvel, não é filtrada pelos 
rins (não há colúria). 
 
Hiperbil irrubinemia conjugada (direta) 
São as causas mais frequentes de icterícia. A 
excreção deficiente de bilirrubina direta pode ter causa 
intra-hepática ou extra-hepática. A icterícia por 
aumento da fração conjugada pode alcançar níveis 
bastante elevados, muitas vezes de evolução 
progressiva. 
 . Intra-hepática: ocorrem a níveis 
hepatocelular e canalicular. Nos níveis hepatocelular, o 
defeito excretório é congênito e seletivo (síndromes de 
Dubin-Johnon e Rotor). Nos níveis canaliculares estão 
as colestases intra-hepáticas familiares. Outras causas 
podem ser externas, como infecções, uso de 
medicamentos, hepatites. 
. Extra-hepática: obstáculo ao fluxo de bile, 
intrínsecas ou extrínsecas à árvore biliar. São exemplos 
a coledocolitíase, colangiteestenosante primária, 
ascaridíase, colangiocarcinoma, câncer de pâncreas, 
papila ou vesícula. 
A hiperbilirrubinemia conjugada tem como 
denominador comum a colúria (por ser hidrossolúvel, 
é filtrada livremente pelos rins). Outro sinal comum é a 
acolia (fezes claras, uma vez que a bilirrubina direta 
não chega ao intestino). 
 
Anamnese 
HDA: avaliar evolução, se constante, progressiva ou 
flutuante. A hepatite pode cursar com mialgias, 
artralgias e exantemas. O câncer pode cursar com 
perda ponderal (diminuição >10% do peso corporal em 
3 meses). 
Colestase: causa obstrutiva. Há impedimento do 
fluxo de bile em direção ao intestino. Tem como 
características a colúria e a acolia. 
Colangite: tríade de Charcot (dor abdominal, febre 
e calafrios) – há lesão na papila e passagem de 
bactérias, com quadro de infecção. 
HPP: uso de medicamentos (inclusive fitoterápicos 
e chás); transfusão de sangue (antes de 1993, os 
bancos de sangue não pesquisavam hepatite C) 
H. Familiar: hepatopatia na família (doença de 
Wilson), doenças hemolíticas (anemia falciforme). 
 
Exames físicos e laboratoriais 
A esclera amarelada é melhor observada na luz do 
dia do que na luz fluorescente. Outro bom lugar de 
observação é a região sublingual. Em casos de icterícia 
de longa duração, a pele pode adquirir coloração 
esverdeada, pela oxidação de bilirrubina em 
biliverdina. 
A doença hepática crônica cursa com ascite, 
ginecomastia, aranhas vasculares (telangiectasia), 
hipertrofia da parótida e unhas de Terry. 
Sinal de Courvosier-Terrier: vesícula biliar palpável 
e indolor em vigência de icterícia obstrutiva. Pode ser 
sinal de tumor periampular (cabeça do pâncreas, 
papila, duodeno e colédoco distal). 
A hipercarotenemia é a impregnação de caroteno, 
conferindo coloração amarelo-alaranjada nas peles, 
mas sem afinidade pelas escleras ou mucosas. 
A dosagem de bilirrubina é feita pela reação de Van 
der Bergh, que consiste na dosagem sérica de 
bilirrubina direta e indireta. Pode ser feita também a 
dosagem de bilirrubina urinária. 
Lesão hepatocelular: aumento sérico das 
transaminases ALT e AST e enzimas intracelulares. Tem 
como causas a hepatite viral aguda, autoimune, 
alcoólica, medicamentosa, isquêmica e doença de 
Wilson. 
Lesão colestática: aumento sérico da fosfatase 
alcalina e gama GT e enzimas canaliculares. Se, no 
exame de imagem, houver dilatação da árvore biliar, a 
causa deve ser extra-hepática. 
A função hepática é medida pelos níveis de 
albumina e tempo de protrombina (TAP). 
 
# Sintomas gastrointestinais 
O sistema digestório abrange cavidade oral, 
esôfago, estômago, intestinos e ânus. Além disso, faz 
parte do sistema digestório o fígado e o pâncreas. 
Assim sendo, o sistema gastrointestinal é capaz de 
gerar sinais e sintomas motores (motilidade), 
inflamatórios e metabólicos. 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
15 
 
Cavidade oral 
. Queilite angular: fissura da pele nos cantos da boca, 
normalmente relacionada à deficiência nutricional, 
com hipovitaminose do complexo B (riboflavina). 
. Aftas: de etiologia desconhecida, são lesões ulceradas 
recidivantes, que aparecem em qualquer região da 
mucosa bucal. Podem aparecer isoladas ou em 
pequenos grupos. 
. Halitose: odor bucal desagradável. Em condições 
normais, o hálito humano não é desagradável. A queixa 
requer exame da cavidade bucal, sistemas respiratório 
e digestivo. 
. Gengivite inflamatória: inflamação gengival causada 
pela ocorrência de placas dentárias consequente à 
falta de higiene. A gengiva livre e as papilas 
interdentárias apresentam-se dolorosas, 
hiperemiadas, edemaciadas, sangrando à palpação. 
. Periodontite: evolução da gengivite inflamatória 
não tratada. Há destruição da crista óssea e osso 
alveolar. O colo dentário fica visível e há pus, halitose e 
aumento da salivação. 
 
Esôfago 
. Disfagia: dificuldade de deglutição. Sua origem pode 
ser orofaríngea (relacionada a um processo 
inflamatório esofagiano) ou nervosa (acometimento da 
artéria cerebral média na região encefálica responsável 
pela inervação esofagiana). 
. Odinofagia: dor à deglutição, geralmente associada à 
disfagia. 
. Dor: distingue-se da odinofagia por não estar 
associada ao ato de ingerir. 
. Regurgitação: volta do alimento ou de secreções 
esofágicas e estomacais à cavidade bucal sem náuseas 
e sem participação de músculos abdominais. 
. Eructação: é o arroto. Ocorre, na maioria das vezes, 
em consequência da ingestão de maiores quantidades 
de ar durante as refeições. No paciente com 
megaesôfago, a eructação pode ser intencional, com 
deglutição de ar para auxiliar a passagem do alimento 
para o estômago. 
. Soluço: causado por contrações clônicas do diafragma 
podendo ser causado por doenças do SNC, estimulação 
reflexa ou em ocasião de megaesôfago e hérnia hiatal. 
. Sialose: produção excessiva de secreção salivar, 
observada em esofagopatias obstrutivas e no 
megaesôfago chagásico. 
. Hematêmese: caracteriza a hemorragia digestiva alta, 
desde a cavidade oral até o ângulo de Treitz. A causa 
mais comum são as varizes esofagianas. Normalmente 
tem grande volume de sangue sem alteração do 
aspecto por secreções gástricas. 
. Refluxo: é fisiológico, exceto quando tem importante 
aumento de intensidade. Como a junção 
gastroesfogágica não é separada por um esfíncter 
anatômico (mas apenas fisiológico), há retorno do 
conteúdo gástrico. 
 
Estômago 
. Dor: a dor visceral pura do estômago é percebida na 
linha mediana do epigástrio, localização dada pela 
maioria dos portadores de úlcera péptica. 
. Náuseas e vômitos: muitas vezes têm origem 
extradigestiva, mas são manifestações comuns de 
doenças gástricas e duodenais. 
. Dor retroesternal: a dor retroesternal aguda leva o 
paciente à emergência com suspeita de doença 
coronariana. No entanto, a esofagite, o vasoespasmo e 
a doença do refluxo gastroesofágico podem provocar 
dor semelhante, necessitando de investigação 
cuidadosa junto ao cardiologista. 
. Pirose: é a azia, dor em queimação intensa na região 
do epigástrio e retroesternal. A causa mais frequente é 
a doença do refluxo esofágico. 
. Dispepsia: odinofagia + dificuldade de digestão, com 
sensação de aprisionamento do alimento na região 
estomacal. Não tem causa definida, mas pode estar 
relacionado a doença na mucosa, como úlceras. 
 
Intestino delgado 
. Dor abdominal: importante caracterizar a localização, 
irradiação, intensidade, modo de início, variações 
cronológicas, fatores de melhora ou piora e 
manifestações associadas. 
. Diarreia: é o aumento do teor líquido das fezes, 
frequentemente associado ao aumento no número de 
evacuações e do volume fecal em 24h. São importantes 
os dados de volume, consistência, aspecto e frequência 
das evacuações. 
. Esteatorreia: aumento da quantidade de gorduras 
excretadas nas fezes. Apenas cerca de 7% das gorduras 
ingeridas diariamente é excretada nas fezes, revelando 
grande capacidade do organismo de absorção desse 
nutriente. A esteatorreia está relacionada com a má 
absorção exclusiva dos lipídeos ou de todos os 
macronutrientes. As fezes adquirem aspecto 
volumoso, brilhante e com tendência a flutuar. 
. Distensão abdominal e flatulência: associados 
especialmente à má absorção. Em geral, esses 
sintomas apresentam-se em conjunto com diarreia, 
esteatorreia ou dor abdominal. 
. Melena: hemorragia digestiva com origem gástrica 
(úlcera péptica) ou intestinal, entre o ângulo de Treitz 
e a válvula ileocecal, com tempo para digestão do 
sangue. As fezes tornam-se enegrecidas, podendo ou 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
16 
 
não guardar uma certa tonalidade avermelhada, além 
de ter odor adocicado. 
 
Cólon, reto e ânus 
. Dor perineal: pode ser investigada ao exame físico por 
inspeção e palpação oucom o auxílio de instrumentos 
simples. Normalmente é originada de lesões agudas na 
região, destacando-se trombose hemorroidária, 
abscessos e fissuras. 
. Tenesmo: sensação de dor no reto e no períneo 
acompanhado por desejo imperioso de defecar. Há dor 
intensa, espasmódica, com impressão de defecação 
abundante mas com eliminação de apenas pequena 
quantidade de fezes ou muco. Ocorre por afecções no 
reto, como inflamação. 
. Disenteria: síndrome com diarreia acompanhada de 
cólicas intensas e fezes mucossanguinolentas, com 
ocorrência de tenesmo ao final de cada evacuação. 
. Constipação: considera-se normal desde 3 
evacuações por dia até uma evacuação a cada 2 dias. 
Quando as fezes ficam retidas por mais de 48h, diz-se 
que há constipação. É importante levar em conta a 
consistência das vezes (duras, ressecadas ou em 
cíbalos – pequenas bolas). A constipação pode ter 
origem mecânica (lesões que ocluem o lúmen), 
neurogênicas, metabólico-hormonais, psicogênicas, 
medicamentosas ou alimentação inadequada. 
. Enterorragia: eliminação de sangue puro, sem fezes, 
pelo ânus. 
. Hematoquesia: filetes de sangue vivo nas fezes, 
podendo ter origem fisiológica, relacionada ao esforço 
para evacuar ou hemorroidas. Indivíduos com mais de 
40 anos podem apresentar diverticulite, que também 
cursa com sangramento anal. 
. Prurido anal: pode ter causas múltiplas, como má 
higiene anal, enterobíase, doenças anorretais 
cutâneas. 
# Cabeça e pescoço 
O exame da cabeça e pescoço sempre deve ser feito 
com o paciente sentado. 
O exame da cabeça e pescoço divide-se em 
inspeção e palpação. A ausculta pode ser realizada para 
avaliação de sopros na carótida (doença 
aterosclerótica), artéria temporal (arterite temporal no 
idoso) e tireoide (bócio ou tumores). 
Torcicolo é a posição antálgica da cabeça, 
caracterizada pelo enrijecimento dos músculos do 
pescoço, limitando os movimentos da cabeça. 
. Sinal de Musset: pulsação extensora da cabeça, 
acompanhando a sístole ventricular, como ocorre na 
insuficiência aórtica. 
. Sinal de Faletti: pulsação flexora da cabeça, como 
ocorre no aneurisma de aorta ascendente. 
 
Crânio 
. Normocefalia: é o crânio normal, sem alterações no 
formato, como abaulamentos e retrações. 
. Macrocefalia: crânio aumentado, com perímetro 
cefálico acima do percentil 98. As causas incluem 
hidrocefalia, raquitismo, cretinismo e tumores. 
. Microcefalia: crânio diminuído, com perímetro 
cefálico menor do que 31,5cm. Dentre as causas, 
encontram-se: encefalopatia hipóxico-isquêmica, 
teratógenos (álcool, drogas), malformações cerebrais, 
síndromes genéticas, infecções congênitas 
(toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus, zika, rubéola). 
. Acrocefalia: cabeça achatada lateralmente e testa 
alongada para o alto, em formato ovalado. 
. Escafocefalia: diâmetro longitudinal do crânio maior 
do que o diâmetro transverso. 
. Braquicefalia: diâmetro transverso do crânio maior do 
que o diâmetro longitudinal. 
. Plagiocefalia: assimetrias no formato craniano devido 
a craniossinostoses (fechamento precoce das suturas). 
. Fronte olímpica: aumento da altura da fronte, 
causado por sífilis congênita, raquitismo, anemia 
hemolítica. 
. Turricefalia: crânio em formato retangular, 
lembrando uma torre. 
. Ruborização da testa: insuficiência aórtica 
. Vasculite de artéria temporal: artéria túrgida e com 
coloração avermelhada, podendo haver sopro. 
No exame do crânio, estão incluídos ainda a 
inspeção da superfície do couro cabeludo em busca de: 
. Tumorações/bossas: edema secundário a compressão 
de vasos locais, tende a regredir com o tempo. 
Cefalohematomas são hemorragias subperiosteais 
restritas a determinado osso. 
. Fontanelas (crianças): hipertensa (hipertensão 
craniana) ou flácida (desidratação). Craniossinostose 
(fechamento precoce das suturas). 
. Lesões dermatológicas: micoses, eczemas 
. Cicatrizes 
. Nódulos 
. Consistência da tábua óssea 
. Cabelos: cor, quantidade, distribuição, implantação, 
textura, padrão de perda. 
Alopécia areata: falha na implantação em pontos 
espalhados (estresse). 
Alopécia sifilítica (clareira): sífilis secundária; não 
cresce cabelo mesmo com tratamento com corticoide. 
Alopécia androgenética: sem perda em regiões 
laterais e posteriores do couro cabeludo 
Alopécia difusa: quimioterapia, lúpus 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
17 
 
Deve-se repartir o cabelo e verificar a presença de 
reentrâncias, protuberâncias, cicatrizes, hematomas, 
cistos sebáceos, nódulos. 
 
Face 
Observar aspecto geral (fácies), pele, olhos, nariz, 
boca e orelhas, avaliando assimetrias, movimentos 
involuntários, lesões, edema, massas, deformidades. 
 
Pele 
Observar textura, espessura, distribuição de pelos, 
cor e pigmentação. 
. Hirsutismo: crescimento de pelos em áreas 
tipicamente masculinas como face, queixo, tórax, 
coxas e triângulo pélvico superior. 
. Hipertricose: aumento generalizado dos pelos, sem 
padrão definido de distribuição, estando presentes 
difusamente em todo o corpo, sendo mais finos e mais 
macios. 
 
Olhos 
Supercílios e sobrancelhas 
. Madarose: rarefação do terço distal dos supercílios, 
comum no hipotireoidismo, hanseníase, esclerodermia 
e sífilis. 
. Sinofris: fusão patológica das sobrancelhas, com 
hiperplasia da porção medial dos supercílios, comum 
na Síndrome de Cornélia Lange. 
 
Pálpebras 
. Edema palpebral (uni ou bilateral): consequente a 
processos inflamatórios locais (presença de sinais 
flogísticos), infestação parasitária, manifestação de 
doenças sistêmicas (nefropatias, endocrinopatias) e 
angioedema (edema de Quinck). 
. Tumor de Pancoast: tumor no ápice do pulmão pode 
comprimir o gânglio estrelado. Há fusão do terceiro 
gânglio simpático cervical com o primeiro gânglio 
torácico – hipoatividade simpática. A manifestação 
clínica é a síndrome de Claude-Bernard-Horner: miose, 
ptose palpebral no lado acometido, anidrose facial, 
enoftalmia. 
. Hordéolo: infecção 
estafilocóccica dolorosa, 
sensível e avermelhada em uma 
glândula da margem palpebral. 
Se assemelha a uma pústula 
(espinha). 
. Calázio: nodulação indolor 
subaguda na face interna da 
pálpebra, comprometendo a 
glândula meibomiana. 
 
. Ptose: queda da pálpebra superior, tem como causas 
a miastenia gravis, lesão no nervo oculomotor (III-NC), 
lesão da inervação simpática cervical (síndrome de 
Horner – ptose acompanhada por miose, anidrose na 
testa ipsilateral e enoftalmia, tendo como causa 
principal o Tumor de Pancoast). 
. Sinal de Romana: edema 
inflamatório bipalpebral 
unilateral que aparece na 
fase aguda da doença de 
Chagas, associado à 
conjuntivite, dacriadenite 
(inflamação da glândula 
lacrimal), aumento 
ganglionar pré-auricular e 
hepatoesplenomegalia. 
. Xantelasma: formações 
cutâneas amareladas bem 
circunscritas, discretamente 
elevadas, nas porções 
nasais de uma ou ambas as 
pálpebras, associadas a 
dislipidemia. 
. Entrópio, Ectrópio: inversão/eversão das pálpebras. A 
pálpebra inferior é mais atingida, mais comum em 
idosos. 
. Lagoftalmia: incapacidade de fechar as pálpebras 
completamente. O sinal de Bell é o levantamento do 
globo ocular na tentativa de fechar a pálpebra. A 
lagoftalmia indica lesão de nervo facial (VII-NC). 
. Telecanto: aumento da distância entre os cantos 
internos dos olhos. 
. Dacrioadenite: inflamação da 
glândula lacrimal, de etiologia 
viral, bacteriana ou micótica. Há 
eritema, dor, edema e tumoração 
no quadrante temporal superior 
da órbita. 
. Dacriocistite: inflamação do saco 
lacrimal. Há edema, dor, eritema 
e tumoração no canto interno do 
olho. Há descompressão do saco 
lacrimal por meio de fístula. 
Uma coisa importante a ser observada é a posição 
das fendas palpebrais. Se inclinadas para cima e para 
fora, indica Síndrome de Down.Se inclinadas para 
baixo e para fora, indica Síndrome de Treacher-Collins. 
 
Olhos 
Observar tamanho, posição, movimentos anormais, 
desvios do olhar, simetria dos olhos na órbita. 
. Exoftalmia, Enoftalmia: deslocamento anterior/ 
posterior dos olhos. Se exoftalmia bilateral, avalia-se 
hipótese de Doença de Graves. Se enoftalmia 
Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 
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unilateral, suspeitar de Síndrome de Claude-Bernard-
Horner. 
. Microftalmia, buftalmia: diminuição/aumento do 
diâmetro ocular. A buftalmia está relacionada ao 
glaucoma congênito. As megalocórneas são córneas 
grandes com diâmetro ocular normal. 
- Esclera: superfície esbranquiçada revestida por 
conjuntiva transparente. Observa-se o tecido 
esclerótico e os vasos. Pode-se averiguar coloração 
amarelada (icterícia) ou azulada (anemia ferropriva). 
- Córnea: transparente, permite a observação de 
estruturas através delas. 
. Opacificação (catarata): em jovens, ocorre nas 
mucopolissacaridoses. 
. Halo senil: halo espessado de coloração azulada não 
patológico em idosos. 
. Anel de Kayser-Fleicsher: alteração pigmentar 
relacionada a doença de Wilson (acúmulo de cobre na 
íris) 
 
 
- Íris: pode apresentar disfunções como hipoplasia de 
íris (tumor de Brushfield) e hipopigmentação 
(síndrome de Down). 
 
- Conjuntiva: local onde é observada palidez, 
hiperemia, edema, hemorragia subconjuntival ou 
secreção mucopurulenta. 
. Pinguécula: nódulo amarelado situado na conjuntiva 
bulbar em qualquer lugar da esclera. 
. Pterígio: espessamento da conjuntiva bulbar que 
cresce sobre a superfície externa da córnea. 
 
- Pupilas: observar miose (< 3mm), midríase (> 5mm) e 
assimetria (anisocoria). 
. Reflexo fotomotor direto: ao incidir feixe de luz sobre 
uma pupila, espera-se contração pupilar ipsilateral – 
NC II (óptico). 
. Reflexo motor indireto (consensual): contração 
pupilar contralateral – NC III (oculomotor). 
. Reflexo de acomodação-convergência: observa foco e 
acomodação das pupilas ao aproximar objetos – NC II, 
III e IV (troclear). 
. Sinal do menisco: sombra em forma de meia-lua do 
lado medial da íris ao incidir luz lateralmente. Indica 
câmara anterior rasa (glaucoma). 
. Hemianopsias: perda de metade do campo visual. 
. Quadrantopsias: perda de quadrante do campo visual. 
 
Seios da face 
Dor à compressão dos seios frontais e maxilares 
pode indicar a presença de sinusite aguda. 
 
Nariz 
Observar tamanho, forma e alterações, como 
conformação da eminência nasal, deformidades, 
perfuração, desvio de septo, ulceração ou 
telangiectasias, além das narinas (simetria, inflamação, 
epistaxe). Além disso, observar a implantação das 
orelhas, visto que pode estar associada com 
cromossomopatias, como Síndrome de Down e Turner 
(linha traçada do canto externo dos olhos até a 
proeminência occipital). 
. Nariz em cela: relacionado a leishmaniose e ao lúpus. 
. Hiposmia/anosmia: diminuição/abolição do olfato. 
 
Orelhas 
Avaliar meato auditivo externo, tamanho, forma, 
posição, rotação, cor da pele e cianose nos lobos. 
. Tofo gotoso: nódulos cutâneos associados a crises de 
gota recidivantes, levando à destruição articular. 
. Otorragia: extravasamento de sangue pelo ouvido. 
. Equimose retroauricular: sinal de Battle – sugere 
fratura de base de crânio. 
 
Boca 
- Lábios: alteração na espessura, volume, cor (palidez 
na anemia, cianose na insuficiência respiratória, 
vermelhidão na queilite, amarelado na icterícia, escuro 
na doença de Addison, manchas hipercrômicas na 
polipose gastrointestinal) 
. Queilite angular: processo inflamatório localizado no 
ângulo da boca podendo estar relacionado à 
deficiência de ferro ou vitamina B12. 
- Cavidade oral: observar coloração da mucosa oral 
avaliando inflamação, presença de aftas ou úlceras, 
placas esbranquiçadas (candidíase). 
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. Mancha de Koplik: 
patognomônica de sarampo. 
Consiste em pequenas 
pápulas esbranquiçadas em 
região eritematosa. 
. Candidíase bucal: placas brancas múltiplas e 
ligeiramente elevadas, semelhantes a leite coalhado. 
Se desprendem facilmente por raspagem, deixando um 
fundo vermelho sangrante e dolorido. 
Observar edema das bordas da gengiva e palato 
duro, gengivite. Importante observar estado de 
conservação dos dentes, verificando ausências, 
manchas, formato, posição e presença de cáries, 
abcessos e próteses. 
. Dentes de Hutchinson: pequenos, espaçados e 
com sulcos localizados nas faces posteriores. Surgem 
na forma tardia da sífilis congênita, após os 2 anos de 
idade. 
. Bruxismo: desgaste das cúspides dentárias. 
 
- Língua: avaliar volume, aspecto geral, cor, brilho, 
textura, umidade, movimentos, estado das papilas. 
. Língua lisa e despapilada: anemias carenciais/ 
hipovitaminose. A vitamina B12 é importante para o 
processo de duplicação do DNA e replicação celular. 
Com a diminuição da Vit B12, a replicação celular fica 
comprometida e tecidos com alta taxa de renovação 
celular são prejudicados: medula óssea, papilas 
gustativas, TGI. 
. Língua saburrosa: acúmulo de substância branco-
acinzentada na superfície dorsal da língua. Não tem 
importância clínica. Aparece em pacientes febris, 
desidratados e tabagistas (adquire coloração castanha) 
. Língua geográfica: uma 
ou mais áreas irregulares 
de descamação na 
superfície dorsal da 
língua. Lesões se iniciam 
por máculas 
avermelhadas, não 
endurecidas, com bordas definidas e esbranquiçadas 
de aspecto circinado. Lesões dolorosas a alimentos 
salgados, ácidos e condimentados. 
. Língua pilosa: alongamento das papilas filiformes, 
caracterizada pelo aspecto branco piloso da superfície 
dorsal da língua. Os alongamentos podem ser corados 
de castanho ou preto (tabaco, álcool, microrganismos). 
 
Pescoço 
. Pescoço de Stokes: pescoço edemaciado, cianótico, 
com veias jugulares externas ingurgitadas. Compressão 
da veia cava superior e estase venosa consequente a 
ocupação mediastínica por tumores, adenopatias ou 
aneurisma da aorta. 
. Torcicolo: espasmo tônico e doloroso da musculatura 
do pescoço limitado a um só lado (ECM e trapézio). As 
causas incluem posição viciosa, frio, processos 
inflamatórios ou traumáticos, abscessos cervicais 
agudos e torcicolo congênito. 
. Rigidez da nuca: impossibilidade de encostar o queixo 
no esterno. Presente na meningite e na hemorragia 
subaracnóidea, sendo o sinal mais precoce de irritação 
meníngea. 
. Persistência do canal tireoglosso: tumoração cística 
localizada na parte média do pescoço que sobe com a 
movimentação da língua. 
. Sialadenoses: tumefações moles, indolores e 
bilaterais das parótidas, representando afecções 
metabólicas das glândulas salivares. 
. Caxumba: aumento unilateral do volume da parótida. 
 
Vasos sanguíneos 
. Distensão bilateral pulsátil das veias jugulares: 
hipertensão venosa na insuficiência cardíaca 
. Distensão bilateral não pulsátil das veias jugulares: 
obstrução da veia cava superior 
. Sinal de Hirtz: palpação da aorta na fúrcula esternal 
por dilatação ou aneurisma da aorta 
. Sinal de Oliver-Cardarelli: percepção da pulsação para 
baixo após elevação manual da cartilagem cricoide 
 
Gânglios linfáticos 
Para a palpação dos gânglios linfáticos, utiliza-se a 
ponta dos dedos indicador e médio, deslocando a pele 
sobre os tecidos subjacentes em cada região com 
movimentos rotatórios e suaves. O paciente deve estar 
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relaxado, com o pescoço levemente fletido para a 
frente e levemente fletido para o lado examinado, de 
modo a relaxar a musculatura. 
Os gânglios são caracterizados quanto à localização, 
tamanho, formato, delimitação (isolados ou fundidos), 
mobilidade, temperatura, consistência (pétrea ou 
elástica), hipersensibilidade,

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