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Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 1 Resumo Semiologia # Anamnese A anamnese é uma entrevista realizada com o intuito de registrar os fatos relacionados à doença e ao paciente; é o pilar do trabalho do médico e, quando bem-feita, acompanha decisões diagnósticas e terapêuticas importantes. A anamnese pode ser coletada deixando o paciente falar livremente suas queixas, sem interferência; conduzindo tecnicamente a entrevista, de modo a objetiva-la; ou por uma mistura dos dois procedimentos. São objetivos da anamnese: . Estabelecer uma boa relação médico-paciente . Conhecer os determinantes epidemiológicos do paciente que influenciam na doença . Fazer a história clínica do paciente . Avaliar detalhadamente os sintomas de cada sistema . Avaliar o estado de saúde do paciente, conhecendo fatores pessoais, familiares, sociais e ambientais que influenciam a doença . Conhecer os hábitos de vida do paciente Elementos da anamnese - Identificação: perfil sociodemográfico do paciente. - Queixa principal (QP): o motivo que levou o paciente a buscar atendimento médico, se possível, usando as mesmas expressões usadas pelo paciente. Erro comum é o paciente se diagnosticar e o médico utilizar esse “diagnóstico” como queixa principal. Ideal é registrar um sinal ou sintoma que fez o paciente buscar atendimento, como “dor no ombro”. - História da doença atual (HDA): registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica. É a parte principal da anamnese e chave para se chegar a um diagnóstico. Sintoma-guia: sinal ou sintoma que permite recompor a HDA mais facilmente. Os outros sinais e sintomas que o paciente porventura apresentar se ligam ao sintoma-guia como galhos em um tronco de árvore. - História patológica pregressa (HPP): relaciona doenças anteriores, alergias, vacinas, cirurgias prévias, doenças crônicas e medicamentos utilizados. Para todos os dados coletados na anamnese, a ordem cronológica é importante, por isso pergunta-se sobre o tempo. - História fisiológica: análise de marcos do desenvolvimento. Gravidez materna: como decorreu a gravidez, nasceu a termo ou prematuro, uso de medicamentos pela mãe, número de irmãos Desenvolvimento sexual: puberdade, sexarca, menarca, ciclo menstrual, menopausa, gestações, abortos, vida sexual (qualidade, frequência, queixas, orientação sexual) Padrão urinário e de evacuação Sono: qualidade, número de horas, estado ao acordar - História familiar: estado de saúde, quando vivos, dos pais e irmãos; cônjuge e filhos. Perguntar se tem alguém doente na família (doença e grau de parentesco). Em caso de falecimento, indicar causa do óbito e idade em que morreu. Presença de enxaqueca, diabetes, doença arterial coronariana, AVE, dislipidemia, úlcera péptica, colelitíase e varizes, que são doenças de caráter familiar. - História pessoal: hábitos e estilo de vida do paciente. Nome Idade Gênero Cor (branca, parda ou preta) Estado civil Profissão Local de trabalho Naturalidade Procedência Residência Responsável (se tiver) Religião Escolaridade . Início dos sintomas . Forma de início (súbito, progressivo, fator desencadeante) . Características do sintoma . Localização do sintoma . Ritmo (periodicidade) . Período (associado a alguma hora do dia, como ao acordar, após o almoço, etc) . Fatores de alívio de agravo (posição, ingesta de alimento ou água, movimentos) . Evolução . Situação atual (estado do paciente no momento da anamnese) Com quem mora Animais de estimação Habitação (água encanada, esgoto, tipo de estrutura da casa) Profissão Hobbies Atividade física Lazer Vida social Hábitos de higiene Álcool, tabaco, drogas Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 2 - Revisão de Sistemas: exame clínico e físico de cada sistema. - Hipótese diagnóstica: síndrome que mais provavelmente está relacionada ao quadro analisado. # Edema É o acúmulo anormal de líquido no espaço intersticial. Para que o edema ocorra, deve haver uma quebra nos mecanismos que controlam a distribuição do volume de líquido no espaço intersticial. O fluxo dos fluidos no leito capilar depende da diferença entre as pressões hidrostática e oncótica ao longo do vaso. Na extremidade arterial do capilar, a pressão hidrostática no interior do vaso é maior do que a pressão oncótica, acarretando a saída de fluido para o interstício. Por outro lado, conforme o fluido vascular extravasa do vaso, a concentração plasmática aumenta, acarretando aumento na pressão oncótica, que fica maior que a pressão hidrostática, levando à inversão do fluxo de fluido. O fluido que permanecer no interstício é drenado pelos vasos linfáticos. A figura abaixo resume as principais alças fisiológicas de controle do volume extracelular. Os rins atuam não só como principal efetor no balanço de água e sódio, mas também como um importante sensor, levando ao SNC informações sobre o volume extracelular (volume e pressão, nas arteríolas aferentes) e concentração de sódio no interior dos túbulos renais (mácula densa). O volume de sangue arterial efetivo (VSAE) representa o volume de sangue necessário para manter o retorno venoso, perfusão tecidual e débito cardíaco dentro de valores normais. A redução no SVAE ativa mecanismos que atuam no sentido de reter água e sódio. Fisiopatologia Edemas generalizados são acompanhados de aumento de peso (o edema generalizado é detectável a partir de aumento de 4-5% do peso). Anasarca é uma forma avançada de edema, que se espalha por todo o corpo, inclusive o rosto. O sinal do cacifo é a depressão formada pela compressão da região pré-tibial com o polegar. Caso essa depressão desapareça em um tempo menor do que 15seg, suspeita-se de baixa pressão oncótica (albuminemia). Tempos maiores sugerem aumento da pressão hidrostática. O sinal do cacifo é avaliado em uma escala de cruzes, variando de + a ++++. . Baixa pressão oncótica: diminuição na concentração de proteínas plasmáticas. Resultado da perda excessiva (síndrome nefrótica, lesões gastrointestinais) ou diminuição da produção (síndrome hepática, desnutrição). . Alta pressão hidrostática: aumento do volume de líquido vascular. Predomina em doenças como: insuficiência cardíaca congestiva, insuficiência renal (síndrome nefrótica, síndrome nefrítica), estrogênio e corticosteroides (gravidez), anti-inflamatórios e drogas ricas em Na+ ou edema iatrogênico (reposição hidrossalina inadequada). Edemas localizados . Erisipela: resultado de inflamação, com aumento da permeabilidade do leito capilar. Edema quente, duro, eritematoso e doloroso. . Trombose venosa profunda (TVP): obstrução do fluxo venoso profundo, com aumento da pressão venosa como consequência da tríade de Virchow (ativação da coagulação, lesão endotelial e estase venosa). Há formação de edema assimétrico no membro acometido, podendo ou não vir acompanhado de inflamação (tromboflebite). . Linfedema: obstrução do fluxo linfático, resultante de filariose ou remoção de linfonodos em mastectomias. Edema assimétrico e duro. Edemas generalizados Síndrome nefrítica Mecanismo de lesão do glomérulo renal, que para de funcionar. Há redução na taxa de filtração glomerular, com diminuição da excreção renal de Na+ e retenção de água, além do aumento da permeabilidade capilar. A gravidade do edema é Geral Pele Cabeça e pescoço Tórax Abdômen e pelve Aparelho vascular Membros Sistema neurológico Mente Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 3 proporcional à diminuição na taxa de filtração glomerular. Há disfunção renal de início abrupto, hematúria, oligúriae hipertensão arterial. Edema discreto a moderado (+ a ++), mole, inelástico, indolor, pele com temperatura normal ou ligeiramente reduzida. Há edema renal periorbitário matinal mole, frio e inelástico (fácies renal). Síndrome nefrótica Presença de lesões específicas na membrana basal glomerular e/ou pedicelos das células epiteliais glomerulares que acarretam em aumento da permeabilidade glomerular às macromoléculas. Isso resulta em filtração das proteínas plasmáticas (proteinúria), manifestando-se com urina espumosa e edemas. O edema é resultado da diminuição da pressão oncótica do plasma, acarretando menor reabsorção do fluido intersticial. A hipoproteinemia resultante da perda urinária de proteínas leva ao catabolismo da albumina, agravando o quadro (hipoalbuminemia). O extravasamento de fluido plasmático para o interstício leva à redução do volume intravascular, levando à redução do DC e diminuição da perfusão renal. A redução da perfusão renal ativa o SRAA, aumentando a retenção de Na+ e água (hiperaldosteronismo secundário). Há edema importante (+++ a ++++) mole, inelástico, indolor e pele com temperatura normal ou ligeiramente reduzida. Há edema renal periorbitário matinal mole, frio e inelástico (fácies renal). Edema cardíaco O edema cardíaco é resultado da diminuição do DC em função da falência do miocárdio. Como resultado, há aumento da pressão venosa sistêmica ao mesmo tempo em que se reduz o VSAE. O volume de sangue que irriga os átrios cardíacos, o VE, o arco aórtico, o seio carotídeo e a arteríola aferente renal é crítico para o controle da volemia pois possuem sensores de volume e pressão. Assim, a redução no VSAE ativa o SRAA, levando à retenção de Na+ e água. A diminuição do DC na insuficiência cardíaca leva ao aumento da pressão venosa e desequilíbrio das forças de Starling nos capilares periféricos, prevalecendo a pressão hidrostática intravascular, favorecendo a formação de edemas. O edema cardíaco é generalizado, ascendente, simétrico, sem sinais flogísticos, predominando nos MMII. É um edema vespertino. Varia de + a ++++, é mole, inelástico, indolor e pele é lisa e brilhante. Insuficiência hepática O processo cirrótico é a resposta hepática a vários tipos de agressão, levando à alteração na função hepática em decorrência da fibrose formada. A destruição da arquitetura lobular, canalículos e vasos dificulta o fluxo de linfa e sangue nos sinusoides hepáticos, resultando em aumento da pressão no território venoso e linfático – hipertensão portal. Há formação de circulação colateral e aprisionamento do sangue em território mesentérico. A diminuição do fluxo de sangue na VCI resulta em diminuição no VSAE e consequente ativação do SRAA. Além disso, o fígado é responsável pela síntese de albumina, principal proteína plasmática e maior responsável pelo controle oncótico do plasma. Em processo cirrótico, há hipoalbuminemia. O edema da cirrose hepática é generalizado mas quase sempre discreto (+ a ++), predomina nos MMII, podendo haver transudação de líquido para a cavidade peritoneal (ascite). É mole, inelástico e indolor. Mixedema É a deposição de substância mucopolissacarídea (glicoproteínas) no espaço intersticial, resultando em certa retenção de água. É um edema leve a moderado, duro (pouco depressível), inelástico e pele clássica da hipofunção tireoidiana (pele opaca, seca, descama com facilidade). # Dor “Desagradável experiência sensorial e emocional associada a uma lesão tecidual já existente ou potencial, ou relatada como se a lesão existisse”. A dor compreende 3 mecanismos básicos: transdução, transmissão e modulação. Transdução da dor É o mecanismo de ativação dos nociceptores, através da transformação de um estímulo em potencial de ação. Os nociceptores são as terminações nervosas de fibras mielínicas dos tipos A-delta (estímulos mecânicos e térmicos) ou amielínicas do tipo C (estímulos mecânicos, térmicos e químicos). Os estímulos mecânicos e térmicos, além de estimularem os nociceptores, promovem dano tecidual e vascular local, liberando ou formando uma série de substâncias que atuam em nociceptores sensíveis a elas. No ser humano, o estímulo isolado de fibras A-delta cutâneas produz dor em pontada; de fibras C cutâneas, dor em queimação; e de fibras A-delta e C musculares, dor tipo câimbra. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 4 Admitindo-se que a dor seja um sinal de alarme, o estímulo que provoca a dor em um tecido é aquele que, em geral, é capaz de lesioná-lo (por exemplo, estiramento e isquemia no tecido muscular, movimentos extremos no tecido articular, etc). Transmissão da dor É o conjunto de vias e mecanismos que permite que o impulso nervoso gerado nos nociceptores seja conduzido para regiões do SNC responsáveis pelo reconhecimento da dor. Fibras A-delta e C periféricas: prolongamentos periféricos dos neurônios aferentes situados nos gânglios espinais e de alguns nervos cranianos. Fibras A-delta e C viscerais: cursam por nervos autonômicos simpáticos (cardíaco, esplênico) e parassimpáticos (vago, glossofaríngeo). Os prolongamentos centrais dos neurônios pseudounipolares adentram na medula espinal pelo corno dorsal. Dos neurônios do corno dorsal originam- se vias nociceptivas que podem ser divididas em: . Vias do grupo lateral: tratos espinotalâmico lateral, trigeminotalâmico, espinocervicotalâmico. Terminam em núcleos talâmicos, de onde partem radiações para o córtex somestésico. Estão envolvidas com o aspecto sensorial-discriminativo da dor. . Vias do grupo medial: tratos paleoespinotalâmico, espinorreticular e espinomesencefálico. Terminam no tálamo medial após sinapse na formação reticular. Do tálamo medial partem radiações difusas para todo o córtex cerebral. Estão relacionadas com o aspecto afetivo-motivacional da dor. Modulação da dor A modulação da dor é realizada por vias e centros responsáveis pela supressão da sensação de dor. Essas vias modulatórias são ativadas pelas vias nociceptivas. De acordo com a teoria do portão da dor, enquanto fibras amielínicas (C) e mielínicas finas (A-delta) conduzem sensibilidade termoalgésica, as fibras mielínicas grossas (A-alfa e A-beta) conduzem as demais formas de sensibilidade. Segundo essa teoria, a ativação de fibras mielínicas grossas excitaria interneurônios inibitórios para os aferentes nociceptivos, impedindo a passagem dos impulsos dolorosos. Esse mecanismo explica porque a massagem em uma área dolorosa alivia a dor. A dor não é apenas um estímulo álgico, mas também envolve uma série de reações reflexas, emocionais e comportamentais. Aspecto afetivo-motivacional da dor As vias nociceptivas do grupo medial estão relacionadas com a formação reticular do tronco cerebral, hipotálamo, tálamo e sistema límbico, estruturas comprometidas com a regulação das emoções e do comportamento, incluindo a dimensão afetiva (experiência ruim, medo) e motivacional (reação de fuga). Aspecto cognitivo-avaliativo da dor Está relacionado com a associação da dor a polaridades como prazer/castigo e bom/mau. As informações e experiências são armazenadas e, a partir da avaliação e julgamento desses dados, o indivíduo julgará aquilo que entende como dor. O impulso doloroso chega ao córtex somestésico pelas vias nociceptivas do grupo lateral, onde a informação é processada. Essa informação, juntamente com outras informações de outras naturezas, é integrada nas áreas corticais associativas (neocórtex temporal). Então, os componentes da memória são ativados em busca de experiência similar e entra em ação o julgamento da experiência sensorial, quando é definida como dolorosa ou não. A intensidadeda dor depende de uma série de fatores (amplitude do estímulo álgico, grau de atenção ou distração, estado emocional, aspectos culturais e religiosos), que indicam se o estímulo será considerado intenso ou não, a partir desses aspectos e das circunstâncias da dor. Fisiopatologia da dor Dor nociceptiva Causada pela ativação de nociceptores e pela transmissão dos impulsos gerados até as regiões do SNC. É a dor secundária a agressões externas, dor visceral, neuralgia do trigêmeo, dor da artrite, da invasão neoplásica, etc. Começa simultaneamente ao início do fator causal, que pode ser identificado. A remoção do fator causal culmina com o alívio da sensação dolorosa. Não há déficit sensorial e a distribuição da dor é correspondente às fibras estimuladas. Pode ser espontânea ou evocada. A dor espontânea são aquelas do tipo pontada, facada, agulhada, latejante, contínua, dolorimento. Sugere lesão tissular. Já a dor evocada é desencadeada com manobras como a manobra de Lasègue, estiramento da raiz nervosa, elevação do membro afetado, etc. Dor neuropática Dor por lesão neural, por desaferentação (privação de um neurônio de suas aferências) ou central (secundária a lesões no SNC). É um tipo de dor gerado dentro do SNC, independentemente de qualquer estímulo interno ou externo. A secção do trato neoespinotalâmico agrava a dor neuropática. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 5 Pode apresentar-se de forma constante, intermitente e evocada. A dor constante ocorre em praticamente 100% dos casos, sendo descrita como dor em queimação ou dormência. A dor intermitente é relatada como dor em choque, aguda. Decorre da ativação de vias nociceptivas pela cicatriz formada no foco lesional. É solucionada com a secção completa da via neoespinotalâmica ou neotrigeminotalâmica. A dor evocada se deve aos rearranjos sinápticos decorrentes da desaferentação. Essa reinervação das fibras nociceptivas pode ser feita por fibras aferentes táteis e uma sensação que antes não era dolorosa, como o toque, passa a produzir sensação desagradável (alodínia). Outra manifestação da dor evocada é a hiperpatia, que é o aumento da sensibilidade à dor. Dor mista Decorre dos mecanismos nociceptivo e neuropático. Ocorre em dor por neoplasias malignas. Dor psicogênica É uma dor gerada puramente por meios psíquicos. Tende a ser difusa, generalizada e imprecisa. Pode ser localizada, se o paciente tem estrutura que julga doente. Pode mudar de localização sem razão aparente e, quando irradiada, não segue o trajeto de qualquer nervo. Sua intensidade é variada e agravada dependendo do estado emocional do paciente (contestado por ele). Costuma ser descrita de maneira dramática. É possível estabelecer concomitância de um evento negativo do paciente e o início da dor. Tipos de dor Dor somática superficial Dor nociceptiva decorrente da estimulação de nociceptores superficiais (tegumento). Tende a ser bem localizada e apresentar-se de maneira distinta de acordo com o estímulo aplicado. Dor somática profunda Dor nociceptiva profunda decorrente da ativação de nociceptores nos músculos, fáscias, tendões, ligamentos e articulações. É mais difusa que a dor somática superficial, apresenta localização imprecisa, mas de intensidade proporcional ao estímulo causal. Dor visceral Dor nociceptiva decorrente da estimulação de nociceptores viscerais. Tem características similares às da dor somática profunda, ou seja, é difusa e descrita como um dolorimento, que tende a acentuar-se com a solicitação funcional do órgão acometido. Pode ser decorrente do comprometimento da própria víscera; comprometimento secundário do peritônio ou pleura parietal; irritação do diafragma ou dor nervo frênico; ou reflexo viscerocutâneo (dor referida). A dor referida é uma sensação dolorosa superficial que está distante da estrutura profunda cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Obedece à distribuição metamérica. Uma explicação para isso é o fenômeno de convergência de impulsos dolorosos viscerais e somáticos e profundos. Dor irradiada Dor sentida a distância da sua origem, que ocorre em estruturas inervadas pela mesma raiz nervosa cuja estimulação nóxica é responsável pela dor. Dor aguda e crônica A dor aguda atua como um sinal de alerta, informando ao cérebro que algo está errado. Desaparece com a remoção do fator causal e resolução do processo patológico. A dor crônica persiste por um período de tempo superior ao necessário para a cura de um processo mórbido. Está associada a afecções crônicas ou decorre de lesão no sistema nervoso. Determina estresse, sofrimento e perda na qualidade de vida. Semiologia da dor . Localização: região onde o paciente sente a dor. . Irradiação: a dor pode ser localizada, irradiada ou referida. . Qualidade ou caráter: é a descrição da dor pelo paciente, dizendo o tipo de emoção ou sensação que a dor lhe traz. Definir se a dor é espontânea ou evocada. A dor constante nunca desaparece completamente, embora sua intensidade possa variar. A dor intermitente ocorre episodicamente (é diferente da exacerbação da dor constante). . Intensidade: é o componente que representa a maior importância para o paciente. Por se tratar de experiência subjetiva, sua qualificação é baseada em critérios rígidos. Normalmente, usa-se escala de 0 a 10, sendo 0 a ausência de dor e 10 a dor mais forte que já sentiu. . Duração: determinar com máxima de precisão o início da dor. Dependendo da duração, pode ser classificada como aguda ou crônica (dura mais de 3 meses). . Evolução: investigação de como a dor evoluiu desde o seu aparecimento até o momento da anamnese. . Relação com funções orgânicas: relação avaliada de acordo com a localização da dor e órgãos e estruturas localizados na mesma área (respiração, micção, evacuação, caminhar, etc). Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 6 . Fatores desencadeantes ou agravantes: fatores que desencadeiam a dor ou que a agravam (levantar o membro, ingestão de determinados tipos de alimento, etc). . Fatores atenuantes: fatores que aliviam a dor, como algumas funções orgânicas, posturas ou atitudes que resguardam a estrutura ou o órgão onde esta é originada. . Manifestações concomitantes: a dor aguda nociceptiva costuma acompanhar-se de manifestações como sudorese, palidez, taquicardia, mal-estar, náusea. # Sinais vitais São fundamentais para a avaliação do estado físico do paciente. Temperatura . Locais de aferição de temperatura: axila, boca, reto, esôfago, prega inguinal, membrana timpânica (mais fiel à temperatura real do corpo). . Valores normais de temperatura: Axilar: 35,5°C – 37,0°C Oral: 36,0°C – 37,4°C Retal: 36,5°C – 37,5°C . Sinal de Lenander: diferença > 1°C entre as temperaturas axilar e retal (com maior temperatura retal), indicando infecção abdominal (apendicite). As diferenças > 1°C entre as temperaturas de locais de aferição distintos podem indicar doença inflamatória pélvica (apendicite). Diferenças < 1°C, indicam isquemia mesentérica. . Sinal de Faget: dissociação pulso-temperatura. Normalmente, a cada 1°C de aumento de temperatura, há aumento de 10bpm na FC. Quando o aumento da FC não acompanha o aumento de temperatura, chama-se esse achado de sinal de Faget. É carcaterístico de febre tifoide e uso de β-bloqueadores. Ex.: 36°C →70bpm; 37°C →80bpm; 38°C → 90bpm Pulso Podem ser usados diversos sítios, sendo o radial, braquial, carotídeo e femoral os mais usados. Também pode-se usar o poplíteo, tibial anterior e posterior e dorsal do pé. Quanto mais central o pulso, mais fácil a avaliação. O pulso deve ser palpado simetricamentee deve-se observar possíveis diferenças. . Frequência: a frequência normal de pulso está entre 60 e 100bpm; se < 60bpm, diz-se que o paciente é bradicárdico, se > 100bpm, diz-se que paciente é taquicárdico. A técnica de contar 15 ou 30seg e depois multiplicar é muito usada, mas pode originar erros. Deve-se contar 1min. . Ritmo: pode ser regular ou irregular. Ritmos irregulares podem ser fisiológicos ou patológicos. . Amplitude: variação do diâmetro da artéria a cada pulsação. Pode ser parvus (baixo DC, como estenose aórtica, choque) ou célere (insuficiência aórtica). . Frêmitos e sopros: sopro refere-se ao fluxo turbilhonado do sangue no vaso e o frêmito refere-se à sensação tátil do sopro auscultado. O frêmito é sinal de gravidade do sopro. . Contorno da onda de pulso: o pulso traça uma onda normal que corresponde aos fluxos de sístole e diástole. As ondas podem ser: Pulso anacrótico (parvus et tardus): onda baixa e atrasada. Onda demora para subir e desce rápido. Ocorre em estenose aórtica. Pulso em martelo d’água (amplo): oposto do pulso anacrótico. Onda fica mais estreita e com maior amplitude. Há “pancadão” de pressão. Ocorre na insuficiência aórtica. Pulso bisferiens: há duplo pulso sistólico, ambos no ápice da onda de pulso. Típico da cardiomiopatia hipertrófica. A principal manifestação da CMP Hipertrófica é a morte súbita em idade tenra. O pico duplo ocorre pela assimetria da hipertrofia, prejudicando o fluxo coronariano. Pode ocorrer por associação de estenose com insuficiência aórtica. Pulso dicrótico: há dupla onda em cada pulsação, sendo a primeira mais intensa e nítida e a segunda de menor intensidade, logo depois. Ocorre em febre tifoide e em outras síndromes febris. Pulso bigeminado: há extrassístole no período refratário relativo. Em seguida, há pausa prolongada pelo aumento do período refratário. Ocorre na extrassístole ventricular bigeminada. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 7 Pulso alternante de Traube: é caracterizado pela alternância de pulsação de pequena amplitude com pulsação de grande amplitude. Significa que os volumes sistólicos estão diferentes. Encontrado em insuficiência cardíaca esquerda, arritmia, ventilação mecânica. Pulso irregularmente irregular: frequência e amplitude das pulsações é irregular. Há dissociação pulso – pré- córdio (ritmo cardíaco diferente do pulso). Sugestivo de fibrilação atrial – átrio em fibrilação não contrai, balança. VE com frequência aumentada com volume sistólico variável. Pulso paradoxal de Kussmaul: o pulso arterial desaparece ou fica muito pequeno durante a inspiração profunda. Há diminuição na pressão arterial sistólica > 10mmHg durante a inspiração (na inspiração aumenta o retorno venoso e diminuição da cavidade do VE impede a compensação, levando à queda do débito sistólico). Típico de paciente com pericardites constritivas, ocorrendo também no tamponamento cardíaco. Pressão Arterial Sistêmica (PAS) A pressão arterial é um binômio entre o DC (volume sistólico x FC) e RVP. Enquanto o DC é responsável pela pressão arterial sistólica, o RVP é resposável pela pressão arterial diastólica. Deve sempre ser aferida simetricamente. Pressão de pulso ou pressão diferencial é a diferença entre PA sistólica e PA diastólica, que deve ficar entre 30 e 60mmHg. A pressão de pulso, então, pode ser convergente (quando a diferença < 30mmHg) ou divergente (quando a diferença > 60mmHg). Uma pressão de pulso convergente indica perda de volume (desidratação, hemorragia, restrição à ejeção) e a pressão de pulso divergente indica aumento da pós- carga no VE. Na posição ortostática, a PAS nos MMII costuma ser 20mmHg maior do que nos MMSS. Se a pressão nos MMSS > MMII, suspeita-se de coarctação da aorta. Pelo método da palpação, é possível determinar a pressão arterial sistólica. Ao sentir o pulso da artéria radial, insulflar o manguito até que este desapareça. Desinsulflar lentamente até sentir novamente. Esse primeiro pulso é a pressão arterial sistólica. No método da ausculta, ao desinsulflar o manguito, o primeiro som escutado é a pressão arterial sistólica. O último som a ser escutado é a pressão arterial diastólica. Os sons de Korotkoff incluem 5 fases. Em pacientes com HAS, idosos ou com estenose aórtica, o sopro característico da fase 2 pode desaparecer, dando origem ao hiato auscultatório. A PAS deve ser verificada nas 3 posições (deitado, sentado e em pé). Quando o paciente sai de uma posição deitado para uma posição em pé, por exemplo, a gravidade faz com que parte do sangue circulante acumule-se nos MMII. Essa queda de volume é percebida pelos sensores no arco aórtico e no seio carotídeo, que regulam os batimentos para controlar a PAS. Assim, embora pequenas variações sejam esperadas, queda na pressão sistólica > 20mmHg caracteriza hipotensão postural. As pressões aferidas nos lados direito e esquerdo devem ter variação < 10mmHg. Se a diferença > 10mmHg, suspeita-se de aneurisma aórtico dissecante. A pseudo-hipertensão ocorre pelo enrijecimento das artérias, que podem estar calcificadas. Mais comum no idoso. Para detectar, insufla-se o manguito até desaparecer o pulso da artéria radial, que passa a ficar palpável (manobra de Osler). Frequência respiratória Em adultos, a frequência respiratória normal encontra-se entre 12 e 20 incursões por minuto (ipm). Frequência < 12 ipm indica bradipneia; frequência > 20 ipm indica taquipneia. A frequência respiratória deve ser aferida discretamente, sem que o paciente perceba. Uma dica é contar enquanto palpa o pulso do paciente. Apneia é a cessação das incursões respiratórias. Quando percebido, esse tempo deve ser anotado. Hiperpneia é o ato de respirar profundamente. A relação inspiração/expiração deve ser de 2:1. Em DPOC, essa relação está invertida, servindo como sinal de alerta. Tipos de respiração: Eupneia: ritmo normal, com incursões de amplitudes semelhantes, com algumas hiperpneias isoladas. Respiração de Cheyne-Stokes: típico da insuficiência cardíaca. Como o tempo de circulação é mais lento, teria atraso na transmissão de pCO2 para o SNC. Assim, paciente faz hiperpneia e algumas incursões cada vez menores até a apeneia. É um sinal de gravidade da IC. Respiração de Biot: não tem padrão percebido. Há períodos de apneia e hiperventilação intercalados. Tem relação com doença no SNC (AVE, TCE). Sinal de mau prognóstico e paciente precisa ser entubado. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 8 Respiração de Kussmaul: típico de distúrbios metabólicos (acidose). Há alternância de apneia e apneuse. Paciente é hiperpneico e taquipneico para compensar acidose. Comum em cetoacidose diabética, insuficiência renal, intoxicação por barbitúricos. . Respiração de Cantani: taquipneia. Mesma amplitude das incursões e frequência aumentada. # Febre Febre é a alteração do set point hipotalâmico (área pré-óptica) para a temperatura corporal em resposta a ação de substâncias pirogênicas – secretadas por bactérias ou por tecidos em degeneração. A temperatura corporal é mais ou menos constante, variando em torno de ± 0,5°C. A infecção bacteriana resulta não só na produção de toxinas pirogênicas, mas também estimula a chegada de células de defesa ao tecido infectado. Essas células liberam interleucinas que chegam ao hipotálamo. Uma vez “ativado” o hipotálamo, há a liberação de prostaglandinas, que, através das ciclo-oxigenases, aumentam o set point da temperatura corporal (ativação de mecanismos que aumentam a produção e a conservação de calor). Antitérmicos possuem substâncias que inibem as Cox. A febre não é somente um sinal, mas uma síndrome(síndrome febril). Além da elevação da temperatura, observa-se astenia (diminuição da força física), inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia, oligúria, dor no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, confusão mental e até convulsões. Semiologia da febre Início Pode ser súbito ou gradual. No início súbito, a elevação da temperatura é percebida repentinamente, acompanhando os sintomas da síndrome febril, como calafrios. Quando a febre instala-se de maneira gradual, o paciente não percebe seu início e predominam os sintomas de cefaleia e inapetência. Intensidade Febre leve (febrícula): ≤ 37,5°C Febre moderada: entre 37,6°C e 38,5°C Febre alta (elevada): ≥ 38,6°C Pacientes em mau estado geral, indivíduos em choque e pessoas idosas podem não apresentar febre ou ter apenas uma febrícula quando acometidos por processos infecciosos. Duração Dado de grande relevância médica. Quando a febre permanece por períodos maiores do que 1 semana ou 10 dias, é possível fazer uma lista das principais doenças que causam febre prolongada: colagenoses, linfomas, pielonefrite, brucelose, esquistossomose, tuberculose, septicemia, malária, endocardite infecciosa, febre tifoide. Modo de evolução O quadro térmico estabelece o tipo de evolução da febre. É feito o registro em uma tabela, dividida em dias e subdividida em 4 ou 6 horários. A união por uma linha dos valores de febre do paciente resulta em uma curva térmica. . Febre contínua: permanece sempre acima de 37,5°C com variações de até ± 1°C. Ex.: febre tifoide, endocardite infecciosa, pneumonia. . Febre irregular ou séptica: picos muito altos intercalados por períodos de temperaturas baixas ou ausência de febre (apirexia), sem qualquer caráter cíclico. Ex: septicemia, abscessos pulmonares, epiema vesicular, tuberculose e fase inicial da malária. . Febre remitente: febre diária, com variações de mais de 1°C e sem períodos de apirexia. Ex.: septicemia, pneumonia, tuberculose. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 9 . Febre intermitente: a hipertermia é ciclicamente interrompida por períodos de temperatura normal. Ex.: malária. . Febre recorrente: período de temperatura normal que dura dias ou semanas, seguido por períodos de temperatura elevada. Ex.: brucelose, doença de Hodgkin, outros linfomas. Término . Crise: desaparecimento súbito, com sudorese profusa e prostração. Ex.: malária. . Lise: hipertermia desaparece gradualmente. Febre de origem obscura Febre alta, com temperaturas acima de 38,3°C com duração de mais de 3 semanas e sem diagnóstico definido. A maioria das causas é por infecções (40%), seguido de neoplasias (30%) e colagenoses (20%). 10% das febres permanece não diagnosticada. # Ectoscopia É o exame físico geral (somatoscopia/ectoscopia) e consiste em inspeção e palpação. O paciente deve ser examinado nas posições de decúbito, sentado, de pé e andando. O Porto sugere que seja obedecida a seguinte sequência para a adequada semiotécnica do exame: Estado geral É o que o paciente aparenta, visto em sua totalidade. Utiliza-se as terminologias “bom”, “regular” ou “ruim”. Um bom estado geral em paciente com dooença sabiamente grave indica boa capacidade de reação do organismo. Nível de consciência O estado de vigília é a percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo. Pode ser: Lúcido: acordado Sonolento: facilmente despertável Torporoso: despertar difícil Comatoso: não desperta Obnubilado: confusão mental Para a avaliação do nível de consciência considera- se os seguintes fatores: . Perceptividade: capacidade de responder perguntas simples, informar endereço e nome dos familiares e atender a ordens. . Reatividade: capacidade e reagir a estímulos inespecíficos, como virar a cabeça ao ouvir um barulho. . Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e degluti-los. . Reflexos: resposta a reflexos tendinosos, plantares, cutâneos, abdominais e pupilares. Fala e linguagem . Disfonia: alteração no timbre da voz causada por algum problema no órgão fonador. Voz fanhosa, rouca. . Afonia: ausência de voz. . Dislalia: alterações menores da fala, mais observadas em crianças, como troca de letras (“R” pelo “L”), gagueira. . Disartria: alterações nos músculos de fonação, incoordenação cerebral (fala lenta, arrastada), hipertonia no parksonismo (voz baixa e fala monótona e lenta), perda do controle piramidal (perda do conrole motor, lábios permanecem paralisados na fonação mas realizam movimentos involuntários). . Disfasia: perturbação na elaboração cortical da fala, em diversos graus, desde alterações mínimas até perda total da fala. Estado de hidratação Para avaliação do estado de hidratação, leva-se em consideração os seguintes parâmetros: perda abrupta de peso, alterações na pele, alterações nas mucosas, fontanelas (crianças), alterações oculares, estado geral. Em estado de hidratação normal, em pessoas de cor branca, a pele é rósea, com boa elasticidade e leve grau Febre cotidiana: febre pela manhã, mas não à tarde Febre terçã: um dia com febre e um dia sem febre Febre quartã: um dia com febre, dois dias sem febre Musculatura . Movimentos involuntários . Enfisema subcutâneo . Exame dos linfonodos . Veias superficiais . Circulação colateral . Edema . Temperatura corporal . Postura ou atitude na posição de pé . Biotipo . Marcha . Estado geral . Nível de consciência . Fala e linguagem . Estado de hidratação . Altura e outras medidas . Peso . Estado de nutrição . Desenvolvimento físico . Fácies . Atitude e decúbito preferido no leito . Pele, mucosa e fâneros . Tecido celular subcutâneo e panículo adiposo Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 10 de umidade, as mucosas são úmidas, sem alterações oculares ou perdas abruptas de peso. Na desidratação, há sede, perda abrupta de peso, pele seca, mucosas secas, olhos afundados e hipotônicos, fontanelas deprimidas, excitação psíquica ou abatimento, oligúria. Altura e outras medidas Na prática, a única medida rotineira é a planta- vértice (planta dos pés até vértice da cabeça). Em crianças até 4 anos de idade, mede-se na posição deitada, usando-se uma fita métrica. Os valores obtidos são comparados com uma tabela que leva em conta a idade e o sexo. Idosos possuem altura mais baixa (encurtamento da coluna com redução dos corpos e discos vertebrais, aumento da curvatura e osteoporose). Outras medidas que podem ser aferidas em casos especiais são: envergadura (distância entre os dedos médios com os braços estendidos), distância pubovértice (entre a sínfise púbica e o vértice da cabeça) e distância puboplantar (entre a sínfise púbica e a planta dos pés). Peso O peso também é comparado com tabela que o relaciona com idade e sexo. Na ausência de tabela, o peso ideal pode ser analisado de acordo com a regra de Broca: aproximadamente o número de centímetros que excede 1m de altura. Para mulheres, subrai-se 5% desse valor. O peso máximo normal é obtido aplicando-se a mesma regra somado 5-10% ao peso ideal. O peso mínimo normal é obtindo aplicando-se a regra de Broca e subtraindo-se 5-10% ao peso ideal. O índice de massa corpórea (IMC) é utilizado como indicador de alterações de peso. 𝐼𝑀𝐶 = 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝑘𝑔) 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎2(𝑚) Baixo peso < 19,99 kg/m² Normal 20 – 24,99 kg/m² Sobrepeso 25 – 29,99 kg/m² Obesidade I 30 – 34,99 kg/m² Obesidade II 35 – 39,99 kg/m² Obesidade III > 40 kg/m² A medida da circunferência abdominal é feita logo acima da crista ilíaca. O excesso de gordura abdominal está relacionado com alteraçõesmetabólicas como dislipidemia, diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial, doença arterial coronariana. Homens: até 102cm Mulheres: até 88cm O homem tende a armazenar gordura na região abdominal (corpo androide), enquanto a mulher tende a acumular gordura na região do quadril (corpo ginecoide). . Magreza: paciente abaixo do peso mínimo normal. Pode ser conformacional (traço genético) ou patológica (relacionado a doenças como diabetes tipo 1, hipertireoidismo, neoplasias malignas, tuberculose, anorexia nervosa, subnutrição. . Caquexia: estado de extrema magreza, com comprometimento do estado geral do paciente. Relacionada à doenças como tuberculose em estado grave, cirrose, desnutrição grave, neoplasias malignas, AIDS. . Sobrepeso e obesidade: paciente acima do peso normal máximo. A obesidade tem importância clínica pois é acompanhada por distúrbios metabólicos. Na obesidade central (androide), a gordura concentra-se no tórax e abdome, com deposição de gordura subcutânea e intra-abdominal. Está relacionada ao diabetes tipo 2, hipertensão arterial e IAM. Já na obesidade periférica (ginecoide), a gordura se deposita em regiões próximas à pelve, na camada subcutânea, favorecendo o aparecimento de celulite mas pouco correlacionada com enfermidades. Como a maioria das pessoas conhece seu peso, essa pergunta deve acompanhar a anamnese, bem como o registro das modificações ocorridas ao longo da doença. Estado de nutrição Avaliado de acordo com os parâmetros: peso, musculatura, panículo adiposo, desenvolvimento físico, estado geral, pele, pelos e olhos. Hiponutrição ou desnutrição é quando o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo é escasso. A pele torna-se seca e rugosa, podendo adquirir aspecto de papel de lixa. Na desnutrição proteica, os cabelos tornam-se finos e quebradiços. Nos olhos há sequidão da conjuntiva, perda do reflexo à luz, falta ou Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 11 diminuição de lágrimas e dificuldade de adaptação à luz (hipovitaminose A ou xeroftalmia). O critério de Gomez baseia o défict de peso em relação ao padrão normal. Essa classificação não leva em consideração a altura do paciente e não inclui os elementos fornecimentos pelo exame da musculatura e panículo adiposo. No entanto, pela simplicidade, é a mais aplicada: Desnutrição 1º grau Défict de peso 10-24% Desnutrição 2º grau Défict de peso 25-39% Desnutrição 3º grau Défict de peso > 40% Fácies É o conjunto de dados exibidos na face do paciente. Certas doenças imprimem traços característicos. . Fácies normal ou atípica: embora não indique qualquer enfermidade específica, é preciso identificar sinais de tristeza, ansiedade, medo, indiferença, apreensão, felicidade. . Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos. Batimentos das asas do nariz. Rosto suado. Palidez cutânea e leve cianose labial. Indica doença grave. . Fácies renal: edema na região dos olhos e palidez cutânea. Observada na síndrome nefrótica e glomerulonefrite difusa aguda. . Fácies leonina: alterações produzidas pelas lesões da hanseníase. Pele espessa e com lepromas (nódulo superficial glomerulomatoso típico da lepra) de tamanhos variados. Nariz espesso e alargado. . Fácies adenoidiana: nariz pequeno e afilado e boca sempre entreaberta. Pacientes com hipertrofia das adenoides, com dificuldade de respiração pelo nariz pela obstrução dos orifícios nasais posteriores. . Fácies parksoniana: cabeça imóvel e inclinada para a frente. Olhar fixo, supercílios elevados e fronte enrugada (expressão de espanto). . Fácies basedowiana: exoftalmia e rosto magro. Expressão com aspecto de vivacidade, espanto ou ansiedade. Pode ter bócio. Característica do hipertireoidismo. . Fácies mixedematosa: rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pela seca e espessada, com acentuação dos sulcos. Supercílios escassos e cabelos secos e sem brilho. Expressão de desânimo e apatia. Característica de hipotireoidismo ou mixedema. . Fácies acromegálica: saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e maior desenvolvimento do maxilar inferior. Aumento do nariz, lábios e orelhas, de modo que olho parece pequeno. . Fácies cushingoide (lua cheia): arredondamento do rosto, com acentuação de traços faciais. Aparecimento de acne. Ocorre na síndrome de Cushing, hiperfunção do córtex da suprarrenal e uso de corticoides. . Fácies mongoloide: prega cutânea na fenda palpebral que torna os olhos oblíquos e distantes um do outro. Rosto redondo, boca entreaberta, expressão fisionômica de pouca inteligência. Observada na síndorme de Down. . Fácies de depressão: cabisbaixo, olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante. O olhar permanece voltado para o chão. . Fácies pseudobulbar: súbitas crises de choro ou riso involuntárias mas conscientes, levando o paciente a tentar contê-las. . Fácies da paralisia facial periférica: assimetria da face, com impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são e apagemento do sulco nasolabial. . Fácies miastênica: ptose palpebral bilateral, obrigando o paciente a franzir a testa e elevar a cabeça. Ocorre na miastenia gravis e síndrome de Hutchinson. . Fácies do deficiente mental: traços faciais apagados, boca entreaberta, salivação, olhar desprovido de objetivo, olhos não se fixam em nada, lábios em meio sorriso que se acentua com estímulo. . Fácies etílica: olhos avermelhados e ruborização da face. Hálito etílico, voz pastosa e sorriso indefinido. . Fácies esclerodérmica (múmia): quase completa imobilidade facial devido a alterações na pele que a tornam endurecida e aderente aos planos profundos, Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 12 com repuxamento dos lábios, afilamento do nariz e imobilização das pálpebras. . Fácies tetânica: contratura dos músculos da face repuxa os lábios horizontalmente em aspecto de riso de zombaria. Contratura impede a abertura da boca. . Fácies heredoluética: fronte olímpica e nariz em sela. Característico da sífilis hereditária tardia. . Fácies mitral: eritema malar bilateral, típico de pacientes com lesão da válvula mitral. . Fácies lúpica: eritema em vespertílio (asa de borboleta) nas regiões malares e dorso do nariz. Atitude Atitude é a posição adotada pelo paciente por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. As atitudes podem ser voluntárias ou involuntárias e o médico deve saber distigui-las. Só tem valor diagnóstico aquelas involuntárias ou que proporcionam alívio para algum sintoma. Se isso não for observado, pode-se dizer que o paciente não tem atitude específica ou que ela é indiferente. Voluntárias . Ortopneica: paciente permanece sentado a beira do leito, com os pés no chão e as mãos apoiadas no colchão. Essa posição alivia a falta de ar decorrente da insuficiência cardíaca, asma brônquica e ascites volumosas. . Genupeitoral (prece maometana): paciente de joelhos, com o tronco fletido sobre as coxas e a face anterior do tórax e mãos em contato com o colchão e rosto apoiado sobre as mãos. Essa posição facilita o enchimento do coração em caso de derrame pericárdico. . Cócoras: posição que oferece algum alívio da hipóxia generalizada que acomete crianças com alguma cardiopatia congênita cianótica, aumentando o retorno venoso para o coração. . Parkinsoniana: o paciente portador de Parkinson, ao se por de pé, apresenta semiflexão da cabeça, tronco e membros inferiores e, ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade. . Decúbito lateral: adotada quando há dor de origempleurítica. Nessa posição, paciente reduz a movimentação dos folhetos pleurais do lado sobre o qual repousa. . Decúbito dorsal: com as pernas fletidas sobre as coxas e estas sobre a bacia, é observada em processos inflamatórios pelviperitoneais. . Deúbito ventral: observada em pacientes com cólica intestinal. . Posição antálgica da coluna: decúbito com variados graus de flexão da coluna são observados em lombalgias. . Atitude de Blechmann (sinal do travesseiro): paciente senta-se na cama, abraça o travesseiro e inclina-se para a frente. Alívio da dor da pericardite ou derrame pericárdico. Involuntárias . Passiva: paciente permanece na posição em que é colocado, sem contração muscular. Observada em pacientes inconscientes ou comatosos. . Ortótono: todo o tronco e membros estão rígidos. . Opistótono: corpo apoia-se na cabeça e calcanhares, formando um arco.Observado no tétano e na meningite. . Emprostótono: também observado no tétano e na meningite, além da raiva, é a contração da musculatura para a frente. . Pleurostótono: também observado no tétano e na meningite e na raiva, é a contração da musculatura para o lado. . Posição em gatilho: hiperextensão da cabeça, flexão das pernas sobre o corpo e encurvamento do tronco para a frente, sendo a cabeça o sinal mais evidente. Movimentos involuntários . Tremor: afeta principalmente a parte distal dos memebros. É observado pedindo para o paciente estender as mãos com a palma voltada para baixo. Outra técnica de observação é pedir para o paciente realizar algum movimento, como levar o dedo ao nariz ou um copo d’água à boca. Repouso Atitude ou postura: surge quando o membro é colocado em uma determinada posição. Pode ser um tremor familiar, regular, fino e acentuado pelas emoções. Ação: surge ou se agrava com a execução de movimentos. Vibratório: fino e rápido, como uma vibração. Comum no alcoolismo, hipertireoidismo e neurossífilis. . Coreia: movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, localizados na face, membros superiores e inferiores. . Atetose: movimentos das extremidades, lentos e estereotipados, lembrando movimentos dos tentáculos de um polvo. Decorrente de lesão nos núcleos da base. . Hemibalismo: movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, limitados a uma metade do corpo. . Asterix (flapping): movimentos rápidos dos segmentos distais que lembram o bater de asas das aves. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 13 . Tiques: movimentos involuntários de determinados grupos musculares, de característica regular e repetitivos. Podem ser motores ou vocais Motor simples: grupos musculares isolados, como piscamentos, abertura de boca, balanceio da cabeça. Motor complexo: padrões elaborados de movimentos, como contrações faciais bizarras, desvios oculares, pulos durante a marcha, tocar e cheirar objetos, gesticulação. Vocal simples: limpar a garganta, grunhidos, estalos da língua. Vocal complexo: palavras ou fragmentos de palavras, elementos musicais, repetição de palavras. . Convulsões: movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários, paroxísticos. Podem ser generalizadas ou localizadas em certos segmentos. Tônicas: mantidas permanentes e imobilizarem articulações. Clônicas: rítimicas, alternando contração e relaxamento muscular. . Tetania: crises exclusivamente tônicas localizadas nas mãos e nos pés. Ocorre nas hipocalcemias e alcalose respiratória (hiperventilação). . Discinesias orofaciais: movimentos rítmicos, repetitivos e bizarros comprometendo face, boca, mandíbula e língua, caracterizado por caretas, protrusão da língua. . Distonias: movimentos atetoides que envolvem porções maiores do corpo, inclusive o tronco, resultando em posturas grotescas e contorcidas. Circulação colateral Presença de circuito venoso anormal visto sob a superfície da pele. No desenho venoso, a rede visível está na topografia normal, simétrica e as veias não são sinuosas. A circulação colateral indica dificuldade ou impedimento de fluxo venoso através dos troncos venosos principais. Por isso, o sangue se desvia para as colaterais tornando-se um caminho varicante. Para determinar o sentido do fluxo venoso, colocar dois dedos indicadores em determinado ponto do vaso e pressionar; afastá-los de modo a empurrar o sangue presente no vaso para longe do ponto médio, objetivando o esvaziamento da veia; soltar um dos dedos e observar sentido do enchimento. # Icterícia Icterícia é uma síndrome caracterizada pela elevação da bilirrubina no soro em níveis superiores a 2mg/100ml, cuja exteriorização clínica principal é a coloração amarelada da esclera, mucosa e líquidos orgânicos. A bilirrubina é proveniente do metabolismo do radical heme da hemoglobina. No sistema retículo endotelial, o heme é convertido em biliverdina e, então, em bilirrubina não conjugada, lipossolúvel. Ao cair na circulação, liga-se à albumina e chega ao fígado. Nos hepatócitos, a bilirrubina é conjugada ao ácido glicurônico, formando a bilirrubina conjugada, hidrossolúvel. Ela, então, é encaminhada ao intestino junto com a bile. No intestino delgado, a bilirrubina conjugada chega ao íleo terminal e cólon, onde há produção de glucuronidase pelas bactérias intestinais, quebrando o ácido glicurônico e desconjugando a bilirrubina. Por ação das bactérias intestinais, é convertida em urobilinogênio e, em seguida, em urobilina. Enquanto 90% da urobilina é eliminada com as fezes, 10% retorna ao sangue e é excretado através da urina. Bilirrubina conjugada: hidrossolúvel; já passou pelo fígado; penetra mais facilmente no tecido conjuntivo e líquidos orgânicos. Bilirrubina não-conjugada: lipossolúvel; não sofreu metabolização hepática. Tem afinidade pelo tecido nervoso e, no recém-nascido, pode impregnar os núcleos da base, levando ao kernicterus, levando à morte. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 14 Patogenia Hiperbilirrubinemia não conjugada (indireta) Decorre de 4 mecanismos: . Aumento da hemólise: produção de bilirrubina em grande quantidade e a conjugação não é capaz de atender a oferta. Ex.: anemia falciforme, esferocitose, anemia hemolítica, deficiência de B12, malária. . Deficiência no transporte de bilirrubina ao fígado: quanto muitas substâncias competem pela albumina. . Deficiência hepática de conjugação da bilirrubina . Defeito ou ausência de enzimas que promovem a conjugação. São exemplos as síndromes hereditárias de Gilbert (conjugação lentificada por deficiência enzimática) e de Crigler-Najjar (ausência total da enzima, com icterícia muito grave e kernicterus). Nesses casos a bilirrubina indireta predomina sobre a direta e a icterícia é leve, não ultrapassando os 5mg/100ml. A icterícia é percebida, em geral, apenas nas escleras e, por ser lipossolúvel, não é filtrada pelos rins (não há colúria). Hiperbil irrubinemia conjugada (direta) São as causas mais frequentes de icterícia. A excreção deficiente de bilirrubina direta pode ter causa intra-hepática ou extra-hepática. A icterícia por aumento da fração conjugada pode alcançar níveis bastante elevados, muitas vezes de evolução progressiva. . Intra-hepática: ocorrem a níveis hepatocelular e canalicular. Nos níveis hepatocelular, o defeito excretório é congênito e seletivo (síndromes de Dubin-Johnon e Rotor). Nos níveis canaliculares estão as colestases intra-hepáticas familiares. Outras causas podem ser externas, como infecções, uso de medicamentos, hepatites. . Extra-hepática: obstáculo ao fluxo de bile, intrínsecas ou extrínsecas à árvore biliar. São exemplos a coledocolitíase, colangiteestenosante primária, ascaridíase, colangiocarcinoma, câncer de pâncreas, papila ou vesícula. A hiperbilirrubinemia conjugada tem como denominador comum a colúria (por ser hidrossolúvel, é filtrada livremente pelos rins). Outro sinal comum é a acolia (fezes claras, uma vez que a bilirrubina direta não chega ao intestino). Anamnese HDA: avaliar evolução, se constante, progressiva ou flutuante. A hepatite pode cursar com mialgias, artralgias e exantemas. O câncer pode cursar com perda ponderal (diminuição >10% do peso corporal em 3 meses). Colestase: causa obstrutiva. Há impedimento do fluxo de bile em direção ao intestino. Tem como características a colúria e a acolia. Colangite: tríade de Charcot (dor abdominal, febre e calafrios) – há lesão na papila e passagem de bactérias, com quadro de infecção. HPP: uso de medicamentos (inclusive fitoterápicos e chás); transfusão de sangue (antes de 1993, os bancos de sangue não pesquisavam hepatite C) H. Familiar: hepatopatia na família (doença de Wilson), doenças hemolíticas (anemia falciforme). Exames físicos e laboratoriais A esclera amarelada é melhor observada na luz do dia do que na luz fluorescente. Outro bom lugar de observação é a região sublingual. Em casos de icterícia de longa duração, a pele pode adquirir coloração esverdeada, pela oxidação de bilirrubina em biliverdina. A doença hepática crônica cursa com ascite, ginecomastia, aranhas vasculares (telangiectasia), hipertrofia da parótida e unhas de Terry. Sinal de Courvosier-Terrier: vesícula biliar palpável e indolor em vigência de icterícia obstrutiva. Pode ser sinal de tumor periampular (cabeça do pâncreas, papila, duodeno e colédoco distal). A hipercarotenemia é a impregnação de caroteno, conferindo coloração amarelo-alaranjada nas peles, mas sem afinidade pelas escleras ou mucosas. A dosagem de bilirrubina é feita pela reação de Van der Bergh, que consiste na dosagem sérica de bilirrubina direta e indireta. Pode ser feita também a dosagem de bilirrubina urinária. Lesão hepatocelular: aumento sérico das transaminases ALT e AST e enzimas intracelulares. Tem como causas a hepatite viral aguda, autoimune, alcoólica, medicamentosa, isquêmica e doença de Wilson. Lesão colestática: aumento sérico da fosfatase alcalina e gama GT e enzimas canaliculares. Se, no exame de imagem, houver dilatação da árvore biliar, a causa deve ser extra-hepática. A função hepática é medida pelos níveis de albumina e tempo de protrombina (TAP). # Sintomas gastrointestinais O sistema digestório abrange cavidade oral, esôfago, estômago, intestinos e ânus. Além disso, faz parte do sistema digestório o fígado e o pâncreas. Assim sendo, o sistema gastrointestinal é capaz de gerar sinais e sintomas motores (motilidade), inflamatórios e metabólicos. Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 15 Cavidade oral . Queilite angular: fissura da pele nos cantos da boca, normalmente relacionada à deficiência nutricional, com hipovitaminose do complexo B (riboflavina). . Aftas: de etiologia desconhecida, são lesões ulceradas recidivantes, que aparecem em qualquer região da mucosa bucal. Podem aparecer isoladas ou em pequenos grupos. . Halitose: odor bucal desagradável. Em condições normais, o hálito humano não é desagradável. A queixa requer exame da cavidade bucal, sistemas respiratório e digestivo. . Gengivite inflamatória: inflamação gengival causada pela ocorrência de placas dentárias consequente à falta de higiene. A gengiva livre e as papilas interdentárias apresentam-se dolorosas, hiperemiadas, edemaciadas, sangrando à palpação. . Periodontite: evolução da gengivite inflamatória não tratada. Há destruição da crista óssea e osso alveolar. O colo dentário fica visível e há pus, halitose e aumento da salivação. Esôfago . Disfagia: dificuldade de deglutição. Sua origem pode ser orofaríngea (relacionada a um processo inflamatório esofagiano) ou nervosa (acometimento da artéria cerebral média na região encefálica responsável pela inervação esofagiana). . Odinofagia: dor à deglutição, geralmente associada à disfagia. . Dor: distingue-se da odinofagia por não estar associada ao ato de ingerir. . Regurgitação: volta do alimento ou de secreções esofágicas e estomacais à cavidade bucal sem náuseas e sem participação de músculos abdominais. . Eructação: é o arroto. Ocorre, na maioria das vezes, em consequência da ingestão de maiores quantidades de ar durante as refeições. No paciente com megaesôfago, a eructação pode ser intencional, com deglutição de ar para auxiliar a passagem do alimento para o estômago. . Soluço: causado por contrações clônicas do diafragma podendo ser causado por doenças do SNC, estimulação reflexa ou em ocasião de megaesôfago e hérnia hiatal. . Sialose: produção excessiva de secreção salivar, observada em esofagopatias obstrutivas e no megaesôfago chagásico. . Hematêmese: caracteriza a hemorragia digestiva alta, desde a cavidade oral até o ângulo de Treitz. A causa mais comum são as varizes esofagianas. Normalmente tem grande volume de sangue sem alteração do aspecto por secreções gástricas. . Refluxo: é fisiológico, exceto quando tem importante aumento de intensidade. Como a junção gastroesfogágica não é separada por um esfíncter anatômico (mas apenas fisiológico), há retorno do conteúdo gástrico. Estômago . Dor: a dor visceral pura do estômago é percebida na linha mediana do epigástrio, localização dada pela maioria dos portadores de úlcera péptica. . Náuseas e vômitos: muitas vezes têm origem extradigestiva, mas são manifestações comuns de doenças gástricas e duodenais. . Dor retroesternal: a dor retroesternal aguda leva o paciente à emergência com suspeita de doença coronariana. No entanto, a esofagite, o vasoespasmo e a doença do refluxo gastroesofágico podem provocar dor semelhante, necessitando de investigação cuidadosa junto ao cardiologista. . Pirose: é a azia, dor em queimação intensa na região do epigástrio e retroesternal. A causa mais frequente é a doença do refluxo esofágico. . Dispepsia: odinofagia + dificuldade de digestão, com sensação de aprisionamento do alimento na região estomacal. Não tem causa definida, mas pode estar relacionado a doença na mucosa, como úlceras. Intestino delgado . Dor abdominal: importante caracterizar a localização, irradiação, intensidade, modo de início, variações cronológicas, fatores de melhora ou piora e manifestações associadas. . Diarreia: é o aumento do teor líquido das fezes, frequentemente associado ao aumento no número de evacuações e do volume fecal em 24h. São importantes os dados de volume, consistência, aspecto e frequência das evacuações. . Esteatorreia: aumento da quantidade de gorduras excretadas nas fezes. Apenas cerca de 7% das gorduras ingeridas diariamente é excretada nas fezes, revelando grande capacidade do organismo de absorção desse nutriente. A esteatorreia está relacionada com a má absorção exclusiva dos lipídeos ou de todos os macronutrientes. As fezes adquirem aspecto volumoso, brilhante e com tendência a flutuar. . Distensão abdominal e flatulência: associados especialmente à má absorção. Em geral, esses sintomas apresentam-se em conjunto com diarreia, esteatorreia ou dor abdominal. . Melena: hemorragia digestiva com origem gástrica (úlcera péptica) ou intestinal, entre o ângulo de Treitz e a válvula ileocecal, com tempo para digestão do sangue. As fezes tornam-se enegrecidas, podendo ou Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 16 não guardar uma certa tonalidade avermelhada, além de ter odor adocicado. Cólon, reto e ânus . Dor perineal: pode ser investigada ao exame físico por inspeção e palpação oucom o auxílio de instrumentos simples. Normalmente é originada de lesões agudas na região, destacando-se trombose hemorroidária, abscessos e fissuras. . Tenesmo: sensação de dor no reto e no períneo acompanhado por desejo imperioso de defecar. Há dor intensa, espasmódica, com impressão de defecação abundante mas com eliminação de apenas pequena quantidade de fezes ou muco. Ocorre por afecções no reto, como inflamação. . Disenteria: síndrome com diarreia acompanhada de cólicas intensas e fezes mucossanguinolentas, com ocorrência de tenesmo ao final de cada evacuação. . Constipação: considera-se normal desde 3 evacuações por dia até uma evacuação a cada 2 dias. Quando as fezes ficam retidas por mais de 48h, diz-se que há constipação. É importante levar em conta a consistência das vezes (duras, ressecadas ou em cíbalos – pequenas bolas). A constipação pode ter origem mecânica (lesões que ocluem o lúmen), neurogênicas, metabólico-hormonais, psicogênicas, medicamentosas ou alimentação inadequada. . Enterorragia: eliminação de sangue puro, sem fezes, pelo ânus. . Hematoquesia: filetes de sangue vivo nas fezes, podendo ter origem fisiológica, relacionada ao esforço para evacuar ou hemorroidas. Indivíduos com mais de 40 anos podem apresentar diverticulite, que também cursa com sangramento anal. . Prurido anal: pode ter causas múltiplas, como má higiene anal, enterobíase, doenças anorretais cutâneas. # Cabeça e pescoço O exame da cabeça e pescoço sempre deve ser feito com o paciente sentado. O exame da cabeça e pescoço divide-se em inspeção e palpação. A ausculta pode ser realizada para avaliação de sopros na carótida (doença aterosclerótica), artéria temporal (arterite temporal no idoso) e tireoide (bócio ou tumores). Torcicolo é a posição antálgica da cabeça, caracterizada pelo enrijecimento dos músculos do pescoço, limitando os movimentos da cabeça. . Sinal de Musset: pulsação extensora da cabeça, acompanhando a sístole ventricular, como ocorre na insuficiência aórtica. . Sinal de Faletti: pulsação flexora da cabeça, como ocorre no aneurisma de aorta ascendente. Crânio . Normocefalia: é o crânio normal, sem alterações no formato, como abaulamentos e retrações. . Macrocefalia: crânio aumentado, com perímetro cefálico acima do percentil 98. As causas incluem hidrocefalia, raquitismo, cretinismo e tumores. . Microcefalia: crânio diminuído, com perímetro cefálico menor do que 31,5cm. Dentre as causas, encontram-se: encefalopatia hipóxico-isquêmica, teratógenos (álcool, drogas), malformações cerebrais, síndromes genéticas, infecções congênitas (toxoplasmose, sífilis, citomegalovírus, zika, rubéola). . Acrocefalia: cabeça achatada lateralmente e testa alongada para o alto, em formato ovalado. . Escafocefalia: diâmetro longitudinal do crânio maior do que o diâmetro transverso. . Braquicefalia: diâmetro transverso do crânio maior do que o diâmetro longitudinal. . Plagiocefalia: assimetrias no formato craniano devido a craniossinostoses (fechamento precoce das suturas). . Fronte olímpica: aumento da altura da fronte, causado por sífilis congênita, raquitismo, anemia hemolítica. . Turricefalia: crânio em formato retangular, lembrando uma torre. . Ruborização da testa: insuficiência aórtica . Vasculite de artéria temporal: artéria túrgida e com coloração avermelhada, podendo haver sopro. No exame do crânio, estão incluídos ainda a inspeção da superfície do couro cabeludo em busca de: . Tumorações/bossas: edema secundário a compressão de vasos locais, tende a regredir com o tempo. Cefalohematomas são hemorragias subperiosteais restritas a determinado osso. . Fontanelas (crianças): hipertensa (hipertensão craniana) ou flácida (desidratação). Craniossinostose (fechamento precoce das suturas). . Lesões dermatológicas: micoses, eczemas . Cicatrizes . Nódulos . Consistência da tábua óssea . Cabelos: cor, quantidade, distribuição, implantação, textura, padrão de perda. Alopécia areata: falha na implantação em pontos espalhados (estresse). Alopécia sifilítica (clareira): sífilis secundária; não cresce cabelo mesmo com tratamento com corticoide. Alopécia androgenética: sem perda em regiões laterais e posteriores do couro cabeludo Alopécia difusa: quimioterapia, lúpus Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 17 Deve-se repartir o cabelo e verificar a presença de reentrâncias, protuberâncias, cicatrizes, hematomas, cistos sebáceos, nódulos. Face Observar aspecto geral (fácies), pele, olhos, nariz, boca e orelhas, avaliando assimetrias, movimentos involuntários, lesões, edema, massas, deformidades. Pele Observar textura, espessura, distribuição de pelos, cor e pigmentação. . Hirsutismo: crescimento de pelos em áreas tipicamente masculinas como face, queixo, tórax, coxas e triângulo pélvico superior. . Hipertricose: aumento generalizado dos pelos, sem padrão definido de distribuição, estando presentes difusamente em todo o corpo, sendo mais finos e mais macios. Olhos Supercílios e sobrancelhas . Madarose: rarefação do terço distal dos supercílios, comum no hipotireoidismo, hanseníase, esclerodermia e sífilis. . Sinofris: fusão patológica das sobrancelhas, com hiperplasia da porção medial dos supercílios, comum na Síndrome de Cornélia Lange. Pálpebras . Edema palpebral (uni ou bilateral): consequente a processos inflamatórios locais (presença de sinais flogísticos), infestação parasitária, manifestação de doenças sistêmicas (nefropatias, endocrinopatias) e angioedema (edema de Quinck). . Tumor de Pancoast: tumor no ápice do pulmão pode comprimir o gânglio estrelado. Há fusão do terceiro gânglio simpático cervical com o primeiro gânglio torácico – hipoatividade simpática. A manifestação clínica é a síndrome de Claude-Bernard-Horner: miose, ptose palpebral no lado acometido, anidrose facial, enoftalmia. . Hordéolo: infecção estafilocóccica dolorosa, sensível e avermelhada em uma glândula da margem palpebral. Se assemelha a uma pústula (espinha). . Calázio: nodulação indolor subaguda na face interna da pálpebra, comprometendo a glândula meibomiana. . Ptose: queda da pálpebra superior, tem como causas a miastenia gravis, lesão no nervo oculomotor (III-NC), lesão da inervação simpática cervical (síndrome de Horner – ptose acompanhada por miose, anidrose na testa ipsilateral e enoftalmia, tendo como causa principal o Tumor de Pancoast). . Sinal de Romana: edema inflamatório bipalpebral unilateral que aparece na fase aguda da doença de Chagas, associado à conjuntivite, dacriadenite (inflamação da glândula lacrimal), aumento ganglionar pré-auricular e hepatoesplenomegalia. . Xantelasma: formações cutâneas amareladas bem circunscritas, discretamente elevadas, nas porções nasais de uma ou ambas as pálpebras, associadas a dislipidemia. . Entrópio, Ectrópio: inversão/eversão das pálpebras. A pálpebra inferior é mais atingida, mais comum em idosos. . Lagoftalmia: incapacidade de fechar as pálpebras completamente. O sinal de Bell é o levantamento do globo ocular na tentativa de fechar a pálpebra. A lagoftalmia indica lesão de nervo facial (VII-NC). . Telecanto: aumento da distância entre os cantos internos dos olhos. . Dacrioadenite: inflamação da glândula lacrimal, de etiologia viral, bacteriana ou micótica. Há eritema, dor, edema e tumoração no quadrante temporal superior da órbita. . Dacriocistite: inflamação do saco lacrimal. Há edema, dor, eritema e tumoração no canto interno do olho. Há descompressão do saco lacrimal por meio de fístula. Uma coisa importante a ser observada é a posição das fendas palpebrais. Se inclinadas para cima e para fora, indica Síndrome de Down.Se inclinadas para baixo e para fora, indica Síndrome de Treacher-Collins. Olhos Observar tamanho, posição, movimentos anormais, desvios do olhar, simetria dos olhos na órbita. . Exoftalmia, Enoftalmia: deslocamento anterior/ posterior dos olhos. Se exoftalmia bilateral, avalia-se hipótese de Doença de Graves. Se enoftalmia Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 18 unilateral, suspeitar de Síndrome de Claude-Bernard- Horner. . Microftalmia, buftalmia: diminuição/aumento do diâmetro ocular. A buftalmia está relacionada ao glaucoma congênito. As megalocórneas são córneas grandes com diâmetro ocular normal. - Esclera: superfície esbranquiçada revestida por conjuntiva transparente. Observa-se o tecido esclerótico e os vasos. Pode-se averiguar coloração amarelada (icterícia) ou azulada (anemia ferropriva). - Córnea: transparente, permite a observação de estruturas através delas. . Opacificação (catarata): em jovens, ocorre nas mucopolissacaridoses. . Halo senil: halo espessado de coloração azulada não patológico em idosos. . Anel de Kayser-Fleicsher: alteração pigmentar relacionada a doença de Wilson (acúmulo de cobre na íris) - Íris: pode apresentar disfunções como hipoplasia de íris (tumor de Brushfield) e hipopigmentação (síndrome de Down). - Conjuntiva: local onde é observada palidez, hiperemia, edema, hemorragia subconjuntival ou secreção mucopurulenta. . Pinguécula: nódulo amarelado situado na conjuntiva bulbar em qualquer lugar da esclera. . Pterígio: espessamento da conjuntiva bulbar que cresce sobre a superfície externa da córnea. - Pupilas: observar miose (< 3mm), midríase (> 5mm) e assimetria (anisocoria). . Reflexo fotomotor direto: ao incidir feixe de luz sobre uma pupila, espera-se contração pupilar ipsilateral – NC II (óptico). . Reflexo motor indireto (consensual): contração pupilar contralateral – NC III (oculomotor). . Reflexo de acomodação-convergência: observa foco e acomodação das pupilas ao aproximar objetos – NC II, III e IV (troclear). . Sinal do menisco: sombra em forma de meia-lua do lado medial da íris ao incidir luz lateralmente. Indica câmara anterior rasa (glaucoma). . Hemianopsias: perda de metade do campo visual. . Quadrantopsias: perda de quadrante do campo visual. Seios da face Dor à compressão dos seios frontais e maxilares pode indicar a presença de sinusite aguda. Nariz Observar tamanho, forma e alterações, como conformação da eminência nasal, deformidades, perfuração, desvio de septo, ulceração ou telangiectasias, além das narinas (simetria, inflamação, epistaxe). Além disso, observar a implantação das orelhas, visto que pode estar associada com cromossomopatias, como Síndrome de Down e Turner (linha traçada do canto externo dos olhos até a proeminência occipital). . Nariz em cela: relacionado a leishmaniose e ao lúpus. . Hiposmia/anosmia: diminuição/abolição do olfato. Orelhas Avaliar meato auditivo externo, tamanho, forma, posição, rotação, cor da pele e cianose nos lobos. . Tofo gotoso: nódulos cutâneos associados a crises de gota recidivantes, levando à destruição articular. . Otorragia: extravasamento de sangue pelo ouvido. . Equimose retroauricular: sinal de Battle – sugere fratura de base de crânio. Boca - Lábios: alteração na espessura, volume, cor (palidez na anemia, cianose na insuficiência respiratória, vermelhidão na queilite, amarelado na icterícia, escuro na doença de Addison, manchas hipercrômicas na polipose gastrointestinal) . Queilite angular: processo inflamatório localizado no ângulo da boca podendo estar relacionado à deficiência de ferro ou vitamina B12. - Cavidade oral: observar coloração da mucosa oral avaliando inflamação, presença de aftas ou úlceras, placas esbranquiçadas (candidíase). Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 19 . Mancha de Koplik: patognomônica de sarampo. Consiste em pequenas pápulas esbranquiçadas em região eritematosa. . Candidíase bucal: placas brancas múltiplas e ligeiramente elevadas, semelhantes a leite coalhado. Se desprendem facilmente por raspagem, deixando um fundo vermelho sangrante e dolorido. Observar edema das bordas da gengiva e palato duro, gengivite. Importante observar estado de conservação dos dentes, verificando ausências, manchas, formato, posição e presença de cáries, abcessos e próteses. . Dentes de Hutchinson: pequenos, espaçados e com sulcos localizados nas faces posteriores. Surgem na forma tardia da sífilis congênita, após os 2 anos de idade. . Bruxismo: desgaste das cúspides dentárias. - Língua: avaliar volume, aspecto geral, cor, brilho, textura, umidade, movimentos, estado das papilas. . Língua lisa e despapilada: anemias carenciais/ hipovitaminose. A vitamina B12 é importante para o processo de duplicação do DNA e replicação celular. Com a diminuição da Vit B12, a replicação celular fica comprometida e tecidos com alta taxa de renovação celular são prejudicados: medula óssea, papilas gustativas, TGI. . Língua saburrosa: acúmulo de substância branco- acinzentada na superfície dorsal da língua. Não tem importância clínica. Aparece em pacientes febris, desidratados e tabagistas (adquire coloração castanha) . Língua geográfica: uma ou mais áreas irregulares de descamação na superfície dorsal da língua. Lesões se iniciam por máculas avermelhadas, não endurecidas, com bordas definidas e esbranquiçadas de aspecto circinado. Lesões dolorosas a alimentos salgados, ácidos e condimentados. . Língua pilosa: alongamento das papilas filiformes, caracterizada pelo aspecto branco piloso da superfície dorsal da língua. Os alongamentos podem ser corados de castanho ou preto (tabaco, álcool, microrganismos). Pescoço . Pescoço de Stokes: pescoço edemaciado, cianótico, com veias jugulares externas ingurgitadas. Compressão da veia cava superior e estase venosa consequente a ocupação mediastínica por tumores, adenopatias ou aneurisma da aorta. . Torcicolo: espasmo tônico e doloroso da musculatura do pescoço limitado a um só lado (ECM e trapézio). As causas incluem posição viciosa, frio, processos inflamatórios ou traumáticos, abscessos cervicais agudos e torcicolo congênito. . Rigidez da nuca: impossibilidade de encostar o queixo no esterno. Presente na meningite e na hemorragia subaracnóidea, sendo o sinal mais precoce de irritação meníngea. . Persistência do canal tireoglosso: tumoração cística localizada na parte média do pescoço que sobe com a movimentação da língua. . Sialadenoses: tumefações moles, indolores e bilaterais das parótidas, representando afecções metabólicas das glândulas salivares. . Caxumba: aumento unilateral do volume da parótida. Vasos sanguíneos . Distensão bilateral pulsátil das veias jugulares: hipertensão venosa na insuficiência cardíaca . Distensão bilateral não pulsátil das veias jugulares: obstrução da veia cava superior . Sinal de Hirtz: palpação da aorta na fúrcula esternal por dilatação ou aneurisma da aorta . Sinal de Oliver-Cardarelli: percepção da pulsação para baixo após elevação manual da cartilagem cricoide Gânglios linfáticos Para a palpação dos gânglios linfáticos, utiliza-se a ponta dos dedos indicador e médio, deslocando a pele sobre os tecidos subjacentes em cada região com movimentos rotatórios e suaves. O paciente deve estar Resumo Semiologia – Ilana Ramos – T.: 115 20 relaxado, com o pescoço levemente fletido para a frente e levemente fletido para o lado examinado, de modo a relaxar a musculatura. Os gânglios são caracterizados quanto à localização, tamanho, formato, delimitação (isolados ou fundidos), mobilidade, temperatura, consistência (pétrea ou elástica), hipersensibilidade,
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