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1 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada PRAD PROJETO DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTO, QUIXADÁ/CE Quixadá/CE, março de 2017 2 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Sumário 1.INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 3 1.1. EMPRESA DE SANIAMENTO RESPONSÁVEL PELA ÁREA .................................................... 4 1.2. EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD .................................................... 4 2.JUSTIFICATIVA .................................................................................................................. 5 3.DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES DO PRAD .............................................................................. 6 3.1. OBJETIVOS PARA A RECUPERAÇÃO DAS ÁREAS ................................................................ 6 4.CARACTERÍSTICAS DA ÁREA .............................................................................................. 9 4.1. MUNICÍPIO ....................................................................................................................... 9 5.ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO ............................................................... 10 6.MEIO FÍSICO .................................................................................................................. 13 6.1. ASPECTOS CLIMÁTICOS ........................................................................................................ 13 6.1.1. PLUVEOMETRIA ........................................................................................................... 13 6.1.2. TEMPERATURA ............................................................................................................. 14 6.2. GEOLOGIA .................................................................................................................. 15 6.2.1. Os Sistemas Ambientais ............................................................................................... 15 6.2.2. Solos ............................................................................................................................. 15 6.2.3. Recursos Hídrico. ........................................................................................................... 16 7.MEIO BIÓTICO ............................................................................................................... 17 7.1. DIAGNÓSTICO DA FLORA...................................................................................................... 17 7.2. DIAGNÓSTICO DA FAUNA ..................................................................................................... 19 7.2.1. Mastofauna. .................................................................................................................. 19 7.2.2. Avifauna ......................................................................................................................... 20 7.2.3. Herpetofauna................................................................................................................. 21 7.2.4. Ictiofauna ...................................................................................................................... 22 8.REFERÊNCIAS .................................................................................................................. 23 3 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 1. INTRODUÇÃO As atividades relacionadas ao crescimento e manutenção da sociedade moderna há muito tempo vem ocasionando problemas ao ambiente em que vivemos. O Plano recuperação de área degradada entra como um método remediador do problema, visando a recuperação total, parcial ou redesignando a área para uma nova função. No sertão Central do Ceará, mais precisamente na cidade de Quixadá podemos observar que a instalação de uma ETE trouxe alguns benefícios para o meio ambiente como a diminuição da carga eutrofizadora proveniente de esgotos domésticos nos corpos hídricos da região. Porém, na sua construção e operacionalização vários impactos ambientais foram gerados tais como: A supressão da vegetação, compactação do solo, emissões de gases para atmosfera, infiltrações que ocorreram eventualmente durante a fase de operação, etc. O presente PRAD – Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas, tem por objetivo apresentar a situação ambiental atual da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Quixadá (78.956,37 m²) e reabilitação ecológica das áreas ao entorno. O presente trabalho faz parte do plano de desativação do empreendimento. A recuperação de áreas afetadas pela implantação do empreendimento, implica na mitigação dos impactos ambientais das atividades que ali se desenvolveram, com o objetivo de restaurar as áreas ao entorno da estação e o definir novas atribuições as edificações ali presentes. Para que tais objetivos sejam postos em práticas se faz necessário aplicação de um modelo de solução de problemas, o qual conta com caracterização da área seguida da análise de dados anteriores a instalação. Por tais motivos, que o projeto também proporciona um diagnóstico ambiental atual das áreas. 4 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 1.2. EMPRESA DE SANIAMENTO RESPONSÁVEL PELA ÁREA Razão Social: CASC- Companhia de água do Sertão Central CNPJ: 00.000.000/0001-10 Endereço da sede: Av. João de Deus, Nº 123 Bairro: Centro Município: Quixadá Fone: (88) 3412-0001 Fax: (88) 3412-0001 E-mail: casc.comp@gmail.com 1.3.EMPRESA RESPONSÁVEL PELA ELABORAÇÃO DO PRAD Razão Social: Pensar Consultoria Ambiental CNPJ: 00.000.000/0001-20 IE: 000.000.001 Endereço da sede: Rua Maria de Deus Nº- 001 Bairro: Centro CEP: 63900-000 Município: Quixadá UF: CE Fone: (88) 3412-0000 Fax: (88) 3412-0000 E-mail: pensaconsultoriaamb@gmail.com Resp. Técnico: Eng. Silvia R Alves Silva Eng. José F. Cavalcante CREA: 00000-1 CREA: 00000-2 5 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 2. JUSTIFICATIVA A implantação da Estação de Tratamento de Esgoto no município de Quixadá teve como parte de sua estratégia a minimização dos impactos causados durante a obra, a área escolhida para a localização apresentava um grande percentual de área degradada, que mitigou os danos área de influência direta. Todavia apesar da preocupação como a diminuição dos impactos, as atividades exercidas e a construção de edificações causam danos ao terreno e a cobertura vegetal. De acordo VIANA (2012) ‘verificou-se que o período para cálculo da vida útil da ETE é de vinte anos’. Dados sobre dimensionamento e a projeção do empreendimento, estima- se que sua vida útil gire em torno de 10 a 20 anos tendo como condicionantes a operação adequada e a manutenção periódica. Após esse período deve ser construída uma nova para substitui-la e a consequente desativação da antiga. O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas, apresentado a seguir, considera as atividades referentes à recuperação, visando a importância a cobertura vegetal para a reabilitação ambiental e ecológica nas áreas às quais sofreram interferênciapelas atividades exercidas na Estação de Tratamento de Esgoto. Entre as atividades que a serrem desenvolvidas estão: supressão vegetal, criando condições para maximizar as práticas de revegetação; os planos de recuperação e sua execução, descrevendo as práticas de recuperação e estabilização da área; o monitoramento das áreas recuperadas, fechamento e realocação das estruturas com a indicação de seu uso futuro. Para a realização do PRAD serão levados em consideração os recursos naturais inerentes ao ecossistema local, como o (1) sementes, a serem colhidas diretamente da vegetação atualmente existente no local, (2) banco de plântulas e propágulos existentes na área a ser suprimida, que será resgatado anteriormente a supressão vegetal. 6 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 3. DEFINIÇÃO DAS DIRETRIZES DO PRAD 3.1. Objetivos para Recuperação das Áreas A revegetação na área degradada terá papel fundamental para o surgimento de processos erosivos e a redução da biodiversidade das espécies, além da estabilização do solo e promoção na ampliação da cobertura florestal na propriedade com o enriquecimento de espécies nativas, combatendo os efeitos antrópicos do desmatamento que decorreram da implantação do empreendimento. A recuperação destas áreas degradadas deve ser fundamentada em três preocupações principais: 1). Recuperar a área de vegetação ao entorno da Estação de Tratamento de Esgoto, recompondo diversidade arbórea do bioma, sempre atentando para o potencial auto recuperação ainda existente nas próprias áreas degradadas, de forma a garantir a restauração da diversidade local. 2). Resignar alguns setores do empreendimento para a implantação do projeto Biomas/ Instituto Federal de Ciência e Tecnologia do Ceará, campus Quixadá 3). Todas as ações devem ser planejadas de forma a se constituir numa recuperação espontânea após o enriquecimento da área, incorporando o componente ambiental na estrutura de decisão desse empreendimento, inibindo assim que outras ações de degradação venham a surgir. Os objetivos específicos a serem empregados tem como diretrizes fundamentais gerar opções para: ▪ Reestabelecer parte da cobertura vegetal com espécies nativas ▪ Proteger o solo contra a erosão superficial. ▪ Criar condições para germinação de sementes. ▪ Aumentar a capacidade de troca catiônica do solo. ▪ Reduzir a erodibilidade e incorporar matéria orgânica no solo. ▪ Reduzir o escoamento superficial da água. ▪ Possibilitar a infiltração de água no solo. ▪ Incorporar e manter os nutrientes no solo. 7 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada ▪ Melhorar imediatamente o aspecto visual das áreas degradadas. ▪ Implantar o projeto Biomas ▪ Construir um viveiro de mudas ▪ Construir uma área destinada ao teste de mudas ▪ Criar trilha ao redor da área ▪ Adaptar blocos de administração/laboratórios para a implantação do projeto Biomas 8 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada ✓ Sobre o Projeto Biomas O projeto Biomas, iniciado em 2010, é fruto de uma parceria entre a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA) com participação de mais de quatrocentos pesquisadores e professores de diferentes instituições, em um prazo de nove anos. Os estudos estão sendo desenvolvidos pra viabilizar soluções com árvores para a proteção, recuperação e o uso sustentável de propriedades rurais nos diferentes biomas brasileiros O projeto Biomas tem o apoio do SENAR, SEBRAE, Monsanto e John Deere. Na caatinga, o projeto conta com parceria das seguintes instituições: EMBRAPA Caprinos e Ovinos, EMPRABA Semiárido, Instituto Federal de Ciência e Tecnologia/ Ceará/ Campus Quixadá, Universidade do Vale do Acaraú, Universidade Federal da Paraíba-UFPB, Agricultura e Pecuária do Ceará, Administração Regional do SENAR Ceará e sindicatos da região. 9 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 4. CARACTERÍSTICAS DA ÁREA 4.1.Município O setor de estudo está localizado no município de Quixadá na parte central do estado do Ceará, região nordeste do Brasil, com área de 2.019,833 km² e população com 80.604 habitantes (2016), o município abrange cerca 1,36% da área do estado. É considerado um dos maiores e mais importantes municípios da região. A uma latitude 4º 58’ 17” e longitude 39º 00’ 55”, limita-se ao Norte com os municípios de Ibaretama, Itapiúna e Choró; ao Sul: Quixeramobim e Banabuiú; a Leste: Banabuiú, Morada Nova, Ibicutinga e Ibaretama; e a Oeste: Choro e Quixeramobim. (IBGE/IPECE, 2010). Figura 1- Localização de município FIGURA 1- FONTE: GOOGLE IMAGENS Atualmente o município está dividido em 13 distritos: Califórnia, Cipó dos Anjos, Custódio, Daniel de Queiroz, Dom Maurício, Juá, Juatama, Riacho Verde, Sede, São Bernardo, São João dos Queiroz, Tapuiará e Várzea da Onça (Tabela 1). 10 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Tabela 1 - Distritos do município de Quixadá Distrito Ano de Criação Quixadá 1870 Califórnia 1993 Cipó dos Anjos 1964 Custódio 1937 Daniel de Queiroz 1933 Dom Mauricio 1938 Juá 1993 Juatama 1933 São Bernardo 1991 São João dos Queiroz 1990 Riacho Verde -- Várzea da Onça -- Tapuiará 1943 TABELA 1 -FONTE: PERFIL BÁSICO MUNICIPAL 2015 QUIXADÁ A metodologia adotada para a presente investigação constou da consulta e da análise das informações existentes em teses e trabalhos acadêmicos na região, parte dos dados apresentados durante a pesquisa foram obtidos através dos sites do Instituto de Pesquisa e Estatística Econômica do Ceará (IBGE 2010) e Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (IPCE,2015), no “Quixadá Perfil Básico Municipal”. 5. ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO EMPREENDIMENTO As definições das áreas de influência correspondem à delimitação do espaço geográfico a ser direta ou indiretamente afetado pelas alterações ambientais, positivas ou negativas, decorrentes da implantação e operação da Estação de Tratamento de Esgoto para o Município de Quixadá/CE. 11 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Para o diagnóstico dos Meios Físico; biótico e Antrópico foram considerados as seguintes áreas de influência: Área Diretamente Afetada - ADA; Área de Influência Direta – AID; e Área de Influência Indireta – AII. ✓ Área Diretamente Afetada (ADA) A Área Diretamente Afetada é o local onde aconteceram as alterações diretas da implantação da ETE, como corte de vegetação, remoção de solo, aterro e construções. Esta área tem em seu total aproximadamente 78.956,37 m² (Figura 1), onde será a área destinada a implantação da ETE de 30.784,47 m². ✓ Área de Influência Direta (AID) A Área de Influência Direta é aquela sujeita aos impactos diretos provenientes da implantação e operação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE); como a propagação de ruídos das obras de instalação e operação; vibrações; poluição atmosférica (emissão de poeira); movimentação de veículos. Portanto, para o presente caso, foi definida como: • Meio Físico - abrange a instalação e as localidadespróximas. • Meio Biótico - abrange uma faixa de 300 metros do entorno da ADA. ✓ Área de Influência Indireta (AII) Abrange a totalidade da área urbana do Município de Quixadá. Dentro dessas áreas estão contemplados os 10 (dez) maiores bairros da área urbana municipal, a saber: Alto São Francisco, Campo Novo, Campo Velho, Carrascal, Centro, Combate, Planalto Renascer, Planalto Universitário, São João, Triângulo. 12 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Figura 2 - Mapa de localização da Área de Influência Diretamente Afetada (ADA) e de Influência Direta (AID) do local de implantação da ETE no Município de Quixadá/CE 13 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 6. MEIO FÍSICO 6.1.ASPECTOS CLIMÁTICOS O Município de Quixadá está inserido no Domínio Morfoclimático do semiárido, apresenta principal característica a distribuição irregular das chuvas no espaço e no tempo, e as elevadas temperaturas durante todo o ano. De acordo com Aguiar et al (2003, p. 6, Thornthwaite, 1948, p. 55-94). Quixadá possui tipo climático DrA’a’, caracterizando-se por ser um clima semiárido, com pequeno ou nenhum excesso hídrico, megatérmico, e a concentração dos três meses de verão responsável por 25,5% da evapotranspiração potencial normal. 6.1.1. Pluviometria A média anual dos últimos 25 anos (1988 a 2013) FUNCEME (2013) dos postos pluviométricos proporcionou valores inferiores a 800 mm. Outros postos como de Tapuiará, porção sul do município, apresentou uma média anual de aproximadamente 620 mm a 700 mm anuais. Como em boa parte do semiárido nordestino, a análise da média mensal dos 25 anos revelou um ambiente onde suas maiores precipitações pluviométricas acontecem, em sua maioria, entre os meses de março e final de junho (Figura 3) Gráfico 1- Média mensal das condições pluviométricas durante 25 anos (1988 a 2013) de Quixadá Média Mensal (25 anos) 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 Média Mensal Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez FIGURA 3 -FONTE: FUNCEME 14 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 6.1.2. Temperatura As médias relacionadas à temperatura da área enquadram-se entre 25.6 °C a 28.2°C (Figura 3) no primeiro semestre e 25°C a 27.9°C no segundo semestre, o que demonstra a pouca variação durante todo o ano. Gráfico 2 - Média mensal da temperatura de Quixadá FIGURA 3- FONTE: FUNCEME O município de Quixadá apresenta característica das regiões semiáridas, tais como: possui condições hidrogeológicas bem abaixo das demais regiões. Um dos motivos deve- se a sua estrutura geológica (ambiente cristalino), e suas condições pedológicas com baixa capacidade de absorção hídrica e irregularidades pluviométricas, que interferem na capacidade de armazenamento subterrâneo. O único período em que há excedente hídrico na área encontra-se no mês de abril, com aproximadamente 2,72 mm. Nota-se, que a deficiência hídrica ocorre em quase todo período do ano, principalmente entre os meses de agosto e dezembro. O índice efetivo de umidade do município de Quixadá enquadra-se em um ambiente seco de clima semiárido. 24.5 25 25.5 26 26.5 27 27.5 28 MÉDIA Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul. Ago. Set. Out. Nov. Dez Média mensal da temperatura 15 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 6.2.GEOLOGIA 6.2.1. Os Sistemas Ambientais Os sistemas ambientais são identificados e hierarquizados conforme a inter-relação dos seus componentes geoambientais, suas dimensões e características de origem e evolução. Dessa forma é possível identificar suas potencialidades e limitações para melhor avaliar a capacidade de suporte ao uso e ocupação da terra. SOUZA et. al. (2006). A superfície exposta do terreno onde está localizado empreendimento insere-se apenas em um dos Domínios Geomorfológico característicos da região- enquadrado no contexto Superfície de aplainamento com rampas suaves, representado por superfície pediplanada em pedimentos conservados com suave caimento em direção aos fundos de vales. Composta por vários tipos de rochas do Complexo Nordestino (Pré-Cambriano médio inferior) a drenagem assume padrão dendrítico à subdentrítica de textura aberta característico de rochas cristalinas da região, e o escoamento é do tipo intermitente sazonal típica de região semiárida intertropical. 6.2.2. Solos O processo de formação dos solos está estritamente ligado a diversos outros componentes ambientais, como clima, litologia e relevo, sendo o solo o resultado da interação de muitos processos, tanto geomorfológicos como pedológicos (GUERRA e MENDONÇA, 2004). Além desses processos outro agente importante na formação dos solos é advindo da atividade biológica nele existente. De acordo com o Perfil Básico Municipal do IPECE (2015), Quixadá apresenta basicamente três classes de solos: Planossolos Nátricos, Planossolos Háplicos e Neossolos Litólicos. A eles associam-se importante presença de Afloramentos de Rocha, além de inclusões de outras classes de solos como Vertissolo, Neossolos Flúvicos e Luvissolos Crômicos, esses últimos menos expressivos espacialmente. A região a qual está implantado a estação de Tratamento de Esgotos localiza-se sobre terrenos Solonetz Solonedizado que são solos poucos profundos, com textura de areia e estrutura fraca, pequena, subangular ou maciça. Embora o Solo apresente condições para estabilizar de grande quantidade de matéria orgânica, devido a presença de íons polivalentes, o epipedon que se forma é ocrico (possui baixa concentração carbono 16 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada orgânico) devido à pequena contribuição da vegetação atual no teor de matéria orgânica do solo. 6.2.3. Recursos Hídrico. A bacia hidrográfica pode ser definida como sendo uma área onde toda chuva que cai drena, por riachos e rios secundários, para um mesmo rio principal, localizada num ponto mais baixo da paisagem sendo separada das outras bacias por uma linha divisória denominada divisor de água (COGERH, 1997). O Município de Quixadá, sede do empreendimento objeto deste estudo, encontra-se inteiramente inserido na bacia do Rio Banabuiú, onde a área de interesse deste estudo ambiental está inserida. Tem uma área de drenagem de 19.647 km², correspondente a 13,37% do território Cearense, sendo o Rio Banabuiú, o principal tributário do Rio Jaguaribe. Esta bacia é composta por 12 municípios e apresenta uma capacidade de acumulação de águas superficiais de 2.755.909.000 bilhões de m³, num total de 18 açudes públicos, conforme mostra a Figura 4. FIGURA 4- CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO BANABUIÚ 17 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 7. MEIO BIÓTICO 7.1.DIAGNÓSTICO DA FLORA ▪ Metodologia ✓ Área de Influência Indireta (AII) - Regional As classes de Vegetação da bacia do rio Banabuiú são compostas por: Caatinga Arbustiva Aberta, Caatinga Arbustiva Densa, Carrasco, Cerradão, Floresta Caducifólia Espinhoso (Caatinga Arbórea), Floresta Mista Dicotilo-Palnaceae (Mata Ciliar com Carnaúba), Floresta Subcaducifólia Tropical Pluvial (Mata Seca), Floresta Subcaducifólia Topical Xeromofa, Floresta Subperenifólia Tropical Pluvio-Nebular,como apresentado (Figura 7). Dentre essas formações a Caatinga Arbustiva Densa é a que predomina nesta região, cobrindo grande parte da cidade. ✓ Área de Influência Direta (AID) A vegetação remanescente na Área de Influência Direta está inserida na região fito ecológica Caatinga Arbustiva Densa e (Figura 8). De acordo com Cruz (2010) Caatinga arbustiva densa possui maior número de árvores e um adensamento do estrato arbustivo, interrompido somente em locais onde há afloramento de rochas não decompostas. Encontramos o caroá (Neoglaziovia variegata), planta de valor econômico por fornecer fibra, a baraúna (Schinopsis brasiliensis), a aroeira (Astronium urundeuva), o angico (Anadenanthera macrocarpa), a jurema (Mimosa hostilis), a catingueira (Caesalpinia pyramidalis), a faveleira (Jatropha phyllacantha), o pinhão-bravo (Jathropha pohliana), o marmeleiro (Cróton sp.), cactáceas (xique-xique e palma de espinho) e bromeliáceas (macambira e caroá). A seguir segue imagem de uma área de vegetação Arbustiva in natura. 18 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Imagem 1- Área de vegetação Arbustiva densa FIGURA 2- FONTE: FRANCISCO, P. R. M.; RIBEIRO, G. DO N.; MORAES NETO, J. M. DE; ARAGÃO, K. P. 126 ✓ Diretamente afetada (ADA) A cobertura da vegetação original da área onde serão implantados o empreendimento da ETE foi parcialmente suprimida pela atividade agropecuária. Atualmente, parte da área é usada como pastagens. Este tipo de formação vegetal se predomínio de gramíneas. Em meio às pastagens e ao longo dos limites do terreno ocorrem pequenas porções de indivíduos tais como: Mimosa tenuiflora (Jurema) e Anadenanthera Colubrina (Arapiraca). 19 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Imagem 1- Terreno antes das alocações da E.T.E. IMAGEM 1- GOOGLE EARTH 7.2.DIAGNÓSTICO DA FAUNA Os ecossistemas do bioma Caatinga encontram-se bastante alterados com a substituição de espécies vegetais nativas por cultivos e pastagens. Aproximadamente 80% dos ecossistemas originais já foram antropizados, sendo que o desmatamento e as queimadas são ainda praticadas no preparo da terra para a agropecuária que, além de destruir a cobertura vegetal, prejudica a manutenção de populações da fauna silvestre, a qualidade da água e o equilíbrio do clima e do solo. SANTOS (2008). ▪ Metodologia Foram levantados através de registros bibliográficos de ocorrência de mamíferos dentro dos da Quixadá em trabalhos acadêmicos da área para conhecer as espécies da Área Influência Indireta (AII) Todos os animais observados foram identificados através de guias de identificação e seus nomes verificados quanto a sua ocorrência em listas de espécies consideradas ameaçadas de extinção. 7.2.1. Mastofauna Os mamíferos estão entre os grupos zoológicos mais importantes em termos de conservação biológica, pois são tanto polinizadores como dispersores de sementes, além de exercerem um valioso papel nas teias alimentares (REIS et al., 2010). Eles são considerados importante para a componente dos ecossistemas, principalmente pela sua grande variedade de espécies e adaptações ao ambiente. 20 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada De acordo com o levantamento da diversidade de mamíferos para o estabelecimento de áreas prioritárias para a conservação do bioma Caatinga OLIVEIRA (2003). A seguir é apresentado um resumo da representatividade taxonômica a nível de município (Tabela 2) Tabela 2- Lista da Mastofauna da Caatinga Lista das Espécies observadas na região Nome Cientifico Autor Nome Popular Euphractus sexcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu Bola Dasypus novemcinctus (Linnaeus, 1758) Tatu Galinha Didelphis albiventris Cordeiro (2012) Cassaco Euphractus sexcinctus) Cordeiro (2012) Peba Tamandua tetradactyla Cordeiro (2012) Mambira Thrichomys apereoides Cordeiro (2012) Punaré Galea spixii Cordeiro (2012) Preá Keredon rupestris) Cordeiro (2012) Mocó Conepatus semistriatus Cordeiro (2012) Jirita Callithrix jacchus Cordeiro (2012) Soim 7.2.2. Avifauna Segundo RODRIGUES (2012) A caatinga possui 347 espécies de aves (PACHECO & BAUER, 2000). Considerando os brejos florestados e Campos rupestres, ambientes isolados dentro da caatinga, esse número chega a 510 espécies (SILVA et. al, 2003). Isso representa aproximadamente 30% das espécies registradas no Brasil. Também, o bioma caatinga é considerado por (CRACRAFT, 1985), como um centro de endemismo para aves. As aves são de suma importância para estabelecer equilíbrio entre a relações de plantas e animais, pois algumas espécies plantas possuem dispersão de sementes dependentes das aves. (Figura 3) Tabela 3- Lista da Avifauna da Caatinga 21 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Lista das Espécies observadas na região Nome cientifico Autor Nome Popular Penelope jacucaca Rodrigues (2012) Jacucaca Tigrisoma linetaum Rodrigues (2012) Socó-boi Butorides striata Rodrigues (2012) Butorides striata Cathartes burrovianus Rodrigues (2012) Cathartes burrovianus Aramus guarauna Rodrigues (2012) Carão Vanellus chilensis Rodrigues (2012) Quero-quero Hydropsalis albicolli Rodrigues (2012) Bacurau 7.2.3. Herpetofauna A caatinga é um bioma rico em espécies e com grande número de endemismos. As informações oriundas da fauna de repteis e anfíbios da caatinga é fundamental para compreender a história do ecossistema atual. Apesar disso nosso nível de conhecimento sobre a herpetofauna da Caatinga, por melhor que seja sua posição relativa face à dos demais ecossistemas, é ainda insatisfatória. RODRIGUES (2000?) A seguir é apresentado um resumo da representatividade taxonômica a nível de município (Tabela 3) Tabela 4- Lista da Herpetofauna da Caatinga Lista das Espécies observadas na região Nome cientifico Autor Nome Popular ANFÍBIOS Rhinella jimi Cordeiro (2012) Cururu Proceratophrys cristiceps Cordeiro (2012) Sapo Boi Leptodactylus troglodytes Cordeiro (2012) Caçote Hypsiboa raniceps Cordeiro (2012) Perereca Scinax x-signata Cordeiro (2012) Rãzinha Physalaemus cuvieri Cordeiro (2012) Sapinho SERPENTES Boa constrictor Cordeiro (2012) Jibóia; Cobra de veado 22 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada Leptophis ahaetulla Cordeiro (2012) Cobra-cipó Liophis dilepis Cordeiro (2012) Costelinha-de-vaca Leptodeira annulata Cordeiro (2012) Cobra Dormideira LAGARTOS Iguana iguana Cordeiro (2012) Iguana Briba brasiliana Cordeiro (2012) Briba Cnemidophorus ocellifer Cordeiro (2012) Lagartixa Tropidurus hispidus Cordeiro (2012) Calango Tropidurus semitaeniatus Cordeiro (2012) Calango Listrado 7.2.4. Ictiofauna Não foi observada a ocorrência de peixes na área. 23 Consultoria Ambiental PRAD – Projeto de Recuperação da Área Degradada 8. REFERÊNCIAS COGERH. Sub- bacias Hidrográfica do Rio Banabuiú Características Gerais. Disponível < http://www.srh.ce.gov.br/index.php/caracterizacao-das-bacias- hidrograficas?download=214:caracterizacao-da-bacia-hidrografica-banabuiu. > em acesso 22 de out. 20016 CORDEIRO. Ana Carolina Leite. “Plano de Manejo Reserva Particular do Patrimônio Natural-RPPN Não Me Deixes. 2012.Disponivel < http://www.icmbio.gov.br/portal/images/stories/docs-planos-de-manejo/rppn_nao_me_deixes_pm.pdf> acesso 22 de out. 2016 CRISPIM. Andrea Bezerra. Fragilidade Ambiental Decorrente das Relações Sociedade/ Natureza no Semiárido Brasileiro: O Contexto do Município de Quixadá- CE. 2016. Disponível em < http://www.uece.br/mag/dmdocuments/andrea_bezerra_crispim.pdf> 13 de out. 2016 CRUZ. Franklin Nelson da, BORBA. Gilvan Luiz e ABREU. Luiz Roberto Diz de. 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