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ÍNDICE Introdução .......................................................................1 Ferramenta #1: Círculo dourado ....................................2 Ferramenta #2: Effectuation ...........................................4 Ferramenta #3: Sprint .....................................................8 Ferramenta #4: Garra ................................................... 10 INTRODUÇÃO 1 Voltar para o índice “A vida pode ser muito mais ampla quando você descobre um simples fato: tudo que há ao seu redor, o que você chama de vida, pode ser mudado e influenciado por você”, disse Steve Jobs. Na época, ele estava explicando um novo slogan da Apple, lançado em 1984. E você provavelmente já sabe qual é: pense diferente. Quase vinte anos depois, uma professora da Stanford University chamada Carol Dweck apresentou o conceito de growth mindset, ou mentalidade de crescimento. Ou seja, adotando novas formas de pensar, de encarar o mundo e os desafios que temos, podemos induzir a nossa mente para o desenvolvimento contínuo. Para a pesquisadora, quando realmente queremos melhorar, é possível crescer através das nossas experiências - e mais ainda quando saímos da zona de conforto. Nesse ebook, buscamos apresentar um caixa de ferramentas mentais para potencializar o seu mindset e te dar condições de se aventurar fora da sua zona de conforto. A ideia é mostrar novas maneiras de pensar e agir para fazer os seus projetos finalmente decolarem. Primeiro explicamos o Círculo Dourado, conceito de liderança que destaca a importância de encontrar motivação e propósito para erguer grandes projetos. Depois, seguimos com a Effectuation, uma lógica empreendedora que foca no aproveitamento máximo de recursos disponíveis para evitar que grandes iniciativas morram sem nem sair do papel. Mostramos, logo depois, como funciona o Sprint, uma ferramenta que aumenta a organização e agilidade da execução do seu projeto - principalmente se envolver mais pessoas. Concluímos com a Garra, uma atitude que vai aumentar sua resiliência diante dos obstáculos que todo grande projeto enfrenta. O propósito desse material é justamente ajudá-lo a criar novas perspectivas e atingir seus objetivos. O conteúdo é derivado dos conceitos ensinados no nosso programa de formação de lideranças, o Liderança Na Prática, voltado para jovens universitários e recém-formados e que acontece durante o ano todo em cidades do Brasil inteiro. Estamos ansiosos para saber o que você vai criar. Boa leitura! FERRAMENTA #1: CÍRCULO DOURADO O círculo dourado, ou golden circle, é um conceito de liderança para indivíduos e empresas que destaca a importância da motivação para inspirar e atrair seguidores Quer ser um grande líder? Comece pensando no porquê A ideia mais simples do mundo. É assim que Simon Sinek, autor do bestseller Por que? Como Grandes Líderes Inspiram Ação, resume o círculo dourado, ou golden circle – seu conceito de liderança que explica como grandes líderes e organizações obtêm infl uência. Com a proposta de aliar ação é propósito, esta é também uma das ferramentas abordadas no Laboratório, curso de formação de lideranças do Na Prática. Sinek afi rma que o padrão seguido por grandes líderes da história (sejam eles indivíduos icônicos ou mesmo a companhia mais valiosa do mundo) é inspirar as pessoas a tomarem uma ação. Para ele, no entanto, isso só acontece quando as pessoas não compram o que você faz, mas sim sua motivação para fazê-lo. Questão de propósito A Apple, atualmente a empresa mais valiosa do mundo, é um exemplo. Sinek explica que a empresa apresenta sua crença em desafi ar o status quo através da criação de produtos bem projetados, fáceis de usar e com uma interface amigável. Ou seja, não se trata de meramente fabricar computadores, mas de uma causa: think diff erent (pense diferente). E toda a comunicação da marca é focada nessa causa, e não em simplesmente fazer ótimos computadores. “O objetivo não é fazer negócios com todo mundo que precisa do que você tem, mas fazer negócios com pessoas que acreditam no que você acredita”, conta em sua Ted Talk. Martin Luther King Jr, o líder do movimento pelos direitos civis no Estados Unidos durante os anos 1950, também é um exemplo do poder do “por que”. Segundo Sinek, o discurso que usava para abordar o problema do racismo não era focado no ele achava que precisava mudar na América, mas sim no que ele acreditava. “E, a propósito, ele fez o discurso ‘Eu tenho um sonho‘, e não ‘Eu tenho um plano’“, conclui. Não que o plano seja menos importante, mas é o sonho que vai engajar outras pessoas no seu projeto ou mesmo no seu produto. E o Golden Circle é uma ferramenta que pode te ajudar a entender esse propósito. O “golden circle” No papel, a ferramenta toma a forma de três círculos, um dentro do outro. O círculo maior signifi ca o que você faz (quais são seus produtos e serviços ou sua função individual). O círculo do meio é como você faz tal coisa (sua proposta de valor ou seu diferencial, por exemplo). 2 Voltar para o índice Por último, e mais importante, o círculo central é o por que você faz aquilo. “E não é ‘ter lucro’, porque isso é um resultado”, explica Sinek. “Quero dizer: qual é seu propósito? Qual é a causa? Qual é a sua crença? Por que sua organização existe? Por que você sai da cama de manhã? E por que alguém deveria se importar?” Esse deve ser o passo inicial. Segundo o modelo, para conseguir sua influência e conquistar outros, líderes e organizações inspiradores devem inverter a lógica comum de comunicação (eu faço tal coisa de tal jeito por tal motivo) e se comunicam de dentro para fora (eu acredito nisso e, por esse motivo, trabalho de tal maneira para criar tal coisa). Essa estratégia também se estende à forma como você lida com o seu emprego ou as organizações com que se envolve. Quando você trabalha em um lugar em que acredita, não trabalha só pelo salário, mas baseado em um alinhamento de valores. A diferença aparece na performance e no comprometimento cotidianos. “Sejam eles indivíduos ou organizações, seguimos aqueles que lideram porque queremos segui-los”, conclui Sinek. “E esses que começam com o ‘por que’ possuem a habilidade de inspirar aqueles a sua volta ou encontrar aqueles que os inspiram.” 3 Voltar para o índice FERRAMENTA #1: CÍRCULO DOURADO FERRAMENTA #2: EFFECTUATION Criado por Saras Sarasvathy, professora da Darden School of Business, o método ensina que qualquer um pode empreender ao começar com o que tem e convidar outros a participarem; “O objetivo é cocriar o futuro”, explica ela Effectuation: a ferramenta para tirar qualquer projeto do papel “Não pensamos em empreendedorismo como uma habilidade que pode ser ensinada nas escolas e acredito que seja hora de mudar essa imagem.” Essa é a principal crença de Saras D. Sarasvathy, a mulher por trás da effectuation, uma lógica de ação empreendedora que se espalhou pelo mundo. O termo poderia ser livremente traduzido para efetuação, o ato de realizar as coisas, e também é uma das ferramentas abordadas no Laboratório, curso de formação de lideranças do Na Prática. Em uma aula recente transmitida no Brasil pela Aliança Empreendedora, Sarasvathy, que é professora da Darden School of Business, na University of Virginia, explicou que a lógica da efetuação é o oposto da lógica causal, o modelo padrão do mundo dos negócios. Neste último, uma trajetória de sucesso exige ter uma ideia brilhante, mostrar que há um mercado, criar um ótimo plano de negócios, captar investimento, fazer o negócio crescer e prosperar e, por fim, vendê-lo ou abrir o capital. Em resumo, se essa previsão do futuro estiver errada e um dos passos fracassar, os outros tambémdesaparecem. Na lógica de effectuation, a ideia é controlar um futuro imprevisível. Como isso é possível? Ao se cocriar o futuro ao invés de tentar prevê-lo, explicou ela. A estrutura de Sarasvathy é básica e vai muito além do empreendedorismo, podendo envolver qualquer projeto na carreira: é preciso usar o que está sob seu controle (quem é você, o que você sabe, quem você conhece, que recursos tem) para criar ideias factíveis em parceria com quem se interessar. Em seguida, as ideias são colocadas em prática investindo somente aquilo que o empreendedor pode perder, o que torna um potencial fracasso mais palatável. São as chamadas perdas acessíveis. A professora usa a cozinha como analogia. Segundo a lógica causal, se quiser cozinhar, é preciso primeiro escolher o prato, depois comprar os ingredientes e instrumentos necessários e então acender o fogão. O outro jeito é ver o que tem na geladeira e pensar no que dá para fazer. Se a pessoa não souber nada sobre cozinhar – ou seja, se não souber nem o básico sobre como montar um negócio –, as chances de dar errado são altas. Se souber um pouco sobre o assunto, ela vai conseguir fazer o que queria. Pode não ser exatamente do jeito que imaginou e pode exigir mudanças, mas será algo diferente. E ela só usou os ingredientes que já tinha em casa. “Não se trata de aumentar as chances de sucesso, mas de diminuir o custo do fracasso para que você possa tentar muitas vezes”, resumiu a professora. “E se você tiver sucesso, há uma boa chance de ter criado algo novo.” 4 Voltar para o índice Origens A ideia do lógica de effectuation surgiu quando Saravasvathy, uma cientista cognitiva, fazia sua pós-graduação na instituição Carnegie Mellon. Ela era orientada por Herbert Simon, vencedor do prêmio Nobel de Economia, e tinha um projeto de tese ambicioso: entrevistar empreendedores bem sucedidos e entender como eles encaravam problemas. Vinte e sete deles – pessoas com mais de 15 anos de experiência que tinham fundados diversas empresas e aberto o capital de pelo menos uma – aceitaram participar da pesquisa, que envolvia entrevistas, um case de estudo de uma startup e uma série de decisões hipotéticas que precisavam ser tomadas. Saravasvathy descobriu que eles eram ótimos de improviso, sabiam lidar com surpresas, tinham objetivos que permitiam flexibilidade e estavam sempre usando seus recursos de maneira criativa. Basicamente, sabiam fazer as coisas acontecerem. As descobertas viraram um livro, Effectuation: Elements of Entrepreneurial Expertise, em que a autora explica teoria e técnicas em ambientes de controle não preditivo, e passaram a ser refinadas e difundidas pelo mundo. “Algumas teorias dizem que empreendedores são, de algum jeito, diferente de nós”, disse ela em uma TEDx Talk, em 2010. “Minha teoria é que excelentes empreendedores não começam com ideias brilhantes ou insights e previsões extraordinárias. Eles começam como eu ou você poderíamos começar: com quem são, o que sabem e quem conhecem.” Como funciona o effectuation Os princípios de effectuation são cinco – pássaro na mão (bird in hand), perda acessível (affordable loss), manta de retalhos (patchwork quilt), limonada (lemonade) e piloto do avião (pilot in the plane) –, e servem para guiar o pensamento do empreendedor. 1. Pássaro na mão: comece com o que tem “Comece com o que está na sua mão: quem é você, o que você sabe, quem você conhece? O que aprendeu, que recursos tem, qual é sua rede de contatos?” Durante sua palestra na aula global, Sarasvathy usou a criação do Airbnb para mostrar cada parte na prática. O “pássaro na mão” do Airbnb veio em 2007, quando os fundadores Brian Chesky e Joe Gebbia, que moravam juntos, estavam tendo problemas para pagar seu aluguel em São Francisco. Notando que uma conferência de design tinha lotado os hotéis nos arredores, eles tiveram a ideia de cobrar por um espaço dentro da própria casa. Com três colchões de ar e a promessa de um café da manhã fresco por US$ 80, nascia o Airbed & Breakfast. 2. Perda acessível: gaste só o que puder “Não perca mais do que pode perder e pergunte-se: o que eu posso fazer?” Chesky e Gebbia investiram pouquíssimo na empreitada: só precisaram do colchão e de alguns ingredientes. Não houve plano de negócios nem visitas a investidores, só um website simples – o que faz sentido, já que o problema que tinham era justamente falta de verba. 5 Voltar para o índice FERRAMENTA #2: EFFECTUATION 3. Manta de retalhos: forme parcerias “Trabalhe com todo mundo que quiser vir.” Depois, chegou a hora de provar que a ideia tinha mercado. A situação inicial, compreensivelmente, não era promissora: quem pagaria para dormir na sala de um estranho? Acontece que, num mundo com quase oito bilhões de pessoas, há gosto e necessidade para tudo. Surgiram os primeiros três clientes e a dupla percebeu que a ideia poderia crescer. Sem experiência com programação, eles convidaram um amigo, o engenheiro Nathan Blecharczyk, para participar da ideia e criar um website mais sofisticado. 4. Limonada: lide com contingências “É como diz o ditado: quando a vida te dá limões, faça limonada. Você terá muitas surpresas, então trabalhe com elas.” Em idos de 2008, a ideia exigia mais dinheiro para se desenvolver e a dupla deu um jeito criativo no problema. Aproveitando a corrida presidencial americana daquele ano, eles decidiram arrecadar fundos e simultaneamente marcar sua presença nacionalmente durante a convenção nacional do partido democrata. Para chamar a atenção e arranjar fundos, compraram mil caixas de cereais genéricos, personalizaram com desenhos dos dois candidatos, Barack Obama e John McCain, e foram até Denver, onde acontecia a convenção, para vendê-las por US$ 40 cada. Era a primeira eleição de Obama, que o transformou em uma celebridade global mesmo antes da vitória, e o evento tinha lotado os hotéis da cidade – uma oportunidade perfeita para oferecer outros colchões e listar novas residências na plataforma. Voltaram com US$ 30 mil dólares, presença na mídia e algumas caixas de sobra, que serviram de alimento pelos próximos meses. Em 2009, ainda lutando para sobreviver e um pouco mais atraentes, conseguiram uma vaga em uma aceleradora de startups, a Y Combinator, reduziram o nome para Airbnb e se dedicaram a refinar o conceito. 5. Piloto do avião: controle, não preveja “Foque em atividades sob seu controle e cocrie o futuro.” O Airbnb agora tinha diversas casas cadastradas e era suficientemente interessante para investidores para ganhar capital de alguns fundos de peso, como o Sequoia Capital. O que ele ainda não tinha ainda uma clientela crescente. Em 2010, três anos após a ideia original, Chesky e Gebbia foram a campo em Nova York – “gastaram a sola do sapato e não dinheiro”, destacou Sarasvathy, aprovando a iniciativa –, onde conversaram com parceiros e usuários pré-existentes e potenciais. O objetivo era construir esses relacionamentos e entender o que fazer para deixar as pessoas confortáveis listando suas moradias e fazendo reservas no site. (Chesky já tinha passado alguns meses morando exclusivamente em casas do Airbnb e o feedback foi extremamente útil.) Foi em Nova York que tiveram a grande sacada: fotografar profissionalmente, eles mesmos, cada um dos espaços na cidade e deixá-los mais atraentes. Logo notaram que esses apartamentos tinham entre duas e três vezes mais reservas. O Airbnb disponibilizou então uma equipe gratuita de vinte fotógrafos para todas as moradias listadas na plataforma, o que fez com que os clientes se interessassem muito mais e o negócio crescesse 800% em um ano – assim como os investimentos, agora na casa dos milhões. Dez 6 Voltarpara o índice FERRAMENTA #2: EFFECTUATION anos depois da ideia inicial, o Airbnb é um unicórnio, termo utilizado no Vale do Silício para descrever startups com avaliações bilionárias. Atualmente, ele é avaliado em 29,3 bilhões de dólares. Effectuation e inovação Ao final da palestra de Sarasvathy, uma aluna trouxe uma dúvida: se todo mundo seguir a mesma trilha, como um empreendedor poderia evitar se perder num mar de mesmice? A resposta da professora revelou a simplicidade eficaz da ferramenta. “Você terá uma variedade porque o ponto inicial [o pássaro na mão] sempre será diferente e pessoas inesperadas vão se juntar à ideia e participar do processo”, disse. Nessa segunda fase, em que há outros participantes, o ato de empreender se torna coletivo – quem somos nós, o que nós podemos fazer, quais são nossos recursos – e novas oportunidades se abrem. Ou seja, o effectuation funciona também como uma maneira de potencializar a inovação em larga escala. “A inovação está dentro do processo porque você e todas as outras pessoas são únicas e é assim que criamos coisas novas.” Outro ponto positivo de ver o empreendedorismo sob a luz da effectuation, explicou ela, é desmistificar a ideia do empreendedor de sucesso como alguém solitário, genial ou sortudo e tornar o empreendedorismo como um todo mais acessível e o mundo, mais inovador. Afinal, se todo mundo é capaz, por que não tentar? 7 Voltar para o índice FERRAMENTA #2: EFFECTUATION É ele que marca as reuniões, garante que as funções de cada um estejam claras e que as ferramentas necessárias estejam disponíveis. O sprint no papel No papel, o sprint toma a versão de uma planilha colaborativa no Google Sheets, com colunas como data do sprint, nome da tarefa, tipo de tarefa (primária, secundária e problemas a resolver que envolvem uma liderança), status e observações. O modelo é personalizável e permite outras colunas, desde que a planilha continue clara e organizada. FERRAMENTA #3: SPRINT Entenda como funciona a ferramenta, que quebra projetos e problemas em tarefas e as organiza para que sejam concluídas rapidamente num tempo determinado Sente que está perdendo tempo? Organize um sprint para o seu projeto O sprint é uma ferramenta para atingir marcos de curta duração, que organiza o desenvolvimento de projeto ou de um problema ao dividi-lo em tarefas que devem ser cumpridas ao longo de uma, duas ou três semanas. Originalmente utilizado por profissionais de tecnologia para executar as diversas fases de um projeto, como implementação de um novo código ou correção de bugs, o sprint pode facilitar muitos outros tipos de projeto, além de adicionar disciplina ao trabalho. Tudo começa com uma definição bem clara do problema ou projeto em questão. Em seguida são criadas as tarefas que o compõe, que também podem ser quebradas em pedaços menores, capazes de serem concluídos mais rapidamente. O time então estima o tempo que levará para completar cada pedaço e a soma dá uma ideia da carga horária necessária. Depois, na data marcada para começar o sprint, é hora de começar a trabalhar. “É importante que as pessoas sejam honestas se de fato entregaram ou não a tarefa – quanto mais específica for a entrega, melhor – e também entender que não há problema algum em falhar no planejamento. Estamos em um processo contínuo de aprendizado”, diz Millor Machado, gerente de Gente, Gestão e Tecnologia da Fundação Estudar, que utiliza o sprint com sua equipe. Em sua área, Millor atua como scrum master, nome dado ao responsável por garantir que o sprint funcione. Há também a questão do backlog, outro termo herdado da tecnologia e que se refere às demandas acumuladas, que não estão planejadas no sprint em curso. “De forma bem simples, um backlog guarda as ideias de coisas que devem ser feitas mais para frente”, fala Millor. “Um bom backlog facilitar muito o processo, já que é ‘só’ uma questão de dimensionar quanto tempo cada tarefa levará e o tempo disponível do sprint.” É no backlog, e não diretamente na planilha, que vão parar as demandas inesperadas que surgem pelo caminho. 8 Voltar para o índice Para manter a disciplina do sprint sem ignorar ninguém, a solução encontrada pela Fundação Estudar foi criar um backlog no Trello, uma ferramenta colaborativa gratuita que organiza as informações – o que é, quem faz, etc. – em cartões, que podem ser movimentados num painel. No Trello da ONG, os cartões são organizados em colunas referentes ao status de cada tarefa, como ideia bruta, tempo estimado para prepará-la e revisão e aprovação. Também é possível adicionar notas, comentários e etiquetas em cada cartão. Quando tudo estiver certo e validado por ali, o cartão do Trello ganha um “upgrade” e, quando possível, é encaixado na planilha do sprint. Evite alterações Esse tipo de encaixe fica mais fácil quando o sprint deixa uma folga para levar em conta eventuais imprevistos. Um sprint de uma semana conta com 40 horas de trabalho (oito horas por dia). Ao organizar suas tarefas de maneira que levem cerca de 30 horas para serem concluídas, por exemplo, é possível garantir esse espaço extra para o backlog. Durante um sprint, no entanto, novas demandas devem ser tratadas com cautela. É por isso que, se o ambiente de trabalho for muito volátil, ele dificilmente vai funcionar como deveria. “O sprint parte da premissa de que uma vez definido, o planejamento só deve ser alterado em casos muito extremos”, explica Millor. “Brincamos que existem momentos de pensar numa tarefa antes do sprint e, durante, ‘não há espaço para pensar’. O que foi prometido precisa ser entregue.” Caso o conceito de sprint cause estranhamento na equipe, você pode começar de maneira mais leve. “Um e-mail com os envolvidos combinando o que entregarão até a próxima reunião já dá um belo início”, aconselha Millor. Lembre-se, mais uma vez, que o objetivo aqui é atingir um marco curto. Quanto mais organizado for esse processo, mais fácil será. 9 Voltar para o índice FERRAMENTA #3: SPRINT Foi lá que Duckworth desenvolveu a “escala de grit”, que previa o sucesso de alunos em uma instituição militar ou uma competição de soletração, por exemplo, ambos cenários bastante desafiadores. “Minha pergunta era: ‘Quem aqui é bem sucedido e por quê?’”, lembra. “Em diferentes contextos, uma característica se destacou como um indicador significativo de sucesso – e não foi a inteligência social, a boa aparência, a saúde física ou o Q.I. Foi a garra.” Garra e growth mindset Para começar, é preciso ser realista. A psicóloga diz que é impossível obrigar-se a se interessar por algo que você não se interessa, mas ao ativamente buscar e aprofundar seus interesses, é possível criar garra para se aprimorar naqueles assuntos. Essa garra, assim como um sentimento de esperança ou resiliência, vai mantê-lo no caminho mesmo quando surgirem inevitáveis contratempos. Um dos jeitos que Duckworth oferece para desenvolvê-la na prática é saber mais sobre a mentalidade de crescimento, ou growth mindset. Desenvolvido por Carol Dweck, uma professora da Stanford University, esse conceito afirma que, ao aprender como o cérebro humano funciona e responde a desafios, o indivíduo tem uma probabilidade maior de perseverar depois de um fracasso porque entende que aquilo não é uma falha pessoal ou permanente. FERRAMENTA #4: GARRA Autora de um bestseller sobre o assunto, a psicóloga Angela Lee Duckworth ganhou milhões de adeptos com sua TED Talk e afirma que talento e inteligência não são os únicos indicadores de sucesso; “Garra é ter resistência”, falou Inteligência não é o fator mais importante para atingir o sucesso. Entenda por que! Em maio de 2013, AngelaLee Duckworth apresentou sua teoria sobre o sucesso em uma TED Talk. Ela levou apenas seis minutos para explicar por que a garra (ou grit, em inglês) era fundamental. Quatro anos, um bestseller e uma bolsa de estudos da Fundação McArthur (conhecida como o “prêmio dos gênios”) depois, a ideia continua ganhando adeptos pelo mundo. Basicamente, garra é a habilidade pessoal de escolher um objetivo de longo prazo e não abandoná-lo, apesar dos obstáculos e dificuldades que inevitavelmente surgirão no caminho. Isso exige uma mistura intensa de paixão e perseverança. Mas será que essas características podem ser desenvolvidas? A faísca da pesquisa veio quando a acadêmica tinha 27 anos e começou a ensinar matemática para crianças no sétimo ano. Analisando suas notas, ela percebeu uma relação inusitada entre os melhores desempenhos e inteligência: não eram necessariamente os mais inteligentes ou talentosos que iam bem, e sim os mais determinados. “Eu tinha plena certeza de que cada um dos meus alunos era capaz de aprender o conteúdo caso se dedicasse tanto quanto necessário”, contou. A ideia ganhou forma durante seu mestrado em Psicologia na University of Pennsylvania, onde ela é professora atualmente. 10 Voltar para o índice “Em um estudo, ensinamos às crianças que todas as vezes que elas se forçam a sair de sua zona de conforto para aprender algo novo e difícil, os neurônios em seus cérebros conseguem formar conexões novas e mais fortes, e com o tempo, elas podem ficar mais espertas”, explicou Dueck. “Estudantes que não aprenderam a cultivar essa mentalidade continuaram a apresentar notas cada vez mais baixas, mas aqueles que aprenderam essa lição deram um grande salto.” Quando o significado de esforço e dificuldade é transformado, como é o caso da mentalidade de crescimento, as dificuldades servem como estímulos – e fortalecem o sentimento de garra. Garra, no fim, é saber manter-se resiliente apesar dos obstáculos, sejam eles externos ou internos. “É viver a vida como se fosse uma maratona, não uma simples corrida”, resume Duckworth. Sem isso, objetivos ambiciosos e de longo prazo simplesmente não serão atingidos, pois a pessoa não saberá se manter firme ao persegui-los. 11 Voltar para o índice FERRAMENTA #4: GARRA Textos Ana Pinho Rafael Carvalho Edição Ana Pinho Rafael Carvalho Design Aaron Saiki Danilo de Paulo Renata Monteiro fundação estudar, 2017
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