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DIREITO CIVIL V - CCJ0111
Semana Aula: 8
Regime de Bens
Tema
Regime de Bens
Palavras-chave
Objetivos
1.    Conceituar os regimes de bens previstos no Código Civil.
 
2.    Compreender o alcance e os efeitos dos regimes de bens.
Estrutura de Conteúdo
1.     Comunhão parcial ? conceito e alcance (arts. 1.658 a 1.666, CC).
 
2.     Comunhão universal ? conceito e alcance (arts. 1.667 a 1.671, CC).
 
3.     Separação convencional de bens ? conceito e alcance (arts. 1.687 a 1.688, CC).
 
4.     Participação final nos aquestos ? conceito e alcance (arts. 1.672 a 1.686, CC).
Procedimentos de Ensino
O presente conteúdo pode ser trabalhado em uma aula, podendo o professor dosá-lo de acordo com as condições (objetivas e subjetivas) apresentadas pela turma. 
 
O professor deve iniciar a aula retomando os princípios aplicáveis aos regimes de bens. Feitas as considerações, o docente pode iniciar o estudo dos regimes de bens previstos no Código Civil.
 
COMUNHÃO PARCIAL (arts. 1.658 a 1.666, CC)
 
Até 25 de dezembro de 1977 o regime supletivo legal era a comunhão universal de bens, por motivos de ordem moral (se o casamento implica comunhão de vida, deve resultar dele a completa comunhão de patrimônio) e histórica (Ordenações do Reino), sistema que refletia a hierarquia existente na sociedade conjugal. 
 
Com o advento da Lei do Divórcio (26/12/77, Lei n. 6.515) o regime supletivo passou a ser a comunhão parcial, sistema mantido pelo art. 1.640, CC, por se considerar o mais adequado às modernas relações familiares e à nova percepção de igualdade entre os consortes, uma vez que não anula a individualidade e autonomia das pessoas casadas com relação ao seu patrimônio.
 
É regime que se caracteriza por criar três massas de bens: a massa particular da mulher; a massa particular do homem e a massa comum. Portanto, estabelece: separação quanto aos bens presentes e comunicação (em regra) quanto aos futuros. Na definição de Silvio Rodrigues (2009, p. 178) ?é aquele regime em que basicamente se excluem da comunhão os bens que os cônjuges possuem ao casar ou que venham a adquirir por causa anterior e alheia ao casamento, como as doações e sucessões; e em que entram na comunhão os bens adquiridos posteriormente, em regra, a título oneroso?.
 
Excluem-se da comunhão (art. 1.659 e 1.661, CC):
I-        Os bens que cada cônjuge possuir ao casar, e os que lhe sobrevierem, na constância do casamento, por doação ou sucessão, e os sub-rogados em seu lugar. Embora estes bens não se comuniquem suas benfeitorias, frutos e rendimentos se comunicam.
a.    Destacam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 259) que nos casos em que o bem imóvel é adquirido pelo SFH (ou qualquer outro tipo de financiamento) antes do casamento é necessário fazer um ajuste contábil. ?O valor pago pelo titular antes de casar, será considerado somente seu (bem particular). Todavia, o montante pago durante o casamento, tem de ser partilhado, por decorrer de esforço comum, ingressando na comunhão, mesmo considerando que o imóvel tenha sido, originariamente, adquirido por um dos cônjuges sozinho?. 
II-      Os bens adquiridos com valores exclusivamente pertencentes a um dos cônjuges em sub-rogação dos bens particulares.
a.     A sub-rogação não precisa ser na mesma espécie de bens, mas seu limite é o valor do bem particular. Assim, se o bem sub-rogado é mais valioso, a diferença de valores que não tenha sido coberta com recursos próprios e particulares do cônjuge, irá se comunicar.
III-    As obrigações (ativas e passivas) anteriores ao casamento.
a.    Alguns autores entendem que as obrigações que se destinaram aos preparativos do casamento devem ser comunicar .
IV-   As obrigações provenientes de atos ilícitos, salvo reversão em proveito do casal.
a.     É inciso que permite a aplicação do princípio de que (em regra) só responde pelo ilícito aquele que lhe deu causa, não importando, portanto, a época em que foi praticado o ato.
b.    Mas a doutrina entende que se o dano foi praticado no exercício de profissão ou atividade da qual depende o sustento da família, ou se proporcionou proveito ao patrimônio comum, a indenização será suportada também pelos bens comuns.
V-     Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão.
a.    É inciso meramente exemplificativo do qual deve restar claro que só não ingressam na comunhão se forem indispensáveis ao exercício de atividade própria do cônjuge. Assim, se representarem um investimento do casal, irão se comunicar.
b.     As grandes Bibliotecas devem se comunicar, porque não se enquadrariam todos os livros como necessários ao exercício da profissão.
 
VI-   Os proventos do trabalho pessoa de cada cônjuge.
a.     A expressão proveito é tomada em seu sentido genérico, abrangendo, dessa forma, salários, vencimentos... (todas as formas de remuneração).
b.     No entanto, deve-se entender que o que não se comunica é o direito a esses proventos. Uma vez recebidos, passam a integrar o patrimônio comum (assim como os bens com esses valores adquiridos) e outro não poderia ser o entendimento. 
VII- As pensões, meio-soldos, montepios e outras rendas semelhantes.
a.     Pensões são quantias em dinheiro pagas mensalmente a um beneficiário para sua subsistência e por determinação legal, sentença, contrato ou disposição de última vontade. Montepio é a pensão devida pelo instituto previdenciário aos herdeiros. Meio-soldo é a metade do soldo que o Estado paga aos militares reformados. Tença é uma espécie de pensão alimentícia prestada periodicamente pelo Estado ou outra pessoa de direito público ou privado a alguém para subsistência familiar.
b.     Da mesma forma, deve-se entender que o que não se comunica é o direito a essas rendas. Uma vez recebidos, passam a integrar o patrimônio comum (assim como os bens com esses valores adquiridos). No mesmo sentido, pode-se afirmar quanto ao FGTS e indenizações trabalhistas por se considerar que a causa aquisitiva perdurou durante o casamento.
VIII-           Os bens cuja aquisição tiver por título causa anterior ao casamento. 
a.     Ex.: o bem reivindicado pela esposa ainda quando solteira; a dívida anterior ao casamento, mas paga após este... Portanto, não se comunicam os bens cuja causa jurídica é anterior ao casamento.
 
Uma vez que a comunhão tem por elemento central a colaboração recíproca, comunicam-se os bens (arts. 1.658 e 1.660, CC):
I-        Que sobrevierem onerosamente ao casal (ainda que apenas em nome de um deles), na constância do casamento e observadas as exceções antes descritas.
II-      Que forem adquiridos por fato eventual, com ou sem concurso de trabalho ou despesa anterior.
a.     São exemplos: as loterias, os sorteios, os bingos, o descobrimento de tesouro, a avulsão...
III-    Que foram adquiridos por doação, herança ou legado, em favor de ambos os cônjuges.
IV-   As benfeitorias (necessárias, úteis e voluptuárias) em bens particulares de cada cônjuge porque se presumem serem decorrentes do esforço comum do casal.
a.     Por isso, se exige a outorga para a venda dos bens particulares (art. 1.647, CC).
V-     Os frutos de bens comuns, ou dos particulares de cada cônjuge, percebidos na constância do casamento, ou pendentes ao tempo em que se dissolveu a sociedade.
a.     Por isso, se exige a outorga para a venda dos bens particulares (art. 1.647, CC).
VI-   Os bens móveis adquiridos na constância do casamento quando não se provar que adquiridos antes do matrimônio (art. 1.662, CC).
VII- Os direitos patrimoniais de autor (art. 39, Lei n. 9.610/98).
 
No regime de comunhão parcial de bens a administração do patrimônio comum cabe a qualquer dos cônjuges (art. 1.663, CC), vedadas cláusula limitativas em pacto antenupcial. As dívidas contraídas no exercício desta administração obrigam o patrimônio comum e o individual daquele que a contraiu, bem como, os bens do outro cônjuge na medida de seu proveito. Identificada a malversação dosbens poderá o juiz determinar que administração dos bens comuns se concentre na mão do outro consorte. Por fim, as dívidas contraídas por qualquer dos cônjuges na administração de seus bens particulares e em benefício destes, não obrigam os bens comuns (art. 1.666, CC).
 
COMUNHÃO UNIVERSAL (ou total) DE BENS (arts. 1.667 a 1.671, CC)
 
O regime de comunhão universal de bens tem origem germânica e no vigente ordenamento brasileiro deve ser escolhido por pacto antenupcial. Por muito tempo[1]�, foi tido como o único regime que se coadunava com a comunhão plena de vida porque importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros e suas dívidas (art. 1.667, CC) constituindo uma só massa[2]� que permanecerá indivisível até a dissolução do casamento, salvo as seguintes exceções (art. 1.668, CC):
 
I-        Os bens doados ou herdados com cláusula de incomunicabilidade e os sub-rogados em seu lugar.
a.   Art. 1.911, CC ? a incomunicabilidade não acarreta a inalienabilidade do bem (Súmula 49, STF). Mas, um bem com cláusula de inalienabilidade importará a sua incomunicabilidade.
b.    Também não devem se comunicar os bens doados com cláusula de reversão (art. 547, CC).
c.     Os frutos desses bens que se percebam ou vençam na constância do casamento se comunicam (art. 1.669, CC).
II-      Os bens gravados de fideicomisso e o direito do herdeiro fideicomissário, antes de realizada a condição suspensiva.
a.     Fideicomisso é estipulação de última vontade (art. 1.952, CC) em virtude da qual o testador (fideicomitente) constitui uma pessoa como herdeira ou legatária (fiduciária) impondo-lhe a obrigação de, por sua morte, ou sob certa condição, transmitir a outra pessoa (fideicomissária), por ele indicada, a herança ou legado. Ora, sendo a propriedade do fiduciário resolúvel, não se pode falar em comunicação deste bem, a menos que esse domínio se consolide em suas mãos (se não houver implemento da condição estabelecida). Bem como, não se pode falar em comunicação do bem do fideicomissário enquanto não houver implemento do termo ou condição porque antes disso só possui mera expectativa de direito.
III-    As dívidas anteriores ao casamento, salvo se provierem de despesas com seus aprestos, ou reverterem em proveito comum.
a.     As dívidas provenientes da prática de ato ilícito (anteriores ou posteriores ao casamento) se comunicam.
IV-   As doações antenupciais feitas por um dos cônjuges ao outro com a cláusula de incomunicabilidade.
a.     Na constância do casamento as doações só podem alcançar o acervo particular.
V-     Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de profissão (respeitadas as considerações já feitas no regime de comunhão parcial).
VI-   Os proventos do trabalho pessoal de cada cônjuge (respeitadas as considerações já feitas bens no regime de comunhão parcial).
VII- As pensões, meios-soldos, montepios e outras rendas semelhantes (respeitadas as considerações já feitas regime de comunhão parcial).
 
À administração dos bens (comuns e particulares) se aplicam as mesmas regras do regime de comunhão parcial de bens (ar. 1.670, CC).
 
Por fim, vale lembrar que extinta a comunhão[3]� e efetivada a divisão do ativo e do passivo, as dívidas contraídas somente por um dos cônjuges, não mais podem ser cobradas do outro, como dívida comum (art. 1.671, CC).
 
PARTICIPAÇÃO FINAL NOS AQUESTOS (arts. 1.672 a 1.686, CC)
 
O regime de participação final nos aquestos[4]� é novidade do Código Civil em vigor cuja origem remete aos países nórdicos (Suécia em especial) e estabelece uma ?comunhão de destinos? produzindo um deslocamento do foco do casamento para a preocupação com o crescimento patrimonial do conserte.
 
Destaca Eduardo de Oliveira Leite (2005, p. 349) que ?a originalidade do regime de participação final nos aquestos, que é, ao mesmo tempo sua razão de ser, decorre da combinação, sabiamente dosada, da vontade comunitária da participação recíproca nos ganhos com a preocupação separatista da autonomia de gestão. É casamento de dois contrários que se observa durante o funcionamento do regime e após a sua dissolução?.
 
Embora seja um regime híbrido (separação total na constância e comunhão parcial na dissolução) ideal para cônjuges que exerçam atividades empresárias e cujo patrimônio seja significativo, é regime cuja liquidação é difícil (é necessário realizar uma reconstituição contábil de todo o patrimônio feita por rigoroso balanço contábil e financeiro) e que, portanto, está fadado a pouca utilização no Brasil.
 
Define o art. 1.672, CC: ?no regime de participação final nos aquestos, cada cônjuge possui patrimônio próprio, consoante disposto no artigo seguinte, e lhe cabe, à época da dissolução da sociedade conjugal, direito à metade dos bens adquiridos pelo casal, a título oneroso, na constância do casamento?. É regime que depende de pacto antenupcial.
 
Assim, integram o patrimônio próprio os bens que o cônjuge possuía e os por ele adquiridos, a qualquer título, na constância do casamento (art. 1.673, CC). A administração dos bens é exclusiva de cada cônjuge que poderá alienar os bens móveis sem necessidade de outorga e os bens imóveis (sem necessidade de vênia) se houver previsão no pacto antenupcial (art. 1.656, CC).
 
A apuração dos aquestos será feita no momento em que cessou a convivência (art. 1.683, CC), excluindo-se da soma dos patrimônios próprios, conforme o art. 1.674, CC: os bens anteriores ao casamento e os sub-rogados em seu lugar; os que sobrevieram a cada cônjuge por sucessão ou liberalidade; as dívidas relativas a esses bens e computando-se os bens adquiridos pelo trabalho conjunto (art. 1.679, CC).
 
Exemplificam Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald (2009, p. 269): ?se o marido tem um patrimônio originário de 1.000.000 e um patrimônio final de 1.700.000, enquanto a sua esposa tem patrimônio inicial de 500.000 e final de 800.00, considerando que todos os bens foram adquiridos onerosamente (por compra e venda, por exemplo) durante a convivência do casal, percebe-se que ela terá direito a 350.000 em relação ao patrimônio dele (porque foram adquiridos 700.000 na constância da conjugalidade) e ele fará jus a 150.000 em relação aos bens dela (porque acresceu 300.000 durante o casamento). Assim, compensando-se os aquestos (um valor com o outro), obtém-se um resultado de 200.000 em favor da esposa?. 
 
Sobre os bens móveis dispõe o art. 1.674, parágrafo único, CC que, salvo prova em contrário, presumem-se adquiridos na constância do casamento. Além disso, em face de terceiros, presumem-se os bens móveis do domínio do cônjuge do devedor, salvo se demonstrado ser de uso pessoal do outro consorte (art. 1.680, CC) e os imóveis daquele em cujo nome constar o registro (art. 1.681, CC).
 
Ainda sobre a liquidação pode-se destacar que: as doações não autorizadas feitas por um dos cônjuges devem ser computadas na liquidação (art. 1.675, CC); incorpora-se ao monte o valor dos bens alienados em detrimento da meação (art. 1.676,CC).
 
Resume Silvio Rodrigues que a apuração da participação se faz nas seguintes etapas: verificação do acréscimo patrimonial de cada um; apuração do respectivo valor para a compensação e a identificação do saldo em favor de um ou de outro; execução do crédito (o direito à meação é irrenunciável, incessível ou impenhorável ? art. 1.682, CC).
 
Quanto à execução do crédito, afirma o art. 1.684, CC, que se não for conveniente a divisão de todos os bens em natureza, pode a reposição ser feita em dinheiro, descontadas as dívidas do consorte solvidas pelo outro com patrimônio próprio (art. 1.678,CC). Por fim, deve-se lembrar que as dívidas de um dos consortes, quando superiores à sua meação, não obrigam ao outro, ou a seus herdeiros (art. 1.686, CC).
 
SEPARAÇÃO CONVENCIONAL DE BENS (arts. 1.687 e 1.688, CC)
 
O regime de separação convencional de bens decorre de pacto antenupcial e permite que os bens permaneçam sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que poderálivremente aliená-los ou gravá-los de ônus real, independente se adquiridos antes do casamento ou na sua constância. É o mais simples de todos os regimes sobre o qual Paulo Lôbo (2008, p. 328) afirma ser o ?que melhor corresponde ao princípio da igualdade de gêneros, como tendência das sociedades ocidentais?, pois garante a liberdade de cada um afastando do casamento uma concepção patrimonialista.
O regime de separação convencional de bens pode ser delineado de duas formas: a) a separação absoluta em que a incomunicabilidade atinge bens presentes e futuros, não se aplicando as regras do art. 1.647, CC; b) a separação limitada que se destina apenas a tornar incomunicáveis os bens presentes, assemelhando-se quanto aos futuros ao regime de comunhão parcial de bens e submetendo-se ao disposto no art. 1.647,CC. Frise-se que, independente da forma adotada, a Súmula 377, STJ, não deve ser aplicada a este regime.
 
É regime caracterizado pela completa separação (presente e futura) dos patrimônios e que gera questionamentos sobre a proteção do bem de família. Eduardo de Oliveira Leite (2005, p. 363) afirma que o legislativo deveria ter, ao menos, inserido uma cláusula de inalienabilidade do bem de família, já que libera os cônjuges da anuência para sua alienação quando a separação for absoluta.
 
Salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial, ambos os cônjuges devem contribuir igualmente para as despesas do casal (e da família) na medida de seus rendimentos e trabalho. Portanto, a única possibilidade das dívidas se comunicarem é se os encargos forem assumidos para a manutenção da família, revertendo-se em seu favor.
 
Ao final da aula o professor deve perguntar se ainda existem dúvidas com relação aos tópicos abordados. Após, deve realizar breve síntese dos principais aspectos sobre os regimes de bens trabalhados na aula, preparando o aluno para o tema da próxima aula: dissolução do vínculo conjugal.
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NOTAS
[1] Muito se discutiu sobre qual seria sua natureza jurídica: a) forma de condomínio; b) pessoa jurídica com patrimônio distinto dos bens próprios dos cônjuges; c) patrimônio separado e autônomo (?universitas iuris?); d) patrimônio com destinação especial; e) sociedade conjugal. 
Não pode ser considerado condomínio porque neste a coisa comum só pode permanecer indivisa por certo lapso de tempo; falecendo um dos condôminos continua o condomínio não se extingue; as quotas condominiais podem ser alienadas, cedidas...; o condomínio pode ser dividido. Não pode ser considerado pessoa jurídica porque não tem personalidade jurídica própria. Não pode ser considerado ?universitas iuris? porque os bens comuns não gozam de autonomia jurídica. A teoria que diz ser patrimônio com destinação especial é frágil, uma vez que independente do regime os bens precipuamente se destinam aos encargos matrimoniais.
Assim, a teoria que melhor se adapta à legislação brasileira é a que sustenta que a comunhão universal é uma espécie de sociedade com características próprias, tendo os cônjuges liberdade de administração (Washington de Barros Monteiro, 2005, p. 196 e ss.). 
[2] Nas palavras de Maria Berenice Dias (2009, p. 222) trata-se de um estado de ?mancomunhão, ou seja, propriedade em mão comum?.
[3] A partir da separação de fato os bens adquiridos posteriormente (ou no período em que estavam separados) já não mais se comunicam.
[4] Aquestos são todos os bens adquiridos onerosamente na constância do casamento que se somam aos patrimônios particulares de cada cônjuge.
Estratégias de Aprendizagem
Indicação de Leitura Específica
Recursos
quadro e pincel; datashow.
Aplicação: articulação teoria e prática
 
Caso Concreto
(XI Exame OAB) Álvaro e Lia se casaram no dia 10.05.2011, sob o regime de comunhão parcial de bens. Após dois anos de união e sem filhos em comum, resolveram se divorciar. Na constância do casamento, o casal adquiriu um apartamento avaliado em R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) onde residem. 
Considerando o caso narrado e as normas de direito, responda aos itens a seguir. 
a. Quais os requisitos legais para que Álvaro e Lia possam se divorciar administrativamente? Fundamente. 
b. Considerando que Álvaro tenha adquirido um tapete persa TabrizMahi de lã e seda sobre algodão, avaliado em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), mas não reste demonstrada a data em que Álvaro efetuou a referida compra, será presumido como adquirido na constância do casamento? Fundamente. 
Questão objetiva 1
(Defensor Público RR 2013) Mara, na época com dezesseis anos de idade e autorizada por seus pais, casou com Jorge, à época com vinte e cinco anos de idade, não tendo os nubentes celebrado pacto antenupcial. No sexto mês de vigência do casamento, Mara apaixonou-se por uma amiga e com ela começou a se relacionar afetivamente. Nesse mesmo mês, desejando casar-se com essa amiga, Mara decidiu se separar do marido, saiu de casa levando seus objetos pessoais e ajuizou ação de divórcio com vistas a romper o vínculo conjugal. Na petição inicial da demanda, alegou não mais ser possível a reconciliação entre as partes e informou que o casal não teve filhos. Por outro lado, aduziu que os pais de Jorge, quando do casamento, doaram ao casal um bem imóvel. Além disso, durante o casamento, Jorge apostou e ganhou um prêmio de R$ 15.000.000,00 em uma loteria. Nesses termos, Mara pleiteou a decretação do divórcio do casal e a partilha dos bens amealhados pela entidade familiar. Considerando as disposições legais e constitucionais do casamento e de sua dissolução, assinale a opção correta relativamente à situação hipotética acima descrita.
a.     O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. Dessa forma, o pedido de divórcio formulado por Mara não poderia ser acolhido, pois o casal não estava separado judicialmente por mais de um ano ou separado de fato há mais de dois anos.
b.     Tanto o bem imóvel quanto o prêmio lotérico entram na comunhão de bens do casal, sendo, portanto, bens passíveis de partilha.
c.      Tendo Mara se casado com autorização dos pais, vigora o regime de bens da separação obrigatória, não havendo, portanto, bens a partilhar.
d.     De acordo com entendimento do STJ, não é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sendo possível, entretanto, o reconhecimento de relação de união estável homoafetiva. Assim, ainda que obtenha o divórcio, Mara não poderá contrair casamento com sua amiga.
e.     O Código Civil não permite o casamento do menor de dezoito anos de idade, ainda que com autorização dos pais. Dessa forma, em vez do divórcio, Mara deveria ter pleiteado a anulação de seu matrimônio com Jorge. 
Questão objetiva 2
(TJPR 2013) Tendo em vista as disposições da lei civil com relação ao regime matrimonial de bens, assinale a alternativa INCORRETA: 
a.     O regime de bens entre os cônjuges, seja o legal seja o contratual, este estabelecido por meio do denominado pacto antenupcial, somente começa a vigorar desde a data do casamento. 
b.     Mesmo não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
c.      Nada interferindo no regime de bens, pode qualquer dos cônjuges, livremente, independente um da autorização do outro, reivindicar os bens comuns, sejam móveis sejam imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino. 
d.     Estabelecido o regime matrimonial de bens, por força de pacto antenupcial ou adoção do regime legal, não é possível, por conta da imutabilidade, a alteração posterior do regime matrimonial de bens.
Avaliação
Caso Concreto
(XI Exame OAB) Álvaro e Lia se casaram no dia 10.05.2011, sob o regime de comunhão parcial de bens. Após dois anos de união e sem filhos em comum, resolveram se divorciar. Na constância do casamento, o casal adquiriu um apartamento avaliadoem R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais) onde residem. 
Considerando o caso narrado e as normas de direito, responda aos itens a seguir. 
a. Quais os requisitos legais para que Álvaro e Lia possam se divorciar administrativamente? Fundamente. 
b. Considerando que Álvaro tenha adquirido um tapete persa TabrizMahi de lã e seda sobre algodão, avaliado em R$ 45.000,00 (quarenta e cinco mil reais), mas não reste demonstrada a data em que Álvaro efetuou a referida compra, será presumido como adquirido na constância do casamento? Fundamente. 
 
Gabarito (sugerido pela OAB): 
a.     Os requisitos para a realização do divorcio administrativo são: a) consenso sobre todas as questões que envolvem o divórcio; b) inexistência de filhos menores ou incapazes; c) disposição na escritura pública sobre a partilha dos bens comuns, a pensão alimentícia, bem como a retomada do nome usado anteriormente ao advento do casamento; d) lavratura da escritura pública por tabelião de notas; e e) assistência de advogado ou defensor público, nos termos do Art. 1124-A, caput e § 2o, ambos do Código de Processo Civil.
b.     Como Álvaro e Lia se casaram sob o regime de comunhão parcial de bens e não houve comprovação da data da aquisição do tapete persa (bem móvel), haverá presunção de que o bem foi adquirido na constância do casamento, nos termos do Art. 1.662, do CC. 
 
Questão objetiva 1
(Defensor Público RR 2013) Mara, na época com dezesseis anos de idade e autorizada por seus pais, casou com Jorge, à época com vinte e cinco anos de idade, não tendo os nubentes celebrado pacto antenupcial. No sexto mês de vigência do casamento, Mara apaixonou-se por uma amiga e com ela começou a se relacionar afetivamente. Nesse mesmo mês, desejando casar-se com essa amiga, Mara decidiu se separar do marido, saiu de casa levando seus objetos pessoais e ajuizou ação de divórcio com vistas a romper o vínculo conjugal. Na petição inicial da demanda, alegou não mais ser possível a reconciliação entre as partes e informou que o casal não teve filhos. Por outro lado, aduziu que os pais de Jorge, quando do casamento, doaram ao casal um bem imóvel. Além disso, durante o casamento, Jorge apostou e ganhou um prêmio de R$ 15.000.000,00 em uma loteria. Nesses termos, Mara pleiteou a decretação do divórcio do casal e a partilha dos bens amealhados pela entidade familiar. Considerando as disposições legais e constitucionais do casamento e de sua dissolução, assinale a opção correta relativamente à situação hipotética acima descrita.
a.     O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação de fato por mais de dois anos. Dessa forma, o pedido de divórcio formulado por Mara não poderia ser acolhido, pois o casal não estava separado judicialmente por mais de um ano ou separado de fato há mais de dois anos.
b.     Tanto o bem imóvel quanto o prêmio lotérico entram na comunhão de bens do casal, sendo, portanto, bens passíveis de partilha.
c.      Tendo Mara se casado com autorização dos pais, vigora o regime de bens da separação obrigatória, não havendo, portanto, bens a partilhar.
d.     De acordo com entendimento do STJ, não é permitido o casamento entre pessoas do mesmo sexo, sendo possível, entretanto, o reconhecimento de relação de união estável homoafetiva. Assim, ainda que obtenha o divórcio, Mara não poderá contrair casamento com sua amiga.
e.     O Código Civil não permite o casamento do menor de dezoito anos de idade, ainda que com autorização dos pais. Dessa forma, em vez do divórcio, Mara deveria ter pleiteado a anulação de seu matrimônio com Jorge.
Gabarito: B - art. 1660, CC
Questão objetiva 2
(TJPR 2013) Tendo em vista as disposições da lei civil com relação ao regime matrimonial de bens, assinale a alternativa INCORRETA: 
a.     O regime de bens entre os cônjuges, seja o legal seja o contratual, este estabelecido por meio do denominado pacto antenupcial, somente começa a vigorar desde a data do casamento. 
b.     Mesmo não havendo convenção, ou sendo ela nula ou ineficaz, vigorará, quanto aos bens entre os cônjuges, o regime da comunhão parcial. 
c.      Nada interferindo no regime de bens, pode qualquer dos cônjuges, livremente, independente um da autorização do outro, reivindicar os bens comuns, sejam móveis sejam imóveis, doados ou transferidos pelo outro cônjuge ao concubino. 
d.     Estabelecido o regime matrimonial de bens, por força de pacto antenupcial ou adoção do regime legal, não é possível, por conta da imutabilidade, a alteração posterior do regime matrimonial de bens.
Gabarito: D - art. 1639, CC
Considerações Adicionais
Referências Bibliográficas: 
Nome do livro:  Direito das Famílias
Nome do autor: FARIAS, Cristiano Chaves; ROSENVALD, Nelson.
Editora: Lumen Juris
Nome do capítulo: O Regime de Bens do Casamento 
Número de páginas do capítulo: 64

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