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GESTÃO AMBIENTAL
Aula 1 – Os antecedentes históricos da Gestão Ambiental
Os antecedentes históricos da preocupação com Meio Ambiente: Com o advento da Revolução industrial as ações antrópicas (aquelas cujos efeitos derivam da atividade humana) causaram impactos crescentes no meio ambiente, principalmente com a exploração sistemática de combustíveis fósseis. 
No início da década dos anos 1970, esta temática passou a repercutir e foi traduzido pela ideia de que o problema deveria ser gerenciado com enfoque de responsabilidade global (pensar globalmente e agir localmente).
O primeiro evento digno de registro com relação ao meio ambiente foi a conferência com a temática “O Homem e a Biosfera”, da Unesco, em 1971. Logo em seguida, em 1972, ocorreu a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, na cidade de Estocolmo, com grande repercussão internacional.
A Carta de Belgrado (1975): Propunha que as ações de preservação ambiental deveriam passar por uma etapa preliminar que consistiria num programa de educação ambiental. A educação ambiental passou a assumir um grande desafio, desdobrado em quatro tópicos: Conscientização; Sensibilização; Responsabilidade Social; Desenvolvimento Sustentável. Cujos objetivos eram os seguintes: 
Conscientizar os cidadãos de todo o mundo sobre o problema ambiental; 
Disponibilizar acesso a conhecimentos específicos sobre o meio ambiente; 
Promover atitudes para a preservação do meio ambiente; 
Desenvolver habilidades específicas para ações ambientais; 
Criar uma capacidade de avaliação das ações e programas implantados; e, 
Promover a participação de todos na solução dos problemas.
Em 1979, realizou–se a Primeira Conferência Mundial sobre o Clima, evento inaugural de uma série que propiciou o surgimento do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e da Organização Meteorológica Mundial. Estas entidades foram posteriormente unidas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – Intergovernmental Panel on Climate Changes (IPCC), de cujos estudos extraiu-se o arcabouço teórico-científico para a elaboração da Convenção Quadro das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), adotada na Eco-92 (Cúpula da Terra) e em vigor desde 1994, quando então se fixou, como meta, a estabilização das concentrações de gases do efeito estufa na atmosfera, num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático.
Outro marco histórico relevante deste processo foi a constituição da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, formada pela ONU, em 1983. 
O maior compromisso com a questão do meio ambiente foi firmado com a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), a ECO-92, onde, pela 1ª vez, estabeleceram, em caráter definitivo, critérios para se atingir o desenvolvimento sustentável, trata-se da Agenda 21, que ainda é um ponto de referência na implantação de programas e política de governos e de empresas no mundo todo, para identificar ações de desenvolvimento com a proteção do meio ambiente (desenvolvimento sustentável).
Conceito de Desenvolvimento Sustentável: Desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades.
A Agenda 21 (ECO–92) definiu basicamente: Que deve existir uma reorientação na educação no sentido do desenvolvimento sustentável, aliada à ampliação da conscientização pública e do incentivo ao treinamento. Ela se divide em quatro seções: 
1ª Seção: trata dos aspectos sociais sobre as relações entre meio ambiente, pobreza, saúde, comércio, dívida externa, consumo e população;
2ª Seção: trata da conservação e administração de recursos, com foco no gerenciamento de recursos físicos, tais como os mares, a terra, a energia e o lixo;
3ª Seção: trata do fortalecimento dos grupos sociais organizados e minoritários que colaboram com a sustentabilidade;
4ª Seção: trata dos meios de implantação, através de programas de financiamentos e do papel das atividades governamentais e não governamentais.
No Brasil, os 1º diplomas legais de proteção ao meio ambiente foram: Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), e a Lei de Ação Civil Pública. Ambas influenciadas pelos ordenamentos jurídicos de países europeus. O Brasil também acolheu essas posições na CFB/1988, a qual reserva um capítulo no bojo do Título VIII (Da Ordem Social), para tratar do Meio Ambiente, em seu artigo 225, e qualificá-lo como “bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida”.
A capacidade de carga do Planeta (Carrying Capacity): Representa a soma das capacidades isoladas dos múltiplos ecossistemas do planeta, de suportar a ação antrópica sem sofrer degradação irreversível.
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), estabelecido no protocolo de Quioto (1997), determina que os países mais poluidores compensem os menos poluidores, através de projetos redutores de emissões num balanço atmosférico global, sem prejudicar os aspectos econômicos que poderiam acarretar problemas sociais.
Punção ou Ecological Footprint (pegada ecológica): É o resultado do tamanho da população mundial multiplicado pelo consumo per capta dos recursos naturais.
Estrangulamento do sistema ecológico: Consiste na descontinuidade de seu fluxo circular de nascimento, crescimento, morte e renovação dos seres vivos.
Aula 2 – As Escola de Pensamento na Economia do Meio Ambiente
O conceito de desenvolvimento sustentável possui caráter normativo, proposto em 1970 prescreve como o mundo deveria ser, em oposição ao caráter positivo de uma análise, que apenas procura descrever como o mundo é. Este conceito foi empregado com a designação de Ecodesenvolvimento.
É possível observar empiricamente que, à medida que ocorre um processo de crescimento econômico numa dada sociedade, os seus membros tendem a serem menos tolerantes com a escassez dos recursos ambientais, graficamente representado por um “U” invertido, numa escala degradação ambiental x desenvolvimento econômico.
Poluição ótima: é o ponto de intersecção entre os custos marginais de controle e os custos marginais de degradação.
Economia Ambiental: mainstream neoclássico ou corrente principal de pensamento da economia, considera que os recursos naturais, tanto como fonte de insumos quanto como capacidade de assimilação de impostos nos ecossistemas, não representa um limite absoluto à expansão da economia.
A Economia Ecológica: Esta segunda corrente de pensamento considera o sistema econômico como um subsistema de um todo maior que o contém, que seria o próprio sistema físico do Planeta Terra.
O contraste entre o pensamento da Escola Ambiental e o da Escola Ecológica: A Escola da Economia Ambiental propunha que os recursos naturais restringem, mas esta restrição pode ser expandida pela tecnologia e pela sustitutibilidade entre os fatores de produção; A Escola Ecológica defende que os recursos naturais restringem irreversivelmente a expansão do sistema econômico. 
Portanto: Na Escola Ambiental, o sistema econômico pode ser expandido em virtude da inovação tecnológica; Na Escola Ecológica, os recursos naturais são impedidos absolutos à expansão econômica.
O Princípio da Precaução: considera legítima a adoção, por antecipação, de medidas relativas a uma fonte potencial de danos, sem esperar certezas científicas. Isso significa que, na dúvida acerca se a atividade vai ou não causar danos, ela não deve ser praticada. Seu acolhimento requer um rompimento com os modelos de Economia Ambiental e Economia Ecológica de prevenção de riscos, que se baseavam na possibilidade de aplicar a racionalidade em qualquer contexto e na capacidade ilimitada da ciência solucionar as questões que porventura fossem apresentadas.
O Princípio da Precaução está situado na articulação de 2 lógicas opostas:
1º) Amplia a necessidade de informações científicas para as decisões de interesse coletivo e, consequentemente, amplia a responsabilidade e a influência dos pesquisadores e cientistas no processo decisório.2º) Surge a necessidade de maior controle social nos assuntos científicos, como no caso do recurso ao Judiciário em questões tais como a pesquisa com células-tronco e embriões humanos, o que torna a ciência vulnerável à idiossincrasias de grupos com maior poder de influência.
Aula 5 – A política de Meio Ambiente e a Legislação Ambiental
A Política Ambiental compreende o conjunto de metas e instrumentos que visam reduzir os impactos negativos da ação humana sobre o meio ambiente, sendo capaz de interferir nas atividades dos agentes econômicos, sobretudo porque a forma pela qual é estabelecida vai influenciar outras políticas públicas, como a Política Industrial e a Política de Comércio Exterior.
Os Instrumentos de Comando e Controle regulam os padrões de emissões de poluente na indústria, os mais conhecidos são aqueles que impõem padrões ou níveis de concentração máximos aceitáveis de poluentes. Esses padrões podem ser de três tipos: 
Padrões de qualidade ambiental: dizem respeito aos níveis máximos de poluição admitidos no meio ambiente e são, em geral, segmentados em ar, água e solo;
Padrões de emissão: referem-se aos lançamentos de poluentes individualizados por fonte, seja ela fixa ou estacionária, como são as fábricas e o comércio ou móvel, tal como os veículos. 
Padrões ou estágios tecnológicos: ao ser adotado pelas fontes poluidoras é um instrumento de controle da poluição, onde o Estado restringe e direciona a escolha de equipamentos, instalações e práticas operacionais e administrativas, a fim de uniformizar os agentes produtivos.
O histórico da Política pública Ambiental no Brasil: A evolução histórica da Política Ambiental no Brasil, que o ano de 1934 foi uma data de referência para a nossa Política Pública Ambiental, em virtude da promulgação de uma ampla legislação relativa à gestão de recursos naturais.
O advento da Lei 6.398 de 1981: Estabeleceu a Política Nacional do Meio Ambiente (PNAMA), o que representou uma importante mudança no tratamento das questões ambientais, uma vez que procurava integrar as ações governamentais dentro de uma abordagem sistêmica.
O aperfeiçoamento da Política Ambiental no Brasil ocorreu com a promulgação da CF de 1988, quando ficou estabelecido que a defesa do meio ambiente seja um dos princípios a serem observados para as atividades econômicas em geral, e foi incorporado no seu bojo o conceito de desenvolvimento sustentável no Capítulo VI, dedicado ao meio ambiente.
A promulgação da Lei dos Crimes Ambientais: A Lei 9.9605/98 estabeleceu sanções administrativas e penais derivadas de atividades e condutas que causam dano ao meio ambiente.
A Legislação Ambiental do Brasil é muito boa, completa e até avançada. Contudo, o que falta para que seja atingida sua total eficácia é a plena aplicação e fiscalização por parte dos órgãos governamentais encarregados de executá-la.
Embora os tributos ambientais não estejam expressamente definidos, tanto na lei da Política do Meio Ambiente, quanto na Constituição de 1988, eles existem de fato nos seguintes instrumentos:
Cobrança de tarifa em virtude do lançamento de despejo industrial, com base nas características dos poluentes, em diversos estados da Federação;
Exclusão da cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR) das áreas de matas nativas, desconsiderando o caráter de propriedade rural improdutiva;
A instituição da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA), cujo fato gerador é o exercício do poder de polícia conferido ao IBAMA para o controle e a fiscalização das atividades potencialmente poluidoras e que usam recursos naturais;
Cobrança pelo uso de recursos hídricos, conforme prescreve a Lei 9.433, de 1997, que instituiu a Política Nacional de Recursos Hídricos.
Princípio do Poluidor-Pagador: Trata-se do pagamento de um agente poluidor que pode assumir diferentes formas: investimentos necessários para adequar-se a normas mais severas, obrigação de recuperação, reciclagem ou eliminação de rejeitos, ou de uma taxa imposta às empresas ou consumidores que utilizem produtos antiecológicos, como é o caso de alguns tipos de embalagens.
Aula 6 – Os critérios para a Gestão do Impacto Ambiental
Estudo de Impacto Ambiental (EIA): É um processo formal que constitui estudo dos resultados das mudanças no ambiente natural e social, em razão de uma dada atividade ou de empreendimento.
O Objetivo do Estudo de Impacto Ambiental (EIA): É permitir antecipadamente que se tenha ciência dos efeitos deletérios ao meio ambiente físico, biótipo e social ocasionado pela implantação de empreendimentos e atividades.
A Lei exige que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) se torne parte integrante do processo de licenciamento de atividades e empreendimento, potencialmente poluidores, embora a licença ambiental possa ser outorgada sem o respaldo do EIA, desde que o empreendimento não seja considerada potencialmente causadora de significativa degradação. No caso de dispensa do EIA/RIMA, o empreendedor deverá apresentar o Relatório de Controle Ambiental (RCA).
Impacto Real: quando a atividade já estiver em execução; Impacto Potencial: quando uma atividade que ainda será implementada e está na fase de proposta; Impacto Positivo: são aqueles que conferem sustentabilidade econômica, social e ambiental ao empreendimento ou atividade.
Tipos de Licenças Ambientais:
Licença Prévia: é necessária para a fase preliminar de planejamento da atividade, contendo requisitos básicos a serem atendidos nas fases de localização, instalação e operação, levando-se em conta as restrições governamentais quanto ao uso do solo.
Licença de instalação: autoriza o início da implantação, de acordo com as especificações constantes do projeto executivo aprovado.
Licença de Operação: autoriza, após devidas verificações, o início da atividade licenciada e o funcionamento de seus equipamentos de controle da poluição, de acordo com o estabelecimento na licença prévia e de instalação.
Quanto ao conteúdo, o EIA deverá conter os seguintes itens, com vistas à obtenção do licenciamento ambiental junto ao órgão competente:
Um amplo diagnóstico ambiental acerca da área de influência do projeto, descrevendo e analisando todos os recursos ambientais existentes, bem como as suas interações;
A análise dos impactos ambientais do projeto e suas alternativas;
A definição das medidas que vão mitigar os impactos negativos, entre elas os equipamentos de controle e os sistemas de tratamento;
A elaboração de um programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos positivos e negativos, com a indicação dos fatores e parâmetros a serem considerados.
O EIA deve ser sintetizado sob a forma de um relatório, denominado Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), que deverá servir como instrumento de divulgação.
O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) deve expressar de forma objetiva e adequada em linguagem acessível, aproveitando as técnicas de comunicação visual, tais como mapas, quadros, cartas topográficas, gráficos etc., de tal forma a evidenciar as vantagens do projeto, assim como as consequências ambientais decorrentes de sua implementação. 
A Resolução 01/1986 do CONAMA apresenta uma lista de tópicos que o RIMA deve contemplar, sob pena de não ser aceito pelo órgão ambiental competente:
Os objetivos e as justificativas do projeto, bem como a sua aderência com as políticas legais;
A descrição do projeto e suas alternativas, especificando para cada uma delas a área de influencia;
A síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico ambiental da área de influência do projeto;
A descrição dos prováveis impactos ambientais decorrentes da implantação e operação;
A caracterização da qualidade ambiental futura da área de influência;
A descrição da qualidade ambiental futura da área de influência;
O programa de acompanhamento e monitoramento dos impactos;
As recomendações quanto à alternativa mais favorável.
O Estudo de Impacto Ambientais (EIA) envolve um estudo mais amplo, compreendendo identificação e classificação dos impactos, predição de efeitos, pesquisasde campo, análises laboratoriais, valoração monetária de recursos ambientais, avaliação de alternativas e outros trabalhos correlatos. O RIMA deve expressar de forma conclusiva este conjunto de trabalhos. 
Para realizar o procedimento de licenciamento, devem ser cumpridas as seguintes etapas:
Definição, por parte do órgão ambiental (Sisnama), dos documentos, projetos e estudos ambientais;
Requerimento de concessão de licença ambiental, feito pelo empreendedor, devidamente instruído pelo EIA e RIMA;
Análise dos documentos e vistoria técnica pelo órgão ambiental competente;
Eventual solicitação de esclarecimentos e dados complementares por parte do órgão ambiental;
Realização de audiência pública, quando for o caso, de acordo com a legislação pertinente;
Emissão de parecer técnico conclusivo e, se preciso também um parecer jurídico;
Tomada de decisão quanto ao deferimento ou indeferimento do pedido de licença, com a devida publicidade.
No Estado de São Paulo, antes da elaboração do EIA/RIMA, é adotado o Relatório Ambiental Preliminar
(RAP);
Outro documento específico para determinada atividade é o Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), utilizado para empreendimentos de exploração de recursos minerais;
Com o advento da Lei 10.257/2001, também conhecida como Estatuto da Cidade, foi instituído um instrumento de política urbana chamado Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança (EIV);
Para pequenos empreendimentos, como, por exemplo, pequenas usinas geradoras de energia elétrica, a Resolução nº 279/2001, do Conama, estabeleceu um procedimentos para o licenciamento ambiental simplificado chamado de Relatório Ambiental Simplificado (RAS), que possui, resumidamente, o seguinte conteúdo: descrição do projeto e suas alternativas tecnológicas; diagnóstico e prognóstico ambiental com uma descrição dos prováveis impactos ambientais e socioeconômicos; medidas mitigadoras e compensatórias, identificando os impactos que não possam ser evitados.

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