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2018 Gestão e saneamento ambiental Gisela Cristina Richter Copyright © UNIASSELVI 2018 Elaboração: Gisela Cristina Richter Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 352.60981 R535g Richter, Gisela Cristina Gestão e saneamento ambiental / Gisela Cristina Richter. Indaial: UNIASSELVI, 2018. 218 p. : il. ISBN 978-85-515-0136-8 1.Saneamento - Brasil. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. III apresentação Caro acadêmico, A gestão ambiental a cada dia torna-se mais atual e necessária para todo o âmbito da sociedade, de crianças, jovens, adultos e idosos, conhecedores ou não dos termos mais preocupantes da relação ambiental. É na preocupação de termos um planeta, país, estado, cidade, bairro ou casa com melhores condições de saneamento ou com menos degradação dos recursos naturais que influenciam nosso cotidiano, tanto na esfera de saneamento como em uma alimentação mais saudável, que instigamos a conhecer mais cada um desses conhecimentos que fazem a diferença para a humanidade nos dias de hoje. Nossa interação com esses conhecimentos inicia-se na Unidade 1 onde serão apresentadas as definições de gestão ambiental, a legislação vigente em nosso país, seu gerenciamento em benefício, tanto ao meio produtivo como ao cidadão comum. Para que tenhamos menos impactos financeiros, o gerenciamento auxilia na utilização correta dos recursos oferecidos pela natureza, seu manejo, sua melhor utilização como produto, destinos finais e consequentemente uma diminuição de problemas relacionados à saúde de todos envolvidos nessa cadeia. A Unidade 2 trata dos recursos hídricos, uma das maiores preocupações no âmbito mundial, já que é condição primordial para a vida no planeta e parte integrante de qualquer sistema produtivo. Como tratar a água e os efluentes industriais para que sejam um recurso que possa ser utilizado sem restrição por seres humanos em seu dia a dia, no seu sistema de plantio, manufatura, por animais em todo o planeta, sem comprometer suas vidas. Na Unidade 3 será apresentada a preocupação com o tratamento dos resíduos sólidos desde a sua geração, acondicionamento final ou tratamento, consequências de sua disponibilização sem critério no meio ambiente e a visão de reaproveitamentos múltiplos de alguns resíduos para a preservação e limitação de extração dessem materiais no meio ambiente, assim como transporte seguro, cuidados com o seu acondicionamento neste transporte, operacionalização, segundo a legislação e tratamento ministrado quando de um acidente destes resíduos pelos responsáveis e órgãos competentes e um seguro acondicionamento final. Nosso planeta só permanecerá com a vida se cada um fizer a sua parte para preservá-lo, seja em casa como no trabalho. Que este livro de estudos possa lhe ajudar no âmbito profissional e pessoal. Bons estudos! IV Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA V VI VII UNIDADE 1 – GERENCIAMENTO AMBIENTAL ........................................................................... 1 TÓPICO 1 – REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL .................................. 3 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3 2 A HISTÓRIA DO SANEAMENTO AMBIENTAL ......................................................................... 3 2.1 O CLUBE DE ROMA ....................................................................................................................... 4 2.2 A ONU ............................................................................................................................................... 4 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 9 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 11 TÓPICO 2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS........................................................................................ 13 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 13 2 CONCEITOS .......................................................................................................................................... 13 2.1.DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ...................................................................................... 18 2.2 AGENDA 21 ..................................................................................................................................... 19 2.3 AGENDA 21 LOCAL ...................................................................................................................... 20 2.4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL ....................................................................................... 21 2.5 ISO 14000 ........................................................................................................................................... 22 2.6 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO .............................................................................................. 26 2.7 LIDERANÇA .................................................................................................................................... 26 2.8 PLANEJAMENTO ........................................................................................................................... 27 2.9 OPERAÇÃO ...................................................................................................................................... 28 2.10 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E MELHORIA ................................................................... 28 2.11 AUDITORIA AMBIENTAL ......................................................................................................... 29 2.12 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO .............................................................................................. 29 3 AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS – AIA ..................................................................... 30 3.1 A REALIZAÇÃO DO AIA ..............................................................................................................31 3.1.1 Como fazer um AIA?.............................................................................................................. 31 3.1.2 Relatório de Controle Ambiental (RCA) .............................................................................. 32 3.1.3 Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD) ...................................................... 32 3.1.4 Como elaborar o EIA/RIMA .................................................................................................. 33 4 O RIMA ................................................................................................................................................... 34 4.1 QUALIDADE, DEGRADAÇÃO, RECUPERAÇÃO E DANO AMBIENTAL ......................... 35 4.2 ROTULAGEM AMBIENTAL ......................................................................................................... 35 4.2.1 Tipos de rotulagem ambiental .............................................................................................. 36 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 39 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 40 TÓPICO 3 – DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO ..................................................... 41 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 41 2 HISTÓRICO DO SANEAMENTO ................................................................................................... 41 3 SANEAMENTO NO BRASIL ............................................................................................................. 43 4 DOENÇAS CAUSADAS PELA FALTA DE SANEAMENTO ...................................................... 44 4.1 DOENÇAS RELACIONADAS COM A ÁGUA........................................................................... 44 sumário VIII 4.2 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM EXCRETAS (ESGOTOS) .................... 45 4.3 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM O LIXO ................................................ 45 4.4 DOENÇAS INFECCIOSAS RELACIONADAS COM A HABITAÇÃO .................................. 45 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 46 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 47 TÓPICO 4 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO....................................................................................................................... 49 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 49 2 INSTALAÇÕES SANITÁRIAS .......................................................................................................... 49 3 VESTIÁRIOS ......................................................................................................................................... 50 4 REFEITÓRIOS ....................................................................................................................................... 50 5 COZINHAS ............................................................................................................................................ 51 6 ALOJAMENTOS ................................................................................................................................... 52 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 54 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 55 TÓPICO 5 – LEGISLAÇÃO ................................................................................................................... 57 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 57 2 LEGISLAÇÃO DE SANEAMENTO NO BRASIL .......................................................................... 57 3 LICENCIAMENTO AMBIENTAL ..................................................................................................... 59 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 63 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 65 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 66 UNIDADE 2 – RECURSOS HÍDRICOS .............................................................................................. 67 TÓPICO 1 – RECURSOS ........................................................................................................................ 69 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 69 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 72 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 73 TÓPICO 2 – HISTÓRICO ...................................................................................................................... 75 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 81 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 82 TÓPICO 3 – CONCEITOS ..................................................................................................................... 83 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 83 2 O QUE É A ÁGUA?............................................................................................................................... 83 2.1 A ÁGUA NO PLANETA TERRA .................................................................................................. 84 2.2 O CICLO DA ÁGUA ....................................................................................................................... 85 2.3 CLASSIFICAÇÕES E USO DA ÁGUA ......................................................................................... 86 2.4 TIPOS DE ÁGUA ............................................................................................................................. 87 2.4.1 Água destilada ........................................................................................................................ 87 2.4.2 Água mineral ........................................................................................................................... 88 2.5 USOS DA ÁGUA ............................................................................................................................ 88 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 95 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 96 TÓPICO 4 – TIPOS DE TRATAMENTOS DE EFLUENTES ...........................................................99 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 99 IX 2 FONTES DE POLUIÇÃO DA ÁGUA ............................................................................................... 103 2.1 A POLUIÇÃO CAUSADA PELAS INDÚSTRIAS ...................................................................... 104 2.2 A MINERAÇÃO, A EXTRAÇÃO E O TRANSPORTE DE PETRÓLEO .................................. 105 2.3 AS ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DA ÁGUA ......................................................................... 106 2.4 PADRÕES PARA OS AGROTÓXICOS ......................................................................................... 109 2.5 TRATAMENTO DE ÁGUA CONVENCIONAL ......................................................................... 114 2.6 FILTRAÇÃO LENTA ....................................................................................................................... 115 2.7 FILTRAÇÃO DIRETA ..................................................................................................................... 116 2.8 QUANDO NÃO HÁ ESTAÇÃO DE TRATAMENTO ................................................................ 117 3 O DESTINO DA ÁGUA UTILIZADA ............................................................................................. 119 3.1 DEMANDA BIOQUÍMICA DE OXIGÊNIO (DBO) ................................................................... 121 3.2 DEMANDA QUÍMICA DE OXIGÊNIO (DQO) .......................................................................... 122 3.3 CARBONO ORGÂNICO TOTAL (COT) ...................................................................................... 122 3.4 OXIGÊNIO DISSOLVIDO (OD) ..................................................................................................... 122 3.5 E COMO É O TRATAMENTO DE ESGOTO? ............................................................................. 123 3.6 TRATAMENTO PRIMÁRIO ........................................................................................................... 124 3.7 TRATAMENTO BIOLÓGICO OU SECUNDÁRIO ..................................................................... 125 3.8 TRATAMENTO TERCIÁRIO ......................................................................................................... 126 3.9 TRATAMENTO DE LODO ............................................................................................................. 127 3.10 LEITOS DE SECAGEM ................................................................................................................. 129 4 MÉTODOS DE TRATAMENTOS AVANÇADOS DA ÁGUA .................................................... 130 4.1 FILTRAÇÃO EM MARGEM ......................................................................................................... 130 4.2 FILTRAÇÃO POR MEMBRANA .................................................................................................. 131 4.3 UTILIZAÇÃO DE MEMBRANAS NA CLARIFICAÇÃO E NA DESINFECÇÃO ............... 132 5 LEGISLAÇÃO ....................................................................................................................................... 133 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 135 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 137 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 138 UNIDADE 3 – GESTÃO DE RESÍDUOS ............................................................................................ 139 TÓPICO 1 – RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS E INDUSTRIAIS ............................................... 141 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 141 2 DEFINIÇÃO DE RESÍDUO SÓLIDO ............................................................................................... 141 RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 145 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 146 TÓPICO 2 – GESTÃO E GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS ...................................................... 147 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 147 2 O PROCESSO DE GESTÃO DE RESÍDUOS .................................................................................. 147 2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS ........................................................................... 149 2.1.1 Quanto à origem ..................................................................................................................... 149 2.1.2 Quanto à periculosidade ........................................................................................................ 149 2.2 POLÍTICA NACIONAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS (PNRS) ................................................... 150 2.3 LOGÍSTICA REVERSA ................................................................................................................... 152 RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 157 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 158 TÓPICO 3 – CUIDADOS NO TRANSPORTE INTERNO E EXTERNO ...................................... 159 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 159 2 TRANSPORTE DE PRODUTOS PERIGOSOS .............................................................................. 159 3 RISCOS E DESASTRES AMBIENTAIS ........................................................................................... 164 X 4 LEGISLAÇÃO ESPECÍFICA............................................................................................................... 166 5 RÓTULO DE RISCO ............................................................................................................................ 167 6 PAINEL DE SEGURANÇA ................................................................................................................. 169 7 PRÁTICA NAS EMERGÊNCIAS ...................................................................................................... 172 8 EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL ......................................................................... 173 9 TRANSPORTE E ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS.................................. 173 RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 183 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 185 TÓPICO 4 – TÉCNICAS DE DISPOSIÇÃO FINAL AMBIENTALMENTE CORRETA ............ 187 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 187 2 BIODIGESTÃO ..................................................................................................................................... 187 3 ATERROS SANITÁRIOS .................................................................................................................... 188 4 COMPOSTAGEM ................................................................................................................................. 190 5 INCINERAÇÃO.................................................................................................................................... 191 5.1 INCINERAÇÃO DE RESÍDUOS INDUSTRIAIS ........................................................................ 192 6 PIRÓLISE................................................................................................................................................ 193 6.1 REATOR PIROLÍTICO .................................................................................................................... 193 6.2 APLICAÇÕES DA PIRÓLISE ......................................................................................................... 194 RESUMO DO TÓPICO 4........................................................................................................................ 196 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 197 TÓPICO 5 – GESTÃO DE SUSTENTABILIDADE ........................................................................... 199 1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 199 1.1 CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE ..................................................................................... 200 2 OS TRÊS PILARES DA SUSTENTABILIDADE ............................................................................ 200 2.1 SOCIAL ............................................................................................................................................. 200 2.2 ECONÔMICO .................................................................................................................................. 200 2.3 AMBIENTAL .................................................................................................................................... 201 3 ECOEFICIÊNCIA .................................................................................................................................. 201 4 NEUTRALIZAÇÃO DE CARBONO ................................................................................................. 202 5 MECANISMO DE DESENVOLVIMENTO LIMPO (MDL) E O PROTOCOLO DE KYOTO ................................................................................................................................................... 203 5.1 PROTOCOLO DE KYOTO ............................................................................................................. 204 5.2 MECANISMOS DE DESENVOLVIMENTO LIMPO – MDL ..................................................... 204 5.3 O MERCADO DE CARBONO ....................................................................................................... 205 LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 207 RESUMO DO TÓPICO 5........................................................................................................................ 211 AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 212 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 213 1 UNIDADE 1 GERENCIAMENTO AMBIENTAL OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você deverá ser capaz de: • compreender o histórico da gestão ambiental e alguns conceitos; • conhecer o que é o saneamento ambiental e as consequências de sua falta; • saber como devem ocorrer as condições sanitárias e de conforto nos locais de trabalho e sua legislação. Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL TÓPICO 2 – DEFINIÇÕES E CONCEITOS TÓPICO 3 – DOENÇAS DA CARÊNCIA DE SANEAMENTO TÓPICO 4 – CONDIÇÕES SANITÁRIAS E DE CONFORTO NOS LOCAIS DE TRABALHO TÓPICO 5 – LEGISLAÇÃO 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL 1 INTRODUÇÃO Nesta unidade, você irá compreender alguns conceitos sobre gestão ambiental e uma de suas técnicas, que é o gerenciamento ambiental, além de desenvolver um paralelo do que é realizado em termos ambientais e o que é correto para se utilizar em termos empresariais. Que a preocupação ambiental não precisa ser sempre dispendiosa, que pode vir de ações simples para minimização dos mais variados tipos de recursos e que nossos antepassados, para muitas ações, os usavam com maestria, sem causar o impacto ambiental. Por que se fala cada vez mais na questão de gerenciamento ambiental de forma sustentável? Essa preocupação não acontecia na década de 1950 e eram poucos cientistas que falavam sobre os impactos a respeito do meio ambiente e como ele poderia transformar de forma negativa todas as formas de vida no planeta como estamos presenciando nos dias de hoje. É sob esta ótica que trataremos o assunto Gerenciamento Ambiental. 2 A HISTÓRIA DO SANEAMENTO AMBIENTAL A gestão ambiental tem sua história iniciada na década de 1950 com o surgimento de ambientalistas, entidades governamentais sem fins lucrativos e agências governamentais voltadas para a proteção ambiental em razão dos efeitos dos impactos ambientais da ação do homem que propiciou a queda da qualidade de vida em algumas regiões do planeta. A gestão ambiental, segundo Andrade, Tachizawa e Carvalho (2002), nasceu em 1949, na Conferência Científica da ONU (UNSCCUR) sobre Conservação e Utilização de Recursos, em Lake Sucess, nos EUA. Em 1962, com a publicação do livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, iniciaram-se manifestações entre ecologistas e aqueles que apostavam no desenvolvimento. A publicação de Carson (1962) alertava sobre a utilização de pesticidas na agricultura e mobilizou parte da opinião pública americana, que começava a perceber o impacto das atividades antrópicas ao meio ambiente. Em função deste livro foi proibida a utilização do DDT e outros pesticidas. E os ambientalistas conseguiram que o governo americano criasse a EPA (Agência Americana de Proteção Ambiental), que atua até nos Estados Unidos e que é referência em legislação e em estudos ambientais no mundo. Em 1968, aconteceu a Conferência sobre biosfera realizada em Paris, que tratou da problemática da UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 4 conservação e do uso sustentável da biosfera. Tendo desenvolvido o Programa o Homem e a Biosfera, que é responsável pelas reservas da biosfera, um tipo de área protegida.Mas o marco ambientalista mais importante foi a publicação do Relatório Limites do Crescimento, elaborado pelo Clube de Roma. 2.1 O CLUBE DE ROMA O clube de Roma foi criado em 1968, pelo o empresário italiano Aurélio Peccei, presidente honorário da Fiat e o cientista escocês Alexander King que se juntaram e desenvolveram um encontro para discutir as condições humanas no planeta para o futuro. Foram cerca de 20 personalidades da época, entre acadêmicos, cientistas, políticos, empresários e membros da sociedade civil, para avaliar questões de ordem política, econômica e social com relação ao meio ambiente. A primeira reunião se deu em uma vila de Roma, surgindo aí o nome, Clube de Roma, e onde foi elaborado um projeto a partir dos princípios de seus participantes. Na atualidade, continua trabalhando como uma organização não governamental que foca na busca por enxergar problemas, discuti-los e difundi- los entre a população para chegar a uma resolução. O trabalho que evidenciou o Grupo de Roma foi o realizado em 1972 com uma equipe de cientistas do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, sigla em inglês), liderada por Dennis e Donella Meadows, quando foi solicitado pelo grupo a elaboração de um relatório intitulado“Os limites do crescimento”. O estudo desenvolveu uma simulação de softwares de informática para verificar a interação do homem e o meio ambiente, observando as variáveis de aumento populacional e a utilização dos recursos naturais. Neste estudo, os cientistas concluíram que os recursos se esgotariam em menos de 100 anos, tendo um impacto muito grande na mídia (PENSAMENTO VERDE, 2014). 2.2 A ONU Em 1972, a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia (I CNUMAD). Esse evento em sua declaração final desenvolveu 26 princípios que representam o manifesto ambiental para a atualidade e as bases para a nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas ao “inspirar e guiar os povos do mundo para a preservação e a melhoria do ambiente humano” (ONUBR, 2017, s.p.). TÓPICO 1 | REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL 5 Se você quer conhecer os 26 princípios, acesse: <www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/estocolmo.doc>. UNI Os dois encontros, o de Clube de Roma e a Conferência das Nações Unidas sobre o ambiente humano, tiveram por objetivo conscientizar os países sobre a importância da conservação ambiental para a manter toda espécie humana. Em 1972, a Assembleia Geral criou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (hoje conhecida como PNUMA), que coordena os trabalhos da ONU para o meio ambiente global. Suas atividades estão ligadas aos aspectos ambientais das catástrofes e conflitos, à gestão dos ecossistemas, à governança ambiental, às substâncias nocivas, à eficiência dos recursos e às mudanças climáticas. Em seguida temos o desenvolvimento de outro relatório: o Relatório Nosso Futuro Comum (ou Relatório Brundtland), em que o secretário geral da ONU convidou a médica Gro Harlem Brundtland, ex-primeira ministra da Noruega e mestre em saúde pública, para desenvolver e presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento. E em 1987, a Comissão Brundtland publica o relatório “Nosso Futuro Comum” com assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável para o público: O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades. Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará sempre propenso a crises ecológicas, entre outras…O desenvolvimento sustentável requer que as sociedades atendam às necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo como pela garantia de oportunidades iguais para todos. Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, em nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os solos e os seres vivos. Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas (ONUBR, 2017, s. p.). Outra ação da ONU aconteceu em 1992, no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou “Cúpula da Terra”, como ficou conhecida, desenvolveu um documento a “Agenda 21”, que conforme a ONU (2017)é um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu desenvolvimento sustentável. UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 6 Você sabe o que compõe a Agenda 21? Segundo a ONU (2017), na Agenda 21, os governos desenvolveram um programa detalhado de ação para afastar o mundo do atual modelo insustentável de crescimento econômico, direcionando para atividades que protejam e renovem os recursos ambientais, no qual o crescimento e o desenvolvimento dependem. As áreas de ação incluem: proteger a atmosfera; combater o desmatamento, a perda de solo e a desertificação; prevenir a poluição da água e do ar; deter a destruição das populações de peixes e promover uma gestão segura dos resíduos tóxicos. Mas ela também teve a preocupação com o desenvolvimento das nações, como podemos observar (ONUBR, 2017 s.p.): Com a pobreza e a dívida externa dos países em desenvolvimento; padrões insustentáveis de produção e consumo; pressões demográficas e a estrutura da economia internacional. O programa de ação também recomendou meios de fortalecer o papel desempenhado pelos grandes grupos – mulheres, organizações sindicais, agricultores, crianças e jovens, povos indígenas, comunidade científica, autoridades locais, empresas, indústrias e ONGs – para alcançar o desenvolvimento sustentável. Na assembleia geral (ONU,2017), para ter certeza de que os objetivos da Agenda 21 fossem ter apoio, estabeleceu a Comissão para o Desenvolvimento Sustentável como uma comissão funcional do Conselho Econômico e Social. Vamos ter mais adiante um tópico específico falando da Agenda 21. Além disso, a Cúpula da Terra, além da a Convenção sobre Mudanças Climáticas, também aprovou e assinou na Convenção da ONU, o texto sobre diversidade biológica, e a Convenção da ONU de Combate à Desertificação em Países que sofrem com a seca e/ou a desertificação (UNCCD), principalmente da África. A UNCCD entrou em vigor em 26 de dezembro de 1996. O Brasil tornou-se parte dela em 25 de junho de 1997 e, hoje, 191 países são partes da convenção. A principal obrigação dos países que fazem parte é elaborar um Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação, conhecido por PAN. Você pode ver mais em: <http://www.mma.gov.br/gestao-territorial/combate-a-desertificacao>. UNI TÓPICO 1 | REVISÃO HISTÓRICA DO SANEAMENTO AMBIENTAL 7 Em 1994, a ONU desenvolve a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, realizada em Barbados, que desenvolveu um Programa de Ação onde estabelece políticas, ações e medidas em todos os níveis para promover o desenvolvimento sustentável para estes Estados (ONUBR, 2017, s.p.). Ainda, conforme a ONUBR (2017), em 1997, tem-se o Protocolo de Kyoto, que constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para 37 países desenvolvidos e para comunidade européia, considerados os responsáveis históricos pela mudança atual do clima,estabelece metas obrigatórias no intuito de reduzirem as emissões de gases estufa e o aquecimento global. O Protocolo entrou em vigor no dia 16 de fevereiro de 2005, logo após o atendimento às condições que exigiam a ratificação por, no mínimo, 55% do total de países- membros da Convenção e que fossem responsáveis por, pelo menos, 55% do total das emissões no ano de 1990. O Brasil ratificou o documento em 23 de agosto de 2002. A aprovação interna se deu por meio do Decreto Legislativo nº 144 de 2002. Entre os maiores emissores de gases de efeito estufa, o único país que não ratificou o protocolo de Kioto Estados Unidos. Em 2002, aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, na África do Sul. Reuniu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável com milhares de participantes, entre eles chefes de Estado e de Governo, delegados nacionais e líderes de organizações não governamentais (ONGs), empresas e outros grandes grupos preocupados nos desafios de melhorar a vida das pessoas e conservar os recursos naturais em um mundo que está crescendo em população, com necessidades cada vez maiores de alimentos, água, abrigo, saneamento, energia, serviços de saúde e segurança econômica. Em 2012, a reunião retorna ao Rio de Janeiro, a Rio+20, com Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, tendo como objetivo ratificar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável, fazendo um paralelo com o progresso e as diferenças na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamentode novos temas. A Conferência teve dois objetos a serem debatidos: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza e a estruturação institucional para o desenvolvimento sustentável. Quer conhecer mais, veja em: <https://sustainabledevelopment.un.org/rio20 e https://rio20.un.org/papersmart>. UNI UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 8 A Cúpula de Desenvolvimento Sustentável reuniu-se em setembro de 2015, em Nova York, na sede da ONU. Nesse encontro, os participantes definiram novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável que deve gerar um trabalho com objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM). A data limite para seu alcance é o ano de 2030. Essa agenda é conhecida como a Agenda 2030. Os 17 objetivos de desenvolvimento do milênio a serem realizados, você pode conhecer aqui, acessando o link: <https:// nacoesunidas.org/pos2015/agenda2030/>. 9 Neste tópico você estudou que: • A preocupação com o Saneamento ambiental iniciou-se na década de 1950 com o surgimento de ambientalistas, mais propriamente na Conferência Científica da ONU (UNSCCUR) sobre Conservação e Utilização de Recursos. • Em 1962, iniciaram-se as manifestações entre ecologistas com a publicação do livro Primavera silenciosa, de Rachel Carson, que alertava sobre a utilização de pesticidas na agricultura e mobilizou parte da opinião pública americana. • A criação do Clube de Roma em 1968, para se discutir as condições humanas no planeta para o futuro. E em 1972 foi um relatório intitulado “Os limites do crescimento”, quando se desenvolveu uma simulação de softwares de informática para verificar a interação do homem e o meio ambiente, observando as variáveis de aumento populacional e a utilização dos recursos naturais. O estudo mostrou que os recursos se esgotariam em menos de 100 anos, tendo um impacto muito grande na mídia. • A Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em 1972, em Estocolmo, na Suécia (I CNUMAD) com a declaração que desenvolveu 26 princípios que representam o manifesto ambiental para a atualidade e as bases para a nova agenda ambiental do Sistema das Nações Unidas. • Em 1987 foi publicado o relatório “Nosso Futuro Comum” com assuntos relacionados ao desenvolvimento sustentável para o público. • Em 1992 aconteceu no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento ou “Cúpula da Terra”, como ficou conhecida. Desenvolveu o documento a “Agenda 21”, que é um diagrama para a proteção do nosso planeta e seu desenvolvimento sustentável. • Em 1994, a ONU desenvolveu a Conferência Mundial sobre o Desenvolvimento Sustentável dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, realizada em Barbados, que estabeleceu um Programa de Ação que estabelece políticas, ações e medidas em todos os níveis para promover o desenvolvimento sustentável para estes Estados. • Em 1997 foi firmado o Protocolo de Kyoto, que constitui um tratado complementar à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, definindo metas de redução de emissões para 37 países desenvolvidos e para comunidade europeia e estabelece metas obrigatórias no intuito de reduzirem as emissões de gases estufa e o aquecimento global. RESUMO DO TÓPICO 1 10 • Em 2002, aconteceu a Rio+10, em Johanesburgo, na África do Sul. Reuniu a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável que tratou dos desafios de melhorar a vida das pessoas e conservar os recursos naturais no mundo com população crescente e com necessidades cada vez maiores de alimentos, água, abrigo, saneamento, energia, serviços de saúde e segurança econômica. • Em 2012, no Rio de Janeiro, com a Rio+20, a Conferências das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, tendo como objetivo ratificar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável, com dois objetos a serem debatidos: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza e a estruturação institucional para o desenvolvimento sustentável. • Em 2015, a Cúpula de Desenvolvimento Sustentável reuniu-se em Nova York, na sede da ONU e definiram os novos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) como parte de uma nova agenda de desenvolvimento sustentável com objetivos de desenvolvimento do Milênio (ODM) com data limite para 2030. É conhecida como a Agenda 2030. 11 1 Relacione as principais conferências mencionadas, datas e objetivos. 2 Quais foram as duas atividades que precederam o movimento ambientalista na atualidade? 3 Qual é o objetivo da ONU até 2030? AUTOATIVIDADE 12 13 TÓPICO 2 DEFINIÇÕES E CONCEITOS UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Vejamos agora alguns assuntos importantes sobre o gerenciamento ambiental que nos ajudará ao longo deste curso. O gerenciamento ambiental faz parte de uma das técnicas da gestão ambiental que, segundo Sanchéz (2013), são ações responsáveis pela utilização, proteção, controle e conservação do meio ambiente, bem como avaliar se a ocorrência de uma atividade está de acordo com a política ambiental. Já a gestão ambiental, além do gerenciamento ambiental, tem como parte integrante a política ambiental e o planejamento ambiental. A política ambiental dentro da gestão ambiental são princípios desenvolvidos pela sociedade e governantes para regulamentar modificações de uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente. O planejamento ambiental segundo Santos (2004, p. 24) é: [...] um processo contínuo que envolve coleta, organização e análise sistematizada das informações, por meio de procedimentos e métodos, para se chegar a decisões ou escolhas acerca das melhores alternativas para o aproveitamento dos recursos disponíveis em função de suas potencialidades, e com a finalidade de atingir metas específicas no futuro, tanto em relação a recursos naturais quanto à sociedade. 2 CONCEITOS A conceituação contemporânea como conhecemos hoje, iniciou-se em 1950 com a palavra poluição, primeiro no meio acadêmico e posteriormente na impressa, mas não foi um conceito abrangente o suficiente para as inúmeras situações do meio ambiente, sendo substituída em 1970 por impacto ambiental (SÁNCHEZ, 2013). UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 14 FIGURA 1 – POLUIÇÃO / IVAN GROZNI / CREATIVECOMMONS 2.0 FONTE: Disponível em: <http://www.flickr.com/photos/22494683@ N06/2185279085/sizes/z/in/photostream>. Acesso em: 9 ago. 2017. Então, segundo a Udesc (2013), poluição é qualquer alteração provocada no meio ambiente, que pode ser um ecossistema natural ou agrário, um sistema urbano ou até mesmo em microescala. O termo poluição deriva do latim “poluere”, que significa “sujar”. Já o impacto ambiental segundo a resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA n° 1, de 1986, em seu Artigo 1º, considera impacto ambiental como sendo: Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: A saúde, a segurança e o bem-estar da população; II. As atividades sociais e econômicas; III. A biota; IV. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V. A qualidade dos recursos ambientais. A mesma resolução do Conama afirma que todo impacto ambiental tem uma ou mais causas e constitui-se do resultado das ações humanas sobre os aspectos ambientais. Sua causa muitas vezes, tem relação direta e indireta com a poluição ambiental. A definição de poluição ambiental é muito semelhante à definição de impacto ambiental, no entanto, um impacto ambiental pode ser negativo ou positivo, ou seja, ele pode tanto trazer prejuízos como benefícios. Ou seja, um impacto ambiental é significativo quando este é importante em relação a outros impactos, que poderiam ser julgados mais como efeitos, ou seja, como simples consequências de uma modificação induzida pelo homem, sem um valoreconômico (PORTAL DA EDUCAÇÃO, 2013). TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 15 A Lei nº 6.938, de 1981, que trata da Política Nacional de Meio Ambiente, traz definições sobre: degradação da qualidade ambiental e da poluição, como: II - degradação da qualidade ambiental, a alteração adversa das características do meio ambiente; III - poluição, a degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população; b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; c) afetem desfavoravelmente a biota; d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos (BRASIL, 1981, s.p.). Devemos observar que a poluição pode ser causada por empreendimentos que descarreguem no meio ambiente: efluentes, emissões, resíduos ou energia acima dos padrões ambientais, ou, valores limites estabelecidos. Esses padrões ambientais estão relacionados ao conceito de capacidade de suporte do meio, que é o nível de utilização dos recursos naturais que um sistema ambiental ou um ecossistema pode suportar, para garantira conservação destes. Assim, o estabelecimento de padrões ambientais visa manter a exploração dos recursos naturais dentro do limite do meio, não deixando acontecer a degradação ambiental, e eliminando a necessidade no futuro de recuperaras áreas degradadas. Voltando aos conceitos, temos aqui que o aspecto ambiental, segundo a NBR ISO 14001:2004 apud (SÁNCHEZ, 2013, p. 42) é o “elemento das atividades produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente”. Já o efeito ambiental é a alteração de um processo natural ou social decorrente de uma ação humana. Como degradação ambiental tem-se, segundo Johnson et al. (1997, p. 583-584) apud Sánches, (2013 p. 26), “é geralmente uma redução percebida das condições naturais ou do estado de um ambiente, sempre causado por um ser humano, processos naturais não degradam o meio ambiente, apenas causam mudanças”. A recuperação ambiental é a aplicação de técnicas visando fazer com que um ambiente deteriorado possa ter uma nova utilização produtiva e sustentável. Já o diagnóstico ambiental são os levantamentos das condições ambientais da área em estudo na data presente. Já a avaliação do impacto ambiental é o processo de verificação das consequências futuras de uma intenção de ação ou ação presente. A ecologia, tão mencionada em textos, é o estudo do “lugar onde se vive”, ou as relações dos organismos entre si e com seu ambiente. Como você já percebeu, a atividade humana é quem gera poluente e o impacto ambiental, tendo a indústria como principal fonte. Segundo Sousa (2017) esta elimina os resíduos de três formas: 1- Na água: geralmente, no corpo hídrico que abastece cidades, sem o devido tratamento, por ser a forma mais barata. 2- Na atmosfera: No estado gasoso sem a utilização dos devidos filtros. UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 16 3- Em áreas isoladas: que podem ser os lixões ou aterros sanitários a diferença entre um e outro irá depender se o lixo tem sua separação ou se é assistido para ter o isolamento adequado conforme sua classificação. Em sua classificação, Sousa (2017) define os tipos de resíduos como: Resíduos tóxicos: sua periculosidade está na questão de que dependendo de suas concentrações, podem provocar a morte de seres ou reações adversas nos organismos vivos. Como exemplos de geradores desses poluentes têm-se as indústrias produtoras de resíduos de cianetos, cromo, chumbo e fenóis. Resíduos minerais: apesar de serem estáveis, as substâncias químicas minerais têm a condição de alterar as condições físico-químicas e biológicas do meio ambiente. Como as indústrias mineradoras, metalúrgicas, refinarias de petróleo entre outras. FIGURA 2 – DERRAMAMENTO DE PETRÓLEO FONTE: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Oil- spill.jpg>. Acesso em: 10 ago. 2017. Resíduos orgânicos: os esgotos domésticos são as principais fontes desses poluentes, assim como os frigoríficos, laticínios etc. Esses resíduos são as matérias orgânicas que entram em decomposição em contato com o meio ambiente. Resíduos mistos: são resíduos provenientes de associações de produtos químicos e biológicos e podem ter como exemplo de produtores as indústrias têxteis, papel ou borracha e lavanderias. Resíduos atômicos: são poluentes que contêm isótopos radioativos, o chamado lixo atômico, capazes de emitir radiações ionizantes, altamente danosas e até mortais às formas vivas. TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 17 autoativida de Vamos fazer uma pausa e recordar os conceitos ambientais. Relacione os conceitos com suas respectivas expressões: 1 - Aspecto ambiental 2 - Diagnóstico ambiental 3 – Ecologia 4 - Política ambiental 5 - Impacto ambiental 6 – Poluição ( ) Estudo do lugar onde se vive. ( ) Levantamento das condições ambientais da área em estudo. ( ) É qualquer alteração provocada no meio ambiente. ( ) Princípios desenvolvidos pela sociedade e governantes para regulamentar, modificações de uso, controle, proteção e conservação do meio ambiente. ( ) Elemento das atividades, produtos ou serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. ( ) Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causadas por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas. O crescimento das nações, com a contínua exploração do sistema natural que as sustenta, ao mesmo tempo em que lhe provém de insumos na sua transformação para produto acabado, gera resíduos que impactam no meio ambiente. Assista ao vídeo denominado “Formas de consumo que estão mudando o mundo”: Disponível em: <www.youtube.com/watch?v=ZYBcM6bwleU>. DICAS Vejamos mais alguns conceitos importantes para darmos continuidade aos nossos estudos: o que é conservação e preservação ambiental? Esses conceitos são de duas atitudes filosóficas daqueles que se preocupam com meio ambiente: os que lutam pela conservação e aqueles que apoiam a preservação ambiental. O preservacionismo, segundo Lima (2008), é a corrente que defende que abordar a proteção da natureza independentemente de seu valor econômico ou utilitário, aponta o homem como o causador desequilíbrio ambiental. Essa visão possui caráter protetor, propõe a criação de santuários intocáveis, que não devem ter a interferência dos avanços do progresso e as degradações advindas desta ação. Para essa corrente, tocar, explorar, consumir e, muitas vezes, até pesquisar, são atitudes contrárias a esse pensamento, sendo os radicais e grupos, responsáveis pela criação de parques nacionais. Para os conservacionistas, o amor à natureza deve estar aliado ao manejo racional e criterioso pelo próprio homem, é um conceito intermediário entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 18 e hoje, constituem a maior parte dos movimentos ambientais. E onde ancoram as políticas sustentáveis na busca de modelos de desenvolvimento que garantam qualidade de vida sem destruir os recursos naturais tão necessários a todas as gerações. Entre o preservacionismo e o desenvolvimentismo, caracteriza-se a maioria dos movimentos ambientalistas. O pensamento preservacionista tem como premissa a política de desenvolvimento sustentável baseado na qualidade de vida, desde que não destrua os recursos necessários às futuras gerações, reduza o uso de matérias-primas e energias renováveis, bem como reduza o crescimento populacional, combata à fome, estimule mudanças na maneira de consumo, busque a equidade social, respeito à biodiversidade e inclusão de políticas ambientais no processo de tomada de decisões econômicas, são estes alguns de seus princípios. Essa corrente tem como filosofia destinar áreas de preservação, como os ecossistemas frágeis, com um grande número deespécies endêmicas e/ ou em extinção (LIMA, 2008). 2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Em 1987, o desenvolvimento do relatório “Nosso Futuro Comum”, também conhecido como Relatório Brundtland, apresentou um debate sobre a interligação entre as questões ambientais e o desenvolvimento. Deixou claro que o crescimento econômico, sem melhorar a qualidade de vida das pessoas e das sociedades, não deve ser considerado desenvolvimento e que todo desenvolvimento pode ser alcançado sem destruir os recursos naturais. A definição conforme a WWF (2017, s.p.) é de “que o desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro”. Lembrando que essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. Os conceitos-chave do desenvolvimento sustentável,conforme Ruppenthal (2014, p. 33) são: • As necessidades essenciais dos pobres no mundo devem receber a máxima prioridade. • A noção das limitações que o estágio da tecnologia e da organização social impõe ao meio ambiente, impedindo-o de atender às necessidades presentes e futuras.O desenvolvimento sustentável requer o aperfeiçoamento dos sistemas: • Sistema político com efetiva participação dos cidadãos no processo decisório estimulando a atuação responsável. • Sistema econômico capaz de gerar excedentes e conhecimentos técnicos em bases confiáveis possibilitando o desenvolvimento sem degradação. • Sistema social capaz de resolver as tensões causadas por um desenvolvimento desequilibrado e que estabeleça critérios para o crescimento populacional. TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 19 • Sistema de produção que preserve a base da origem dos recursos naturais com aproveitamento mais eficiente desses e dos resíduos gerados. • Sistema tecnológico que busque continuamente novas soluções voltadas para a ecoeficiência dos processos e dos produtos. • Sistema internacional que estimule padrões sustentáveis de comércio e financiamento, gerando vantagens para a empresa. • Sistema administrativo flexível e capaz de se autoavaliar em um processo de melhoria contínua. A interligação dos sistemas cria um tripé que apoia o desenvolvimento sustentável, adotando medidas que envolvam o poder público, a iniciativa privada e a sociedade. De acordo com o Relatório Brundtland apud ONUBR (2017), as medidas que devem ser tomadas pelos países para promover o desenvolvimento sustentável, são: • Limitar o crescimento populacional. • Garantir recursos básicos (água, alimentos, energia) em longo prazo. • Preservar a biodiversidade e dos ecossistemas. • Diminuir o consumo de energia e desenvolvimento de tecnologias com uso de fontes energéticas renováveis. • Atender às necessidades básicas (saúde, escola, moradia). • Aumentar a produção industrial nos países não industrializados com base em tecnologias ecologicamente adaptadas. • Controlar a urbanização desordenada e integração maior entre campo e cidades. Segundo Ruppenthal (2014), o desenvolvimento sustentável deve ser conduzido pelas lideranças de uma empresa para produzir, sem degradar, o meio ambiente, estendendo essa cultura a todos os níveis da organização. Precisa-se formalizar um processo de identificação do impacto da produção da empresa no meio ambiente resultando em um projeto que alia produção e preservação ambiental, com uso de tecnologia adaptada a esse preceito. As possíveis medidas para a implantação de um programa de desenvolvimento sustentável nas mais variadas áreas, são: • Uso de novos materiais na construção. • Reestruturação da distribuição de zonas residenciais e industriais. • Aproveitamento e consumo de fontes alternativas de energia, como a solar, a eólica e a geotérmica. • Reciclagem de materiais reaproveitáveis. • Consumo racional de água e de alimentos. • Redução do uso de produtos químicos prejudiciais à saúde na produção de alimentos (AMBIENTAL BRASIL, 2017, s.p.). 2.2 AGENDA 21 Desenvolvida na Conferência Rio-92, a Agenda 21 é um documento que estabeleceu a cada país o compromisso de refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não governamentais e todos os setores da sociedade pudessem cooperar no estudo de soluções para UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 20 os problemas socioambientais. Buscou reunir e articular propostas para iniciar a transição de modelos de desenvolvimento convencionais para modelos de sociedades sustentáveis. Logo, é um programa de ação traduzido num documento consensual de mais de 500 páginas para o qual contribuíram governos e instituições da sociedade civil de 179 países. Os temas fundamentais da Agenda 21 estão tratados em41 capítulos organizados em quatro seções: I – Dimensões sociais e econômicas – aborda os problemas ambientais sobre o ponto de vista social, isto é, relacionados ao modelo de produção e consumo, considerando o crescimento populacional, as formas de uso e ocupação do solo e as consequências na saúde humana do modelo predatório adotado. II – Conservação e gestão dos recursos para o desenvolvimento – enfoca os recursos naturais (ar, florestas, água, solo e biodiversidade) apontado a necessidade de definição de critérios para a sua utilização, de forma a assegurar sua preservação para as gerações futuras. III – Fortalecimento do papel dos principais grupos sociais – conceito de grupos em desvantagem e suas estratégias de sobrevivência, ressaltando o papel dos governos locais, universidades e institutos de pesquisa como parceiros indispensáveis para o processo de empoderamento desses grupos. IV – Meios de implementação – indicam recursos materiais, humanos e mecanismos de financiamento existentes a serem criados, com ênfase à cooperação entre nações, instituições e diferentes segmentos sociais (RUPPENTHAL, 2014, p. 36). 2.3 AGENDA 21 LOCAL A Agenda 21 é flexível e pode ser elaborada para o país como um todo, para regiões específicas, estados e municípios. A maneira mais utilizada no Brasil vem sendo a de realizá-la por municípios. Não há uma obrigatoriedade de seguir algum modelo para a construção das agendas. A Agenda 21 local é um planejamento participativo de uma determinada localização na qual desenvolve- se um fórum da Agenda 21 com representações de cidadãos locais e poder público. Ficou curioso, quer saber mais? Acesse a Agenda 21.Disponível em:<http:// www.mma.gov.br/responsabilidadesocioambiental/agenda-21/agenda-21-global>. DICAS TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 21 “O fórum é responsável pela construção de um plano local de desenvolvimento sustentável, que define as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No fórum são, também, definidos os meios de implementação e as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações” (MMA, 2017, s.p.). Os princípios da Agenda 21 local são: • Participação e cidadania. • Respeito às comunidades e diferenças culturais. • Integração. • Melhoria do padrão de vida das comunidades. • Diminuição das desigualdades sociais. • Mudanças de mentalidade. Verifique junto ao seu município se a sua região ou cidade possui a Agenda 21 e quais são as propostas e se já foram realizadas algumas delas. autoativida de 2.4 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL Agora vamos falar dos sistemas de gestão ambiental, orientação importante para empresa melhorar o gerenciamento das suas atividades na questão ambiental e que é confirmado por Ruppenthal (2014, p. 41): como um conjunto de procedimentos que visa ajudar a organização empresarial a entender, controlar e diminuir os impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. Estábaseado no cumprimento da legislação ambiental vigente no país e na melhoria contínua do desempenho ambiental da organização. Possibilita às empresas um gerenciamento melhor na questão dos impactos ambientais, além de preocupar-se com atitudes e a cultura da organização em prol do meio ambiente. Desenvolve um marketing positivo e pode melhorar a captação de recursos financeiros através do próprio marketing como na melhoria dos processos internos. A ISO 14000, certificação reconhecida internacionalmente, é um exemplo de sistema de Gestão Ambiental com o objetivo de ajudar as empresas em seu papel de melhorar e auxiliar na preservação do ambiente natural. Sendo uma certificação reconhecida, possibilita a empresa diferenciar-se de outras que não possuam a preocupação com meio ambiente, residindo aí um marketing poderoso com mencionado por Ruppenthal (2014). UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 22 2.5 ISO 14000 As normas da série ISO 14000 foram apresentadas à comunidade internacional em 1996, tendo como objetivo a criação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as organizações a cumprir os compromissos assumidos com o meio ambiente e com a probabilidade de certificação (ISO14001) frente à comunidade em geral. Como processo de certificação é reconhecido internacionalmente, que diferencia as empresas que se preocupam com o meio ambiente e asseguram tal procedimento daquelas que só seguem a legislação ambiental do seu país. A ISO 14000 tem por finalidade desenvolver um sistema de gestão ambiental ou aperfeiçoar o que a empresa está desenvolvendo. A melhoria contínua é o processo de aperfeiçoar o sistema de gestão ambiental para alcançar melhorias no desempenho ambiental total em alinhamento às políticas da organização. FIGURA – 3 ISO 14000 E MELHORIA CONTÍNUA FONTE: Adaptado de Ruppenthal (2014) Melhoria contínua Política Ambiental Planejamento Implementação e operação Análise crítica A norma ISO 14001 é a única norma do conjunto da ISO 14000, que certifica ambientalmente uma organização, embora não exija que ela já tenha atingido o melhor desempenho ambiental possível. A norma ISO 14004 é um guia para o estabelecimento e implementação de seu Sistema de Gestão Ambiental – SGA e não enseja certificação. A principal característica das empresas que buscam a certificação com a ISO 14001 é a busca de melhores processos produtivos para diminuir os impactos ao meio ambiente. Os impactos ambientais são levantamentos das atividades da empresa, etapa essa necessária para a melhoria dos processos, e consequentemente para a certificação ambiental. A NBR ISO 14001 define o aspecto ambiental como elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização, que possam interagir com o meio ambiente. O aspecto pode estar relacionado a uma máquina ou equipamento, assim como, a uma atividade executada por ela ou por alguém TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 23 que produza ou apresente a possibilidade de fazer algum efeito sobre o meio ambiente. A NBR ISO 14001 prioriza o levantamento dos aspectos ambientais significativos, já que os aspectos envolvidos em um processo são muitos. Aspecto ambiental significativo é aquele que tem um impacto ambiental considerável no ambiente, podendo ser positivo ou negativo (ABNT NBR ISO 14001,2015). O que mudou na NBR14001 de 2004 para a revisão de 2015? Podemos verificar, em seguida, o documento original publicado em outubro de 2015 em que demonstra, na estrutura sublinhada, o que foi modificado ou acrescentado à norma: FIGURA 4 – ESTRUTURA DA ISO 14001:2015 FONTE: Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP-DEPARTAMENTO-DE- MEIO-AMBIENTE/>. Acesso em: 2 jun. 2017. Esta é a versão oficial, mas o que mudou efetivamente na ISO14001: 2015? Lembre-se de que o prazo para empresas que possuem para adequar a ISO 14001 é de três anos desde a publicação da nova versão em setembro de 2015. DICAS UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 24 Como vimos na figura a seguir, o princípio básico de um SGA é o ciclo de planejar, executar, verificar e agir (plan, do, check, action–PDCA), que permite que as organizações busquem a melhoria contínua de seu sistema de gestão. O ciclo PDCA tem como objetivos em cada parte: o planejar (plan),estabelecendo objetivos e processos necessários para atingir os resultados, como suporte na política da organização, o executar (do) que é colocar em prática o que foi planejado, verificar (check),avaliar e medir os processos em conformidade com a política, incluindo objetivos, metas, requisitos legais e compromissos assumidos pela organização e o agir (action) que é implementar ações necessárias para melhorar continuamente o desempenho do sistema de gestão (FIESP, 2015, p. 6). FIGURA 5 – CICLO DE MELHORIA CONTÍNUA FONTE: Disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP- DEPARTAMENTO-DE-MEIO-AMBIENTE/>. Acesso em: 02 jun. 2017. Quando o SGA é implementado, conforme a ISO 14001, dá o direito à obtenção de certificação pela empresa, após auditoria por organismo certificador acreditado (pela ABNT). Se as empresas se preocupam em obter a certificação da ISO 14001 é devido a demanda de mercado, pois mostra sua preocupação com práticas sustentáveis e padrões internacionais de gestão ambiental. A ISO 14001 também permite a integração com os demais sistemas de gestão já implementados pela empresa ou que serão implementados, como, o sistema de gestão da qualidade, ISO 9001. Verificando a revisão da norma ISO 14001, também se observou que foram utilizados os resultados do estudo da ISO/TC 207 SC 1 – Future challenges for SEM (Desafios futuros para os Sistemas de Gestão Ambiental) para sua composição. TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 25 Seguem as principais mudanças que estão relacionadas conforme apresenta FIESP (2015, p.7): • Ao entendimento do contexto da organização, às necessidades e às expectativas das partes interessadas. • À consideração de uma perspectiva de ciclo de vida. • À ênfase em uma abordagem de riscos. • À liderança como papel central para o alcance dos objetivos do sistema de gestão. • Ao destaque para o fortalecimento do desempenho ambiental da organização, por meio da melhoria contínua do Sistema de Gestão Ambiental. No quadro a seguir temos uma comparação entre as modificações na estrutura das versões 2004 para 2015 de forma simplificada: Estrutura de alto Nível – Anexo SL Estrutura ISO 14001:2004 Introdução Introdução 1. Escopo 1. Escopo 2. Referências normativas 2. Referências normativas 3. Termos e definições 3. Termos e definições 4. Contexto da organização 4. Requisitos do Sistema de Gestão Ambiental 5. Liderança – 6. Planejamento – 7. Apoio – 8. Operação – 9. Avaliação de desempenho – 10. Melhoria – QUADRO 1 – COMPARAÇÃO ENTRE AS MODIFICAÇÕES NA VERSÕES 2004 PARA 2015 FONTE: Adaptado de FIESP (2015) Se você quiser, pode encontrar o diferencial entre a estrutura da norma ISO 14001:2015 e da ISO 14001:2004 em FIESP 2015, na página 15, no endereço disponível em: <http://www.youblisher.com/p/1201229-FIESP-DEPARTAMENTO-DE-MEIO-AMBIENTE/>. DICAS UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 26 2.6 CONTEXTO DA ORGANIZAÇÃO Você percebe na Figura 4, que as modificações começaram a ser apresentadas no item 4, da nova estrutura da ISO14001:2015, no contexto das organizações. E dizem respeito à organização e o contexto em que a empresa está inserida, ou seja, o ambiente em que se faz presente, como a empresa reagem no contexto competitivo do setor em que atua, conforme a sua disponibilidade de recursos e etc. Conforme FIESP (2015 p. 8): A organização deverá estabelecer fatores internos e externos relevantes para seu negócio, os quais podem afetar a habilidade de atingir resultados esperados do Sistema de Gestão. Desta forma, a organização pode se concentrar em questões estrategicamente relevantes para o negócio, a fim de desenvolver um sistema de gestão ambiental eficaz. Além disso, deverá identificar aspartes interessadas (clientes, governo, fornecedores, empregados, organizações não governamentais etc.) e especificar aquelas que são relevantes para a organização, entendendo suas necessidades e expectativas. Dentre as necessidades e expectativas das principais partes interessadas da organização, é preciso definir quais são relevantes e, dentre estas, quais serão adotadas. Todo o processo de entendimento da organização e do seu contexto resultará em um conhecimento que será base para a definição do escopo do sistema de gestão, bem como orientar a implementação, a manutenção e o processo de melhoria contínua do Sistema de Gestão. As grandes organizações, ao desenvolverem suas estratégias de sustentabilidade, já fazem o levantamento das necessidades e expectativas de suas partes interessadas relevantes. Desta forma, este conhecimento também pode ser utilizado no planejamento do SGA. Nas pequenas empresas propõe-se desenvolver os processos de maneira simplificada com a identificação e priorização das necessidades e expectativas de suas partes interessadas e relevantes. 2.7 LIDERANÇA Na questão Liderança e Comprometimento, a alta direção terá um papel fundamental na implementação do SGA para fortalecer a integração da gestão ambiental (estratégico) e a estratégia de negócios da organização (operacional). O objetivo é desencadear o ordenamento dos entre os objetivos gerais do negócio, os objetivos ambientais e de sustentabilidade, agregando valor e melhorando a eficiência dos processos. Ou seja, a alta direção necessita garantir que as ações necessárias sejam tomadas para que o sistema de gestão ambiental alcance os resultados esperados. No requisito de compromisso com a política, a versão ISO 14001:2015 especifica três atitudes principais que devem estar presentes na política ambiental da organização sendo elas: proteção ao meio ambiente, atendimento aos requisitos TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 27 legais e outros requisitos que a empresa seja responsável e o fortalecimento do seu desempenho ambiental. A nova mudança-chave é que a política ambiental da organização deverá conter um compromisso com a “proteção do meio ambiente”, incluindo a prevenção da poluição e outros temas relevantes relacionados ao contexto da organização. Esta nova preocupação surge porque as organizações são cada vez mais afetadas pelo ambiente onde estão em função da disponibilidade de recursos, a qualidade do ar e da água e aos impactos associados à mudança climática etc. Segundo a FIESP (2015, p. 10): O compromisso da organização com a proteção do meio ambiente está relacionado com sua própria competitividade e com a sustentabilidade do negócio ao longo do tempo.Como a organização irá se comprometer com a proteção do meio ambiente dependerá de suas atividades, bens e serviços, sua localização e do contexto em que está inserida. 2.8 PLANEJAMENTO Na questão do planejamento a organização deve projetar quais são os aspectos do meio ambiente que ela deverá agir, nos requisitos legais e outros requisitos, ou seja, a organização irá avaliar seus processos e identificar os aspectos ambientais que ela possa controlar ou influenciar em função da perspectiva do ciclo de vida, no requisito matéria-prima, desenvolvimentos, produção, distribuição, uso e destino final. Você pode verificar que a organização deverá definir quais são os significativos e propor formas de controle, não esquecendo de determinar os requisitos legais e outros requisitos, identificando aqueles que se relacionam aos seus aspectos ambientais, riscos e oportunidades necessários ao alcance dos resultados. Você sabe que os riscos e as oportunidades da organização estão relacionados aos exemplos de requisitos legais e outros requisitos como: • Os requisitos legais relacionados aos aspectos ambientais da organização são: a. Leis e regulações. b. Condicionantes de licenças etc. • Requisitos de partes interessadas, os quais a organização deve ou escolhe adotar: a. Acordos com órgãos públicos ou clientes. b. Princípios voluntários ou códigos de conduta. c. Rótulos ou compromissos ambientais voluntários etc. • Aspectos ambientais. • Requisitos legais e outros requisitos. UNIDADE 1 | GERENCIAMENTO AMBIENTAL 28 • Outros fatores externos e internos relacionados ao contexto da organização e os requisitos relevantes das partes interessadas. Neste aspecto não é necessário que a organização implemente um processo formal de gestão de riscos, e sim que no objetivo do planejamento considere a abordagem baseada em riscos, agindo preventivamente, antecipando possíveis cenários e consequências indesejáveis. Você percebeu que estamos falando sobre cada item da ISO 14001, dando ênfase a cada tópico modificado conforme a Figura 4. Neste item, apoio, o diferencial da versão de 2004 é que traz o item Comunicação com uma outra subdivisão, ou seja, dividindo em Comunicação interna e Comunicação externa, e mencionando que as organizações devem estabelecer, implementar e manter esse processo com explicitação do que irão comunicar, como, quando, e a quem (FIESP, 2015). 2.9 OPERAÇÃO Neste item o planejamento e controle operacional dos processos devem ser os mais explicados para atender o sistema de gestão ambiental. Com um olhar no ciclo de vida dos produtos e serviços, com pleno controle também dos processos terceirizados, especificados pelo sistema de gestão ambiental da organização e que, conforme Fiesp (2015, p. 12): “prevê a gestão das mudanças planejadas ou não planejadas, é endereçada no subitem Controle e planejamento operacional, bem como em outros requisitos da norma, para que a organização possa antecipar ações de mitigação de possíveis efeitos adversos, se necessário, de forma a não prejudicar os resultados pretendidos pelo SGA.” 2.10 AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO E MELHORIA Na ISO 14001: 2015 a avaliação do desempenho é um novo item, que agrega de 2004, o monitoramento, medição, auditoria interna e análise crítica. Aqui, neste item tem-se maior ênfase que o fortalecimento do desempenho ambiental é um dos resultados esperados com a implementação do SGA, em que a organização deverá demonstrar, por meio de critérios e indicadores apropriados, que conseguiu melhorar o seu desempenho ambiental. Outra observação para a ISO 14001:2015 e que nesta versão tem-se a preocupação com a prevenção como elemento central de forma implícita nos subitens: 4.1 – Entender a organização e seu contexto, e no subitem: 6.1 – Ações para endereçar riscos e oportunidades. A gestão de mudanças, que possui o foco em prevenção, também está implícita em vários requisitos da versão 2015, por exemplo: Aspectos ambientais (6.1.2), Comunicação interna (7.4.2), Controle operacional (8.1) e Análise pela administração (9.3). TÓPICO 2 | DEFINIÇÕES E CONCEITOS 29 2.11 AUDITORIA AMBIENTAL As auditorias ambientais são definidas como procedimentos sistemáticos, através das quais a organização irá avaliar sua adequação a critérios ambientais (ISO 14001, EMAS–Sistema Comunitário de Ecogestão e Auditoria). É uma ferramenta importante para a verificação e fiscalização das empresas e uma avaliação de seus sistemas de gestão. Desenvolvida pela família: NBR ISO 19011:2012, que trata das diretrizes para auditoria de sistemas de gestão e a NBR ISO 19015:2003, que trata da Avaliação Ambiental de Locais e Organizações – AALO. Essas normas verificam o desempenho dos equipamentos instalados, buscando fiscalizar e limitar o impacto de suas atividades sobre o meio ambiente. É realizada por uma equipe multidisciplinar de auditores especializados nos campos contábil, financeiro, econômico e ambiental. Deve ser independente, sistemática, periódica, documentada e objetiva. As normas sobre auditoria ambiental fornecem os princípios comuns gerais e os procedimentos para a condução de auditorias ambientais incluindo os critérios para qualificação de auditores ambientais. As auditorias ambientais podem variar dependendo
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