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SUCESSÃO PARA UM HERDEIRO

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21. BEM DE FAMÍLIA
 Conceito e evolução histórica. Bem de família voluntário. Bem de família 
legal. Beneficiários. Extinção
1. Conceito e evolução histórica
O bem de família consiste em meio de garantir asilo e moradia à família, 
constituindo-se como o imóvel onde a família instala domicílio impenhorável e 
inalienável enquanto forem vivos os cônjuges e até que os filhos atinjam a maioridade. 
Sua instituição visa assegurar a moradia aos integrantes da família que nele vivem, 
protegendo-os em caso de dívidas posteriores á sua constituição.
É, assim, o imóvel destinado à moradia do devedor, com os bens móveis que o 
guarnecem, e que não pode ser objeto de penhora judicial para o pagamento de dívidas. 
Neste sentido, a residência dos membros da família, que esteja sob a titularidade de 
domínio de um deles, não pode deles ser subtraída para pagamento de dívidas. Verifica-
se que, no âmbito do Direito, considerando o conflito entre a segurança jurídica 
decorrente da garantia ao crédito (de natureza obrigacional), e o direito à moradia (de 
natureza existencial), houve a opção em privilegiar a segunda hipótese.
Neste sentido, entende-se que o devedor assume suas obrigações pessoalmente, e 
responde por elas, apenas, com seu patrimônio, considerando o princípio da 
responsabilidade patrimonial, previsto no Art. 789 do CPC (art.591 do CPC antigo) e e 
no art. 391 do Código Civil. Assim, não se cogita na responsabilização pessoal do 
devedor, mas há a vinculação de seu patrimônio. No entanto, esta regra admite 
exceções, havendo bens que são excluídos do cumprimento das obrigações, como é o 
caso do bem de família. Neste sentido, o bem de família configura uma exceção ao 
princípio da responsabilidade patrimonial.
A origem do instituto é encontrada no século XIX, nos Estados Unidos, mais 
precisamente no estado do Texas, onde, em 1839, após uma severa crise econômica, foi 
promulgada uma lei (homestead act) permitindo a isenção de penhora para pequenas 
propriedades destinadas à residência de devedores. Quase todos os estados americanos 
passaram a adotar a lei e, posteriormente outros países incluíram em seu Direito.
No Brasil, o bem de família foi introduzido pelo Código Civil de 1916, aparecendo 
como bem de família voluntário. Todavia, as restrições e exigências impostas foram tão 
severas que quase o inviabilizaram. Em 1990, após uma série de crises econômicas e 
níveis elevados de inflação, foi editada a Lei 8009, de 29 de março de 1990, instituindo 
o bem de família legal, passando a família a ser protegida, não somente por seus 
integrantes, através do bem de família voluntário do Código Civil, mas pelo próprio 
Estado, mediante o bem de família legal.
Esta concorrência de tipos foi mantida pelo Código Civil de 2002 (art. 1711). No 
regime atual, o bem de família legal visa à proteção da moradia da família e o bem 
de família voluntário visa à proteção da base econômica mínima da família. Em 
sendo instituído, o bem de família voluntário afastará a incidência do bem de família 
legal, na medida em que apenas um pode estar afetado à entidade familiar.
2. Bem de família voluntário (ou convencional)
2
a) Conceito e Instituição
Nas palavras de Cristiano Farias, o bem de família voluntário (ou convencional) é o 
imóvel protegido em razão de ato espontâneo da parte interessada, através de registro 
público no cartório de imóveis, conferido publicidade para justificar a 
impenhorabilidade e inalienabilidade do bem.
Segundo o art. 1711 do Código Civil, os cônjuges ou a entidade familiar podem 
instituir bem de família mediante escritura pública ou testamento, não podendo 
ultrapassar um terço do patrimônio do instituidor existente ao tempo da instituição. Nos 
termos do artigo, ficam, também, mantidas as regras sobre impenhorabilidade do imóvel 
residencial, estabelecidas em lei especial, concernente ao bem de família legal.
O bem de família legal é assegurado a todos, porém, a entidade familiar pode optar por 
instituir o bem de família voluntário, com conteúdo mais aberto e mais abrangente. 
Somente haveria necessidade de sua criação quando o casal ou a entidade familiar 
possuir vários imóveis, utilizados como residência, e não desejar que a 
impenhorabilidade recaia sobre o imóvel de menor valor. Vale ressaltar que o conceito 
de família, para fins de instituição do bem de família, compreende a união estável, a 
família monoparental e outras formas de constituição de núcleos básicos, considerando 
o alcance do conceito de entidade familiar, expresso no art. 226 da Constituição Federal.
Na modalidade voluntária, a instituição do bem de família detém natureza preventiva, 
com proteção voltada para o futuro. Diferentemente da modalidade legal, não pode ser 
constituído com o objetivo de imunizar o patrimônio de penhora relativamente a bens já 
constituídos. 
Três são os modos de instituição do bem de família voluntário (art. 1711) :
- mediante escritura pública, lavrada em cartório de notas, indicando o instituidor os 
bens imóveis e móveis que constituirão, em conjunto, o bem de família. Sendo casado, é 
necessária a instituição conjunta do outro cônjuge, exceto se os bens forem particulares 
ou o regime do casamento for o de separação de bens.
- mediante testamento, sendo destinatário ou beneficiário dos bens o herdeiro ou 
legatário, desde que os aceite, com a qualificação de bem de família. A instituição do 
bem de família por testamento somente poderá incidir sobre a metade disponível do 
patrimônio, reservando-se a legítima dos herdeiros necessários. Nesta modalidade, por 
se tratar de negócio jurídico causa mortis, só terá validade com a morte do testador.
- por liberalidade de terceiro, mediante escritura pública de doação ou testamento, 
com aceitação expressa do beneficiário e de seu cônjuge, se houver (parágrafo único 
do art. 1711). Neste caso, também só poderá incidir sobre a metade disponível do 
patrimônio. Esta modalidade de instituição é uma inovação na legislação brasileira, 
trazida do Direito italiano.
Em todas as modalidades, o ato de instituição deve ser levado ao registro imobiliário 
para que produza seus efeitos jurídicos, independentemente de também conter bens 
3
móveis. Como requisito para constituição do bem de família, o imóvel deve ser de 
residência da família, podendo ser imóvel urbano ou rural (art. 1712).
O art. 1711 limita o valor máximo, não podendo ultrapassar um terço do valor do 
patrimônio líquido, no momento da instituição; ‘ ... desde que não ultrapasse um terço 
do patrimônio líquido ...”. Esta limitação faz com que o instituto seja utilizável apenas 
por pessoas de maior poder aquisitivo, na medida em que deverá ser titular de um 
patrimônio igual ou superior a três vezes a parte destinada ao bem de família. Parte da 
Doutrina entende que nessa limitação, as famílias de menor poder aquisitivo ficam 
prejudicadas, o que fere o princípio da isonomia. 
Isto porque o interessado em instituir bem de família voluntário deve declarar na 
escritura pública, ou no registro imobiliário, no caso de testamento ou doação, que é 
titular de outros bens imóveis ou móveis que correspondem a, pelo menos, dois terços 
do seu patrimônio mínimo. Diversamente, o bem de família legal incide 
automaticamente sobre o imóvel residencial próprio, mesmo que seja único, e de 
pequeno ou grande valor.
O limite de um terço do patrimônio deverá ser verificado. Na hipótese de comprovação 
por credores em juízo de que o devedor instituidor não detinha outros bens que 
atingissem a proporção exigida, poderão requerer ao juiz que declare sem efeito.
b) Características - Considerando os termos do art. 1711, é possível entender que o 
bem de família convencional tem como características:
- impossibilidade de ter o prédio destino diferente, nem mesmo podendo ser alienado, 
sem o consentimento de todos osinteressados;
- instituição mediante escritura pública ou testamento, constituindo-se pelo registro de 
seu título no Cartório de Imóveis;
- a fração do patrimônio destinado ao bem de família não pode ultrapassar 1/3 do 
patrimônio líquido do instituidor, existente ao tempo da instituição.
c) Objeto do bem de família voluntário
O bem de família voluntário tem por objeto parte do patrimônio do instituidor, 
abrangendo o imóvel residencial e os móveis que o guarnecem, além de valores 
mobiliários que possam atingir o valor equivalente ao próprio bem imóvel. 
Segundo o art. 1712: O bem de família consistirá em prédio residencial urbano ou 
rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos, a domicílio 
familiar, e podendo abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na 
conservação do imóvel e no sustento da família.
Não há exigência de que o instituidor more no imóvel, sob o entendimento de que o 
art. 1712 faz referência a prédio residencial, diferenciando de imóvel comercial ou 
utilizado para outros fins. A proteção legal dirige-se à parte do patrimônio, mesmo 
porque este pode ser em parte constituído por valores mobiliários. O importante é que a 
parte do patrimônio imunizada à penhora seja suficiente para amparar a família em 
situações de problemas financeiros.
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Os valores mobiliários dizem respeito a ações de empresas, fundos de investimentos, 
apólices de dívida pública, poupança, outros títulos de natureza bancária, devendo todos 
ser individualizados na instituição do bem de família. Estes bens se tornam 
indisponíveis, salvo justificada necessidade da família e com autorização judicial. É 
possível confiar a administração desses valores a instituição financeira.
Os móveis de uma casa são considerados pertenças quando adquiridos e destinados 
para uso das pessoas que a habitam como integrantes da família. As pertenças não 
precisam ser especificadas por ocasião da instituição do bem de família, uma vez que a 
lei só faz exigência quanto a valores mobiliários.
Vale registrar que não se faz necessária outorga do cônjuge para a instituição do bem de 
família, na medida em que o instituto não se configura como um gravame, mas, pelo 
contrário, é percebido como um benefício constituído em prol do grupo familiar. 
d) beneficiários do bem de família voluntário
Todos os integrantes da entidade familiar são beneficiários, quer seja um casal com 
filhos ou sem filhos, companheiros de união estável, um remanescente isolado da 
entidade familiar.
A administração do bem de família voluntário compete a ambos os cônjuges (ou 
companheiros), salvo disposição em contrário manifestada no ato de instituição, 
cabendo ao juiz decidir em caso de divergência (art. 1720). Com o falecimento dos 
cônjuges, a administração passará ao filho mais velho ou a seu tutor, caso seja menor de 
idade (parágrafo único do art. 1720). Na hipótese de irmãos, todos maiores, viverem em 
conjunto e tendo herdado o imóvel em que habitam em virtude de falecimento dos pais, 
podem eles instituir novo bem de família sobre o imóvel, figurando como beneficiários 
enquanto qualquer um deles o utilizar como moradia.
e) exclusão da impenhorabilidade e proibições
- dívidas anteriores - O bem de família voluntário é isento de execução por dívidas 
posteriores à sua instituição, porém não está isento de execução e penhora por dívidas 
contraídas antes de sua instituição, ficando, assim, excluídas as dívidas anteriores.
- dívidas referentes a tributos - Além disso, a impenhorabilidade do bem de família 
voluntário é excluída em situações de dívidas referentes aos tributos incidentes sobre 
o imóvel e as despesas de condomínio (art. 1715). Ocorrendo a penhora nestas 
situações, e sendo o imóvel levado a hasta pública, restando saldo após o pagamento do 
débito, será este destinado à aquisição de um outro imóvel e sobre este instituído novo 
bem de família. Se o saldo remanescente não for suficiente, poderá ser aplicado na 
aquisição de títulos da dívida pública, cujas receitas serão utilizadas no sustento da 
família. Outro tipo de destinação poderá ser requerida ao juiz pelos beneficiários 
(parágrafo único do art. 1715).
O imóvel indicado como bem de família não pode ter outra destinação além de 
residência da família (art. 1717). Não pode ser alugado nem utilizado para outros fins, 
restrição esta em desacordo com decisões dos tribunais no que diz respeito ao bem de 
família legal, quando admitem a locação para obtenção de renda complementar para a 
família .
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e) extinção do bem de família voluntário
Segundo a regra geral, ocorre a extinção com o falecimento dos pais e os filhos 
atingirem a maioridade (art.1722). Não se extingue enquanto houver um remanescente 
da família.
Nos casos de dissolução da sociedade conjugal, o fato em si não enseja a extinção do 
bem de família. Nos casos de viuvez, poderá o cônjuge sobrevivente pedir a extinção do 
bem de família, se não for conveniente permanecer no imóvel nesta condição.
Segundo o art. 1721: “A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de 
família.” Parágrafo único: “Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos 
cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem 
do casal.”
E o art. 1722 define que: “ Extingue-se, igualmente, o bem de família, com a morte de 
ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.”
A extinção do bem de família poderá ocorrer quando a entidade familiar 
demonstrar ao juiz a dificuldade de manutenção do imóvel, ou necessidade de 
reformas crescentes que onerem sobremodo a renda familiar (art. 1719). Nesta hipótese 
poderá haver a extinção ou a sub-rogação do bem de família em outro imóvel da 
família.
f) intervenção do Ministério Público
Quando os interessados decidirem extinguir o bem de família voluntário, deverão 
requerer ao juiz de família que, analisando a justificativa apresentada, poderá 
determinar a alienação do bem, ouvido o MP, na qualidade de fiscal da ordem jurídica, 
conforme estabelece o art. 1717.
O mesmo acontece quando ocorre a dificuldade de manutenção, nos termos do art. 
1719. Caso não seja intimado o MP, nas duas hipóteses mencionadas, haverá a nulidade 
do processo, conforme disciplina o art. 279 do CPC: “É nulo o processo quando o 
membro do Ministério Público não for intimado a acompanhar o feito em que deva 
intervir”.
3. Bem de família legal
a) Instituição
A Lei 8009/90 ampliou o conceito de bem de família, não ficando mais dependente de 
instituição, consoante as formalidades previstas no Código Civil. A partir da edição 
desta lei, o bem de família resulta diretamente da norma legal, de ordem pública, 
que estabelece a impenhorabilidade do imóvel residencial de propriedade do casal ou da 
entidade familiar, independentemente de ato de vontade do titular. .
Na medida em que o instituidor é o próprio Estado, que impõe o instituto por norma de 
ordem pública em defesa do núcleo familiar, o bem de família legal independe de ato 
constitutivo e, consequentemente, de inscrição no Registro de Imóveis.
Significa que, em consequência da norma, este imóvel não irá responder por dívida 
contraída pelos cônjuges ou pelos filhos que sejam proprietários e nele residam, salvo 
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nas hipóteses expressamente previstas nos artigos 2º e 3º da Lei 8009/90, em seus 
incisos I a VII, que dizem respeito a fiança em contrato de locação, pensão alimentícia, 
impostos e taxas incidentes sobre o imóvel.
b) Objeto
Nos termos do art. 1º da Lei 8009/90, o imóvel próprio habitado pelo proprietário e 
sua família, seja ele urbano ou rural, é impenhorável. Neste sentido, não responderá por 
qualquer dívida, seja civil, comercial, fiscal, previdenciária, e mesmo aquelas 
consideradas privilegiadas, como as fiscais e trabalhistas.
Deve se tratar de imóvel que podeser habitado, excluindo-se a terra nua ou o terreno 
onde não há edificação. No imóvel residencial objeto de bem de família estão incluídos 
os móveis que guarnecem a casa, salvo os que a lei exclui.
A Lei 8009/90 se refere, também, aos equipamentos, inclusive os de uso profissional 
(parágrafo único do art.1º). Além disso, a impenhorabilidade alcança as acessões, na 
medida em que o acessório segue o bem principal. Ou seja, a terra nua é o bem principal 
e tudo que sobre ela seja plantado, edificado ou agregado considera-se como acessório.
Verifica-se, assim, uma cobertura maior do que aquela prevista para o bem de família 
convencional. 
Para efeito da impenhorabilidade é considerado como residência um único imóvel 
habitado pelo casal ou pela entidade familiar como moradia permanente (art. 5º).
Se a família for proprietária de mais de um imóvel, apenas um deles pode ser 
considerado bem de família, devendo ser efetivamente utilizado como moradia 
permanente (parágrafo único do art. 5º).
c) Características
Diferentemente do bem de família voluntário, que prevê a impenhorabilidade e a 
inalienabilidade, o bem de família legal gera somente a impenhorabilidade, não 
respondendo por dívidas civis, trabalhistas, etc. conforme visto.
Neste sentido, fica assegurada a livre disposição (ou alienação) do bem por parte do 
titular.
d)Bens e dívidas excluídos do bem de família legal
Nos termos da Lei 8009/90 estão excluídos da impenhorabilidade os seguintes bens 
móveis:
- veículos de transporte, obras de arte, adornos suntuosos, sendo estes dois últimos 
considerados benfeitorias voluptuárias (art. 2º). Não poderá, porém, ser penhorada a 
obra de arte que eventualmente estiver integrada ao imóvel e cuja retirada seja 
prejudicial à sua estrutura (pinturas em paredes, esculturas em colunas de sustentação).
- Também estão excluídas do bem de família legal (art. 3º) :
 I- Revogado pela Lei Complementar n. 150 de 01/06/2015, que trouxe garantias aos 
empregados domésticos. Anteriormente dizia respeito a créditos trabalhistas dos 
empregados da casa e das respectivas obrigações sociais. Considerando a amplitude dos 
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direitos trabalhistas conferidos aos empregados domésticos, deixa de se justificar a 
autorização para penhora do bem de família, ficando mantida a regra geral da 
impenhorabilidade. 
 II- financiamento destinado à construção, reforma, ou aquisição do imóvel, de acordo 
com o contrato firmado (hipoteca);
 III- crédito de pensão alimentícia. Neste caso vale ressaltar que, se o devedor de 
alimentos é casado, ou convivente de união estável, e o bem de família em que reside 
pertence ao casal, somente poderá haver penhora de sua cota-parte, na medida em que a 
fração pertencente ao cônjuge ou companheiro não pode sofrer execução por dívida do 
outro consorte. Neste sentido dispõe a Lei 13 144 de 2015, que modificou a redação do 
inciso III do art. 3º da Lei 8009/90: ... é oponível a impenhorabilidade “ pelo credor da 
pensão alimentícia, resguardados os direitos, sobre o bem, do seu coproprietário que, 
com o devedor, integre a união estável ou conjugal, observadas as hipóteses em que 
ambos responderão pela dívida” 
 IV- impostos, contribuições e taxas incidentes sobre o imóvel (IPTU, ITR);
 V- execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia;
 VI – ter sido o imóvel adquirido com produto de crime ou seja destinado a execução 
de sentença penal condenatória;
 VII – por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação . Sobre 
este tema, vale lembrar reflexão de alguns autores que entendem haver 
inconstitucionalidade nessa questão, na medida em que poderá permitir a penhora do 
imóvel que serve de moradia para o fiador. Ou seja, incide a impenhorabilidade sobre o 
bem do principal devedor, que é o locatário, mas vai permitir a penhora do bem do 
fiador, identificando-se no caso, uma quebra da igualdade substancial, tratando 
diferentemente devedores originados da mesma causa.
Considerando as exceções previstas no art. 3º, significa que o imóvel poderá ser 
penhorado em razão destas dívidas mencionadas. Neste sentido estão excluídas da 
proteção legal as dívidas especiais, assim consideradas: alimentos devidos pelo 
proprietário do imóvel, considerando a primazia do direito à vida (art. 3º III); ter sido o 
imóvel ou os móveis adquiridos com produto de crime art.3º, IV); ou quando servirem 
de garantia de execução de sentença penal condenatória a ressarcimento pelos danos 
decorrentes de crime. Também são incluídas entre as dívidas especiais obrigações 
decorrentes de fiança em contrato de locação. Em todos estes casos, é permitida a 
penhora do bem de família.
A jurisprudência tem admitido a penhora do bem de família em situações de não 
pagamento de taxas de condomínio, como sendo uma interpretação da palavra 
“contribuição”, presente no inciso IV do art. 3º, sob o entendimento de que a 
mencionada contribuição se estende ao rateio das despesas do condomínio entre os 
condôminos. Tal entendimento visa resguardar a administração dos condomínios de 
uma maneira geral, considerando que, em algumas situações, muitos não teriam 
condições de sobreviver se a restrição fosse mantida.
d) Beneficiários do bem de família legal
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São titulares do direito à impenhorabilidade todos os integrantes da entidade familiar 
que habite o imóvel. Os tribunais têm decidido pela extensão do benefício a pessoas 
solteiras, cuja moradia é fundamental para a realização de sua dignidade humana. Nesta 
situação podem ser incluídas pessoas separadas, viúvas, irmãos que residem juntos sem 
os pais, havendo, assim uma relativização do conceito de entidade familiar.
De acordo com a Súmula 364 do STJ: “O conceito de impenhorabilidade do bem de 
família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
Em se tratando de condôminos que tenham residência comunitária no imóvel, o bem de 
família é indivisível, sendo beneficiados todos os co-proprietários, mesmo que a dívida 
seja de um só deles.
e) Extinção
O bem de família legal não depende de ato de instituição, nem da vontade dos 
beneficiários. Por este motivo, não se extingue por razão especial. 
A extinção somente acontece quando o imóvel for alienado pela família. Não sendo 
alienado, permanece impenhorável enquanto existir algum membro da família.
f) Má-fé e exclusão do benefício
A norma legal que concebeu a proteção ao bem de família funda-se no pressuposto da 
boa-fé do devedor, no sentido de que não se tenha valido da proteção legal para fraudar 
credores. O bem de família visa à proteção da família sobre penhora que possa recair 
sobre o bem imóvel onde residem, subentendendo a boa-fé.
Ocorre fraude quando o devedor, sabendo-se insolvente, adquire imóvel de maior valor 
para transferir a residência da família, utilizando, inclusive, a renda proveniente da 
venda de outros bens, frustrando a expectativa de credores (art.4º). Pode ocorrer que o 
devedor se desfaça da moradia antiga. Nestes casos, a proteção legal é utilizada de 
maneira fraudulenta, caracterizando a fraude contra credores, situação que os autoriza a 
requerer a anulação dos negócios jurídicos lesivos a seus interesses.

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