Buscar

Feminicídio: Uma Questão Cultural e Legal

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

FEMINICÍDIO
FeminicÍdio em tese significa o assassinato de mulheres, que são mortas apenas pela condição de ser mulher, no Brasil é considerado crime hediondo. Contudo, o feminicÍdio se da muito antes do ato criminoso em si, ele é resultado de nossa cultura, politica, economia, e construções históricas altamente machista, que desde os primórdios enfatiza que homens são superiores as mulheres. 
O conceito surgiu por volta da década de 1970, a fim de reconhecer a descriminação e opressão contra as mulheres. Esse tipo de assassinato não trata-se de um crime isolado ou não premeditado, ele faz parte de uma linha de tempo continua, que inclui vários tipos de violências extremas, verbais, físicas e sexuais. A mulher é vista como objeto, sendo assim, é violentada e manipulada. 
Com o crescimento do debate sobre feminicÍdio o Estado, perante a pressão da sociedade civil, foi obrigado a tomar frente e assumir responsabilidades diante dos fatos. Sendo assim a partir dos anos 2000 algumas nações latino americanas incluíram o feminicÍdio nas legislações. 
No Brasil, o crime de feminicÍdio foi definido legalmente desde a entrada em vigor da Lei nº 13.104 em 2015, que alterou o art. 121 do Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848/1940), para incluir o feminicÍdio como circunstância qualificadora do crime de homicídio.
Para o nosso Código Penal o FeminicÍdio é “assassinato de uma mulher cometido por razões da condição do sexo feminino” o crime envolve violência domestica/descriminação/ menosprezo à condição de mulher”. Quando preso, o agressor pode ficar recluso de 12 a 30 anos. 
“Considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:         
I - violência doméstica e familiar;  
 II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher.” [BRASIL, 2015]
O primeiro inciso fala em violência doméstica e familiar, que está vinculada a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006). Na lei citada configura-se violência domestica e familiar contra a mulher a mulher qualquer ação ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão sofrimento físico, sexual, psicológico, dano moral ou patrimonial. “Quando há violência contra uma mulher nas relações conjugais ela tem uma raiz estrutural e tem a ver com a desigualdade de gênero.”
Em suma durante a investigação do caso é necessário a comprovação de que a mulher tenha feito denuncias nas delegacias e tenha acionado a Lei 11.340/2006, ou pedido algum tipo de medida ´protetiva. Ainda é comprovado o feminicídio caso haja conclusão de histórico de violência em relações intimas. 
O segundo inciso nos remete ao menosprezo e discriminação, nesse inciso inclui-se pessoas que não se conhecem, não configurando a relação intima de afeto prevista na Lei Maria da Penha. Essa tipificação torna-se mais difícil, pois não há clareza de que o ato de violência foi causado a vitima pelo menosprezo e ato de ser mulher.
 Por isso é necessário que a investigação seja feita de forma precisa e atenta, pois é necessário observar como a vitima é morta, caso haja caraterísticas e provas que demostrem a descriminação e o ódio ao feminino. Quando há mutilação dos órgãos genitais, ou outras partes do corpo com características do gênero feminino ou quando há violência sexual, há indicativos de menosprezo e por conseguinte feminicÍdio. 
O assassinato da mulher é a materialização da violência, mas esta não acontece apenas quando o crime é cometido. A criminalização do feminicÍdio não dá conta, sozinha, da complexidade desse tema. É necessário que a lei trabalhe a favor de evitar que o agressor chega ao feminicídio. Olharmos atentamente e perceber que mulheres sofrem diversos tipos de violência que vão muito além do crime, sendo assim, o feminicídio acontece porque diversas outras medidas falharam. Fazermos cumprir a lei é “mero” detalhe, é necessário corrigir todas as outras formas de violência e opressão que são anteriores ao crime.

Continue navegando