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Título: Epidemiologia e Saúde, editora Medbook, Rio de Janeiro:., 2013, 445 paginas.
	Autor: JOSÉ JACKSON COELHO SAMPAIO, epud. capítulo 21, Saúde Mental (p. 424 - 443)
	
“Diferentes autores nas décadas de 1950 a 1970, a partir de matrizes teóricas distintas, afirmaram que as mudanças econômicas, políticas e sociais definem a estrutura e a organização da saúde física, mental, individual e coletiva. [...] suas teorias demonstraram haver consciência crescente de eu as enfermidades mentais tornaram-se proeminentes indicadores de problemas de saúde da população”. (p. 423)
“Saúde mental constitui expressão de pelo menos, três dimensões: a) conjunto de saberes e profissões como, psiquiatria, psicologia, psicanálise, medicina social, neurologia, enfermagem, serviço social, arteterapia, pedagogia etc... b)conjunto de políticas, planejamentos, gestões e intervenções, redes serviços com níveis e modelos de atenção: e c) um estado dos seres humanos que inclui, sem ser exaustivo, sofrimentos, satisfação, prazer, paixão, felicidade, código moral, temporalidade e fluxo de consciência”. (p.423)
“As religiões, em institucionalização, desenvolveram instrumentos, cada vez mais considerados objetivos e confiáveis, visando discriminar possessão de imperfeição. A igreja católica não poderia se consolidar, por exemplo como intermediária necessária entre o humano e o divino se a cada momento, deus interviesse diretamente por meio de porta-voz espontâneo [...] O sistema jurídico, em institucionalização, desenvolveu instrumentos, cada vez mais considerados mais objetivos e confiáveis, para discriminar responsabilidade e irresponsabilidade perante a lei, capacidade e incapacidade de compreender os pactos sociais. O sistema jurídico não poderia se orientar se a cada momento sua racionalidade fosse posta em dúvida.[...] A ordem econômica capitalista, em institucionalização, pôde engendrar, no processo de constituição de suas práticas, agentes e instrumentos de enquadramento para disciplinar as pessoas aos espaços de trabalho, as representações de tempo e de identidade e a legitimação dos processos de exclusão da população excedente”. (p.423)
“Loucura não é categoria epidemiológica ou clínica, é antropológica e sociológica, capas de dar conta daquilo que uma sociedade identifica como sua imagem idealizada. Loucura e doença mental têm sido confundida ou distinguidas, de muitos modos. Do século XVII para cá no mundo ocidental, cristã e capitalista, duas tendências buscam hegemonia: [...] Loucura/doença mental constitui um todo a ser extirpado ou contido poderosamente. Há que delimitar um gueto e enquadrá-lo em inacessível aos olhos da sociedade e da onde não posso importunar as cidades [...] Loucura/doença mental é uma heterogeneidade a ser absorvida, de modo fragmentado, em seus desdobramentos: oposição, desvio, paixão e doença. Há que apropriar a oposição na política ou na polícia: desvio e paixão na arte ou na religião: e a doença na medicina. Cada objeto, um agente e um mercado. Doença mental e psiquiatria nascem uma para outra, dentro da loógica expansiva da mercadoria e da racionalidade”. (p.424)
“A psiquiatria arcaica estabelece a segregação asilo/sociedade e transforma o habitat do louco/doente num cosmo fechado. As psiquiatrias iluminista e organofuncional rompem o asilo e estabelecem a tutela onívora do sistema psiquiátrico sobre a sociedade”. (p.424)
“A epidemiologia social destaca a determinação histórica, social e econômica das condições de saúde de uma população (ALMEIDA FILHO, 2003). É correto afirmar que toda epidemiologia é social, pois nenhuma corrente metodológica da epidemiologia despreza os fatores sociais como determinantes do processo saúde-doença, contudo nenhuma coloca esses fatores de maneira tão enfática quanto a epidemiologia social 9BARATA, 2005)”. (p.425) 
“Na perspectiva histórico-dialética, segundo a contribuição conceitual de Sampaio (1998), epidemiologia é ciência social, empírica, prática, que estuda distribuição, modos de expressão e determinação de qualquer elemento do processo saúde/doença, em relação à população humana significativa, que desenvolve suas experiencias em território vivo, para fins de prevenção de transtorno, promoção de saúde, planejamento de ações de saúde e produção de conhecimento”. (p.425)
“Os objetivos das aproximações da epidemiologia com o processo saúde/doença mental é distinguir os elementos consciência, personalidade, saúde mental, alienação, ideologia, sofrimento psíquico e doença mental”. (p.426)
“Os transtornos mentais podem ter bse predominantemente biológica, psicológica os social, e cada uma dessas bases pode expressar-se no comportamento de modo predominantemente biológico, psicológico ou social. Esses transtornos apresentam importancia epidemioloógica crescente, pois os avanços da medicina melhoraram a esperança de vida e reduziram a possibilidade de a vida ser mecanicamente transmatizada, mas não garantem a higidez”, (p. 426)
“Os avanços médicos mudam a escala e a natureza dos disturbios: transforma o agudo em crônico e o biológico em sintomatopsico/psicossomático: espalham por todos os grupos sociais as percepções de vazio, inutilidade e desencantamento: hipertrofiam as respostas psicopáticas, de agressividade narcísica ou de adcção ao consumo: fazem com que tensaõ psíquica invada a vida das pessoas, corroendo-as por dentro, permitindo explodir ansieade livre, flutuante e enorme espctro de reações difusas. Além, e por conta disso multiplicam-se profissões e serviços que buscam resolver o fenômeno, rotulando de doença mental todos os mal estares”. (p. 426)
“Freire-Pereira (1994) apresenta a questão do conceito de doença mental em sua dupla e contraditória natureza: como efeito de um processo orgânico, expressando-se comportalmente, ou como um fenômeno com sede na personalidade (des)estruturada, de onde também surge o critério de julgamento do que seria saúde ou doença”. (p.426)
“Machado et al. (1978) afirma que, para medir o que é ou não razoável numa conduta, precisa-se compará-la com ela própria e com os outros comportamentos aceitos numa sociedade. Esse critério comparativo, ao mesmo tempo possibilidade de estabelecer a norma a partir da observação do desvio e promovê-la na prática, permite articular as histórias, individuais e sociais, entendidas como evolução ou revolução.
“Saúde e doença mental são conceitos que emergem da noção de bem esar coletivo. Anormal é uma virtualidade inscrita no próprio processo de constuição do anormal.ç asssim, a doença mental precisa ser vista como realidade histórica, carente de instrumentol médico, psicológioco, fisiológico e po´litico para ser compeendida”. (p.427)
Variáveis para avaliação epidemiológica
Sexo e gênero
“Os autores de manuais clássicos de psiquiátria, como Kraepelin, Jaspers, Noyes, Alexander, Kaplan, Insua, Betta e Stroska, apenas registram que os homens tem mais tendência para o desenvolvimento de doenças mentais ligadas a infecções, traumatismos, arteriosclerose, epilepsia, criminalidade e alcoolismo, e que as mulheres tem mais tendência para distúrbios reativos, afetivos e psicossomáticos. Afetividade e atuação social estariam marcando o dimorfismo sexual do adoecimento psíquico. Mas será algo inscrito na genética, na fisiologia ou no papel social dos sexos? É imperativo entender a questão e dimensionar sexo como variável biológica, econômica, psicossocial e biográfica”. (p.428)
Idade
“A apresentação dos transtornos mentais nos sujeitos está tão fortemente ligada à idade que resultou em duas das quatro atuais subespecialidades da psiquiatria, psiquiatria infantil, a psiquiatria geriátrica ( as outras são a psiquiatria forense e a psicoterapia)”. (p.429)
Etnia e cor
“Sabe-se que a relação corpo-mente-cultura é cada vez mais compreendida holisticamente e dialeticamente,. Daí também compreendermos a doença mental, essa doença tão especificamente humana, dentro de suas relações com os padrões de uma dada cultura (crença, interdições,forma de organizações do pensamento e da linguagem, somatório concreto e mítico de um processo histórico determinado). As características morfológicas de uma raça representam apenas parte da Gestalt da cultura que elas estabelecem, e parte cada vez menor, em razão da crescente miscigenação e da escala global de comunicação”. (p. 429)
Fatores genéticos
“Hoje, com o avanço de técnicas moleculares e a identificação do genoma humano, novos desenhos são possíveis. Exemplo disso é uma coorte de nascidos vivos que mostrou uma associação entre variantes funcionais de gene transportador de serotonina (polimorfismo do 5-HTT) e estressores na vida, aumentando o risco para depressões (CASPI et al., 2003). Os indivíduos com a variante curta do alelo apresentavam risco maior, mas apenas na presença dos estressores”. (p.429)
Estado civil e estrutura familiar
“É de conhecimento clínico que tratar de um doente mental sem considerar a homeostase familiar pode levar a fracassos terapêuticos e ao aparecimento de transtornos em outros membros da família. Como diz Insua (1974), a família contribui para a conformação genética e constitucional do indivíduo, para o desenvolvimento da personalidade e para a organização de identidade, além de intentar conformá-lo às características socioculturais”. (p.430)
Trabalho e renda 
“Estudiosos do trabalho, como Le Guillant, Dejours, Mills, Mlvezze, Lane, e Codo, tem tem demonstrado a necessária relação do trabalho com a saúde e a doença dos homens: se as questões de relacionamento coa a hierarquia, as formas de recompensa e de fiscalização, a divisão do processo de produção, turnos, monotonia, automatização, controles e contracontroles, possibilidades de marcar a subjetividade na produção e de reconhecer a marca, forem resolvidas democraticamente, aumenta a probabilidade de o trabalho poder potenciar sentimentos de prazer, criatividade e realização da subjetividade”. (p. 431)
Migração e Urbanicidade
“Sobre a urbanicidade, apesar das divergências entre os trabalhos quanto à definição, a maioria mostra uma relação positiva entre meio urbano e transtornos mentais (PENN et, al.,2010). Nas cidades, uma série de fatores está presente em maior escala, como fatores físicos (poluição, pequenas habitações, densidade populacionais) e também os fatores psicossociais (estresse, eventos de vida, isolamento social). [...] não foi encontrada associação entre transtorno mental e urbanicidade, deprivação social ou migração”. (p.432)
Organização Social e Situação de Classe
“As classe opressoras atuam sobre o mundo com a intencionalidade manifesta de controlar as leis socioeconômicas, o inconsciente e as leis naturais, assim semeando de interdições, promiscuidade, menos-valia e sentimentos de culpa a vida dos oprimidos. Sociedades autoritárias, consumistas, individualistas, competitivas, imediatistas, objetais e excludentes engendram as patologias da violência e da manipulação, as patologias do poder, da opressão e do terrorismo, do egoísmo e das chantagens infantilmente regressivas. Portanto, não é a pobreza, no sentido tecnológico e de volume de bens, que pode ser responsável por maior volume de sentimento e doença, mas a miséria, a pobreza com a perda da linha de base da sobrevivência e exposta às perdas de vínculos de coesão e proteção internas. A fome diante da fortuna, a condição material do proletariado diante do desenvolvimento de uma consciência pequeno-burguesa e a impotência diante da indignidade são o que melhor caracteriza o processo de crise”. (p.431)
Indicadores populacionais de saúde
Transtornos mentais
“Um dos principais indicadores de saúde mental é a prevalência de transtornos mentais na comunidade. Como os transtornos mentais geralmente são crônicos, de alta prevalência e acometem o jovem, seu impacto social é relevante para saúde pública. Este indicador inclui incapacidade do individuo, estresse de cuidadores, custo de assistência médica, tempo de trabalho perdido e redução da qualidade de vida. Para encontra-lo a epidemiologia tem aprimorado seus estudos de base populacional. Esses estudos identificam as morbidades psiquiátricas na população geral de grandes áreas (cidades e países). Eles proveem informações relevantes para implantação de políticas públicas”. (p.433)
Sofrimento psíquico na contemporaneidade
“Para Galimberti (2006) não é possível compreender a neurose como na época de Freud, quando imperava uma disciplina social baseada na contraposição permitido/proibido. Com o advento do capitalismo financeiro, tecnológico e de consumo, sobretudo nas economias periféricas, ainda o caso do brasil, a contraposição tornou-se capacidade/incapacidade e possível/impossível. Transferindo-se o eixo sintomatológico da tristeza para a perda de iniciativa, em contexto onde a iniciativa critério decisivo para selar o valor do indivíduo”. (p.433)
Homicídio
“A agressividade é característica humana necessária e violência é a forma patológica de expressão dessa necessidade, que pode ser idiossincrática de algum indivíduo ou pode se estender por toda malha social, quando a população vivencia situação-limite de desespero e os aparelhos de estado não são capazes de oferecer solução para o deseSpero (FROMM, 1987) [...] um incremento na criminalidade. A violência deixou de ser apenas um dos instrumentos de dominação das classes dominantes e tornou-se, também, estratégia de sobrevivência das classes dominadas. As rspostas escolhidas para essa questão são paliativos brutais, como linchamentos, esquadrões da morte e abuso de poder policial” (p.434)
Suicídio
“Mira y Lopez (1968), em seu livro Problemas Atuais de Psicologia, afirma que suicídio é o mecanismo de auto compensação usado quando os seguintes fatores se somam: a) certeza da globalidade negativa, isto é, a vida inteira, em extensão e profundidade, é sentida como infeliz; b) certeza de perenidade prospectiva negativa, isto é, o balanço de um passado ruim é projetado como se continuando no futuro; c) certeza de injustiça, pois sofrimento justificável é visto como bom e expiatório, mas o injustificável é sentido como prisão e forças insondáveis; d) certeza de inutilidade, isto é, ninguém se beneficiará com aquele padecer, isto é, ninguém será capaz de mudar a condição”. (p. 435)
Alcoolismo e outras dependências químicas
“Na questão dos transtornos relacionados com o uso de substâncias, em que o alcoolismo se destaca como o mais premente problema, devemos sempre levar em conta três níveis analíticos fundamentais: a) psicodinâmica da dependência (análise da organização e da atitude social e histórica do indivíduo); b) escolha do objeto viciador específico ( havendo que analisar hábito de alimentação, atitude perante doenças e remédios, objetos viciadores disponíveis); c) consequências sanitárias do vicio estabelecido (impactos individuais e sociais)”. (p.436)
Epilepsias, retardamentos e demências
“Além das causas especiais de retardamentos (diferentes incapacidades de desenvolvimento intelectual adequado) e epilepsias, temos as questões básicas e gerais de nutrição materna e do recém-nascido, traumatismos, desidratações, infecções, doenças infectocontagiosas de ação cerebral e alcoolismo crônico dos pais [...] Strotzka (1968) afirma que a perda do papel produtivo, perda de vínculos afetivos, abandono dos idosos e história pessoal de nutrição deficiente e de uma séria de microtraumatismos estão na gênese das demências ( diferentes prejuízos cognitivos e intelectuais após desenvolvimento), além de fatores constitucionais. Assim, a identificação desse quadro clínico (prevalência, incidência, distribuição) apresenta grande importância epidemiológica; a) indica o nível de saúde geral da população e a capacidade de ofertar papel produtivo adequado a todas as idades; b) fornece subsídios para programas preventivos; e c) fornece subsídios para programas preventivos de assistência e recuperação”. (p.437)
Promoção, prevenção, planejamento e política de saúde mental“Caetano (1982) afirma que as estatísticas sanitárias, hospitalares, ambulatoriais e comunitárias são muito importantes nhoque se refere à epidemiologia psiquiátrica, mas vários fatores seletivos estudados invalidam a utilidade para calculo de incidência e prevalência e para políticas preventivas. A assistência psiquiátrica no Brasil tem estado dependente de considerações políticas menores ou de interesse exclusivamente lucrativo, nunca se efetuando a análise integral de distribuição dos transtornos mentais na população”. (p.437)
“O sistema de convênios, sobretudo antes do Sistema Único de Saúde (SUS), estimulou o aparecimento de hospitais psiquiátricos como empresas lucrativas, com consequente monopólio da modalidade no uso dos leitos. Observa-se o aumento do número de admissões, principalmente de neuróticos e alcoólatras, assim como do tempo médio de internação , cada vez que diminui o preço da diária hospitalar”. (p.438)
“Estudo de Sampaio & Santos 92001) levanto o histórico da implantação, tardia e truncada, da Reforma Psiquiátrica brasileira, confirma a redução de 40% do número de leitos psiquiátricos em relação aos instalados em 1985, descreve a impossibilidade de Ministério da saúde de oferecer dados confiáveis, pois incluía serviços para autistas e deficientes mentais na estatística de Centros de Núcleos de atenção Psicossocial (CAPS/NAPS), e apresenta as alternativas assistenciais testadas em São Paulo, no rio grande do Sul e no Rio de Janeiro, concentrando o foco da análise na região nordeste”. (p.439)
“Para Sampaio & santos (2001), o CAPS caracteriza-se por dar respostas aos problemas de saúde mental, individual e coletiva, além de apresentar multiplicidade crítica de funções e técnicas, práticas interdisciplinar e acessibilidade loca. Por sua complexidade, deve situar-se em distritos sanitários de regiões metropolitanas, ou em municípios de médio e grande porte, coordenando a política de saúde mental em centros de saúde de municípios de pequeno porte na região de cobertura”. (p.439)
“Os principais objetivos de um CAPS são: a) tratar transtornos psicogênicos, cristalizados sob forma clinicamente reconhecida de doença mental; b) oferecer contenção para crises psicológicas/psiquiátricas e indicativos de crescimento pessoal a partir delas; c) prevenir hospitalismo, desamparo e outras formas de alheamento, garantindo permanência dos vínculos sociais; d) prevenir rotulações. Estigma e cronificação; e) estimular redimensionamento crítico das relações com a família, trabalho, vizinhança, sexualidade e política; e) auxiliar a promoção da cidadania e a construção coletiva da qualidade de vida”. (p.439)
“No entanto, a questão referente à prevenção em saúde mental nos leva a grande indagações socioeticopolíticas, pois o conjunto de ações preventivas e curativas, nessa área, configura instância de regulação social. A medicina, em geral, com os fantasmas da morte, e a psiquiatria, em particular, com os da perda da razão, oferecem os mais sutis e complexos instrumentos para essa regulação e a s mais refinadas tecnologias de controle e poder sobre o sujeito [...] controlando o tempo, demarcando o espaço de ação e interação social, delimitando o alcance oe o significado de gestos e condutas”. (p. 439)
Planejamento e políticas de saúde mental no Brasil
“Segundo Giovanella & Amarantes (1994), o planejamento no campo da saúde mental deve considerar estratégias com características que dizem respeito à natureza do saber e das instituições psiquiátricas, ao conceito de desistitucionalização e à invenção de novas tecnologias de cuidado, inseridas numa nova rede de serviços que toma como cenário o território. [...] Assim, o desafio do planejamento em saúde mental na atualidade consiste na desconstrução do aparato manicomial/asilar, mediante a articulação de políticas intersetoriais e a construção e a construção e/ou implementação de uma rede de serviços voltados ao atendimento dos portadores de sofrimento psíquico e/ou transtorno mental, de modo articulado com o território no qual estão inseridos, evitando-se as tradicionais formas de sequestro da subjetividade e da cidadania desses sujeitos, materializadas na exclusão e segregação sociais impostas pelo modelo psiquiátrico hospitalocêntrico”.(p.440)
“A implantação da política de saúde mental tem sido sustentada por um aparato jurídico legal, constituído por portarias editadas pelo Ministério da Saúde, que regulamentam a criação, o financiamento, e a organização de serviços substitutivos, como Centro de Atenção Psicossocial. [...] Com efeito, a atual política de saúde mental no Brasil, ao adotar como referência a desinstitucionalização e a inserção das pessoas portadoras de transtornos mentais, tem induzindo a construção de uma rede assistencial na qual ocorram a redução progressiva dos leitos psiquiátricos. A qualificação e expansão da rede extra-hospitalar o constituída por CAPS, Residências Terapêuticas, Emergências e Unidades de Internação Psiquiátricas em Hospital Geral – a inclusão das ações de saúde mental na atenção básica, a implementação do Projeto De Volta Prá Casa e a defesa dos direitos dos usuários e familiares , por meio de incentivo à participação no cuidado (BRASIL, 2007)”. (P.441-442)
Configuarção da rede de assistência de saúde mental
Redução dos leitos psiquiátricos
“A redução dos leitos de hospitais psiquiátricos é uma demanda dos movimentos sociais, particularmente MBPR e Movimento de Lutas Antimanicomial, incorporada na legislação vigente no país e na Política de Saúde Mental, ganhando impulso a partir de 2002, após sansão da Lei 10216/2001, quando o Ministério da Saúde passa a definir critérios para sua efetivação a partir dos grandes hospitais”. (p.443)
Centro de atenção psicossocial: dispositivo estratégico na reorientação do modelo de atenção à saúde mental
“Os CAPS, entre todos os dispositivos substitutivos aos modelos assistenciais psiquiátricos clássicos, tem sido considerados estratégicos na estruturação da rede de atenção à saúde mental. Como serviços públicos de saúde, devem atuar com o objetivo de concretizar os princípios do SUS garantindo a universalidade, a equidade, a integralidade, a descentralização e a participação democrática dos diferentes sujeitos implicados nas práticas de saúde – gestores, trabalhadores e usuários – primando pela qualidade e humanização do cuidado. [...] Consoante seu caráter estratégico, os CAPS assumem posição central na articulação/estruturação da rede de atenção à saúde mental, agregando os equipamentos inscritos nos três níveis de atenção. O direcionamento local de políticas e programas de saúde mental, e promovendo a reflexão crítica e permanente acerca do modelo assistencial e da clínica praticada em seu cotidiano”. (p.443)
Residências terapêuticas
“As residências terapêuticas tem a missão de promover a reintegração social de portadores de transtorno mental na cidade e, sobretudo assegurar o direito à moradia das pessoas egressas de hospitais psiquiátrico, devendo ter a estrutura para abrigar no máximo oito moradores, os quais devem ter um cuidador para apoiá-los na execução de suas tarefas cotidianas”.(p.444)
A saúde mental na Estratégia saúde da Família
“A atenção primária à saúde no Brasil, denominada Atenção Básica, tem sido tomada como porta de entrada preferencial para o sistema de saúde e, portanto, como potencial coordenadora do cuidado à população adstrita em seu território de atenção. A organização da Atenção Básica tornou-se possível com a implantação do Programa de Saúde da Família, em 1994, o qual foi assumindo como modelo de atenção na Norma Operacional Básica de 1996 – NOB/96. Diante de seu potencial para a mudança das práticas sanitárias, foi elevado ao status de Estratégia Saúde da Família., em 1998, cuja expansão tem sido estimulada no território nacional. Tem sido responsável pela ampliação do acesso aos serviços de saúde. Assume como eixo orientador das ações de vigilância da saúde, com ações voltadas àpromoção da saúde, à prevenção de agravos, ao tratamento de agravos e à reabilitação, tomando como campo de intervenção as pessoas , as famílias e a comunidade”. (p.445)
“[...] o CAPS deve assumir a responsabilidade compartilhada pelo cuidado, buscando superar a lógica do encaminhamento. Para tanto, deve realizar apoio matricial junto às equipes de Saúde da família, o qual pode ser operacionalizado por meio de supervisão, atendimento conjunto e específico e capacitação, no sentido de instrumentalizá-las para intervenção nos problemas de saúde mental”. (p. 445)
“Em 2008 foi implantado o Núcleo de Apoio à Estratégia Saúde da Família (NASF), para atuar em suporte às equipes mínimas de saúde da família, o que contribui para ampliar o escopo das ações, bem como a resolutividade dos serviços, considerando que faz parte das atribuições dos membros desses núcleos desenvolver ações de saúde mental no território, inclusive matriciamento”.(p.445)
Projeto De Volta Prá casa
“O Projeto de Volta Prá Casa consiste na disponibilização de auxílio financeiro com o objetivo de estimular a reabilitação psicossocial de pessoas portadoras de transtorno mental egressa de hospitais psiquiátricos. Ao prever o pagamento mensal de auxílio-reabilitação psicossocial em contas bancárias para os próprios benificiários, o programa também atende às normas contidas na Lei 10216/2001, no qual se refere à proposta de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida para os pacientes de grave dependência institucional nos hospitais psiquiátricos. [...] O projeto é parte integrante de um programa de ressocialização de pacientes internados em hospitais ou unidades psiquiátricas, sob a coordenação do Ministério da saúde. A criação desse programa impulsionou o processo de desistitucionalização de longos internamentos. Tem como objetivo reverter gradativamente o modelo de atenção centrado na internação psiquiátrica em troca de um modelo de atenção de base comunitária, e contribuir para o processo de inserção sócia”. (p. 446)

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