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Agrometeorologia: Presente e Futuro

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A AGROMETEOROLOGIA NO PRESENTE E NO FUTURO 
 
 A Agrometeorologia, ou Meteorologia Agrícola, é uma ciência 
interdisciplinar que aplica os conhecimentos da meteorologia e da 
climatologia aos sistemas agrícolas, com o fim de torná-los mais eficientes e 
mais sustentáveis. Incide, fundamentalmente, sobre as plantas e animais que 
estão integrados nestes sistemas, mas deve abranger todos os envolvidos que 
têm um componente climático e que influenciam para que o sistema seja 
eficiente e sustentável. 
 
 Desde a antiguidade até aos nossos dias, o Homem tem tentado 
descortinar as relações existentes entre a meteorologia e a produção agrícola. 
Inicialmente os estudos foram qualitativos, seguiram-se as análises 
estatísticas, depois as medições microclimáticas e, por último, entrou-se na 
era da modelação. A quantidade de informação gerada é enorme, sendo 
grande parte relativa à resposta das culturas ao microclima. Apenas uma 
pequena parte da produção científica é dedicada a relatar as relações entre o 
clima e a produção animal, por um lado, e o impacto da meteorologia nas 
doenças, por outro lado. 
 
 A informação climática e meteorológica tem de ser tratada e 
apresentada de forma conveniente e simples. As ferramentas computacionais, 
incluindo os modelos, disponibilizados online, são particularmente úteis e 
estão a ter uma aceitação crescente por parte dos agricultores europeus. 
 
 A informação climática é estática e válida por um largo período de 
tempo. Esta informação deve ser trabalhada para disponibilizar elementos sob 
forma gráfica e ferramentas computacionais que apoiem decisões estratégicas 
dos agricultores e da indústria. Não devem limitar-se, em geral, a veicular 
valores médios das variáveis. Ao invés, devem disponibilizar a probabilidade e 
o risco de ocorrência de fenômenos adversos à produção. 
 
 Este tipo de informação revela, por exemplo, para a escolha de 
culturas/variedades, necessidade ou não de contratar seguros ou adquirir 
métodos de proteção para determinado acidente climático, opções de 
construção de instalações agropecuárias, tipo de rega a adotar, datas de 
sementeira/plantação de plantas anuais, tipo de condução de vinha e 
fruteiras, reservas hídricas necessárias para a rega. 
 
 A informação meteorológica deve ser tratada de modo a fornecer 
previsões adaptadas à região e ao tipo de agricultura que se faz na área que 
se pretende abranger. Geralmente, consideram-se cinco componentes: 
 
(1) Situação sinóptica – Localização e movimentos de sistemas de baixa 
e alta pressão, massas de ar e frentes e estado do tempo associado. 
Esta informação deriva das observações sinópticas, cartas de 
prognóstico, imagens de satélite na banda do visível e do 
infravermelho, e conjuntos de simulações com modelos numéricos. 
 
 
(2) Impacto nas culturas – Impacto do tempo previsto, isoladamente ou 
integrado com o tempo passado, no desenvolvimento, crescimento, 
maturação, armazenamento e conservação da cultura. Deve-se, 
sempre que possível, detalhar o risco associado as ocorrências de 
maior impacto. 
 
(3) Impacto nas operações que têm lugar na exploração – São 
particularmente sensíveis as mobilizações e operações que 
impliquem o tráfego de máquinas (precipitação e estado do solo), 
evaporação e transpiração (radiação e poder evaporante do ar), 
aplicação de pesticidas e adubos (temperatura, vento e 
precipitação), colheita (precipitação), fenação (precipitação e 
orvalho), cura de queijos e conservação de produção armazenada 
(temperatura e/ou humidade). 
 
(4) Impacto na produção animal – Os animais, especialmente os mais 
jovens, são muito sensíveis as altas e as baixas temperaturas, onde 
a umidade influencia a resposta dos animais a temperatura. Índices 
de conforto animal devem ser disponibilizados, conjuntamente com 
a sua interpretação crítica. 
 
(5) (5) Impacto nas pragas e doenças – As doenças dos animais, e as 
pragas e doenças das culturas são altamente dependentes dos 
elementos meteorológicos. A incidência de pragas e doenças deve 
ser analisada em termos do tempo acumulado e do previsto. 
Existem modelos de simulação que permitem antecipar a taxa de 
incidência, e a dispersão espacial e temporal de pragas e doenças. 
 
 Quando estes modelos são usados com frequência podem gerar avisos 
que desencadeiam as medidas preventivas apropriadas. As previsões de curto 
e médio prazo ajudam os agricultores nas suas decisões táticas e as de longo 
prazo são auxiliares preciosos nas suas decisões estratégicas. 
 
 A modelagem pode ser utilizada para aumentar o potencial das 
previsões agrometeorológicas. Existem, contudo, muitas situações em que a 
modelagem utiliza dados climáticos para gerar conjuntos de simulações 
destinadas a apoiar as decisões dos agricultores. A adaptação às alterações 
climáticas é, talvez, o campo mais promissor para a utilização dos modelos, 
dado a complexidade das interações entre as variáveis meteorológicas que são 
afetadas. 
 
José Paulo de Melo e Abreu 
Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa, TULisbon 
Jornadas Técnicas “A Importância da Meteorologia na Agricultura”, 
28/03/2008.

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