Buscar

Continue navegando


Prévia do material em texto

Contabilidade Pública – AULA 2
 FORMAS DE FINANCIAMENTO DA ATIVIDADE ESTATAL
 INTRODUÇÃO
Para cumprir a sua missão de gerar o bem-estar comum, o Estado atua em variadas áreas, como por exemplo: Saúde, Educação, Defesa Nacional, Segurança, Diplomacia, Desporto e Lazer, Transporte, Ciência e Tecnologia etc.
O Estado necessita obter recursos financeiros e aplicá-los, de forma a atender as crescentes demandas sociais que têm pressionado cada vez mais as despesas públicas.
Torna-se imprescindível que a gestão orçamentária e financeira do Estado seja eficiente, eficaz e efetiva, com padrões de economicidade adequados à escassez dos recursos disponíveis, frente às necessidades que se apresentam.
Esta aula irá tratar dos mecanismos de obtenção de tais recursos.
Origem dos recursos públicos
São três as origens dos recursos públicos:
Receitas públicas;
Créditos públicos;
Dívida ativa.
NOTAS!
Ementário
Entre outros significados é sinônimo de catálogo, lista, relação, listão, rol.
Coercibilidade
Trata-se da possibilidade de uso da força para obrigar o cumprimento das normas estipuladas (uso da força).
Creditum
A palavra “crédito” deriva-se do vocábulo latino credere, que significa crer, confiar, acreditar ou, ainda, do substantivo creditum, que significa “confiança”.
Receita Pública
“Ingressos” ou “entradas” são palavras utilizadas para caracterizar as importâncias recebidas pelos cofres públicos. Entretanto, nem todas as entradas de recursos podem ser consideradas como receita pública.
 
Aliomar Baleeiro (2003) conceitua receita pública como “...a entrada que, integrando-se ao patrimônio público sem quaisquer reservas, condições ou correspondência no passivo, vem acrescer o seu vulto, como elemento novo e positivo”.
Na área pública, o conceito de receita deve ser analisado sob dois enfoques — Patrimonial e Orçamentário.
Receita — Enfoque Patrimonial
Receita é um termo utilizado mundialmente pela contabilidade para evidenciar a variação positiva da situação líquida patrimonial, resultante do aumento de ativos ou da redução de passivos de uma entidade.
A contabilização da receita é regulamentada pelo Conselho Federal de Contabilidade, por meio das Resoluções CFC nº 750/1993 e nº 774/1994.
Conceito — De acordo com a Resolução CFC nº 1.121/2008, que dispõe sobre a estrutura conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis.
Receita — Enfoque Patrimonial
“Receitas são aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultem em aumento do patrimônio líquido e que não sejam provenientes de aporte dos proprietários da entidade”.
Sob o enfoque patrimonial, a receita constitui uma variação patrimonial aumentativa, porque aumenta o patrimônio líquido.
Momento de reconhecimento da receita, sob o enfoque patrimonial — Seguindo os princípios contábeis, a receita deverá ser registrada no momento da ocorrência do seu fato gerador, independentemente do recebimento.
Receita — Enfoque Orçamentário
Orçamento público é um importante instrumento de planejamento, que apresenta o fluxo previsto de ingressos e de aplicação de recursos para o período de um ano.
Conceito — Sob o enfoque orçamentário, receitas públicas são os ingressos de recursos nos cofres públicos, não passíveis de devolução, em qualquer esfera governamental, disponíveis para alocação e cobertura das despesas públicas.
Portanto, as receitas orçamentárias são representadas pelos recursos que ingressam de forma definitiva nos cofres públicos e que poderão ser destinados ao financiamento das despesas públicas.
As receitas públicas podem ser classificadas em extraorçamentárias e orçamentárias.
Obs: Receitas Extraorçamentárias São representadas pelos recursos que ingressam nos cofres públicos, mas que constituem compromissos exigíveis e, portanto, não podem ser utilizados para atender às necessidades públicas. O pagamento de tais exigibilidades independe de autorização legislativa. Na verdade, o termo “Receita Extraorçamentária” não é adequado. Isso porque, para que possam ser classificados como receita pública, os recursos devem estar disponíveis para atender às despesas públicas, o que não ocorre nesse caso. Em decorrência dessa característica, alguns autores denominam as Receitas Extraorçamentárias “Ingressos Extraorçamentários”. Os ingressos extraorçamentários decorrem do fato de que o Estado é obrigado a arrecadar valores que, em princípio, não lhe pertencem. São exemplos de receitas extraorçamentárias: cauções, fianças, consignações e outros.
Classificação da Receita Orçamentária: São variadas as formas de classificação das receitas orçamentárias públicas. Vamos dividi-las em dois grupos. O primeiro, referente às classificações meramente acadêmicas, e o segundo, referente às classificações que têm aplicação prática, no orçamento e na contabilidade.
Classificações acadêmicas da receita orçamentária pública Academicamente, as receitas podem ser classificadas segundo a afetação patrimonial, a coercibilidade, a competência e a regularidade. Quanto à afetação patrimonial, a receita orçamentária pode ou não provocar variação na situação patrimonial líquida, sendo classificada como efetiva ou não efetiva, respectivamente.
 Receita Orçamentária Efetiva — aquela que, no momento do seu reconhecimento, aumenta a situação líquida patrimonial da entidade. Constitui fato contábil modificativo aumentativo.
 Receita Orçamentária Não Efetiva — aquela que não altera a situação líquida patrimonial no momento do seu reconhecimento, constituindo fato contábil permutativo.
Quanto à coercibilidade, as receitas podem ser classificadas como originárias ou derivadas. As Receitas públicas Originárias são aquelas advindas da exploração de atividades econômicas pela Administração Pública. Elas têm sua origem nas rendas do patrimônio mobiliário e imobiliário do Estado, na administração dos preços públicos, na prestação de serviços comerciais e na venda de produtos industriais ou agropecuários. Receitas públicas Derivadas são aquelas obtidas por meio do exercício da soberania estatal, com base em dispositivos constitucionais ou legais, como, por exemplo, as receitas tributárias e as de contribuições especiais. 
Quanto à competência politico-institucional para arrecadar as receitas, ela pode ser federal, estadual municipal ou distrital. 
Quanto à regularidade, as receitas podem ser ordinárias, assim entendidas aquelas que ingressam nos cofres públicos de forma regular, segundo as previsões preestabelecias, ou extraordinárias, assim entendidas aquelas que ingressam de forma imprevista. 
Momento de reconhecimento da receita orçamentária sob o enfoque orçamentário — na contabilidade pública, a receita orçamentária é reconhecida pelo regime de caixa, nos termos estabelecidos no art. 35 da Lei nº 4320/1964. 
“Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: I – as receitas nele arrecadadas” A adoção do regime de caixa vai ao encontro do princípio da prudência, na medida em que os recursos só são computados após o efetivo ingressado nos cofres públicos. O regime de caixa também tem o objetivo de assegurar o equilíbrio da arrecadação das receitas orçamentárias com a execução das despesas orçamentárias. Quando a receita orçamentária é reconhecida, pode ocorrer alteração da situação líquida patrimonial da entidade, conforme ela seja efetiva ou não efetiva.
Classificação prática da receita orçamentária pública
Natureza
Classificação da receita orçamentária por natureza da receita
O art. 11 da lei nº 4.320/64 adotou o critério econômico para classificar as receitas orçamentárias, dividindo-as em duas Categorias Econômicas: Receitas Correntes e Receitas de Capital.
A Classificação Econômica, ou por Natureza da Receita, visa a identificar a origem do recurso segundo o fato gerador, caracterizado pelo fenômeno que ocasionou o ingresso dos recursos nos cofres públicos. Essa classificação é utilizada portodos os entes da Federação.
O parágrafo 1º do art. 8º da Lei nº 4.320/64 define que os itens da discriminação da receita, mencionados no seu art. 11, serão identificados por números de código decimal. 
Convencionou-se denominar esse código de Natureza de Receita. Ele busca classificar a receita identificando a origem do recurso segundo o fato gerador que ocasionou o ingresso dos recursos aos cofres públicos.
Natureza
A atual estrutura de codificação da natureza da receita entrou em vigor a partir do exercício financeiro de 2016 e permite a extração de informações imediatas, provendo celeridade, simplicidade e transparência, sem a necessidade de qualquer procedimento paralelo para concatenar dados.
Além disso, a estrutura possibilita associar, de forma imediata, a receita principal com aquelas dela originadas: Multas e Juros, Dívida Ativa, Multas e Juros da Dívida Ativa. A associação é efetuada dentro de uma estrutura de cinco níveis, por meio de um código numérico de 8 dígitos, cujas posições ordinárias passam a ter o seguinte significado:
			
A classificação por fonte/destinação dos recursos é um instrumento criado para assegurar que receitas vinculadas por lei à finalidade específica sejam exclusivamente aplicadas em programas e ações que visem à consecução de despesas ou políticas públicas associadas a esse objetivo legal.
As fontes/destinações de recursos agrupam determinadas naturezas de receita, conforme haja necessidade de mapeamento dessas aplicações de recursos no orçamento público, segundo diretrizes estabelecidas pela Secretaria do Orçamento Federal (SOF).
Como mecanismo integrador entre a receita e a despesa, o código de fonte/destinação de recursos exerce duplo papel no processo orçamentário: 
• Na receita, indica o destino de recursos para o financiamento de determinadas despesas; 
• Na despesa, identifica a origem dos recursos que estão sendo utilizados.	
Dessa forma, o mesmo código utilizado para controle das destinações da receita também é utilizado na despesa, para controle das fontes financiadoras, contribuindo para o atendimento do parágrafo único do art. 8º e do art. 50, inciso I, da Lei de Responsabilidade Fiscal:
‘Art. 8º [...] Parágrafo único. Os recursos legalmente vinculados à finalidade específica serão utilizados, exclusivamente, para atender ao objeto de sua vinculação, ainda que em exercício diverso daquele em que ocorrer o ingresso. [...]
Art. 50. Além de obedecer às demais normas de contabilidade publica, a escrituração das contas públicas observará o seguinte:
I – a disponibilidade de caixa constará de registro próprio, de modo que os recursos vinculados a órgão, fundo ou despesa obrigatória fiquem identificados e escriturados de forma individualizada”.
Indicador de Resultado Primário
Segundo esta classificação, as receitas do Governo Federal podem ser divididas em: 
Primárias (P), quando seus valores são incluídos no cálculo do resultado primário; 
Financeiras (F), quando não são incluídas no citado cálculo.
A maioria das receitas primárias refere-se às receitas correntes provenientes dos tributos, das contribuições sociais, das concessões, dos dividendos recebidos, da cota-parte das compensações financeiras, das decorrentes do esforço de arrecadação das Unidades Orçamentárias, das provenientes de doações e convênios e outras, também consideradas primárias. 
As receitas financeiras são aquelas que não contribuem para o resultado primário ou não alteram o endividamento líquido no exercício correspondente, uma vez que criam uma obrigação ou extinguem um direito, ambos de natureza financeira, junto ao setor privado interno e/ou externo. 
Elas são adquiridas junto ao mercado financeiro através da emissão de títulos ou da contratação de operações de crédito. Também podem ter origem em aplicações financeiras (juros recebidos, por exemplo) ou nas privatizações.
Crédito Público
A palavra “crédito” contém a ideia de “acreditar”, “confiar”, e tem origem no latim creditum.
O crédito é composto por dois elementos: a confiança e o prazo. O credor confia que a pessoa a quem concede o crédito irá restituir-lhe o capital, no prazo e demais condições pactuadas.
Para Aliomar Baleeiro, “Crédito público é a faculdade que tem o Estado de, com base na confiança que inspira e nas vantagens que oferece, obter, mediante empréstimo, recursos de quem deles dispõe, assumindo, em contrapartida, a obrigação de restituí-los nos prazos e condições fixados”.
São dois os meios através dos quais o Estado pode obter crédito público:
• Contraindo empréstimos de entidades privadas ou públicas, nacionais ou estrangeiras;
• Emitindo títulos e colocando-os nos mercados.