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Prof. Odair José T. de Araújo 1 Resumo de aula 4 – História do Direito Brasileiro 4. Legislações do Brasil Império → Principais diplomas legais do período imperial: i. A Constituição Imperial de 1824 ii. O Código Criminal de 1830 iii. O Código de Processo Criminal de 1832 iv. As leis Abolicionistas: • Lei Eusébio de Queiroz – 1850 • Lei do Ventre Livre – 1871 • Lei dos Sexagenários – 1885 • Lei Áurea – 1888 → Antecedentes à Constituição de 1824: • Independência do Brasil em 07/09/1822: após o retorno de D. João VI para Portugal, o Brasil viveu a ameaça de retornar à condição de colônia. • Dom Pedro foi deixado no Brasil como uma forma de manutenção dos laços entre Brasil e Portugal. • Preparativos para elaboração de uma constituição: o 03/05/1823 – Assembleia Geral Constituinte e Legislativa o A Comissão elaborou um anteprojeto que refletia a situação política da época: ▪ Continha 272 artigos; ▪ Propunha a restrição na participação de estrangeiros na vida política nacional; ▪ Tendência classista na discriminação dos poderes políticos: vinculava a participação eleitoral à renda com base no preço de consumo de uma mercadoria corrente: a farinha de mandioca, por isso a constituição foi chamada de “Constituinte da Mandioca” (ver CASTRO, 2010); ▪ Indissolubilidade da Câmara; ▪ Veto do Imperador aos projetos da Câmara seria apenas de caráter suspensivo; ▪ Sujeição das Forças Armadas ao Parlamento e não ao Imperado; ▪ Eleição para o Senado. o Como a proposta apresentada contrariava o Imperador, a Assembleia Constituinte foi dissolvida em 12/11/1823. o Nomeação, em 13/11/1823, de um Conselho de Estado para elaboração de nova proposta de Constituição que estivesse totalmente alinhada ao Imperador. o 25/03/1824 – Constituição outorgada. i. Principais aspectos e características da Constituição de 1824 • Constituição outorgada • Governo monárquico, hereditário, constitucional e representativo • Divisão dos Poderes: • O Poder Moderador se encontrava acima dos demais, submetendo-os diretamente. Poder Moderador Poder Executivo Poder Legislativo Poder Judiciário Prof. Odair José T. de Araújo 2 • Através do Poder Moderador, nota-se a característica Absolutista dessa constituição confirmada, por exemplo, através de alguns artigos, tal como o que se segue: “Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel, e Sagrada: Elle não está sujeito a responsabilidade alguma”. • O Imperador é o Chefe do Poder Executivo e é o único titular do Poder Moderador. • O Poder Legislativo é delegado à Assembleia Geral com sanção do Imperador. • O Poder Legislativo é composto pela Câmara e pelo Senado. • Deputados serão eleitos por voto indireto. • Senadores são escolhidos por meio de eleições provinciais que formarão uma lista tríplice, a partir dessa lista o imperador realiza a escolha do senador. • Os juízes eram nomeados pelo Imperador no exercício do Poder Executivo. • Estrutura do Poder Judiciário: Fonte: ANGELOZZI, 2009, p. 77. • Direitos civis e direitos políticos – possuem alguns aspectos liberais: o Direito ao voto a partir dos 25 anos de idade; o Voto censitário: estavam excluídas as classes trabalhadoras e todos que tivessem renda inferior a 100$000 (cem mil réis); o Direito de propriedade; o Inviolabilidade do lar e das correspondências; o Individualidade das penas; o Abolição de penas cruéis: açoites, torturas e marcas de ferro quente. o Estabelece o Catolicismo como religião oficial do Império: certidões de nascimento (batismo) e casamento (religioso) válidas são as expedidas pela Igreja. ii. Código Criminal de 1830 • Sofreu influências de Beccaria (Dos delitos e das penas). • Princípio da legalidade: não haverá crime ou delito sem uma lei anterior que o qualifique. • Manutenção da pena de morte – será dada na forca. • Manutenção de penas cruéis, como as de galés, em claro conflito com a Constituição. • Maioridade penal: 14 anos. • Criminalização do adultério feminino e masculino (para os homens apenas se mantiver teúda e manteúda). Prof. Odair José T. de Araújo 3 • Não faz distinção entre roubo e furto. • Proibição de manifestação pública de religião diferente da religião oficial. A liberdade religiosa limita-se ao ambiente doméstico, sem realização de cultos. iii. Código de Processo Criminal de 1832 e Ato Adicional de 1834 • Ato Adicional – “Emenda à Constituição de 1824”: o Permitiu maior liberdade administrativa e política às Províncias. o Estabeleceu as condições para realização do Governo Regencial. • Código de Processo Criminal de 1832: o Habeas corpus o Descentralização: os municípios foram habilitados a exercer atribuições policiais e judiciárias. iv. As leis abolicionistas: São chamadas de leis abolicionistas o conjunto de leis que, de algum modo, combateram ou criaram medidas que dificultavam a permanência do regime escravocrata no Império. Contudo, na prática, essas leis tiveram pouca importância, algumas delas representavam mais uma resposta às pressões abolicionistas da época e pouca efetividade no combate à escravidão. Não se pode ignorar o fato de o Brasil ter formalmente proibido a escravidão somente em 1888 com a Lei Áurea, mas antes disso já vinha sofrendo pressões externas, sobretudo da Inglaterra, para abolir definitivamente a escravatura. Considere-se ainda que, a partir dos anos de 1880, a abolição se impunha pelos movimentos e pela própria realidade, de tal modo que as leis do período, apesar de serem chamadas de “abolicionistas”, na verdade tentavam gerar o retardamento desse processo, uma vez que atendiam aos interesses da classe escravagista da época. As leis abolicionistas são: o Lei Eusébio de Queiroz de 1850: proíbe o tráfico negreiro. o Lei do Ventre Livre de 1871: estabelece que, a partir da vigência da lei, toda criança nascida de escravo seria livre. Até os 8 anos de idade ficaria sob a tutela do senhor de sua mãe e após essa data, caso o Estado não ressarcisse o senhor, a criança deveria trabalhar para ele até os 21 anos de idade como forma de indenização pela perda do escravo. o Lei dos Sexagenários de 1885: a partir da vigência da lei, seriam libertos os escravos com 60 anos ou mais. o Lei Áurea de 1888: põe fim a escravidão no Brasil. Prof. Odair José T. de Araújo 4 BIBLIOGRAFIA ANGELOZZI, Gilberto. História do Direito no Brasil. São Paulo: Freitas Bastos Editora, 2009. CASTRO, Flávia Lages de. História do Direito Geral e do Brasil. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. MOURA, Solange Ferreira (Org.). Livro Didático de História do Direito Brasileiro. Rio de Janeiro: Estácio, 2014. PALMA, Rodrigo Freitas. História do Direito. São Paulo: Saraiva, 2017.
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