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História do Direito Brasileiro - 2017 1

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Laura Bandeira Cerviño
 História do Direito Brasileiro – 2017.1 
			 Professor Marcus Seixas 
Em 1822 surgiu o direito brasileiro, ainda muito influenciado pelo direito português sendo este uma união entre o Direito Romano Vulgarizado e o Direito Romano Clássico.
Império Romano do Ocidente
	Após a ocupação romana pelos germânicos, houve uma fusão entre as culturas. Os germanos saquearam e destruíram as cidades romanas ocasionando um êxodo urbano. Com o crescimento do meio rural surge um novo modo de produção, ligado à terra.
Devido à convivência ocorre entre os romanos e germânicos uma fusão linguística (germânicos aprenderam o latim por causa da escrita), religiosa (conversão dos germâncios ao catolicismo, antes disso eram politeístas) e jurídica (mistura entre o direito romano com leis e doutrina, baseado nas leis, e o direito germânico, consuetudinário- Civil Law)
Obs: doutrina é o conjunto de opiniões dos jurisconsultos (especialistas) que se transformaram em livros.
Com o enfraquecimento do Direito Romano Clássico e a fusão entre o mesmo e os costumes dos germânicos, o DRC se perdeu e deu lugar ao Direito Romano Vulgarizado.
Império Romano do Oriente
O imperador Justiniano desejava implantar uma reforma jurídica e para isso pediu aos seus melhores juristas que compilassem todo o corpo do direito em uma só obra, o chamado Corpus Juris Civilis. Após a morte de Justiniano, os exemplares do CJC se perderam e foram achados apenas séculos depois,na baixa Idade Média quando substituiu o DRV.
Surgimento do Estado Português
Um nobre senhor militar chamado Henrique foi agraciado com um pedaço de terra que havia sido retomado dos mouros, o chamado Condado Portucalense. Por defender seu condado, ficou conhecido como protetor da região pelas outras cidades que aclamaram para que o Conde virasse seu Rei. Ele então pediu ao Papa que reconhecesse o condado como o Reino, surgindo assim o Reino Português.
Nesta época, o direito português era baseado nos costumes, e não nas leis. Para as leis serem criadas, existiam as cortes, onde o Rei se reunia com a nobreza para aprovar as mesmas. Durante o período medieval, Portugal passou por uma fase de pluralismo jurídico (mais de uma ordem jurídica existente em um mesmo território, em que o direito era composto pelas leis romanas (CJC), pelo direito canônico (da igreja) e pelos costumes que já existiam. Durante este período, o direito comum (o romano e canônico- ius commune) só entrava em vigor quando o direito consuetudinário (ius proprium- leis e costumes de cada país) não apresentava norma equivalente. Embora o ius commune fosse subserviente ao ius proprium, o primeiro era mais utilizado, uma vez que o ius proprium era menos completo.
O Rei de Portugal aumenta a quantidade de leis (ius proprium), diminuindo a utilização do ius commune, embora aumentasse a influência do direito romano, uma vez que a nova legislação portuguesa era baseada neste, inclusive na linguagem jurídica. Com o grande aumento da quantidade de leis, lembrar de todas elas passou a ser uma tarefa difícil e por isso foi solicitado que o rei compilasse as leis Portuguesas em documentos chamados Ordenações. Foram elas as ordenações Afonsinas (1448), Manuelinas (1514) e Filipinas (1603).
· Ordenações Filipinas: 
· Livro I: Administração Pública e da Justiça
· Livro II: Igreja x Reino: regras feudais 
· Livro III: direito processual civil
· Livro IV: Direito civil
· Livro V: Direito e processo criminal – finalidade de coibir condutas que violem os preceitos da Igreja Católica. Caráter moralizador, condenava crimes de feitiçaria, traição (Lesa Majestade), etc
Hierarquia da Justiça
O Rei atuava também como Juiz, interferindo nos assuntos da justiça. Nesta época era natural que os juízes desempenhassem outras funções além da de julgar. Nesta época a jurisdição (poder de aplicação das leis) estava nas mãos do Rei, mas devido ao fato de este não ter tempo para julgar todos os casos, este poder foi delegado, criando assim as Jurisdições Municipais, Senhoriais e da Coroa, sendo que esta última julgava apenas os casos de maior relevância.
· Municípios - são maiores vilas e cidades que pleiteavam à Coroa para se transformarem em municípios, a quem era concedida uma Carta de Foral- documento que regulamenta direitos e deveres, privilégios e obrigações do município para com a Coroa (a presença de um Pelourinho na praça dos municípios estava diretamente ligada à Carta, pois simbolizava o poder e a autoridade municipais). Tinham autonomia para tomar suas decisões e tinham na Câmara Municipal um mecanismo de comunicação com a Coroa. Os representantes da Câmara deveriam ser os chamados “homens bons’’ (homens, chefes de família, que possuíssem título de nobreza ou uma riqueza que os destacasse e que tivessem “sangue limpo”, sem pelo menos 3 gerações de antepassados judeus). A Câmara tinha autonomia para produzir as “posturas”, leis que tratavam apenas de interessos do município. Quem exercia as leis nos municípios eram os Juízes Ordinários, que tinham mandato fixo de 1 ano, não preciavam ter formação, eram escolhidos pelos vereadores (homens bons) e resolviam apenas as questões pequenas.
· Senhorios – eram terras doadas pelo Rei (esquema de vassalo x susserano) com a obrigação de tornar a terra produtiva. Para poderem ser agraciados com elas, os senhores deveriam ter dois documentos jurídicos: Carta de Doação – servia para indicar os limites geográficos da terra doada, o eventual herdeiro e eventuais direitos à terra doada que seriam conferidos ao senhor Ex: poder jurisdicional e a Carta de Foral- que regulamentava direitos e deveres, privilégios e obrigações do senhorio para com a Coroa. Quem julgava as questões do senhorio eram o próprio Senhor e um ouvidor (designado pelo Senhor para cuidar dos casos em seu lugar, devido à grande quantidade de questões a serem resolvidas. Tinha que ser letradoe tinha mandato de no máximo 3 anos, na teoria). Julgavam os casos que já haviam sido levados para a jurisdição municipal mas sofreram recurso, quando se tratava de um caso que tenha acontecido dentro do município mas que o juíz ordinário não tenha jurisdição para julgar, questões de maior complexidade e questões de baixa complexidade mas que tenham acontecido fora de um município.
· Acima da jurisdição municipal e da senhorial estava a da Coroa, representada pelo Ouvidor Geral, que julgava todos os assuntos, no tribunal chamado Relação da Baía.
· Acima deste estava o mais alto tribunal portugûes, chamado Casa de Suplicação, no entanto, poucos casos chegavam até ele, devido)
· Acima de todos estava apenas o Rei, que raramente julgava algum caso.
Iluminismo
Seu principal impacto no direito portugûes foi uma nova tendência de centralização e racionalização da administração portuguesa, pois após a disseminação das ideias iluministas, cresce em Portugal a ideia de que o Estado é extremamente mal administrado e precisa ser centralizado. Para isso acontecer era necessário um homem forte para vencer as adversidades, por isso quem administrava o país na época era Marquês de Pombal (atuava como primeiro-ministro) que adotou várias reformas que mudaram o sistema de fontes do direito português (estabelecidas pelas Ordenações Filipinas):
Ius Proprium-
Leis - Rei
Costumes - povo
Estilos (jurisprudência) – tribunais
 Ius Commune-
Direito Canônico - Igreja
Direito Romano - Corpus Juris Civilis
Opiniões - professores
Rei - Rei 
Pombal desejava racionalizar a administração e para isso quis promover a lei como principal fonte do direito (Lei de 17 de Agosto de 1779 – Lei da Boa Razão), para que o Estado conseguisse centralizar sob sua autoridade a vida dos cidadãos, e para isso fez as seguintes alterações:
· Os costumes seriam utilizados apenas se tivessem 100 anos ou mais e se fossem conforme a “boa razão”. A necessidade da longevidade das costumes era para evitar o uso dos mesmos.
· Proibição da utilização dos estilos.
· Tinha como maior alvo de preocupação o Direito Romano, pois o Corpus Juris Civilisera utilizado com auxílio das interpretações dos professores, o que causava muitas divergências. (causava um pesadelo jurídico pois existiam muitas normas sem critérios para escolhê-las). Colocou as opiniões de todos os professores em um pé de igualdade (não dava mais preferência a Bartolo e Accursio) e só eram levadas em consideração as opiniões dos professores que iam de acordo com a “boa razão”.
Obs: a boa razão delimitava os costumes, as leis e as opiniões que seriam utilizadas, inspirada no Jus Naturalista (existência do direito natural, que não é construído em razão de conveniências políticas e sim de uma ordem natural das coisas, comum a todos os homens. Deveríamos apreender as leis da natureza e, feito isso, formular leis humanas que deveriam ser no máximo possível compatíveis com este direito natural. Esta teoria surge no contexto do Iluminismo). A boa razão então é justamente o direito natural que a teoria jus naturalista acredita que deriva da razão humana, comum a todos os povos. Se torna então, um filtro que delimita quais costumes, quais leis do direito romano e quais opiniões de professores poderão ser utilizados. Foi muito eficaz na diminuição das outras fontes e na colocação da lei como principal fonte do direito.
· Reforma no ensino jurídico - Esta reforma foi feita para assegurar a execução da primeira. Pombal queria que surgissem novas gerações de bacharéis que dominassem os parâmetros da nova reforma das fontes, por isso foi feita a reforma no ensino, para evitar que os novos bacharéis saíssem das universidades com o pensamento pluralista. Antes disso a educação estava sob responsabilidade dos jesuítas. Pombal estabelece que o Coimbra deveria ensinar o direito português e não o romano. A principal mudança foi a do modelo de aula. Os velhos livros são substituídos por novos que compilam e sistematizam os assuntos trabalhados nas salas de aula (manuais). Foi aí que surgiu o “Vade Mecum”.
No Brasil, existia um corpo de regras jurídicas que só tinha aplicação em território brasileiro, eram geograficamente incidentes no Brasil. Era o chamado Pacto Colonial. Essas regras estabeleciam limitações às liberdades intelectuais, industriais e comerciais.
· Intelectuais: impossibilidade de instalação de instituições de ensino superior no território brasileiro. Existia um index de livros proibidos (Index Librorum Prohibitorum) que proibia livros que incitassem ideias sediciosas. Era proibida a prensa de qualquer material no Brasil.
· Industriais: proibição de qualquer atividade econômica que não fosse extrativista (manufatura, etc).
· Comerciais: proibição de livre comércio do que é produzido no país (monopólio de importação e exportação).
 O Brasil era considerado um negócio, uma empresa, até a chegada de Dom João VI no país, o que deu início ao período Joanino.
Período Joanino
· Após a chegada de Dom João VI iniciou-se um processo de civilização dos trópicos que, até então, eram menosprezados. O processo contou com o calçamento das ruas nas cidades, iluminação pública, primeiras iniciativas de saneamento básico.
· Foi acabado o Pacto Colonial, foi criada a primeira instituição de ensino superior do Brasil, na Bahia, foi liberada a publicação de imprensa, embora tenha sido mantida a censura. 
· O Brasil deixa de ser colônia e passa a ser Reino. 
· É feita uma reforma no direito.
 Constituição Federal de 1824
· Esta é uma Constituição de contradições, em que encontramos muitos permanencias (conservador) e também de inovações, frutos do racionalismo e iluminismo.
· Foi outorgada, não teve participação popular em sua elaboração, embora seu preâmbulo dê a ideia de que a Câmara e o povo apoiaram a mesma.
· Artigo 1°- assegurava que não haveria reunião entre Brasil e Portugal, tranquilizando os anceios dos que achavam que isso um dia poderia acontecer,uma vez que Pedro I era, também, principe herdeiro de Portugal.
· Artigo 3°- estabelecia uma Monarquia Constitucional Hereditária- o soberano está sujeito a limites, que são regulados pela Constituição, e o poder é conferido à família de Dom Pedro I. O soberano não é o único representante do povo, existem também os políticos (surgimento das Câmaras dos Deputados e do Senado).
· Artigo 5°- trata da liberdade religiosa. Estabelece o catolicismo como religião oficial do Estado, mas permite o culto de outras religiões desde que seja feito em espaços privados, e sem nenhum tipo de símbolos que as indicasse.
· Artigo 6°- cria a nacionalidade brasileira. É brasileiro quem nasce no Brasil, e quem é filho de pai ou mãe brasileiro(a). 
· Inciso I- são cidadãos brasileiros tanto os ingênuos quanto os libertos. Obs: escravos não são considerados cidadãos.
· Inciso IV- portugueses ou nascidos em colônia de Portugal, que vivessem no Brasil na época da proclamação da Independência poderiam optar pela cidadania brasileira, desde que não tivessem lutado contra a Independência.
· Artigo 10°- estabelece os 4 poderes existentes no Brasil: Legislativo, Executivo, Judiciário e Moderador. Poder Moderador: poderia interferir nos outros 3, mas de forma muito limitada (o Imperador não é um Rei Absolutista). O Poder Legislativo é o mais importante.
· Artigos 11° e 12°- função simbólica. Diziam que o poder emana do povo, os representantes da nação são a Assembléia e o Imperador que são delegações da nação brasileira.
· Artigo 14°- a Assembléia Geral é o órgão superior, de cúpula, do Poder Legislativo e é composta pela Câmara de Deputados e pelo Senado.
· Senado: órgão permanente, seus membros têm cargo vitalício. Pensavam de forma mais comedida, cautelosa.
· Câmara dos Deputados: órgão temporário, os membros têm um mandato fixo de 4 anos. Tinham pressa para criar leis, fazer reformas, etc.
· Artigo 15°- diz que é da competência da Assembléia Geral: fazer leis, interpretá-las (não era cumprido pela AG), suspendê-las e revogá-las. Desta vez, o poder de legislar não é do Soberano, e sim do povo.
· Artigo 45°- traz os requisitos para ser Senador. Deve ser cidadão brasileiro, maior de 40 anos, deve ter saber, capacidades e virtudes, de preferência ter prestado serviços à pátria e ter rendimento anual acima de 800 mil réis.
· Artigo 90°- trata das eleições, que eram feitas de forma indireta, e o processo de participação política não era aberto para todos (critérios de exclusão: censitário, idade, religião, 
· renda, posição familiar, estado de liberdade- ingênuo ou liberto- gênero) . O povo participava das eleições primarias (assembléias paroquiais) e elegia os Eleitores de Província que, por sua vez, elegiam os Deputados e os Senadores.
· Artigo 92°- exclui as pessoas que não poderiam votar nas eleições primárias. São elas: os filhos famílias (todos os vinculados aos pater famílias- chefes de famílias), menores de 25 anos (a menos se for casado, militar maior de 21 anos, bacharel formado ou clérigo religioso), criados e servos, religiosos que vivem enclausurados, e quem tiver menos de 100 mil réis de renda líquida.
· Artigo 94°- poderiam ser eleitores de província os que pode votar nas primárias e, ainda, tinham que ter 200 mil réis de renda líquida, não poderiam ser libertos, não poderiam ser criminosos (querela ou devassa)
· Artigo 95°- poderiam ser Deputados todos os que pudessem ser eleitores, com exceção dos que não tiverem 400 mil réis, estrangeiros e os que não professarem a religião do Estado.
· Artigo 98°- considera o Poder Moderador (poder real), que tinha função de equilibrar os demais 3 poderes, para evitar a disputa entre os mesmos, que poderia causar desequilíbrio no país, segundo Benjamin Constant. No Brasil, este poder era exercido pelo Imperador.
· Artigo 101°- considera os casos em que o Poder Moderador poderia ser utilizado para interferir diretamente em um dos três poderes, sendo que o que sofre mais interferências é o poder Legislativo, e o Executivo sofre menos, pelo próprio Imperador ser o chefe. Obs: Este artigo é que explica o Parlamentarismo às avessas que ocorreu no Brasil, uma vez que o poder de escolher os ministros era do Imperador e não doPrimeiro Ministro, como deveria ser.
· Artigo 102°- estabelece o Imperador como Chefe do Poder Executivo, e confere a ele alguns poderes e atribuições como, por exemplo, nomear bispos (mostra o controle que o poder Executivo tinha sobre a Igreja), magistrados, funcionários públicos e embaixadores, conceder títulos, conceder ou negar o beneplácito (autorização dada pelo Imperador para que as regras de Direito Canônico entrassem em vigor no Brasil).
· Artigo 151°- estabelece o Poder Judiciário como independente, em contrapartida à justiça régia que existia anteriormente (rex judex- rei juiz). O júri foi implantado apenas nos processos penais, embora a Constituição diga que nos processos civis também devesse existir. Obs: O júri surgiu no Reino Unido, no período medieval, quando havia conflitos entre os barões e a Coroa. 
· Artigo 154°- o Imperador pode suspender os juízes por queixas feitas contra eles, mas não pode demitir, pois os mesmos só podem ser demitidos por meio de sentença judicial (o próprio poder judiciário). 
· Artigo 158°- as Relações julgariam os casos em segunda e última instância (ocasião de rejulgamento por distribuição de uma decisão cassada pelo Supremo Tribunal de Justiça). 
· Artigo 163°- estabelece o Supremo Tribunal de Justiça, que está acima das Relações, mas não é um tribunal de vértice (que decide em última instância), e sim de cassação (função de cassar, cancelar uma decisão recorrida) após um recurso de revista, mandando para outra Relação julgar, em casos de Nulidade Manifesta (error in procedendo- erro processual tão grave que justifica a anulação de uma decisão e a concessão de outro julgamento) e de Injustiça Notória (error in judicando – erro grave na aplicação da lei). Portanto, sua existência não se contradiz ao artigo 158°.
· Artigo 179°- declaração dos direitos do cidadão brasileiro (Bill of Rights brasileiro), que se aplicam a ingênuos e libertos. Nem mesmo o Estado pode violar tais direitos. Ex: livre imprensa, liberdade religiosa, inviolabilidade das casas, garantias de processamento criminal, proibição da transmissão de penas a parentes, direito de propriedade privada (porém, é assegurado o direito do Estado à desapropriação), proibição de penas crueis para cidadãos (não se aplica para escravos, pois não são considerados cidadãos).
Conselho de Estado: instituição existente no Império que aconselhava o Imperador em assuntos relevantes. Seus componentes não precisavam ser bacharéis em direito, mas tinham que ter experiência na política, e desempenhar papéis relevantes nas instituições do Governo brasileiro. Cuidavam de assuntos de política interna, externa e econômica. Formulavam pareceres opinativos em todas as ocasiões em que o Poder Moderador quisesse utilizar um de seus poderes constitucionais (o Imperador era obrigado a conhecer os pareceres mas não a acatá-los). Solucionava dúvidas a respeito das leis (papel que, originalmente, era da Assembléia Geral). Elaborava pareceres, propostas de interpretação da lei (aprovados pelo Imperador), que eram encaminhadas pelo Ministério da Justiça, que os recebia pelos Consulentes. Após aprovados, os pareceres eram devolvidos para o Ministério da Justiça, que emitia um aviso para os Consulentes, sendo eles, dessa vez, obrigados a aplicar a lei da forma como fora interpretada pelo CS e aprovada pelo Imperador.
Após perceber a repetição das dúvidas nas mesmas leis, visto que as respostas não eram públicas, o Ministério da Justiça resolveu adicionar à Coleção de Leis do Império (documento publicado anualmente que continha as leis aprovadas naquele ano) todas os avisos interpretativos que haviam sido encaminhados pelo MJ aos Consulentes.
Mudanças ocorridas no Direito Criminal
Antes do Código Criminal de 16 de dezembro de 1830, o direito penal existente no Brasil era o das Ordenações Filipinas (tratava as pessoas de forma diferente). O novo código, influenciado pelos pensamentos Iluministas, garante pena igual para todos os cidadãos, o fim das penas cruéis. Era dividido em duas partes: Parte especial (onde ficavam indicados os crimes e as penas correspondentes aos mesmos- homicídio, insurreição, roubo, furto, etc.) e Parte geral (tinha como tarefa instituir regras que disciplinassem o modo de aplicação das regras da parte especial – tentativa, arrependimento eficaz, causas de aumento e diminuição de penas, etc.)
O código de processo criminal, criado em 1832, trouxe novidades: o surgimento do júri, o habeas corpus (democratiza o acesso à justiça penal, qualquer pessoa pode solicitá-lo, obriga que o juíz examine a sua condição de liberdade, é regido pelo princípio da informalidade), o processo acusatório (processo criminal em que existe a separação nítida entre aquele que acusa e aquele que julga, diferente do processo inquisitorial que era adotado anteriormente.) e a modernização das regras processuais penais (não podiam mais ser usadas as querelas e as devassas existentes nas Ordenações Filipinas).
 Código Comercial de 1850
 É a lei mais antiga que ainda está em vigor no direito brasileiro.Tratou dos atos de comércio (direito empresarial) e do direito marítimo e foi muito importante para permitir a modernização da legislação comercial, possibilitando a proliferação de empresas no Brasil – aumento da quantidade de bancos nacionais e estrangeiros.
· Regulamento 737 (1850) - criou o processo comercial, importante para tutelar as relações entre comerciantes. Ex: conflitos contratuais, etc. Desenvolvido pelos Tribunais de Comércio, que foram criados nas principais praças comercias no Brasil.
· Lei de Terras (1850) – foi criada para modernizar a legislação fundiária brasileira. Abolição do regime das sesmarias, regularizar os registros fundiários do Brasil, terras abandonadas ou desocupadas retornariam ao Estado (terras devolutas).
Obs: a Constituição de 1824 não permitia a criação de emendas constitucionais, mas distinguia seus temas em constitucionais e legislativos, estes poderiam ser mudados por lei.
 Obs2: Ato Adicional (1834)- mudou alguns aspectos da Constituição (apenas os temas não constitucionais). Aconteceu em um momento de grande conflito político entre liberais e conservadores, suas agendas políticas não convergiam em quase nenhum aspecto. Fruto de um acordão político entre ambos, para faciltar a governabilidade. Os Conservadores exigiam a conversão da regência Trina em uma regência Una (o regente escolhido foi Padre Feijó). Já os Liberais exigiram a descentralização do governo (criação das Assembléias Provinciais, que tinham poder legislativo limitado).
Transição para a República
Ruy Barbosa fazia parte do partido Republicano, e foi ele quem escreveu grande parte da Constituição Republicana, à imagem da americana, e nomeia o país como Estados Unidos do Brasil. A referência jurídica, sociológica do Brasil deixa de ser a França e passa a ser os Estados Unidos. São as 10 novidades republicanas no direito brasileiro:
1. Supremacia da Constituição: as normas constitucionais são hierarquicamente superiores às outras. A Constituição sempre prevalecerá.
2. Controle da Constitucionalidade: poder que os juízes terão de avaliar se uma lei que, teoricamente, deveria incidir no caso concreto, em razão das peculiaridades do caso, ofende a Constituição. O juiz pode afastar a lei e não aplica-la ao caso, em função da sua inconstitucionalidade. Obs: a lei pode ofender a Constituição em abstrato (quando os comandos que vêm da Constituição e da lei são contraditórios – neste caso, a lei é considerada inconstitucional) ou no caso concreto (no geral a lei é constitucional, mas no caso concreto, ela é inconstitucional).
3. Federalismo: união de entes políticos autônomos em uma única soberania, com uma Constituição.
4. Separação entre Igreja e Estado: o Brasil vira um Estado laico. Laicização de vários atos formais que eram atrelados aos ritos católicos. Ex: casamento.
5. Criação da Justiça Federal: criada para que houvesse uma bipartição do poder judiciário, para que houvesse uma justiçaespecializada para a União e os órgãos do Governo Federal. O resto dos assuntos seria resolvido nas justiças estaduais.
6. Inafastabilidade da Jurisdição: nenhum tema poderá ser afastado da apreciação do poder judiciário, este pode examinar e julgar quaisquer casos.
Obs: durante o Império, o poder judiciário só poderia julgar conflitos envolvendo interesses privados (justiça comutativa: julga conflitos privados entre cidadãos). Quando havia um conflito entre um cidadão e o Estado, o conflito deveria ser resolvido perante o Conselho de Estado (contencioso –litígio, disputa- administrativo: julgavam as disputas entre interesses de um particular e do Estado).
7. Supremo Tribunal Federal: diferente do STJ (que era de cassação). É um tribunal de vértice, analizava casos que sofressem recurso Extraordinário, julgava em última instância.
8. Presidencialismo: presidente é simultaneamente Chefe de Governo e Chefe de Estado.
9. Freios e Contrapesos: os três poderes são responsáveis por manter o equilíbrio entre si, em oposição ao que acontecia no Império, quando os três poderes eram equilibrados por intermédio do Poder Moderador.
10. Interpretação das Leis pelo Judiciário: antes era feita pelo Conselho de Estado. Na república, cada juiz poderá interpretar a lei de acordo com suas convicções. Obs: as interpretações feitas pelos juízes do Supremo acabavam influenciando as decisões de juízes “menores”.

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