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AULA 6 - ETHOS E SENSO MORAL

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 Prof. Marcelo José Caetano
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“ O senso e a consciência moral dizem respeito a valores, sentimentos, intenções, decisões e ações referidos ao bem e ao mal e ao desejo de felicidade. Dizem respeito às relações que mantemos com os outros e , portanto, nascem e existem como parte de nossa vida intersubjetiva”. (CHAUÍ, 1997: p. 335) 
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1ª. reflexão: “Impensadamente dizemos que ser livre é fazer tudo o que se quer e como se quer. Essa maneira impensada nos induz a uma prática de vida que nos afasta da experiência da liberdade.” (Buzzi, Arcângelo R. Filosofia para principiantes. 9.ed, Petrópolis: Vozes, 1998. p. 98.)
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Somos livres, pois a totalidade dos indivíduos é livre. O exercício de nosso livre-arbítrio pressupõe a totalidade dos homens e mulheres com os quais convivemos diariamente. Ele está definido pelas leis, pelas regras que exprimem o que podemos ou não realizar. Dito de outro modo: ele está em conformidade com a totalidade dos homens e mulheres.
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nossa liberdade se faz conforme as condições objetivas, ou seja, segundo uma possibilidade que se objetiva permitindo o seu exercício concretamente. Somos livres na medida em que observamos e consideramos as condições objetivas, isto é, as circunstâncias e as determinantes fundamentais do nosso livre-arbítrio. Só podemos agir livremente, considerando as possibilidades para realizarmos as ações que mudam o curso das coisas, dando-lhes outra direção e/ou outro sentido.
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A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem não teria mais liberdade, porque todos também teriam tal poder. MONTESQUIEU, Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores) 
 
O homem nasce livre, e por toda a parte encontra-se em ferros. O que se crê senhor dos demais, não deixa de ser mais escravo do que eles. Como adveio a mudança? Ignoro-o. O que poderá legitimá-la? Creio poder resolver esta questão. (...) A ordem social é um direito sagrado que serve de base a todos os outros. Tal direito, no entanto, não se origina na natureza: funda-se, portanto, em convenções. ROUSSEAU, J-J. Do contrato social. São Paulo: Abril Cultural, 1973. (col. Os Pensadores)
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O exercício da liberdade humana implica a situação em que o homem se encontra e o confronto com a liberdade dos outros (CORBISIER, Roland.)
Liberdade e Alteridade: Para Bakunin, o homem só realiza sua liberdade individual ou sua personalidade completando-se com todos os indivíduos que o cercam e somente graças ao trabalho e a força coletiva (GUÉRIN, Daniel).
Liberdade e Responsabilidade: Um homem é tanto mais livre quanto mais responsável for (Proudhon).
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A existência ética conhece parâmetros que orientam e sustentam a ação dos sujeitos morais. Estes pressupostos enunciam o dever-ser e são (ou deveriam ser) o fundamento dos atos humanos em suas relações no mundo e com os outros seres vivos. Eles definem quais devem ser as características fundamentais do agir moral e do sujeito moral. 
Normativo – o comportamento moral se manifesta nos hábitos e costumes. Necessariamente, ele considera a existência de uma consciência individual que reconhece, assume e deve interiorizar as regras de ação (normas) que orientam as relações interpessoais. Além disto, apresenta uma série de elementos que oferecem os motivos, a intenção, fim, decisão pessoal, emprego de meios adequados, resultados e conseqüências ao agir humano em sociedade. 
Fatual (histórico) – são os atos humanos enquanto se realizam efetivamente, isto é, são as ações efetivas, a decisão de agir desta ou daquela maneira, observando os princípios e valores ou desconhecendo as normas que prevêem e estabelecem o comportamento adequado. 
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Existem duas formas de pensar o indivíduo humano no exercício de sua moralidade. Em uma delas, não se reconhecem as características que devem definir o sujeito ou agente ético. Trata-se daquela condição em que ele se deixa governar ou arrastar por seus impulsos, inclinações e paixões, pelas circunstâncias, pela boa ou má-sorte, pela opinião alheia e pelo medo. Em uma outra, tem-se o ser humano que controla seus impulsos, paixões e vontades. É a condição em que se encontra (ou deve se encontrar) o sujeito autônomo ou agente moral.
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Durante nossa vida experimentamos uma existência que se vê marcada por uma tensão entre o certo e o errado, o bem e o mal. Queremos viver uma boa vida e sabemos que o BEM (no sentido de valor e virtude) nos coloca na direção onde encontraremos o caminho correto para viver nossas vidas. Contudo, o que é o bem, o certo, o verdadeiro e o honesto? Como saber escolher o que eles são? Perceber o que devemos fazer e praticar nossas obrigações e deveres? O que nos faz observar as normas, os costumes, os princípios e os valores morais? 
A consciência moral manifesta-se, conforme Chauí (1994: p. 337), “na capacidade para deliberar diante de alternativas possíveis, decidindo e escolhendo uma delas antes de se lançar na ação”. 
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Ética é o conjunto dos princípios e valores que ao regularem as relações interpessoais, definindo deveres e direitos aos indivíduos sociais de uma determinada comunidade, se constitui como o que equilibra as diferenças (e desigualdades) existentes entre os seres humanos – FIEL DA BALANÇA.
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“Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros” (Chauí, 1997: p. 339)
“A ética não é somente uma questão de conveniência, mas também uma condição necessária para a sobrevivência da sociedade” (Arruda; Whitaker et Ramos, 2001: p. 22)
“A ética diferencia aquilo que se pode fazer fisicamente e aquilo que se pode fazer eticamente. Nessas duas expressões, a palavra pode tem significados distintos. Daí deriva um axioma ético muito simples: nem tudo o que se pode fazer fisicamente é ético. Ou mais brevemente: nem tudo o que é possível é ético”. (Arruda; Whitaker et Ramos, 2001: p. 24)
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BUENO, Silveira. Minidicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: FTD, 2000.
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Ática, 1994.
CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2008. (leitura obrigatória) 
FAGUNDES, Márcia Botelho. Aprendendo valores éticos. Belo Horizonte: Autêntica, 2001.
MOREIRA, Joaquim Manhães. A ética empresarial no Brasil. São Paulo: Pioneira/Thomson Learning, 2002.
VÁSQUEZ, Adolfo Sanches. Ética. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000.
VERÍSSIMO, Luís Fernando; Frei Betto, SOARES, Luís Eduardo; FREIRE, Jurandir; BUARQUE, Cristovam. O desafio ético. Rio de Janeiro: Garamond, 2001.

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