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6  http://www.euvoupassar.com.br     Eu Vou Passar – e você? 
 
 
 Rodrigo Rennó – Administração Geral e Pública 
 Empreendedorismo  Governamental  e  Novas  Lideranças  no  Setor  Público  – 
parte 2. 
 
Liderança 
Um  dos  aspectos  mais  importantes  para  um  gestor  é  a  capacidade  de  liderar  seus 
colaboradores.  A  liderança  envolve  a  habilidade  de  influenciar  pessoas  para  que  sejam 
alcançados  objetivos.  Desta  forma  a  liderança  é  dinâmica.  É  um  aspecto  que  envolve  o 
relacionamento humano e aborda o uso do poder para que as metas sejam atingidas. 
 
Para Daft a liderança pode ser definida como: 
 
“Liderança é a habilidade de influenciar pessoas em direção ao 
alcance das metas organizacionais.” 
 
Já Chiavenato define liderança como: 
 
“é um fenômeno tipicamente social que ocorre exclusivamente 
em  grupos  sociais  e  nas  organizações.  A  liderança  é  exercida 
como  uma  influência  interpessoal  em  uma  dada  situação  e 
dirigida  através  do  processo  de  comunicação  humana  para  a 
consecução de um ou mais objetivos específicos.” 
 
 
Teoria do Grande Homem e dos Traços 
No  seu  início  as  pesquisas  sobre  liderança  focavam  sua  atenção  nas  características 
pessoais  do  líder,  ou  seus  traços.  Os  traços  são  os  aspectos  pessoais  que  distinguem  as 
pessoas, como valores, inteligência, confiança e aparência.   
Estas pesquisas se baseavam em homens que tinham atingido grande sucesso, portanto 
ficaram conhecidas como a abordagem do “grande homem”. A  idéia por trás destes estudos 
era  simples:  vamos  descobrir  quais  foram  as  características  que  levaram  estes  homens  ao 
sucesso,  para  que  no  futuro  possamos  selecionar  com  antecipação  as  pessoas  que  tenham 
estes atributos ou que possam ser treinadas para desenvolve‐los.  
Estas  pesquisas  não  alcançaram  muito  sucesso,  todavia.  Em  geral  somente  uma 
correlação fraca foi observada entre os traços de uma pessoa e seu sucesso como líder. 
 
 
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A principal crítica a esta teoria dos traços é que não considera a situação em que o líder 
está envolvido, ou seja, alguns traços seriam positivos em certas situações, mas negativos em 
outras, de forma que não existiria somente um perfil adequado para um líder de sucesso.  
 
Teorias Comportamentais 
Esta dificuldade em definir quais  seriam  as  características ou  traços que  levariam um 
líder ao  sucesso  levou os pesquisadores a buscar no  comportamento dos  líderes a  resposta 
para  o  enigma:  o  que  leva  um  líder  a  ter  sucesso?  Talvez,  se  a  resposta  estivesse  no 
comportamento, qualquer pessoa pudesse ser treinada para se comportar da maneira certa! 
 Dentre os principais comportamentos observados, os dois mais  importantes eram: o 
comportamento orientado para a  tarefa e o orientado para as pessoas. Muitas abordagens 
utilizam essa comparação, como o grid gerencial de Blake e Mouton, que veremos abaixo. 
  
 Grid Gerencial de Blake e Mouton. 
A  grade  gerencial  de  Blake  e Mouton  foi  uma  evolução  da  teoria  de  Tannenbaum  e 
Schmidt (a qual postulava que a  liderança era um continuum entre a  liderança orientada para 
pessoas e a orientada para tarefas), pois questionou esta visão antagônica (ou era focada em 
pessoas ou tarefas, e não nas duas!). 
Para  Blake  e  Mouton,  tanto  a  preocupação  com  as  pessoas  e  com  a  produção  são 
fundamentais para se alcançar um bom resultado. Eles montaram a grade gerencial baseada 
nas  duas  dimensões  comportamentais:  preocupação  com  as  pessoas  e  preocupação  com  a 
produção (por isso é chamada visão bidimensional do estilo de liderança), conforme podemos 
ver no gráfico abaixo. 
   
 
 
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Cada uma das dimensões é avaliada por meio de uma escala de 1 a 9, contendo 81 posições 
para o estilo de liderança. As cinco posições chaves que Blake e Mouton identificaram foram: 
Líder negligente ou liderança empobrecida (1.1): o líder se esforça minimamente para fazer 
o trabalho e justificar sua permanência na posição. O líder é basicamente ausente. 
Líder‐tarefa  (9.1):  o  líder  se  preocupa  com  a  eficiência  na  produção,  mas  pouca 
preocupação  com  a  motivação  e  o  desenvolvimento  dos  funcionários.  Todo  o  foco  se 
concentra nos resultados. É a liderança na base do “chicote”! 
Líder‐pessoa  ou  clube  de  campo  (1.9):  Toda  a  preocupação  com  as  necessidades  dos 
funcionários  e  em  proporcionar  um  ambiente  agradável,  sem  se  preocupar  muito  com  a 
eficiência e eficácia da produção. Neste tipo de liderança, existe pouca pressão por resultado! 
Líder meio‐termo  (5.5): o  líder mantém uma eficiência da produção  razoável e um moral 
satisfatório. 
 Líder‐equipe  (9.9):  Segundo  Blake  e  Mouton,  esse  é  o  estilo  mais  eficaz  para  uma 
organização! O líder se esforça tanto para obter eficiência na produção, como em manter seus 
funcionários motivados e em constante desenvolvimento. 
A teoria de Blake e Mouton foi muito importante por sintetizar as teorias comportamentais 
de  liderança,  mas  os  estudos  posteriores  não  confirmaram  que  o  estilo  líder‐equipe  seja 
realmente  o  mais  eficaz  em  todos  os  casos.  A  falha  de  levar  em  consideração  os  fatores 
situacionais  acabou  levando  ao  desenvolvimento  posterior  das  teorias  contingenciais  de 
liderança.   
 Vamos analisar agora uma questão sobre o grid gerencial: 
(CESPE – MTE / ADMINISTRAÇÃO – 2008) O managerial grid (grade gerencial) proposto por Blake e 
Mouton pressupõe que o administrador deva se preocupar apenas com os resultados.  
 
   Como vimos acima, o grid (ou grade) gerencial de Blake e Mouton mostra uma relação 
entre duas variáveis na liderança: o enfoque em pessoas e o enfoque na produção. Para os 
autores a melhor situação seria uma alta preocupação com os dois fatores (produção e 
pessoas). A questão está errada.  
 
Estilos de Liderança: Autocrática, Democrática e Liberal. 
As primeiras  tentativas de mapear os estilos de  liderança  foram os  trabalhos de Kurt 
Lewin e  seus assistentes na Universidade de  Iowa.   Os estilos mapeados  foram: autocrático, 
democrático e liberal (ou “laissez‐faire”, deixar fazer em francês).  
 
 
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No estilo autocrático o  líder centraliza todas as decisões, sem pedir a participação dos 
seus  subordinados. Este  líder determina  como o  trabalho  será  feito, quem o  fará, quando o 
fará, etc. A participação dos funcionários no processo é limitada! 
O  estilo  democrático  se  caracteriza  pela  delegação  de  autoridade  aos  subordinados, 
que são incluídos no processo de tomada de decisão pelo líder. A decisão então é tomada em 
conjunto pelo líder e seus liderados. Este estilo pode ser classificado como consultivo, no qual 
o líder pede a opinião dos subordinados antes de tomar a decisão, ou participativo, em que os 
funcionários participam não só com a opinião, mas decidem conjuntamente com o líder. 
Liberal ou “laissez‐faire” é o estilo em que o  líder dá total  liberdade aos subordinados 
para  decidirem  como  acharem  melhor!  O  líder  tem  somente  a  função  de  responder  as 
perguntas ou dúvidas dos funcionários e fornecer os recursos necessários para o trabalho. 
O  objetivo  de  Lewin  era  determinar  qual  dos  estilos  seria  o  mais  eficaz.  A  primeira 
constatação foi que o estilo liberal era o menos eficaz, ou seja, não gerava desempenho maior, 
satisfação nos subordinados e tampouco maior qualidade do trabalho!  
Porém Lewin não conseguiu definir se o estilo democrático era superior ao autocrático. 
Aparentemente o estilo democrático indicava sersuperior em relação à satisfação no trabalho 
e  a  maior  qualidade,  mas  era  similar  na  quantidade  de  trabalho.  Pesquisas  posteriores 
mostraram  resultados  diferentes, mudando  de  acordo  com  as  características  de  cada  caso, 
portanto invalidando a tese de que o estilo democrático seria sempre superior! 
Tannenbaum  e  Schimidt  desenvolveram  então  uma  escala  de  comportamentos  dos 
líderes  (veja  o  gráfico  abaixo),  desde  aqueles  centrados  no  líder  (autocrático),  até  aqueles 
centrados nos subordinados.  
Para que os gestores pudessem escolher qual estilo seguir, eles recomendaram analisar 
fatores como o nível de conforto do  líder com o estilo de  liderança (muitos chefes não tem o 
perfil para atuar no estilo democrático!), características dos  liderados (são pessoas que estão 
acostumadas a assumir responsabilidade? A decidir algo?) e a pressão do tempo (quanto tempo 
temos para tomar uma decisão?). 
Vamos pensar em um caso prático. Você foi contratado para administrar uma fazenda 
de  café.  Em  dois  meses  começará  a  colheita  do  café  e  você  precisa  contratar  quinhentas 
pessoas  para  fazer  este  serviço.  Este  trabalho  é  basicamente  braçal  e  as  pessoas  que  se 
candidatam  às  vagas  são  humildes  e  não  estão  acostumadas  a decidir  e  tomar  iniciativa  no 
trabalho.  Além  disso,  você  sabe  que  o  trabalho  acabará  em  três  meses,  portanto  não  tem 
muito tempo para treinar este pessoal.  
 
 
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Provavelmente você decidirá quem vai trabalhar em cada área, qual será a área que será 
colhida primeiro e quando será iniciado o trabalho, ao invés de ter uma reunião com centenas 
de pessoas e perguntar o que eles pensam, não é verdade? Esta situação se presta melhor ao 
estilo autocrático de liderança.  
Outro extremo poderia ser uma agência de propaganda, em que você está chefiando 
equipes  multidisciplinares  e  que  aplicam  a  criatividade  para  atender  às  necessidades  dos 
clientes.  Estas  pessoas  são  acostumadas  a  tomar  decisões,  têm  habilidades  complexas  de 
análise  do  ambiente  externo  e  estão  normalmente  envolvidas  no  processo  decisório  da 
empresa. Neste caso já seria mais apropriado utilizar o estilo democrático, não é mesmo?  
Vamos ver como pode ser cobrado este tópico? 
(CESPE  – DFTRANS  / ADMINISTRADOR  –  2008) A  liderança  autocrática  tem  como  foco  a 
automatização dos processos de trabalho e o compartilhamento das decisões com os membros da 
equipe.  
 
        Frase  totalmente equivocada! O estilo de  liderança  autocrática não  tem  como  foco  a 
automatização dos processos de trabalho, muito menos o compartilhamento das decisões com 
os membros da equipe (característica do estilo democrático). A frase está errada.  
 
(CESPE – UNIPAMPA/ ADMINISTRADOR – 2009) Caso o administrador adote uma  liderança 
liberal, as questões serão debatidas e decididas pelo grupo. 
 
O  estilo  de  liderança  onde  as  questões  são  debatidas  e  decididas  pelo  grupo  é  o 
democrático, e não o liberal (ou laissez‐faire). No estilo liberal o líder dá liberdade total para o 
subordinado decidir como quiser. Gabarito: Errado!   
 
 
 
 
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Vamos analisar agora umas questões sobre este tema: 
1. (CESPE – MIN. ESPORTE ‐ ADMINISTRADOR – 2008) No trabalho em equipe, o estilo de 
liderança democrático, por compartilhar o processo decisório, contribui para o aumento 
da motivação dos membros da equipe. 
 
2. (CESPE  –  BASA  /  ADMINISTRAÇÃO  –  2010)  Na  atualidade,  inexiste  situação  que 
comporte a aplicação da liderança autocrática no âmbito de uma organização, pois essa 
é uma teoria sem aplicabilidade prática.  
 
3. (CESPE – SGA/AC – GESTOR DE P. PÚBLICAS ‐ 2006) Pode‐se definir liderança como a 
habilidade de influenciar pessoas no sentido da realização das metas organizacionais.  
 
4. (CESPE  –  PETROBRÁS  /  ADMINISTRADOR  –  2007)  O  líder  autocrático  é  aquele  que 
delega a autoridade e encoraja a participação dos membros da equipe.  
 
5. (CESPE  –  MPS  ‐  ADMINISTRADOR  –  2010)  O  estilo  de  liderança  adotado  por  uma 
organização  influi  direta  e  indiretamente  em  seus  resultados.  No  caso  da  liderança 
orientada para tarefas, a autocracia e o autoritarismo são características marcantes. Já 
no  estilo  de  liderança  voltado  para  as  pessoas,  as  características  são  democracia  e 
participação dos funcionários.  
 
6. (CESPE – SEPRO / PSICOLOGIA ‐ 2005) As teorias que discutem a liderança sofreram 
mudanças significativas ao longo dos anos, como se constata no fato de que, para a 
maioria de autores, a Teoria do Grande Homem está efetivamente superada. Contudo, a 
existência de certos traços de personalidade que favorecem o desempenho da liderança 
ainda é defendida.  
 
7. (CESPE – ANVISA / PSICOLOGIA ‐ 2004) Mais em situações de conflito e instabilidade que 
em situações de não‐conflito, os grupos tendem a preferir lideranças autoritárias. 
Nessas circunstâncias, é papel do líder definir as formas de funcionamento do grupo.  
 
8. (CESPE – SGA/AC – GESTOR DE P. PÚBLICAS ‐ 2006) Enquanto o líder autocrático utiliza 
seu poder para decidir sozinho e para recompensar ou punir os liderados, o líder 
democrático discute essas mesmas decisões em conjunto com sua equipe.  
 
9. (CESPE – TJCE / ANALISTA ADM. ‐ 2008) Ao adotar o estilo de liderança democrático, o 
líder deve delegar toda a responsabilidade pelo processo de tomada de decisão para os 
demais membros da equipe, sem estabelecer metas, reduzindo, dessa forma, os níveis 
de controle.  
 
10. (CESPE – MIN. ESPORTE ‐ ADMINISTRADOR – 2008) O estilo de liderança é uma variável 
que contribui de forma decisiva para o sucesso ou fracasso de programas de mudança 
cultural planejada.  
 
11. (CESPE – HEMOBRÁS/ ADMINISTRADOR – 2008) O exercício pleno da liderança depende 
da ocupação de cargo de chefia pelo líder.  
 
 
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12. (CESPE  –  MPS  ‐  ADMINISTRADOR  –  2010)  O  estilo  de  liderança  adotado  por  uma 
organização  influi  direta  e  indiretamente  em  seus  resultados.  No  caso  da  liderança 
orientada para tarefas, a autocracia e o autoritarismo são características marcantes. Já 
no  estilo  de  liderança  voltado  para  as  pessoas,  as  características  são  democracia  e 
participação dos funcionários.  
Gabaritos: 
 
1 – C 
2 – E 
3 – C 
4 – E 
5 – C 
6 – C 
7 – C 
8 – C 
9 – E 
10 – C 
11 – E 
12 ‐ C 
 
 
Bibliografia: 
 
Chiavenato, I. Administração Geral e Pública. Ed. Elsevier, 2º Ed. 2008. 
Daft, R. L. Management. Ed. Southwestern Thompson, 7º Ed. 2005. 
Robbins, S.P.; Coulter, M. Administração. Ed. Prentice Hall, 5º Ed.1998. 
Sobral, F.; Alketa, A. Administração: teoria e prática no contexto brasileiro. Ed. Pearson Prentice Hall, 1º Ed. 2008. 
 
 
 
Por hoje é só!  Qualquer dúvida estarei disponível no e‐mail abaixo. 
Bons estudos e sucesso!! 
 
Rodrigo Rennó 
rodrigorenno@euvoupassar.com.br

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