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PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 1 Apresentação ............................................................................................................................ 4 Aula 1: Processo administrativo........................................................................................... 6 Introdução ............................................................................................................................. 6 Conteúdo ................................................................................................................................ 7 Introdução à prática previdenciária ............................................................................... 7 Introdução à prática previdenciária ............................................................................... 7 A manutenção do cadastro e processamento dos requerimentos de benefício .. 8 A instrução normativa ...................................................................................................... 8 O processo administrativo previdenciário .................................................................... 9 Princípios gerais e específicos que regem o processo administrativo previdenciário ................................................................................................................... 10 O princípio da motivação............................................................................................... 10 O princípio da obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso ....... 11 Princípios gerais e específicos que regem o processo administrativo previdenciário ................................................................................................................... 13 Normas gerais de comunicação dos atos processuais ............................................ 17 Questões relativas à comunicação .............................................................................. 18 Fases do processo administrativo previdenciário ..................................................... 19 Dos impedimentos e da suspeição dos servidores do INSS .................................... 22 Referências........................................................................................................................... 24 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 25 Chaves de resposta ................................................................................................................. 29 Aula 2: Fases do processo administrativo ................................................................... 30 Introdução ........................................................................................................................... 30 Conteúdo .............................................................................................................................. 31 Processo administrativo previdenciário ...................................................................... 31 Espécies de prova ............................................................................................................ 32 Carta de exigências ......................................................................................................... 33 Prova documental ........................................................................................................... 33 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) ..................................................... 35 Outras espécies de documentos .................................................................................. 35 Retenção e irregularidades de documentos .............................................................. 36 Prova oral .......................................................................................................................... 37 Casos de utilização da justificação administrativa .................................................... 39 PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 2 Pesquisa externa .............................................................................................................. 41 Terceira fase: decisória ................................................................................................... 41 Quarta fase: recursal ....................................................................................................... 44 Do cumprimento das decisões ..................................................................................... 47 Referências........................................................................................................................... 48 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 50 Chaves de resposta ................................................................................................................. 53 Aula 3: Peticionamento na via administrativa ............................................................... 55 Introdução ........................................................................................................................... 55 Conteúdo .............................................................................................................................. 56 Considerações finais sobre a atuação na via administrativa .................................. 56 Revisão do benefício ....................................................................................................... 57 Peticionamento na via administrativa ......................................................................... 58 Atuação judicial ................................................................................................................ 59 Acidente de trabalho e a competência da justiça comum estadual ..................... 60 Ritos, procedimentos processuais e valor da causa ................................................. 64 Questões relativas à fixação de valor ........................................................................... 65 Apreciação e valoração da prova na via judicial ....................................................... 67 Atuação nos Juizados Especiais Federais – JEFs ...................................................... 68 Atuação recursal .............................................................................................................. 69 A jurisprudência do STF .................................................................................................. 71 Execução nas ações previdenciárias: obrigações de fazer e pagar ....................... 73 Atividade proposta .......................................................................................................... 75 Exercícios de fixação ......................................................................................................... 78 Chaves de resposta ................................................................................................................. 81 Aula 4: Principais espécies de ação .................................................................................. 82 Introdução ........................................................................................................................... 82 Conteúdo .............................................................................................................................. 83 Peculiaridades das principais espécies de ação em direito previdenciário .......... 83 A concessão dos benefícios .......................................................................................... 83 A concessão de pensão por morte ..............................................................................84 As ações em trâmite........................................................................................................ 85 Procedimentos de inversão dos ritos processuais .................................................... 86 O procedimento na perícia conciliatória .................................................................... 87 Quesitação e participação de assistente técnico ...................................................... 88 PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 3 Ações para concessão ou restabelecimento de benefícios da lei orgânica de assistência social – LOAS ............................................................................................... 88 Ações para concessão de aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de serviço/contribuição ou aposentadoria especial ....................................................... 90 Tempo de serviço ............................................................................................................ 91 Reconhecimento de atividade especial ...................................................................... 93 Ações para concessão de pensão por morte ............................................................. 94 Conclusão ......................................................................................................................... 95 Atividade proposta .......................................................................................................... 96 Referências........................................................................................................................... 99 Exercícios de fixação ....................................................................................................... 101 Chaves de resposta ............................................................................................................... 104 Conteudista ............................................................................................................................. 106 PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 4 Esta disciplina se dedicará ao estudo da atuação profissional nas vias administrativa e judicial, com especial ênfase ao domínio do processo administrativo previdenciário e do direito probatório. Partindo da premissa de que o prévio requerimento administrativo é indispensável ao pleno exercício da cidadania, o conteúdo lhe permitirá reconhecer os direitos junto aos Canais de Atendimento da Previdência Social e, se necessário, junto ao Poder Judiciário. Primeiramente, identificaremos quando se inicia a prática previdenciária: no bojo do processo administrativo de concessão, revisão ou manutenção de benefícios. Em seguida, faremos uma abordagem unificada sobre a prova, estabelecendo os pontos de tangência com o processo judicial e dando destaque às espécies mais utilizadas. Após a conclusão do estudo da via administrativa, passaremos para o âmbito judicial, através da análise de competência, de procedimentos, da atuação nos Juizados Especiais Federais (JEFs), nas Turmas Recursais, nos Tribunais Regionais Federais (TRFs) e nos Tribunais de Justiça dos Estados (TJEs). A fundamentação teórica deste conteúdo é de matriz constitucional e legal, e se apoia no regulamento e nas instruções normativas, que detalharam o procedimento e as bases materiais do direito previdenciário em prol do cidadão. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 5 Sendo assim, esta disciplina tem como objetivos: 1. Analisar o processo administrativo previdenciário e as ferramentas à disposição do cidadão como usuário da Previdência Social, com destaque para as fases do processo de reconhecimento de direitos; 2. Identificar os aspectos principais da atuação judicial – com ênfase no estudo da competência, dos ritos, da ação recursal e em JEFs –, bem como as principais espécies de ações. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 6 Introdução Nesta primeira aula, daremos início ao estudo do Processo Administrativo Previdenciário, que reputamos da maior importância para o profissional atuante neste ramo do direito. Atualmente, o processo administrativo previdenciário é o mais avançado e célere da Administração Pública Federal. O domínio da Instrução Normativa n.º 77/2015/PRES/INSS e dos procedimentos internos é o traço diferencial do profissional que vai se destacar e melhor atuar em prol dos interesses do cidadão. É importante salientar que, nesta disciplina, trataremos de matéria probatória no bojo do processo administrativo, e esse mesmo tratamento se projetará na atuação judicial, dado que no direito previdenciário distingue-se como traço relevante a busca pela verdade real ou material. É dizer, tanto no âmbito administrativo como no judicial, que o mais importante é a boa condução no momento de colheita e produção das provas. Objetivo: Habilitar o cursista para a advocacia no âmbito administrativo, conhecendo inicialmente os princípios, normais gerais do processo administrativo previdenciário e sua fase inicial ou postulatória. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 7 Conteúdo Introdução à prática previdenciária Promover o reconhecimento automático de direitos é um dos objetivos estratégicos do INSS. A diretriz que o precede é manter um cadastro fidedigno da vida laboral e profissiografia do cidadão com vistas a facilitar a obtenção de prestações previdenciárias e serviços como a reabilitação profissional e o serviço social. Essa é a premissa que deve nortear a atuação do profissional no contencioso administrativo, a de atuar como um facilitador para o reconhecimento dos direitos do trabalhador segurado, especialmente nos casos mais difíceis, em que a trajetória do trabalhador foi muito variada no mercado, ora trabalhando formalmente com carteira de trabalho assinada, ora como autônomo, avulso ou trabalhador rural na categoria de segurado especial. Introdução à prática previdenciária Promover o reconhecimento automático de direitos é um dos objetivos estratégicos do INSS. A diretriz que o precede é manter um cadastro fidedigno da vida laboral e profissiografia do cidadão com vistas a facilitar a obtenção de prestações previdenciárias e serviços como a reabilitação profissional e o serviço social. Essa é a premissa que deve nortear a atuação do profissional no contencioso administrativo, a de atuar como um facilitador para o reconhecimento dos direitos do trabalhador segurado, especialmente nos casos mais difíceis, em que a trajetória do trabalhador foi muito variada no mercado, ora trabalhando formalmente com carteira de trabalho assinada, ora como autônomo, avulso ou trabalhador rural na categoria de segurado especial. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 8 A manutenção do cadastro e processamento dos requerimentos de benefício O ferramental para a manutenção do cadastro e processamento dos requerimentos de benefício está disposto em fontes formais específicas, especialmente a Instrução Normativa n.º 77/2015/PRES/INSS, que dispõe sobre a administração de informações dos segurados, o reconhecimento, a manutenção e a revisão de direitos dos beneficiários da Previdência Social, bem como disciplina o processo administrativo previdenciário no âmbito do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. Veja as principais fontes formais do processo administrativo previdenciário. Trata-se de ato normativo minudente quanto à atuação da autarquia na matéria previdenciária, com base na disciplina estabelecida pela Lei 9.784/99 (processo administrativo federal), Lei 8.213/91 (lei de benefícios), Decreto 3.048/99 (regulamento da previdência social), Decreto6.932/2009 (dispõe sobre a simplificação do atendimento público prestado ao cidadão), Portaria MPS n.º 548/2011 (aprova o regimento interno do Conselho de Recursos da Previdência Social e disciplina a fase recursal do processo administrativo previdenciário) e Orientação Interna INSS/DIRBEN n.º 170/2007 (Manual de Procedimentos de Benefícios). São essas, portanto, as principais fontes formais do processo administrativo previdenciário. A instrução normativa Importante salientar que a IN n.º 77/2015/PRES/INSS é uma norma moderna e bem estruturada. Ela contém 806 artigos, dos quais 44 se destinam a regular o processo administrativo. A acentuada judicialização da matéria decorre mais da divergência na interpretação e aplicação dos atos normativos do que de suas disposições. De fato, a instrução normativa tem ferramentas para a boa instrução dos requerimentos e atualização do cadastro. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 9 Suas disposições têm como principal finalidade resguardar os direitos subjetivos dos segurados, dependentes e demais interessados e propiciar a segurança das decisões administrativas. Trata-se de excelente campo para a prática da advocacia no âmbito administrativo. Atenção Ao longo da disciplina, pretende-se repassar noções iniciais sobre a atividade do INSS na análise do reconhecimento inicial dos direitos previdenciários, abrangendo as fases de formulação do requerimento, instrução, julgamento e recurso administrativo. Esta aula vai apresentar procedimentos e peculiaridades do processo administrativo previdenciário com base nas principais fontes formais, começando pelos princípios, normas gerais e fase inicial ou postulatória. O processo administrativo previdenciário O processo administrativo previdenciário é uma espécie de processo administrativo diferenciado pelo conteúdo e sujeito passivo. A IN n.º 77/2015/PRES/INSS traz conceituação abrangente: Art. 658. Considera-se processo administrativo previdenciário o conjunto de atos administrativos praticados nos Canais de Atendimento da Previdência Social, iniciado em razão de requerimento formulado pelo interessado, de ofício pela Administração ou por terceiro legitimado, e concluído com a decisão definitiva no âmbito administrativo. Parágrafo único. O processo administrativo previdenciário contemplará as fases inicial, instrutória, decisória e recursal. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 10 Como se observa neste dispositivo, a própria conceituação de processo administrativo previdenciário é aberta a todas as modalidades de comunicação do interessado com a administração, seja por telefone, Internet ou atendimento presencial. Nos casos de incapacidade laborativa para fins previdenciários ou impedimentos (deficiência mental e/ou física) que impossibilitem o deslocamento ou a formulação de requerimento por parte do interessado, cabe à Administração, ao tomar conhecimento da situação, deflagrar de ofício o início do processo. Princípios gerais e específicos que regem o processo administrativo previdenciário Os princípios constitucionais, legais e regimentais se aplicam na prática administrativa cotidianamente. Eles avalizam o processo administrativo em todas as suas fases, como se verá doravante. Os princípios gerais estão nos artigos 5º e 37 da Constituição Federal, e artigo 2º da Lei 9.784/99. São eles: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, contraditório e ampla defesa, celeridade, isonomia, devido processo legal, segurança jurídica, interesse público, finalidade, motivação, razoabilidade e proporcionalidade. O princípio da motivação Entre os princípios citados, o da motivação é o mais importante a ser explorado no campo prático. Trata-se de requisito imprescindível para o exercício pleno do contraditório (oportunidade de contraditar o ato administrativo) e ampla defesa (utilizar qualquer meio lícito de prova para dizer ou contradizer um ato ou fato). Nessa linha, é direito do cidadão conhecer precisamente as razões pelas quais seu requerimento foi indeferido ou parcialmente deferido. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 11 Por exemplo, no caso de contagem de tempo de serviço, é essencial que o segurado saiba quais tempos de contribuição ou vínculos empregatícios foram reconhecidos, para que possa buscar eventuais provas complementares ou exercer o direito ao recurso por uma interpretação diferente perante a Junta de Recursos da Previdência Social. O princípio da obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso Princípios específicos podem ser extraídos da legislação, entre os quais: a obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso; a primazia da verdade real ou material; a oficialidade na atuação dos órgãos para a realização de requerimentos administrativos e produção de provas; a presunção de veracidade dos dados constantes nos sistemas corporativos da Previdência Social, e o informalismo procedimental. O princípio da obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso destina-se a oferecer ao beneficiário a situação jurídico-financeira mais favorável possível. No momento do julgamento, mesmo que o segurado ou dependente requeira espécie de benefício diversa ou mesmo que sejam possíveis duas ou mais interpretações sobre o caso, devem os servidores do INSS verificar as provas produzidas nos autos e, caso constatado o direito a benefício diverso do requerido e/ou mais vantajoso economicamente, informar ao interessado. No caso de anuência, deve-se proceder à concessão. No caso de anuência, deve se proceder à concessão. Nesse sentido o art. 122 da Lei n.º 8.213 e o art. 554 da IN n.º 77/2015: Art. 122. Se mais vantajoso, fica assegurado o direito à aposentadoria, nas condições legalmente previstas na data do cumprimento de todos os requisitos necessários à PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 12 obtenção do benefício, ao segurado que, tendo completado 35 anos de serviço, se homem, ou trinta anos, se mulher, optou por permanecer em atividade. ... Art. 554. Se verificada, no cumprimento de decisão recursal, a existência de outro benefício inacumulável já concedido ao interessado, deverá a APS elaborar comparativo de cálculo dos benefícios que permita ao interessado identificar qual é o mais vantajoso. § 1º Cabe ao interessado, de forma expressa, optar por um ou outro benefício: I - caso opte por aquele que já está em manutenção, o órgão julgador deverá ser cientificado através do encaminhamento dos autos com o comprovante da opção; ou II - caso opte pelo benefício recursal, os valores pagos naquele que será cessado deverão ser compensados na concessão do novo benefício. § 2º Caso o interessado não seja localizado ou não compareça para realizar sua opção de forma expressa, o INSS deverá manter o benefício que já está sendo pago e encaminhar os autos ao órgão julgador com a devida comprovação do fato. A situação descrita nos dispositivos é bastante comum e deve sempre ser objeto de análise pelo profissional que está patrocinando o caso do segurado. Por vezes o cidadão está discutindo os requisitos para a aposentadoria por tempo de contribuição e acaba preenchendo também os requisitos para aposentadoria por idade ou por invalidez. Nestes casos é imprescindível realizar PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 13 as simulações de Renda Mensal Inicial - RMI de cada benefício para que o interessado possa fazer a opção com segurança, lembrando que a aposentadoria por invalidez é benefício sujeito à revisão bienal, podendo ser canceladono caso de recuperação da capacidade laborativa. Este benefício por incapacidade não tem o caráter de permanência das aposentadorias por tempo de contribuição, idade e especial. Princípios gerais e específicos que regem o processo administrativo previdenciário Princípio da primazia da verdade real ou material O princípio da primazia da verdade real ou material pretende orientar os órgãos da Previdência Social no sentido de que o julgador deve sempre buscar a verdade, ainda que para isso tenha que se valer de outros elementos além daqueles trazidos aos autos pelos interessados. Legitima, por exemplo, a Pesquisa Externa, a Justificação Administrativa e qualquer outra solicitação de documentos ou informações feita à Administração e que tenha por objetivo registrar nos autos algum fato. Essas provas destinadas a perseguir a verdade real serão pormenorizadamente estudadas. Princípio da oficialidade O princípio da oficialidade impõe à Administração Pública o dever de dar prosseguimento ao processo, podendo, por sua conta, produzir provas, solicitar laudos e pareceres, fazendo o que for necessário para que se chegue a uma decisão final conclusiva. Legitima o reconhecimento automático de direitos, como por exemplo, a concessão de ofício dos benefícios por incapacidade. Este princípio também dá suporte à busca da verdade real pela administração. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 14 Princípio da presunção de veracidade dos dados constantes nos sistemas corporativos da Previdência Social O princípio da presunção de veracidade dos dados constantes nos sistemas corporativos da Previdência Social decorre da própria validade jurídica de que gozam os atos administrativos em geral, em decorrência dos atributos da presunção de legitimidade, legalidade e veracidade, presumindo-se verdadeiros enquanto não apresentadas outras provas que infirmem o seu conteúdo. Está positivado no Artigo 29-A da Lei 8.213/91 e pacificado no Superior Tribunal de Justiça (EResp 519.988/CE). Está positivado no Artigo 29-A da Lei nº 8.213/91 e pacificado no Superior Tribunal de Justiça (EResp 519.988/CE). Veja-se o disposto na lei: Art. 29-A. O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais – CNIS sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego. §1o O INSS terá até 180 (cento e oitenta) dias, contados a partir da solicitação do pedido, para fornecer ao segurado as informações previstas no caput deste artigo. §2o O segurado poderá solicitar, a qualquer momento, a inclusão, exclusão ou retificação de informações constantes do CNIS, com a apresentação de documentos comprobatórios dos dados divergentes, conforme critérios definidos pelo INSS. §3o A aceitação de informações relativas a vínculos e remunerações inseridas extemporaneamente no PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 15 CNIS, inclusive retificações de informações anteriormente inseridas, fica condicionada à comprovação dos dados ou das divergências apontadas, conforme critérios definidos em regulamento. §4o Considera-se extemporânea a inserção de dados decorrentes de documento inicial ou de retificação de dados anteriormente informados, quando o documento ou a retificação, ou a informação retificadora, forem apresentados após os prazos estabelecidos em regulamento. §5o Havendo dúvida sobre a regularidade do vínculo incluído no CNIS e inexistência de informações sobre remunerações e contribuições, o INSS exigirá a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação, sob pena de exclusão do período. Este artigo é de importantíssima aplicação prática. Como dito anteriormente, o INSS trabalha com a formalização do cadastro de cada trabalhador, em que serão lançados seus vínculos empregatícios e contribuições como autônomo, avulso, facultativo ou rural. É fundamental que o cidadão verifique com regularidade a correção dos dados constantes do sistema CNIS, lembrando que é comum que a informação seja migrada dos dados da Receita Federal e lançados na Guia de Recolhimento do FGTS e Informações à Previdência Social – GFIP pelos empregadores e tomadores de serviço. Assim, por exemplo, no caso de um empregador ou tomador de serviço que entrega a guia com atraso, o vínculo ou prestação do trabalho autônomo não será automaticamente reconhecido, sendo necessário “tratar” este vínculo para validá-lo, mediante a apresentação de provas/documentos adicionais. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 16 Este é um exemplo de requerimento administrativo que não visa à concessão de benefício, mas, sim, à inclusão, exclusão ou correção de informações constantes no cadastro. É mais uma área importante de atuação no sentido de facilitar a vida do cidadão, pois, se todos os vínculos e remunerações estiverem corretos nos sistemas, a concessão das prestações previdenciárias fica facilitada, podendo até mesmo ocorrer automaticamente. Princípio do informalismo procedimental O princípio do informalismo procedimental dispensa ritos sacramentais e formas rígidas para o processo administrativo, principalmente para os atos a cargo do particular. O princípio deve ser aplicado em benefício do administrado. Em suma, um mero erro formal não pode prejudicar o administrado, desde que seja possível aproveitar seu ato e fazê-lo atingir sua finalidade. A IN n.º 77/2015 traz exemplo deste princípio: Art. 690. Se durante a análise do requerimento for verificado que na DER o segurado não satisfazia os requisitos para o reconhecimento do direito, mas que os implementou em momento posterior, deverá o servidor informar ao interessado sobre a possibilidade de reafirmação da DER, exigindo-se para sua efetivação a expressa concordância por escrito. Parágrafo único. O disposto no caput aplica-se a todas as situações que resultem em benefício mais vantajoso ao interessado. OBS. (DER significa Data de Entrada do Requerimento) PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 17 O exemplo acima espelha a comum situação de o segurado não deter todo o tempo de serviço necessário para obtenção do benefício no momento do requerimento, mas, no decorrer do processo, ele atingir este tempo, em data posterior à da entrada do requerimento. Nesse caso, é possível que o segurado expressamente anua com a reafirmação da DER. Para maior aprofundamento quanto aos preceitos gerais do processo administrativo previdenciário, sugere-se a leitura do artigo 659 da IN n.º 77/2015, cujo link para acesso está indicado na bibliografia da disciplina. Normas gerais de comunicação dos atos processuais Algumas questões de fundamental importância na prática previdenciária devem ser esclarecidas antes de se adentrar nas fases do procedimento. Comunicação ao segurado: A IN n.º 77/2015 prevê que as Unidades de Atendimento da Previdência Social nas quais tramita o processo administrativo comunicarão os interessados para o cumprimento de exigências ou ciência de decisão. As formas previstas, de forma exemplificativa, são: Ciência nos autos; Carta com Aviso de Recebimento; Telegrama; e Outro meio que assegure a ciência do interessado desde que registrado no processo. No caso de apuração de irregularidade, o servidor deve observar o disposto no Artigo 617 da IN n.º 77/2015, por força do § 2º do Artigo 11 da Lei 10.666 de 2003. Ou seja, deverá, em regra, ser utilizada a comunicação por carta com aviso de recebimento.Nesta hipótese, é essencial que o AR seja juntado aos autos, pois é por meio dele que se comprova que o segurado foi notificado. A não juntada do AR ou a não confirmação de que ele foi corretamente encaminhado para o endereço constante dos autos é causa de nulidade do ato de comunicação. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 18 Comunicação entre órgãos ou entidades e o interessado: Pondera-se que para complementar informações ou solicitar esclarecimentos, a comunicação entre o órgão ou entidade e o interessado poderá ser feita por qualquer meio, inclusive comunicação verbal, direta ou telefônica, correspondência, telegrama, fax ou correio eletrônico, registrando-se a circunstância no processo, caso necessário. A comunicação deverá conter a identificação do interessado e, se for o caso, do terceiro interessado; a finalidade da comunicação; data, hora e local em que deve comparecer, acompanhado ou não de testemunhas, se for o caso; se deve comparecer pessoalmente ou acompanhado de seu representante legal; informação da continuidade do processo independentemente do comparecimento; e indicação dos fatos e fundamentos legais pertinentes. Questões relativas à comunicação Veja algumas outras questões relativas à comunicação dos atos processuais: Presumem-se válidas as comunicações dirigidas ao endereço para correspondência declinado nos autos pelo interessado, cumprindo a este atualizar o respectivo endereço sempre que houver modificação temporária ou definitiva, iniciando a contagem do prazo da data da ciência. Assim, se a correspondência for enviada corretamente para o endereço informado pelo segurado, a notificação será considerada válida ainda que seja recebida por outra pessoa. As comunicações serão consideradas ineficazes quando feitas sem observância das prescrições legais, mas o comparecimento do interessado ou de seu representante legal supre sua falta ou irregularidade, iniciando neste momento a contagem do prazo. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 19 Atenção O não atendimento da comunicação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos de modo desfavorável à pretensão formulada pelo interessado, situação que não se enquadra nos casos de apuração de irregularidade, pois, nesta situação, a pretensão é do INSS e não do segurado. Desta forma, após a concessão, o benefício agrega os atributos de presunção de veracidade e legitimidade, cabendo ao INSS, como órgão mantenedor, instaurar processo revisional com contraditório e ampla defesa para suspender ou cancelar a prestação. Fases do processo administrativo previdenciário Conheça as fases do processo administrativo previdenciário: Inicial ou postulatória: fase em que o processo é iniciado e em que se define o que se está pretendendo com a instauração; se é a concessão ou revisão de benefício previdenciário ou assistencial, prestação dos serviços de reabilitação profissional ou serviço social, ou ainda a atualização ou retificação do cadastro. Instrutória: fase em que se produzem as provas necessárias à tomada de decisão pelo servidor do INSS. As provas que instruem o processo administrativo são as mesmas utilizadas na via judicial, o que muda é a valoração e liberdade na apreciação das provas. A cognição judicial pode ser mais exauriente que a administrativa, pelas características próprias da via judicial, que não impõem aos juízes qualquer tarifação ou limitação na análise do direito. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 20 Decisória: momento em que o servidor analisa o requerimento e a prova produzida, decidindo se o postulante possui ou não direito ao pedido que formulou. Recursal: é a fase em que o administrado, não concordando com a decisão administrativa, postula uma reanálise através do recurso administrativo. O INSS também pode recorrer de decisões favoráveis ao administrado proferidas pelas Juntas de Recurso da Previdência Social. Atenção É preciso observar que não há uma delimitação absoluta entre essas fases. Isso significa que é possível haver características de uma determinada fase em outra. Como exemplo se pode citar a realização de diligências (produção de provas) na fase recursal, o que tem acontecido com frequência. Nos termos da IN n.º 77/2015, o cumprimento de decisões é decorrência do reconhecimento dos direitos, não sendo considerado pela norma como uma fase processual autônoma. O processo administrativo previdenciário é iniciado por meio de protocolo através dos Canais de Atendimento da Previdência Social e concluído com a decisão definitiva no âmbito administrativo. Pode ser iniciado: a) Por requerimento formulado pelo interessado; b) De ofício pela Administração; c) Por terceiro legitimado. Podem formular o requerimento os Interessados / Legitimados (Art. 660 da IN n.º 77/2015), que são: a) Próprio segurado, dependente ou beneficiário, salientando PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 21 que os maiores de 16 anos possuem legitimidade para postular perante a Previdência (Art. 111 da Lei n.º 8.213/91 e Art. 163 do Decreto n.º 3.048/99, Art. 163 do Decreto nº 3.048/99 e Art. 578, §§ 2º e 3º da IN nº 45/2010); b) Procurador legalmente constituído, mediante a apresentação de instrumento particular de procuração, ou instrumento público, se outorgante e/ou outorgado forem analfabetos; c) Representante legal, tutor, curador ou administrador provisório do interessado; neste último caso, em razão de enfermidade mental do segurado, independentemente da apresentação de termo de curatela judicial, mas mediante entrega do comprovante do pedido de interdição judicial e de declaração alegando a situação peculiar que impede o interessado de formular o requerimento pessoalmente; d) Empresa, sindicato ou a entidade de aposentados devidamente legalizada, mediante convênio na forma do art. 117 da Lei nº 8.213, de 1991. Questão importante diz respeito à cláusula ad juditia et extra, que autoriza o advogado, dentre outros poderes, a praticar todos os atos extrajudiciais de defesa e representação de seu cliente perante as pessoas jurídicas de direito público ou privado. O advogado constituído poderá solicitar cópias de quaisquer documentos ou a extração de informações em nome do representado. Todavia, por expressa vedação do Artigo 114 da Lei nº 8.213/91 há de se destacar que essa cláusula não legitima o procurador ao recebimento de benefício (pagamento) em nome do outorgante. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 22 Dos impedimentos e da suspeição dos servidores do INSS Nos termos do Artigo 662 da IN n.º 77/2015, estão impedidos de atuar no processo administrativo previdenciário: a) Servidor participante como interessado, perito, testemunha ou representante; b) Servidor cujo cônjuge, companheiro ou parentes afins até 3º grau atuarem como intermediário, interessado, perito, testemunha ou representante; c) Servidor que esteja litigando judicialmente ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. d) Quem tenha interesse direto ou indireto na matéria. É possível arguir a suspeição quando o servidor tiver amizade íntima ou inimizade notória com o interessado ou seu cônjuge, companheiro, parentes e afins até o terceiro grau. O requerimento pode ser formulado nos seguintes canais de atendimento: a) Central 135; b) Internet; c) Unidades de Atendimento: APS, PREVmóvel e PREVcidade. Qualquer que seja o canal remoto de protocolo, será considerado como Data de Entrada do Requerimento – DER a data do agendamentodo benefício ou serviço. (observado o disposto no Artigo 669 da IN n.º 77/2015). O processo administrativo é formalizado por meio de requerimento protocolado, acompanhado dos documentos obrigatórios. O PREVMóvel foi criado como uma alternativa para facilitar a vida dos segurados que moram em cidades que não dispõem de uma Agência da Previdência Social fixa. Ao se deslocarem para onde o cidadão está, as unidades PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 23 móveis evitam que o usuário seja obrigado a percorrer longos e onerosos trechos de um município a outro, para requerer benefícios ou sempre que precisar resolver alguma demanda junto ao INSS. Adaptado e equipado com os mesmos sistemas operacionais utilizados nas APS, levando no mínimo dois servidores, o PREVMóvel oferece à comunidade atendida todos os serviços prestados em uma agência convencional, a exemplo do reconhecimento de direitos em até 30 minutos. Também presta informações e orientações à população por meio do Programa de Educação Previdenciária (PEP). PREVCidade é uma unidade de atendimento subordinada a uma Agência da Previdência Social-APS, que executa serviços de orientação e informação, análise e recebimento de documentos, agendamento e controle de perícia médica, e outras atividades, mediante convênio entre as Gerências-Executivas e as Prefeituras Municipais. Para cada tipo de requerimento formulado, existem documentos previstos como necessários, que estão registrados em Check List nas agências do INSS. Entretanto, é indispensável que se reforce a ideia de que a apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do requerimento de benefício (Artigo 176 do Decreto n.º 3.048/99), devendo ser emitida carta de exigências pelo servidor. Na formalização do processo, será suficiente a apresentação dos documentos originais ou cópias autenticadas em cartório ou por servidor do INSS, podendo ser solicitada a apresentação do documento original para verificação de contemporaneidade ou outras situações em que este procedimento se fizer necessário. A reprografia, neste caso, é por conta do INSS. Com essas considerações sobre a fase inicial do processo administrativo, encerra-se a primeira aula de Prática Previdenciária. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 24 Referências AMADO, F. Direito e processo previdenciário. Bahia: Jus Podium, 2013. BALERA, W. Direito previdenciário. 9. ed. Método: São Paulo, 2012. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília: Presidência da República, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Decreto nº 3.048, de 6 de maio de 1999. Brasília: Presidência da República, 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3048.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009. Brasília: Presidência da República, 2009. Disponível em: <href="http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007- 2010/2009/decreto/d6932.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Brasília: Presidência da República, 1991. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999. Brasília: Presidência da República, 1999. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9784.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. ______. Orientação Interna nº 170 INSS/DIRBEN, de 28 de junho de 2007. Brasília: Instituto Nacional do Seguro Social, 2007. ______. Portaria MPS nº 548, de 13 de setembro de 2011. Brasília: Previdência Social, 2011. Disponível em: <http://www3.dataprev.gov.br/sislex/paginas/66/MPS/2011/548.htm> Acesso em: 18 ago. 2014. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 25 CASTRO, C. A. P. de; LAZZARI, J. B. Manual de direito previdenciário. Rio de Janeiro: Forense, 2013. IBRAHIM, F. Z. Curso de direito previdenciário. Niterói: Impetus, 2012. VIANNA, J. E. A. Curso de direito previdenciário. São Paulo: LTr, 2011. Exercícios de fixação Questão 1 Acerca do processo administrativo previdenciário, é incorreto afirmar que: a) Destina-se à concessão de benefícios previdenciários e atualização de cadastro com fases bem definidas e ampla dilação probatória. b) Tem como objetivo estratégico promover o reconhecimento automático de direitos. c) Tem como princípios a legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, eficiência, contraditório e ampla defesa, celeridade, isonomia, supremacia do interesse do segurado, segurança jurídica, interesse público, finalidade, motivação, razoabilidade e proporcionalidade. d) A verdade material autoriza a produção de todas as provas em direitos admitidas. Questão 2 São fontes formais do processo administrativo previdenciário: a) As leis n.º 9.784/99 (processo administrativo federal), n.º 8.213/91 (lei de benefícios) e o Código de Processo Civil. b) A Lei 8.212/91 (lei de benefícios), o Decreto 3.048/99 (regulamento da previdência social) e o Decreto 6.932/2009. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 26 c) A Orientação Interna INSS/DIRBEN n.º 170/2007, a Portaria MPS n.º 548/2011 e a Lei 10.259/01. d) A Lei 8.213/91, a IN n.º 77/2015/PRES/INSS e o Decreto 6.932/2009. e) As leis 8.213/91, o Decreto 3.048/99 e a Lei 10.259/01. Questão 3 Acerca do princípio da presunção de veracidade dos dados constantes nos sistemas corporativos da Previdência Social, é incorreto afirmar que: a) Decorre da própria validade jurídica de que gozam os atos administrativos em geral em decorrência dos atributos da presunção de legitimidade, legalidade e veracidade. b) O INSS terá até 180 (cento e oitenta) dias, contados a partir da concessão do benefício, para fornecer ao segurado as informações previstas no artigo 29-A da Lei 8.213/91. c) O INSS utilizará as informações constantes no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) sobre os vínculos e as remunerações dos segurados, para fins de cálculo do salário-de-benefício, comprovação de filiação ao Regime Geral de Previdência Social, tempo de contribuição e relação de emprego. d) Havendo dúvida sobre a regularidade do vínculo incluído no CNIS e inexistência de informações sobre remunerações e contribuições, o INSS exigirá a apresentação dos documentos que serviram de base à anotação, complementada por pesquisa externa quando necessário, sob pena de exclusão do período. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 27 Questão 4 Assinale a opção correta: a) Caso seja constatada pelo servidor do INSS a viabilidade da concessão do benefício previdenciário de aposentadoria por invalidez e o segurado tenha postulado administrativamente, perante o INSS, o benefício de prestação continuada previsto na LOAS, por força do princípio da obrigatoriedade da concessão do benefício mais vantajoso, deve o segurado ser informado acerca dessa possibilidade, para que a aposentadoria seja concedida em caso de anuência. b) Por seguir rito procedimental semelhante ao do processo judicial, o processo administrativo previdenciário exige estrita delimitação de suas fases, não sendo admitida a realização de novas diligências durante a fase recursal. c) No caso de apuração de irregularidade, o INSS deve utilizar a comunicação por carta com aviso de recebimento, mesmo que o segurado compareça espontaneamente para tomar ciência nos autos. d) A apresentação de documentação incompleta constitui motivo para recusa do requerimento de benefício, devido a manifesta impossibilidade de deferimento dopedido. Questão 5 Marque “V” para item correto e “F” para item errado: ( ) A cláusula ad juditia et extra autoriza o advogado a praticar todos os atos extrajudiciais de defesa e representação de seu cliente perante as pessoas jurídicas de direito público ou privado, bem como receber a primeira prestação do benefício. ( ) O não atendimento da comunicação não importa o reconhecimento da verdade dos fatos de modo desfavorável à pretensão formulada pelo PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 28 interessado, situação que não se enquadra nos casos de apuração de irregularidade, em que a pretensão é do INSS e não do segurado. ( ) A parte civilmente capaz pode se valer do administrador provisório para requerer o benefício ou serviço. ( ) Qualquer que seja o canal remoto de protocolo, será considerada como Data de Entrada do Requerimento (DER) a data do agendamento do benefício ou serviço. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 29 Aula 1 Exercícios de fixação Questão 1 - C Justificativa: A supremacia do interesse do segurado não é princípio jurídico. Questão 2 - D Justificativa: O Código de Processo Civil, a Lei 8.212/91 (lei de custeio) e a Lei 10.259/01 (lei dos JEFs) não são fontes formais do processo administrativo previdenciário. Questão 3 - B Justificativa: Dispõe o § 1º do Artigo 29-A da Lei 8.213/91: § 1o O INSS terá até 180 (cento e oitenta) dias, contados a partir da solicitação do pedido, para fornecer ao segurado as informações previstas no caput deste artigo. Questão 4 - A Justificativa: É admitida a realização de diligências na fase recursal. O comparecimento espontâneo do segurado com ciência aposta nos autos torna regular a comunicação. A apresentação de documentação incompleta não constitui motivo para recusa do requerimento de benefício, devendo ser emitida carta de exigências. Questão 5 - F, V, F, V Justificativa: 1) Não é permitido ao advogado receber a mensalidade do benefício em nome do segurado mediante instrumento particular de procuração por expressa vedação do Artigo 114 da Lei 8.213/91. 3) Só a parte civilmente incapaz pode se valer do administrador provisório para requerer benefício ou serviço da Previdência Social. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 30 Introdução Nesta aula, daremos continuidade ao estudo da atuação na via administrativa e condução do processo administrativo previdenciário pelas fases instrutória, decisória e recursal. Objetivo: Compreender o requerimento administrativo em todas as fases do processo com suficiência para obter a prestação previdenciária mais favorável ao cidadão. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 31 Conteúdo Processo administrativo previdenciário Segunda fase: instrutória A disciplina da prova no direito previdenciário encontra-se na Lei nº 8.213/91, no Decreto nº 3.048/99 e na IInstrução Normativa n.º 77/2015/PRES/INSS. As disposições acerca das espécies de provas eficazes para o reconhecimento dos direitos previdenciários são válidas tanto para o processo administrativo como para o judicial. A diferença reside na menor liberdade do servidor administrativo do INSS para valorar e reconhecer o direito a partir das provas. Há tarifações na via administrativa que não se aplicam aos juízes. De todo modo, as modalidades de prova, a seguir abordadas, sob enfoque administrativo são válidas para a via judicial, variando apenas o alcance, devido à maior liberdade do Poder Judiciário para exaurir a cognição com base no livre convencimento motivado. Atenção A fase instrutória é destinada a averiguar e comprovar os requisitos legais para a concessão de benefícios ou para a atualização de cadastro, sendo a produção de provas um direito do segurado. Vale dizer, ainda que o administrado não preencha os requisitos para o benefício ou serviço, tem direito à prova. No processo administrativo são admissíveis todos os meios de prova que se destinem a esclarecer a existência do direito ao recebimento do benefício ou serviço, salvo se a lei exigir forma determinada. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 32 Espécies de prova Pode-se citar, como exemplos de prova, a documental, a oral, os registros em cadastros públicos, a pesquisa externa e a perícia. Prova documental: são os documentos apresentados pelo segurado tanto por ocasião do requerimento administrativo quanto posteriormente (por exigências formuladas, por exemplo). Prova oral: colhida no depoimento de testemunhas (justificação administrativa) ou do próprio segurado (entrevista rural). Pesquisa externa: atividades externas exercidas pelo servidor do INSS, previamente designado para atuar nas empresas, nos órgãos públicos ou em relação aos contribuintes em geral e beneficiários, com o objetivo de verificar a veracidade de documentos, conferir dados constantes nos sistemas, desempenhar atividades pertinentes ao Serviço Social, entre outros. Prova pericial: destinada a avaliar a capacidade laborativa do segurado, invalidez do dependente para fins de prorrogação desta qualidade após os 21 anos de idade (Artigo 16, I e III da lei n.º 8.213/91) e impedimentos para fins de percepção de benefício assistencial. Atenção Como normalmente o segurado não detém conhecimento necessário para saber os atos que pode praticar para comprovar seu direito, deve ser orientado pelo servidor do INSS (Artigo 687, IN n.º 77/2015), devendo este, ao dialogar com o administrado, atentar para a utilização de linguagem simples, clara e acessível. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 33 Carta de exigências Não apresentada toda a documentação indispensável ao processamento do benefício ou do serviço, o servidor deverá emitir carta de exigências, com observância do § 1º do art. 678 e prazo mínimo de trinta dias para cumprimento, com o registro da exigência no sistema corporativo de benefícios. É importante esclarecer que advogado ou segurado deve apresentar na via administrativa todas as provas disponíveis no momento do requerimento. A não apresentação de provas na via administrativa e sua posterior juntada ao processo judicial pode caracterizar o que se denomina “indeferimento forçado”, passível de punição com as penas de litigância de má-fé, suspensão do processo judicial para regularização da situação ou até mesmo a extinção do processo judicial sem resolução do mérito. Prova documental A seguir, apresentam-se disposições e espécies de documentos válidos tanto para a via administrativa como para a judicial. A prova documental é importantíssima; ou ela é plena ou caracterizará início de prova material a viabilizar a complementação por outros meios. Documentos de identificação Apresentam foto. Devem ser apresentados na formalização do processo administrativo, a fim de que se proceda à validação dos dados (Artigos 672 e 673 da IN n.º 77/2015). Reconhecimento de firma Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma somente será exigido quando houver dúvida de autenticidade (Artigo 672, § 4º, IN n.º 77/2015). Documentos em língua estrangeira Os documentos em língua estrangeira deverão ser acompanhados de tradução realizada por tradutor juramentado. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 34 Certidões públicas As certidões de nascimento, casamento e óbito são dotadas de fé pública, não podendo ser questionadas (Artigo 675, IN n.º 77/2015). É recomendável que nesses casos já se juntem aos autos cópias autenticadas do processo judicial que originou a anotação. Documentos digitalizados e juntados ao processo porrepartições públicas e advogados (órgãos da justiça e seus auxiliares, Ministério Público e seus auxiliares, procuradorias, autoridades policiais, repartições públicas em geral e advogados públicos e privados) têm a mesma força probante dos originais (Artigo 584 da IN nº 45/2010). Consoante esclarecido no Memorando Circular nº 10/2012/INSS/DIRBEN, devem ser aceitos no âmbito do processo administrativo previdenciário os documentos apresentados e validados por advogados privados, ressalvada a suspeita de fraude que pode e deve desencadear medidas de averiguação. O servidor deverá identificar o profissional responsável pela apresentação da cópia, registrando no verso do documento seus dados (nome completo, número do documento de identificação e número da carteira da OAB), bem como deverá colher a sua assinatura (Artigo 584 da IN nº 45/2010). Documentos microfilmados Os documentos microfilmados provenientes de empresas privadas registradas na Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça têm o mesmo valor que o documento original, desde que estejam legíveis e estejam autenticados na forma Artigo 676 da IN n.º 77/2015. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 35 Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) E quanto à Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS)? Em caso de dúvida quanto à veracidade ou contemporaneidade dos registros constantes na CTPS, inclusive de empregado doméstico, e outros documentos apresentados pelo requerente, deve o servidor, obrigatoriamente, buscar a obtenção da confirmação de sua validade, utilizando as informações constantes em bancos de dados colocados à sua disposição ou mediante realização de pesquisa externa. Outras espécies de documentos Disposições e outras espécies de documentos Vejamos disposições e outras espécies de documentos tidos também como prova documental. Utilização de documentação apresentada em outro processo administrativo (Art. 685 da IN n.º 77/2015): Caso o segurado requeira novo benefício, poderá ser utilizada a documentação de processo anterior que tenha sido indeferido, cancelado ou cessado, ressalvados os benefícios processados em meio virtual, desde que complemente, se for o caso da documentação necessária para o despacho conclusivo. Documentos em posse de terceiros (Artigo 686 da IN n.º 77): Quando for necessária a prestação de informações ou a apresentação de documentos por terceiros, poderá ser expedida comunicação para esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condições de atendimento. Não sendo atendida a solicitação, o servidor deverá buscar as informações ou documentos solicitados por meio de pesquisa externa. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 36 Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS) Os dados constantes no CNIS relativos a vínculos, remunerações e contribuições valem como prova de filiação à Previdência Social, relação de emprego, tempo de serviço ou de contribuição e salário-de-contribuição, salvo comprovação de erro ou fraude em sentido contrário (Artigo 681 da IN n.º 77/2015). A comprovação dos dados divergentes, extemporâneos ou não constantes no CNIS caberá ao requerente, sem prejuízo do dever atribuído às unidades de atendimento de colher provas destinadas ao seu esclarecimento e realizar pesquisas externas para sua confirmação, quando necessário (Artigo 682 da IN n.º 77/2015). Marcas do CNIS: O CNIS apresenta, atualmente, algumas marcas que têm como objetivo alertar o servidor sobre algum fato específico. Na tradução dessas marcas, utiliza-se a expressão “tratamento” para designar a atividade do servidor de analisar um vínculo com base na documentação do segurado. Já “homologação” é a expressão utilizada para informar que o vínculo, após “tratamento”, foi reconhecido pelo INSS. Retenção e irregularidades de documentos O que fazer se ocorrerem retenção e irregularidades dos documentos? A retenção de documentos originais do segurado/filiado/dependente deve ser evitada, sob pena de apuração de responsabilidade em caso de extravio ou retenção irregular. Deve-se preferir sempre a extração das informações ou a realização de cópia reprográfica dos documentos. Quando necessário à análise do requerimento, o servidor poderá reter os documentos pelo prazo máximo de 5 (cinco) dias, elaborando Termo de Retenção e Restituição de Documentos em duas vias e entregando a primeira via ao segurado (Artigo 679 da IN n.º 77/2015). PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 37 Irregularidades ou falsificação de documentos Caso se constate alguma irregularidade ou falsificação de documento, o servidor deve buscar a apreensão de comprovantes de arrecadação e de pagamento de benefícios, bem como de quaisquer documentos pertinentes, inclusive contábeis, mediante lavratura do termo competente, com a finalidade de apurar administrativamente a ocorrência dos crimes previstos em lei (Artigo 282 do Decreto nº 3.048/1999 e parágrafo primeiro do Artigo 675 da IN n.º 77/2015). Verificada qualquer conduta fraudulenta, a ocorrência deverá ser registrada no processo administrativo, e deverá ser dado conhecimento imediato à chefia que, no prazo máximo de cinco dias, remeterá à autoridade competente para adoção das providências administrativas, civis e penais cabíveis (art. 580, §1º, IN n.º 45/2010). Ainda que o pedido de benefício tenha sido indeferido, se forem constatados indícios de irregularidades na documentação que embasou a habilitação, deverão ser realizadas as devidas apurações e adotadas as providências disciplinadas na Seção X da IN nº 45/2010 (Artigo 450, §3º). Os autos não poderão ser retirados quando estiverem com suspeita de irregularidades (Artigo 657, I, IN nº 45/2010). Prova oral A prova oral está prevista na IN 77/2015 em duas formas: entrevista rural e justificação administrativa. Entrevista rural A entrevista rural está prevista na IN n.º 77/2015 nos Artigos 114 e seguintes. É prova obrigatória para a comprovação de qualquer categoria de trabalhador PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 38 rural, podendo ser dispensada para o indígena e nas hipóteses previstas de migração de períodos positivos de atividade de segurado especial. Justificação administrativa A justificação administrativa (JÁ) é o procedimento destinado a suprir a falta de documento ou fazer prova de fato ou circunstância de interesse do beneficiário perante o INSS (Artigo 574 da IN n.º 77/2015). É um ato que muito se assemelha com a entrevista rural e com as audiências judiciais, pois se consubstancia em simples oitiva de testemunhas. Isso significa que qualquer servidor do INSS possui prática em realizar J.A., uma vez que já entrevista possíveis/pretensos segurados especiais e emite conclusão a respeito. Atenção Em regra, somente é possível realizar uma J.A. quando houver início de prova material (Artigo 575 IN n.º 77/2015) e com no mínimo 3 (três) testemunhas. A exceção a essa regra, prevista no Artigo 577 da IN n.º 77/2015, refere-se à ocorrência de caso fortuito ou força maior, como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado alegue ter trabalhado. Vale observar que a J.A. deverá ser processada mediante a apresentação de, pelo menos, um início de prova como marco inicial e outro como marco final, além de outro para o período intermediário, se for o caso. Não será admitida a J.A. quando o fato a comprovar exigir registro público de casamento, idade ou de óbito, ou de qualquer ato jurídico para o qual a lei prescrevaforma especial. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 39 Casos de utilização da justificação administrativa São casos de utilização da justificação administrativa: a) Comprovação de exercício de atividade rural (para fins de benefícios rurais e urbanos) Se existir apenas início de prova material, deve-se informar o segurado sobre o direito que possui de requerer a realização da J.A. (os Artigos 47 e 54 da IN n.º 77/2015 trazem relação de documentos que podem ser considerados como início de prova material para atividade rural). b) Comprovação de tempo urbano A justificação administrativa poderá ser processada, sem ônus para o interessado, de forma autônoma para efeito de inclusão ou retificação de vínculos no CNIS, a pedido do interessado. O interessado deve juntar prova oficial de existência da empresa, no período que se pretende comprovar. Exemplo: certidões expedidas por Prefeitura, por Secretaria de Fazenda, por Junta Comercial, por Cartório de Registro Especial ou por Cartório de Registro Civil, nas quais constem nome, endereço e razão social do empregador e data de encerramento, de transferência ou de falência da empresa. Atenção Será dispensado o início de prova material quando houver ocorrência de motivo de força maior ou caso fortuito caracterizado pela verificação de ocorrência notória, tais como incêndio, inundação ou desmoronamento, que tenha atingido a empresa na qual o segurado alegue ter trabalhado, devendo ser comprovada mediante registro da ocorrência policial feito em PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 40 época própria ou apresentação de documentos contemporâneos dos fatos, e verificada a correlação entre a atividade da empresa e a profissão do segurado. Na hipótese de a situação de caso fortuito ou força maior ter ocorrido em determinado momento, a comprovação de sua ocorrência não operará efeitos para o período posterior ao desastre, enchente, incêndio, etc. c) Comprovação de relação de dependência econômica Para fins de comprovação do vínculo e da dependência econômica, conforme o caso, devem ser apresentados, no mínimo, 3 (três) dos documentos elencados no Artigo 135 da IN n.º 77/2015. O rol é meramente exemplificativo, haja vista o teor do inc. XVI: “quaisquer outros (documentos) que possam levar à convicção do fato a comprovar”. Desse modo, quando apresentados menos de 3 (três) documentos – desde que haja pelo menos um (Decreto nº 3.048/99, Artigo 143) – relacionados no Artigo 135 da IN n.º 77/2015, é cabível a J.A. d) Determinação judicial Além dos casos elencados acima, deverá ser realizada a J.A. sempre que houver determinação judicial para seu processamento. Ainda assim, caso não haja decisão especificando o modo em que a mesma deverá ser realizada, a J.A. seguirá o rito já previsto na Instrução Normativa nº 45/2010. O não atendimento à determinação judicial poderá configurar crime por parte do servidor responsável. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 41 Pesquisa externa A pesquisa externa é a atividade externa exercida pelo servidor com o intuito de: Verificar a veracidade dos documentos, bem como buscar informações úteis à apreciação do requerimento; Realizar as visitas necessárias ao desempenho das atividades de Serviço Social; Atender programas revisionais de benefícios previdenciários e benefícios assistenciais previstos na legislação; Atender as solicitações da Advocacia-Geral da União e do Poder Judiciário para a coleta de informações úteis à defesa do INSS em juízo. Terceira fase: decisória Na fase decisória, o servidor analisa as provas e o requerimento e emite uma decisão administrativa. A administração tem o dever de emitir explicitamente decisão nos processos administrativos ou sobre quaisquer solicitações de sua competência. Decisão: a decisão administrativa, em qualquer hipótese, deverá conter despacho sucinto com: (a) Objeto do requerimento administrativo; (b) Fundamentação com análise das provas constantes nos autos; (c) Conclusão deferindo ou indeferindo o pedido formulado. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 42 Atenção No âmbito do processo previdenciário, tem-se defendido que a conclusão da análise do processo deve ocorrer no prazo de 45 dias, com base no Artigo 41-A da Lei nº 8.213/91, que prevê o primeiro pagamento até 45 dias após a apresentação pelo segurado da documentação necessária. No caso de instrução processual, a decisão deve ser proferida no prazo de 30 dias, salvo prorrogação por igual período devidamente motivada, nos termos da Lei n.º 9.784/99. Cabe salientar que a maioria dos requerimentos administrativos é decidida no momento do atendimento. Vejamos o que determina a IN nº 45/2010: Art. 624. A decisão administrativa, em qualquer hipótese, deverá conter despacho sucinto do objeto do requerimento administrativo, fundamentação com análise das provas constantes nos autos, bem como conclusão deferindo ou indeferindo o pedido formulado, sendo insuficiente a mera justificativa do indeferimento constante no sistema corporativo da Previdência Social. § 1º A motivação deve ser clara e coerente, indicando quais os requisitos legais que foram ou não atendidos, podendo fundamentar-se em decisões anteriores, bem como notas técnicas e pareceres do órgão consultivo competente, os quais serão parte integrante do ato decisório. § 2º Todos os requisitos legais necessários à análise do requerimento devem ser apreciados no momento da decisão, registrando-se no processo administrativo a avaliação individualizada de cada requisito legal. Quando o servidor responsável pela análise do processo verificar PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 43 que o segurado ou dependente possui direito ao recebimento de benefício diverso ou mais vantajoso do que o requerido, deve comunicar o requerente para exercer o direito de opção, no prazo de 30 (trinta) dias, cuja manifestação de vontade deve restar registrada nos autos (Artigo 627 da IN nº 45/2010). Em algumas situações o reconhecimento do direito ao benefício poderá ocorrer sem a abertura da fase instrutória e apresentação documental pelos interessados, ocorrendo o reconhecimento automático de direito. Tal situação ocorre quando as informações constantes no sistema CNIS sejam suficientes ao reconhecimento do direito ao benefício (Artigo 622 da IN nº 45/2010). Reconhecido o direito ao benefício, como regra geral, os efeitos financeiros retroagem à data de entrada do agendamento (Central 135 ou internet) ou do requerimento (data de entrada do requerimento – DER) em uma das agências da Previdência Social, exceto nas seguintes situações: 1) caso não haja o comparecimento do interessado na data agendada para fins de protocolo do benefício, exceto nos casos fortuitos ou de força maior devidamente comprovados; 2) nos casos de reagendamento por iniciativa do interessado, exceto se for antecipado o atendimento; e 3) incompatibilidade do benefício ou serviço agendado com aquele efetivamente devido, hipótese na qual a data de entrada do requerimento será considerada como a data do atendimento (reafirmação da DER, Artigo 574 da IN nº 45/2010). As decisões administrativas dos órgãos da Previdência Social devem representar a conclusão do raciocínio lógico perpetrado pelo servidor, enfrentando todos os requisitos necessários à concessão do benefício e analisando todas as provas produzidas nos autos. O servidor deve apresentar relatório sucinto contendo PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA44 os fundamentos de fato e de direito que o levaram a chegar àquela conclusão de deferimento ou indeferimento do benefício. Nos casos de indeferimento, o servidor deve informar quais foram os requisitos legais do benefício que não foram atendidos pelo segurado e quais períodos de atividade não foram considerados para fins de carência ou tempo de contribuição, tornando público o motivo pelo qual se deu o indeferimento do benefício. Reconhecido ou não o direito ao benefício ou serviço, o INSS emite uma carta de comunicação da decisão à residência do interessado, cuja ciência inequívoca de seu teor deflagra o termo inicial do prazo para a interposição de recurso contra a decisão administrativa. Quarta fase: recursal Das decisões proferidas pelo INSS poderão os interessados, quando não conformados, interpor recurso ordinário às Juntas de Recursos do Conselho de Recursos da Previdência Social. Importante salientar que na fase recursal o processo previdenciário é remetido em 2ª instância para órgão que não compõe a estrutura organizacional do INSS, mas sim do Ministério da Previdência Social: são as Juntas de Recurso em segunda instância e as Câmaras de Julgamento em terceira e última instância – ambos órgãos compõem o Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS). Prazo: 30 (trinta) dias o prazo comum às partes para interposição de recurso ordinário e para o oferecimento de contrarrazões, contados: a) para o segurado e para a empresa, a partir da data da intimação da decisão; e b) para o INSS, a partir da data da protocolização do recurso ou da entrada do recurso pelo interessado ou representante legal na unidade do INSS que proferiu a decisão, PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 45 devendo essa ocorrência ficar registrada nos autos, prevalecendo a data que ocorrer primeiro. Vejamos o que dispõe a IN nº 45/2010: Art. 633. É de trinta dias o prazo comum às partes para a interposição de recurso e para o oferecimento de contrarrazões, contados: I - para o segurado e para a empresa, a partir da data da intimação da decisão; e II - para o INSS, a partir da data da protocolização do recurso ou da entrada do recurso pelo interessado ou representante legal na unidade do INSS que proferiu a decisão, devendo esta ocorrência ficar registrada nos autos, prevalecendo a data que ocorrer primeiro. Art. 634. Expirado o prazo de trinta dias da data em que foi interposto o recurso pelo segurado ou pela empresa, sem que haja contrarrazões, os autos serão imediatamente encaminhados para julgamento pelas Juntas de Recursos ou Câmara de Julgamento do CRPS, conforme o caso, sendo considerados como contrarrazões do INSS os motivos do indeferimento. Intempestividade: O recurso intempestivo do interessado não gera qualquer efeito, mas deve ser encaminhado ao respectivo órgão julgador com as devidas contrarrazões do INSS, devendo ser apontada no recurso a ocorrência da intempestividade. No prazo das contrarrazões, o INSS poderá reconhecer o erro administrativo de sua decisão inicial e, no exercício do poder de autotutela, reformá-la para declarar a presença do direito subjetivo postulado pelo recorrente. Caso não reformada a primeira decisão, nem apresentadas as contrarrazões, serão considerados como tais os motivos do indeferimento do pedido do benefício e encaminhado o recurso ordinário para julgamento na Junta de Recursos. Algumas matérias previstas no regulamento do CRPS são de alçada exclusiva da Junta de Recursos, não cabendo questionamento dos acórdãos proferidos por PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 46 esse órgão para nova apreciação da Câmara de Julgamento, resultando o acórdão da Junta de Recurso na decisão definitiva no âmbito administrativo.1 Contra os acórdãos proferidos pela Junta de Recursos, exceto nas matérias de alçada, é cabível Recurso Especial no prazo de 30 (trinta) dias contados da intimação da decisão. O INSS somente poderá propor Recurso Especial nas seguintes situações: a) quando violarem disposição de lei, de decreto ou de portaria ministerial; b) divergirem de súmula ou de parecer do Advogado Geral da União; c) divergirem de pareceres da Consultoria Jurídica do MPS ou da Procuradoria Federal Especializada junto ao INSS, aprovados pelo Procurador- Chefe; d) divergirem de enunciados editados pelo Conselho Pleno do CRPS; e) tiverem sido fundamentadas em laudos ou pareceres médicos divergentes emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos peritos do INSS; f) contiverem vício insanável, considerado como tal as ocorrências elencadas no § 1º do Artigo 60 da Portaria MPS nº 548/2011. Essa limitação imposta quanto às hipóteses de cabimento do recurso pelo INSS tem por finalidade evitar a rediscussão de algumas matérias por provocação da própria autarquia, já que a essa coube a presidência de toda a fase instrutória do processo. A interposição tempestiva do recurso especial suspende a exequibilidade da decisão proferida pela Junta de Recursos e devolve à Câmara de Julgamento o conhecimento integral da matéria. Se durante o curso do julgamento do recurso for verificada a existência de ação judicial com objeto idêntico à matéria discutida na esfera administrativa, serão reconhecidas a renúncia ao direito de recorrer e a desistência do recurso interposto. O INSS pode, em qualquer fase do processo, reconhecer 1 Portaria MPS nº 548/2011: “Art. 18. Constituem alçada exclusiva das Juntas de Recursos, não comportando recurso à instância superior, as seguintes decisões colegiadas: I - fundamentada exclusivamente em matéria médica, quando os laudos ou pareceres emitidos pela Assessoria Técnico-Médica da Junta de Recursos e pelos Médicos Peritos do INSS apresentarem resultados convergentes; e II - proferida sobre reajustamento de benefício em manutenção, em consonância com os índices estabelecidos em lei, exceto quando a diferença na Renda Mensal Atual - RMA decorrer de alteração da Renda Mensal Inicial - RMI;”. PRÁTICA PREVIDENCIÁRIA 47 expressamente o direito do interessado e reformar sua decisão, deixando de encaminhar o recurso à instância competente (autotutela), ou, caso o recurso esteja em andamento perante o órgão julgador, será necessário comunicar-lhe sua nova decisão, para fins de extinção do processo com apreciação do mérito, por reconhecimento do pedido. Do cumprimento das decisões Conclui-se o processo administrativo com a decisão administrativa não mais passível de recurso (coisa julgada administrativa), ressalvado o direito de o requerente pedir a revisão da decisão no prazo decadencial previsto na lei de benefícios. Cumprimento dos acórdãos do CRPS: é vedado ao INSS escusar-se de cumprir diligências solicitadas pelo CRPS, bem como deixar de dar efetivo cumprimento às decisões definitivas daquele colegiado, reduzir ou ampliar o seu alcance ou executá-las de maneira que contrarie ou prejudique o seu evidente sentido. Mesmo com o trânsito em julgado na esfera administrativa, havendo controvérsia na aplicação de lei ou de ato normativo entre órgãos do Ministério da Previdência e Assistência Social ou entidades vinculadas, ou ocorrência de questão previdenciária ou de assistência social de relevante interesse público ou social, é cabível o órgão interessado suscitar perante o Ministro de Estado da Previdência e Assistência Social a definição da melhor interpretação da legislação previdenciária, na forma do Artigo 309 do Decreto nº 3.048/99. A matéria definitivamente julgada pelo CRPS não será objeto
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