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Crimes contra a propriedade imaterial

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1 – DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL
O Código Penal contempla no Título III os crimes contra a propriedade imaterial. Para E. Magalhães Noronha, "não se confundem os bens exclusivamente pessoais com os imateriais. Se os primeiros, como a honra, a liberdade etc., não se separam da pessoa humana e não possuem valor econômico, não há negar que o mesmo não sucede com os segundos que se destacam do indivíduo, uma vez concretizados numa coisa ou nela projetados. É o que, por exemplo, acontece com o pensamento humano insuscetível de qualquer apropriação por parte de terceiros, enquanto enclausurado na mente humana não merece qualquer proteção legal. No momento em que ele se exterioriza, expressa-se em uma obra literária, científica ou artística, passando, pois, a tomar corpo, a ter um valor econômico. O seu criador, assim, tem direito sobre a sua produção artística, científica ou literária. A lei assegura-lhes os direitos sobre sua proteção intelectual.
1.1 - Dos Crimes Contra A Propriedade Intelectual
Dispõe o art. 184, caput, do Código Penal: "Violar direitos de autor e os que lhe são conexos: Pena - detenção de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa." O homem, conforme já visto, tem direito sobre a sua produção intelectual. Destarte, busca o Direito Penal a tutela do interesse econômico e moral do autor sobre o fruto de sua criação, interesse esse expressamente assegurado pela Lei dos Direitos Autorais (Lei nº 9.610/98), que em seu art. 22 dispõe: " Pertencem ao autor os direitos morais e patrimoniais sobre a obra que criou".
Além dos direitos autorais, a Lei n. 10.695/2003 acrescentou a proteção também aos direitos conexos àqueles, entendendo-se como tais os dos intérpretes ou executantes da obra ou música, dos produtores fonográficos da obra do autor intelectual e das empresas de radiodifusão sobre os titulares dos bens imateriais incluídos em sua programação (Lei 9.610/98, arts 90 a 95).
Trata-se de Norma penal em branco, pois o Código não conceitua direito autoral. Importa mencionar que a atual redação do art. 184 é mais abrangente que a anterior, que se referia especificamente à violação de direito de autor de obra literária, científica ou artística.
Para a doutrina, os direitos autorais abrangem as seguintes obras: a) obras literárias - são os livros e outros escritos como discursos, conferências, artigos de jornal ou revista etc.; b) obras científicas, que, segundo Hungria, são: "livros ou escritos contendo a exposição, elucidação ou crítica dos resultados real ou pretendidamente obtidos pela ciência, em todos os seus ramos, inclusive obras didáticas e as lições de professores (proferidas em aulas e apanhadas por escrito)"; e c) obras artísticas, as quais, ainda no ensinamento de Hungria, são: "trabalhos de pintura, escultura e arquitetura, desenhos, obras dramáticas, musicais, cinematográficas, coreográficas ou pantomímicas, obras de arte gráfica ou figurativa", bem como trabalhos de televisão etc. De acordo com a Lei nº 9.610/98, abrange igualmente os direitos conexos (v. arts. 89 a 96).
Viola-se o direito do autor publicando, reproduzindo ou modificando a sua obra. É a chamada contrafação. A edição excedente ao contratado também é considerada contrafação, conforme o art. 4º, parágrafo único do Decreto n. 4.794/24. Leciona Noronha que "viola o direito do autor o plágio, que se avizinha da contrafação, sendo uma espécie de furto, furto literário, como geralmente se diz. Consiste no fato de alguém atribuir a si, coo autor, obra ou partes de obra de outrem. Ocorre com trabalhos literários ou científicos.
Os arts. 46 a 48 da Lei n. 9.610/98 dispõem sobre as limitações aos direitos autorais. Assim, de acordo com o art. 46 da citada lei, não constituem ofensa aos direitos autorais, por exemplo, a reprodução: "na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo, publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor, se assinados, e da publicação de onde foram transcritos" (inciso I, a); "a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o nome do autor e a origem da obra" (inciso III); "a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para produzir proba judiciária ou administrativa" (inciso VII).
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, podendo qualquer pessoa praticar o crime em tela, não exigindo a lei nenhuma qualidade especial. É possível a coautoria ou participação, por exemplo, do editor do livro plagiado.
O sujeito passivo é o autor, pessoa física criadora da obra literária, artística ou científica violada. É transmissível por herança, e falecendo o autor, serão sujeitos passivos seus herdeiros ou sucessores (art. 5º, XXVII, CF).
A pessoa Jurídica de direito público ou privado também pode ser sujeito passivo do crime em tela na hipótese em que o autor cede os seus direitos sobre a obra (arts. 49 a 52 da Lei 9.610/98).
O autor da obra não está obrigado a registrá-la (art. 18 da Lei 9.610/98), por exemplo, na Biblioteca Nacional. O registro, na realidade, tem por escopo assegurar os direitos do autor, assim como facilitar a sua prova.
O elemento subjetivo é o dolo, consubstanciado na vontade livre e consciente de violar o direito autoral. Não se exige a finalidade de obtenção de lucro (elemento subjetivo do tipo). Consuma-se com a violação do direito autoral, isto é, com a reprodução, modificação ou alteração da obra literária, artística ou científica. Cuida-se de crime plurissubsistente, portanto a tentativa é perfeitamente possível.
A forma simples está prevista no caput do art. 184 do CP e as qualificadas nos parágrafos 1º, 2º e 3º do mesmo artigo. (Capez, Direito Penal 2, pt especial, 2016)
1.2 - Efeitos da Sentença Condenatória
Nos termos do art. 530-G, introduzido pela Lei nº 10.695/2003 no Código de Processo Penal, "p juiz, ao prolatar a sentença condenatória, poderá determinar a destruição dos bens ilicitamente produzidos ou reproduzidos e o perdimento dos equipamentos apreendidos, desde que precipuamente destinados à produção e reprodução dos bens, em favor da Fazenda Nacional, que deverá destruí-los ou doá-los aos Estados, Municípios e Distrito Federal, as instituições públicas de ensino e pesquisa ou de assistência social, bem como incorporá-los, por economia ou interesse público, ao patrimônio da União, que não poderão retorná-los aos canais de comércio". Somente após o trânsito em julgado da sentença condenatória tal destruição ou perdimento poderão ser executados, em respeito aos princípios de que ninguém será privado de seus bens sem o devido processo legal (CF, art. 5º, LIV) e da não culpabilidade ou estado de inocência (CF, art. 5º, LVII).
1.3 - Proteção da Propriedade Intelectual de Programa de Computador ("software")
Violar direitos de autor de programa de computador é crime específico regulado pela Lei n. 6.609/98, em seu art. 12.
1.4 - Ação Penal. Lei dos Juizados Especiais Criminais
Nas hipoteses do caput do art. 184, a ação penal será exclusivamente privada (CP, art. 186, I, acrescenteado pela Lei nº 10.695/2003). Nas formas qualificadas previstas nos parágrafos 1º e 2º, a ação será pública incondicionada (CP, art. 186, II, acrescentado pela atual lei), e na do parágrafo 3º, pública condicionada à representação do ofendido (CP, art. 186, IV, também incluído pela atual lei. Será também pública incondicionada a ação penal quando o crime, qualquer que seja a sua forma, tiver sido cometido em detrimento de entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público (CP, art. 186, III, introduzido pelo novo diploma).
Sendo o caso de ação penal privada (CP, art. 184, caput, salvo quando cometido contra entidades de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou fundação instituída pelo Poder Público), aplicar-se-á o procedimento ordinárioprevisto nos arts. 396 a 405 do Código de Processo Penal, com as seguintes observações: a) no caso de haver o crime deixado vestígio, a queixa ou a denúncia não será recebida se não for instruída com o exame pericial dos objetos que constituam o corpo de delito; b) sem a prova de direito à ação, não será recebida a queixa, nem ordenada qualquer diligência preliminarmente requerida pelo ofendido; c) a diligência de busca ou de apreensão será realizada por dois peritos nomeados pelo juiz, que verificarão a existência de fundamento para a apreensão, e quer esta se realize, quer não, o laudo pericial será apresentado dentro de 3 dias após o encerramento da diligência. O requerente da diligência poderá impugnar o laudo contrário à apreensão, e o juiz ordenará que esta se efetue, se reconhecer a improcedência das razões aduzidas pelos peritos; d) encerradas as diligências os autos serão conclusos ao juiz para a homologação do laudo; e) nos crimes de ação privativa do ofendido, não será admitida queixa com fundamento em apreensão e em perícia, se decorrido o prazo de 30 dias após a homologação do laudo (art. 529, caput, do CPP); se o crime for de ação pública e não tiver sido oferecida queixa no prazo de 30 dias após a homologação do laudo (art. 529, caput, CPP) será dada vista ao Ministério Público dos autos de busca e apreensão requeridas pelo ofendido; e f) se ocorrer prisão em flagrante e o réu não for posto em liberdade, o prazo mencionado na letra anterior será de 8 dias (art. 530 do CPP).
Ocorrendo qualquer das formas qualificadas (§§ 1º, 2º e 3º do art. 184 do CP) ou quando o delito for cometido em detrimento de uma daquelas pessoas elencadas no inciso III do art. 186 do Código Penal, o procedimento será também o ordinário. Por se tratar de Infração de menor potencial ofensivo (somente o caput do art. 184), incidem as disposições da Lei nº. 9.0990/95.
- Usurpação de Nome ou Pseudônimo Alheio
 (Dispositivo revogado expressamente pelo art. 4º da Lei nº. 10.695/2003.)

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