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PAJ 2014/035-03340 EXMO(A) SR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA NO ESTADO DO CEARÁ – JUIZADO ESPECIAL FEDERAL LUIZ nnnn, brasileiro, casado, comerciante, inscrito sob o RG n° nnn3 – SSP/CE, e CPF nº nnnn, residente e domiciliado na nnn, vem, com o devido respeito, à presença de V. Exa., através do advogado abaixo assinado que ao final subscrevem, com fulcro no art. 48 da Lei nº 8.213/91, promover a presente AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal com endereço na Rua Pedro Pereira, nº 383, Centro, Fortaleza-CE, o que faz em razão dos fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor: SINOPSE FÁTICA Em 04/11/2013 (DER), o Sr. Balduino requereu administrativamente junto ao INSS o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (NB 163.868.542-5), o qual lhe foi negado, conforme demonstrado em carta de indeferimento em anexo, sob o fundamento de que lhe falta tempo de contribuição até 16/12/1998 ou até a DER, especificando que o tempo de contribuição apurado, até o momento, era de 34 anos 08 meses e 04 dias. Passados os 04 (quatro) meses faltantes para completar os 35 (trinta e cinco) anos de contribuição, em 27/03/2014 (DER), o assistido dirigiu-se mais uma vez à Autarquia Previdenciária, com o fito de requerer novamente o referido benefício (NB 165.181.014-9), entretanto, este foi negado, sob a mesma razão anterior, sendo que, desta vez, o tempo de contribuição apurado, até o momento, seria de 32 anos 04 meses e 25 dias, conforme carta de indeferimento em anexo. PAJ 2014/035-03340 Por óbvio, a autarquia previdenciária equivocou-se nos cálculos, uma vez que reduziu o período de contribuição até então contabilizado, razão pela qual solicitou- se parecer do Setor de Contadoria desta DPU. No parecer emitido pela contadoria da DPU, em anexo, consta que, após análise da CTPS do CNIS e dos laudos e PPPs do Sr. Balduino, chegou-se a um total de 35 anos 10 meses e 2 dias, equivalentes à 377 contribuições na DER 26/11/2014, preenchendo, portanto, todos os requisitos necessários, desde o primeiro requerimento, como demonstrado a seguir. Vale ressaltar que, ainda conforme parecer da Contadoria, os vínculos empregatícios Unitêxtil – União Industrial Têxtil S/A e Tecnomecânica Esmaltec LTDA., foram calculados mediante fator especial de ruído, ou seja, com fator 1,40 após apresentação dos PPP´s referentes à estes vínculos, em anexo. Já no que se refere à empresa Autoviária São Vicente de Paulo, foi considerado como fator especial até o dia 28/04/1995 devido ao exercício da atividade de cobrador de ônibus urbano, pelo simples enquadramento da atividade, conforme legislação vigente a época. Ante o exposto, vem o promovente recorrer à tutela jurisdicional do Estado, com base nos fundamentos a seguir, a fim de que lhe seja assegurado a contagem do tempo de contribuição, nos termos da análise referida no parecer da Contadoria da DPU/CE, com o fim de ter implantada a sua aposentadoria por tempo de contribuição desde a data do primeiro requerimento administrativo, haja vista que seu tempo de atividade já lhe permite a concessão do benefício, conforme será demonstrado a seguir. 4- DO DIREITO 4.1 – DA PREVISÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DO BENEFÍCIO PLEITEADO: A aposentadoria por tempo de contribuição encontra amparo no art. 201, §7º da Constituição Federal de 1988: “§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: PAJ 2014/035-03340 I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher;” Ademais, a parte autora embasa seu pedido na forma do art. 201, § 7º, inciso I, da CRFB/88, na Lei nº 8.213/91 e no Decreto 3.048. A atual Constituição Federal assim trata a matéria referente à aposentadoria, dispondo em seu art. 201, § 7º, inciso I, in verbis: Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada; (...) § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; Já o Decreto 3.048/99 em seu art.188 dispõe: Art. 188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência exigida, terá direito a aposentadoria, com valores proporcionais ao tempo de contribuição, quando, cumulativamente: I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea "a". 4.2- DO RECONHECIMENTO DO PERÍODO DE TRABALHO SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS Nossa legislação prevê, para o trabalhador submetido a condições de insalubridade, redução do tempo necessário à inativação como compensação pelo PAJ 2014/035-03340 período trabalhado em condições inadequadas. Esse período de trabalho necessário à aposentação pode ser de 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso. Além disso, para aqueles que não cumprirem todo o período trabalhado sob condições especiais, é possível a sua conversão em tempo comum, utilizando-se, para tanto, de um fator de correção. Consoante o § 5º, do art. 57 da Lei nº 8.213/91: “§ 5º O tempo de trabalho exercido em condições especiais que sejam ou venham a ser consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito de concessão de qualquer benefício.” Assim têm se posicionado os Tribunais superiores Pátrios: PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO RESCISÓRIA. ERRO DE FATO. NÃO OCORRÊNCIA. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM COMUM. EXPOSIÇÃO A RUÍDO. LIMITE MÍNIMO. DIREITO ADQUIRIDO À CONVERSÃO. SÚMULA 343/STF. INAPLICABILIDADE. 1. O erro de fato a autorizar a procedência da ação, com fundamento no artigo485, inciso IX, do Código de Processo Civil e orientando-se pela solução pro misero, consiste no reconhecimento da desconsideração de prova constante dos autos (AR n. 2.544/MS, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis Moura, Revisor Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira Seção, DJe 20/11/2009). 2. Deve-se reconhecer, como especial, até 5/3/1997, o tempo de serviço exercido com exposição a nível de ruído superior a 80 decibéis. 3. Na linha da firme jurisprudência desta Corte, há direito adquirido ao cômputo diferenciado do tempo de serviço prestado em condições especiais, sendo possível a conversão, para comum, do tempo especial. 4. É inaplicável a Súmula 343/STF quando a questão controvertida remonta àConstituição Federal. 5. Ação rescisória procedente. (Grifo nosso)PAJ 2014/035-03340 PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO ESPECIAL. AGENTE NOCIVO: RUÍDO. CONVERSÃO EM TEMPO COMUM. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA INTEGRAL POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. 1. De acordo com a orientação do Superior Tribunal de Justiça, é considerada especial a atividade exercida com exposição a ruídos superiores a 80 dB até entrada em vigor do Decreto 2.172/97; após essa data, no período compreendido entre 06/03/1997 a 18/11/2003, data da entrada em vigor do Decreto 4.882/03, considerando o princípio tempus regit actum, o limite de ruído aplicável para fins de conversão de tempo de serviço especial em comum é de 90 dB; a partir do dia 19/11/2003, incide o limite de 85 dB. Precedentes do STJ. 2. "Para caracterização de determinada atividade como especial não é necessário que o trabalhador permaneça exposto ao nível máximo de ruído aludido na legislação durante toda a sua jornada de trabalho. Se há momentos em que o trabalhador é exposto a níveis de ruído inferiores ao máximo, é certo que também há outros em que permanece exposto a níveis superiores ao máximo, derivando dessa variação o 'nível médio', que deve ser considerado para fins de consideração da atividade como danosa à saúde do trabalhador" - TRF1, PRIMEIRA TURMA, AMS - Processo 200038000287366, Rel. Juiz Federal Guilherme Doehler (Conv.), e-DJF1, DATA:02/12/2008, PÁGINA: 28. 3. Permanece a possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em atividades especiais para comum após 1998, pois a partir da última reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida na Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n.8.213/1991. (Cf. REsp 1151363/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, 3ª Seção, julgado em 23/03/2011, DJe 05/04/2011 - representativo da controvérsia, art. 543-C, § 1º, do CPC). 4. No que diz respeito ao uso de equipamentos de segurança de proteção individual obrigatório, o entendimento jurisprudencial é no sentido de que este não descaracteriza a especialidade do trabalho. 5. No caso dos presentes autos, o PPP de e-fls. 18/22 revela que o autor ficou exposto aos seguintes níveis de ruído em cada período: a) 01/08/1990 a 30/11/1991 - 87,32 dB (A); b) 01/12/1991 a 31/08/1994 - 87,32 dB (A); c) 01/09/1994 a 30/04/1999 - 89,00 dB (A); d) 01/05/1999 a13/01/2011 - 92,30 dB (A). 6. Assim, não merece reparos a sentença ao reconhecer o direito à especialidade quanto aos períodos de 01/08/1990 a 05/03/1997 (eis que a exposição foi superior a 80 dB) e de 19/11/2003 a 13/01/2011 (porque a exposição foi superior a 85 dB), bem como à conversão desses períodos em tempo comum pelo fator 1,4, e consequente concessão da aposentadoria integral por tempo de contribuição, desde a DER. 7. A ausência de afirmação, expressa, de que o segurado laborava em condições especiais de forma “ habitual e permanente” não pode ser interpretada em desfavor do obreiro. Isso porque o cargo ocupado pelo segurado, as atividades por ele desenvolvidas e o local onde o serviço era prestado indicam que a PAJ 2014/035-03340 submissão aos agentes especiais se dava de forma constante, não ocasional nem intermitente. (Grifo nosso) E é a legislação mencionada que deve ser aplicada aos períodos trabalhados pelo requerente em condições especiais, porquanto para efeito de caracterização e comprovação do tempo de atividade exercido sob condições especiais deve ser aplicado o disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. Nesse sentido, encontra-se o art. 70 do Decreto 3048/99: 70. A conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: § 1º A caracterização e a comprovação do tempo de atividade sob condições especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. §2º As regras de conversão de tempo de atividade sob condições especiais em tempo de atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao trabalho prestado em qualquer período”. Grifei T TEMPO A CONVERTER MULTIPLICADORES m MULHER (PARA 30) H HOMEM (PARA 35) D DE 15 ANOS 2 2,00 2 2,33 D DE 20 ANOS 1 1,50 1 1,75 D DE 25 ANOS 1 1,20 1 1,40 PAJ 2014/035-03340 Sendo assim, é vedada a exigência de formulários emitidos pelas empresas com base em laudos técnicos expedidos por médicos ou engenheiros de segurança do trabalho, para comprovação da existência de condições de insalubridade em relação a atividades exercidas anteriormente à lei 9032/95. Contudo, os períodos laborados em atividade especial, subsequentes a mencionada lei, estão devidamente comprovados pelos laudos PPP e LTCAT, emitido por profissional habilitado, qual seja o engenheiro de segurança do trabalho. ADMINISTRATIVO. PREVIDENCIÁRIO. CELETISTA. CONVERSÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO EM ESPECIAL. ATIVIDADES EXERCIDAS SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS PARA A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. OPÇÃO. BENEFÍCIO MAIS VANTAJOSO. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. 1. Apelante que postulou a conversão do benefício previdenciário 'aposentadoria por tempo de contribuição', em 'aposentadoria especial', uma vez que prestou serviço em condições especiais, por mais de 25 (vinte e cinco) anos, sob o regime celetista. 2. Antes da edição da Lei nº 9.032, de 28-4-95, que alterou os artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, estabelecia-se que a comprovação do exercício de atividades em condições insalubres dar-se-ia mediante os formulários DSS 8030 (SB-40); outrossim, bastava que a atividade exercida pelo trabalhador, ou que a substância fosse prejudicial à sua saúde, estivesse listada no Decreto nº 53.831/64 ou de nº 83.080/79, dispensando-se, inclusive, a apresentação de laudo técnico. 3. O rol de profissões previsto nos Decretos nºs 53.831/64 e 83.080/79 possui caráter meramente exemplificativo, não tendo o condão de obstar o reconhecimento de outras atividades como insalubres, se devidamente demonstradas as condições nocivas à saúde do trabalhador. 4. Prova do caráter especial da atividade de motorista e de vigia armado, visto que tais atividades estão devidamente enquadradas nos códigos 2.5.7, do Anexo III, 2.4.4 do Decreto nº 53.831/64, 2.4.2 do Decreto nº 83.080/79, prevalecendo a presunção legal decorrente do exercício da atividade profissional. 5. Documentação comprobatória das atividades exercidas -contratos de trabalho lavrados na Carteira de Trabalho e Previdência Social -CTPS (fls. 24 e 29), dos formulários DSS-8030 (fls. 33, 40, 42, 43 e 44), dos Laudos Técnicos das Condições Ambientais de Trabalho - LTCAT (fls. 47/49), do Laudo Técnico (fls. 36/39), do Perfil Profissiográfico Previdenciário - PPP (fls. 45/46), que dão mostras suficientes do fato da exposição excessiva a agentes agressivos -ruído acima de 90 (noventa) decibéis-, nível superior aos limites estabelecidos nos Decretos que regulamentaram a matéria. 6. O segurado pode PAJ 2014/035-03340 optar por um benefício mais vantajoso. Precedentes. O Autor faz jus, portanto, à aposentadoria especial, a contar do requerimento administrativo -10.07.2002-, com o pagamento das respectivas diferenças, ressalvadas as atingidas pela prescrição quinquenal, já que foram satisfeitos os requisitos necessários ao deferimento do pleito, na medida em que demonstrou ter exercidotempo de serviço 'especial', de 30 (trinta) anos, 10 (dez) meses e 8 (oito) dias. 7. Juros de mora e correção monetária fixados nos termos que dispôs a Lei nº 11.960/09, posto que o feito foi ajuizado após a edição deste diploma legal. 8. Honorários advocatícios fixados em R$ 1.000,00 (mil reais), o que se mostra em conformidade com o disposto no art. 20, parágrafo 4º, do vigente CPC. Apelação provida. (AC 00067979320104058300, Desembargador Federal Geraldo Apoliano, TRF5 - Terceira Turma, DJE - Data::28/06/2011 – Página::320). Grifei De acordo com os PPP´s em anexo, o autor esteve exposto à ruídos no período compreendido entre 02/03/1982 à 23/09/1986, quando exerceu o cargo de batedor na empresa Unitêxtil, bem como no período de 24/08/1987 à 25/01/1988, quando exerceu o cargo de ajudante de produção na empresa Esmaltec. Dessa forma o autor, conforme parecer da contadoria da DPU, logrou integralizar 35 anos, 10 meses e 02 dias, portanto, restou implementado o tempo de contribuição suficiente para aquisição do direito à aposentadoria integral, reputando-se indevida a negativa da autarquia na concessão do benefício, na conformidade do art. 201 da Constituição Federal, complementado pelo art. 39, IV, b do Decreto 3048/99. 4.3 – DO TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO E DO PREENCHIMENTO DA CARÊNCIA: A concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a teor do artigo 188 do Decreto 3.048/99, exige os seguintes requisitos: I - contar cinquenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e b) um período adicional de contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea "a". PAJ 2014/035-03340 A parte autora cumpriu a carência exigida de 180 contribuições mensais, nos termos do art. 25, II da Lei 8.213/91, uma vez que realizou 377 contribuições até o dia 26/11/2014, conforme se verificam em parecer da contadoria da DPU/CE. Segundo a Constituição Federal, após a modificação ocorrida com a Emenda Constitucional nº 20, de 1998, a aposentadoria por tempo de contribuição dos homens se dá com 35 anos de contribuição12. Entretanto, é possível a aposentação, nos termos do art. 188 do Decreto 3.048/99, do segurado inscrito até 16 de dezembro de 1998. Dessa forma, como o autor satisfaz todos os requisitos exigidos em lei, faz jus à concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição Proporcional. 4.4 – DA IMPLEMENTAÇÃO DO TEMPO MÍNIMO NECESSÁRIO À APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO A negativa do INSS foi equivocada, pois considerou que até a primeira DER (04/11/2013) precisaria de 35 anos 00 meses e 00 dias, tendo contabilizado, segundo o INSS, respectivamente, nos referidos períodos, 34 anos 08 meses e 04 dias e 32 anos 04 meses e 25 dias, ou seja, em DER posterior e na segunda DER (27/03/2014), a Autarquia Previdenciária reduziu o tempo de contribuição até então apurado, conforme se extrai das cartas de indeferimento em anexo. . Porém, conforme parecer da Contadoria desta DPU, o tempo de contribuição efetivamente apurado é de 35 anos, 10 meses e 11 dias. 1 Art. 201. § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; 2 Art. 201. § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; PAJ 2014/035-03340 Ademais, inicialmente, a autarquia previdenciária contabilizou até a data de 04/11/2013 19 anos, 09 meses e 16 dias, e, posteriormente, em 27/03/2014, reduziu esse tempo para 17 anos 01 mês e 14 dias. Na data da entrada do requerimento do benefício, o assistido já havia superado o tempo necessário, tendo implementado um total de 35 anos, 10 meses e 11 dias. Sendo assim, resta demonstrado, por meio dos pareceres elaborados pela Contadoria da Defensoria Pública da União, os equívocos cometidos pelo INSS que levaram à negativa da aposentadoria do assistido, bem como o fato de que o autor possui tempo de contribuição suficiente para aquisição do direito à aposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais, na forma do art. 52 da Lei 8.213/91 e do art. 188 do Decreto 3.048/99, de acordo com a redação dada pelo Dec. 4729/03. Não restam, portanto, dúvidas quanto à possibilidade de conversão de tempo exercido em condições especiais em tempo comum, com acréscimo compensatório ao segurado. 4.5 – TERMO INICIAL DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO O ato de concessão do benefício de aposentadoria pelo INSS deverá ser precedido de requerimento administrativo, conforme a doutrina e a jurisprudência. Há, inclusive, a Enunciado nº 77 (FONAJEF) que diz: “O ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social reclama prévio requerimento administrativo”. Neste diapasão, sendo proposta ação judicial para fins de concessão de benefício previdenciário em razão da negativa na via administrativa pelo INSS, é de se reconhecer que o benefício será devido desde a data do requerimento, nos termos do art. 54 c/c 49, I, “b”. Por fim, reconhecido judicialmente o direito à aposentadoria, deve esta ser concedida desde a data do requerimento administrativo (27/03/2014), conforme jurisprudência adiante colacionada: PAJ 2014/035-03340 PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. TRABALHADOR RURAL E URBANO. RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA TESTEMUNHAL. SOMA DOS DOIS PERÍODOS PARA EFEITO DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. (...) V. O termo inicial da obrigação deve ser considerado como a data do requerimento administrativo do benefício ou, na sua ausência, o da citação válida do INSS. No caso em tela, será considerado a data do requerimento administrativo 15.04.2003, observada a prescrição qüinqüenal. (...). APELREEX 00001413320114059999, Quarta Turma, TRF-5, Des. Fed. Margarida Cantarelli, DJ 28.04.201. Ademais, no intervalo entre o pedido administrativo e a efetiva concessão, há necessidade de ocorrer o pagamento das parcelas vencidas, tendo em vista que o autor já fazia jus ao benefício reclamado desde o requerimento administrativo. Entendimento contrário culminaria no enriquecimento ilícito do Instituto da Seguridade Social, que estaria, dessa forma, deixando de pagar o benefício indevidamente negado. 5 – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA É imprescindível, no caso em tela, a antecipação dos efeitos da tutela. No âmbito dos Juizados Especiais Federais Cíveis e Criminais, a Lei n° 10.259/2001, em seu artigo 4°, preceitua que “o Juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar dano de difícil reparação”. O art. 273 do Código de Processo Civil faculta ao juiz antecipar a tutela pretendida no pedido inicial desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação. No que tange à verossimilhançada alegação, encontra-se devidamente demonstrada por toda a argumentação exposta, referente ao efetivo e indiscutível erro do INSS ao negar ao autor o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, conforme documentação acostada. Assim, frente à realidade da parte autora, tendo em vista o CARÁTER ALIMENTAR DO BENEFÍCIO, bem como diante da sua manifesta PAJ 2014/035-03340 HIPOSSUFICIÊNCIA, cujo direito à subsistência constitui consectário inafastável do direito fundamental à vida, insculpido no caput do art. 5.º da Carta Política de 1988, resta atendido de forma integral o requisito do art. 273, I, do Código de Processo Civil, razão pela qual deve ser determinado ao INSS a imediata concessão da aposentadoria por tempo de contribuição ao autor . 6 - DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer o autor: a) a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser pessoa necessitada nos termos da Lei nº 1.060/50; b) a citação do INSS, através de seu representante legal, para, querendo, contestar os termos do pedido, sob pena de revelia, na forma do artigo 319 do CPC; c) concessão da tutela antecipada, nos termos do art. 273 do CPC, ante a prova inequívoca dos fatos e a existência de justo receio de danos de natureza irreparável ou de difícil reparação, determinando-se ao INSS que promova a imediata implantação do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com proventos proporcionais ao postulante, eis que necessita do benefício para sua subsistência; c) o julgamento procedente do pedido para o fim de condenar o INSS na obrigação de reconhecer a implementação dos requisitos legais para o benefício pelo autor e a concedê-lo, além da obrigação de pagar as parcelas vencidas, desde o o primeiro requerimento administrativo em 04/11/2013, e vincendas, determinado a implantação do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição; d) averbação de todos os vínculos constantes em CTPS, CNIS e PPP do autor, uma vez que não se sabe ao certo o motivo da PAJ 2014/035-03340 redução de tempo de contribuição entre o primeiro e o segundo requerimento administrativo, bem como a conversão de tempo especial em comum dos períodos laborados em condição especial como motorista/cobrador de ônibus e ainda em condições insalubres em razão de ruído. O autor renuncia aos valores que, eventualmente, venham a superar a alçada dos Juizados Especiais Federais. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito, inclusive por prova testemunhal, pericial e juntada de novos documentos. Dá-se á causa o valor de R$ 17.336,00 (dezessete mil, trezentos e trinta e seis reais) correspondente às parcelas vencidas com doze parcelas vincendas pelo exame conjugado da Lei n.º 10.259/2001 com o art. 260 do CPC (CC n.46732/MS-STJ). Nesses termos, pede deferimento. Fortaleza/CE, 20 de janeiro de 2015 Nnn OAB
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