Buscar

10.07 Inicial tempo especial ruido + tempo CNIS aposentadoria por tempo (1)

Prévia do material em texto

PAJ 2014/035-03340 
 
 
EXMO(A) SR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA __ª VARA DA SEÇÃO 
JUDICIÁRIA NO ESTADO DO CEARÁ – JUIZADO ESPECIAL 
FEDERAL 
 
 
 
LUIZ nnnn, brasileiro, casado, comerciante, inscrito sob o RG n° 
nnn3 – SSP/CE, e CPF nº nnnn, residente e domiciliado na nnn, vem, com o devido 
respeito, à presença de V. Exa., através do advogado abaixo assinado que ao final 
subscrevem, com fulcro no art. 48 da Lei nº 8.213/91, promover a presente 
 
AÇÃO PREVIDENCIÁRIA PARA CONCESSÃO DE APOSENTADORIA POR 
TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DE TUTELA 
 
em face do INSS - Instituto Nacional do Seguro Social, autarquia federal com 
endereço na Rua Pedro Pereira, nº 383, Centro, Fortaleza-CE, o que faz em razão dos 
fatos e fundamentos jurídicos que passa a expor: 
 
SINOPSE FÁTICA 
Em 04/11/2013 (DER), o Sr. Balduino requereu administrativamente 
junto ao INSS o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição (NB 
163.868.542-5), o qual lhe foi negado, conforme demonstrado em carta de 
indeferimento em anexo, sob o fundamento de que lhe falta tempo de contribuição até 
16/12/1998 ou até a DER, especificando que o tempo de contribuição apurado, até o 
momento, era de 34 anos 08 meses e 04 dias. 
Passados os 04 (quatro) meses faltantes para completar os 35 (trinta e 
cinco) anos de contribuição, em 27/03/2014 (DER), o assistido dirigiu-se mais uma vez 
à Autarquia Previdenciária, com o fito de requerer novamente o referido benefício (NB 
165.181.014-9), entretanto, este foi negado, sob a mesma razão anterior, sendo que, 
desta vez, o tempo de contribuição apurado, até o momento, seria de 32 anos 04 meses 
e 25 dias, conforme carta de indeferimento em anexo. 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
Por óbvio, a autarquia previdenciária equivocou-se nos cálculos, uma vez 
que reduziu o período de contribuição até então contabilizado, razão pela qual solicitou-
se parecer do Setor de Contadoria desta DPU. 
No parecer emitido pela contadoria da DPU, em anexo, consta que, após 
análise da CTPS do CNIS e dos laudos e PPPs do Sr. Balduino, chegou-se a um total de 
35 anos 10 meses e 2 dias, equivalentes à 377 contribuições na DER 26/11/2014, 
preenchendo, portanto, todos os requisitos necessários, desde o primeiro requerimento, 
como demonstrado a seguir. 
Vale ressaltar que, ainda conforme parecer da Contadoria, os vínculos 
empregatícios Unitêxtil – União Industrial Têxtil S/A e Tecnomecânica Esmaltec 
LTDA., foram calculados mediante fator especial de ruído, ou seja, com fator 1,40 
após apresentação dos PPP´s referentes à estes vínculos, em anexo. 
Já no que se refere à empresa Autoviária São Vicente de Paulo, foi 
considerado como fator especial até o dia 28/04/1995 devido ao exercício da atividade 
de cobrador de ônibus urbano, pelo simples enquadramento da atividade, conforme 
legislação vigente a época. 
Ante o exposto, vem o promovente recorrer à tutela jurisdicional do 
Estado, com base nos fundamentos a seguir, a fim de que lhe seja assegurado a 
contagem do tempo de contribuição, nos termos da análise referida no parecer da 
Contadoria da DPU/CE, com o fim de ter implantada a sua aposentadoria por tempo de 
contribuição desde a data do primeiro requerimento administrativo, haja vista que seu 
tempo de atividade já lhe permite a concessão do benefício, conforme será demonstrado 
a seguir. 
 
 
4- DO DIREITO 
4.1 – DA PREVISÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DO BENEFÍCIO 
PLEITEADO: 
A aposentadoria por tempo de contribuição encontra amparo no art. 201, 
§7º da Constituição Federal de 1988: 
“§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de 
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes 
condições: 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos 
de contribuição, se mulher;” 
 
Ademais, a parte autora embasa seu pedido na forma do art. 201, § 7º, 
inciso I, da CRFB/88, na Lei nº 8.213/91 e no Decreto 3.048. 
A atual Constituição Federal assim trata a matéria referente à 
aposentadoria, dispondo em seu art. 201, § 7º, inciso I, in verbis: 
 
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de 
regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, 
observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e 
atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: 
I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade 
avançada; 
(...) 
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de 
previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes 
condições: 
I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos 
de contribuição, se mulher; 
 
Já o Decreto 3.048/99 em seu art.188 dispõe: 
 
Art. 188. O segurado filiado ao Regime Geral de Previdência 
Social até 16 de dezembro de 1998, cumprida a carência 
exigida, terá direito a aposentadoria, com valores 
proporcionais ao tempo de contribuição, quando, 
cumulativamente: 
I - contar cinqüenta e três anos ou mais de idade, se homem, e 
quarenta e oito anos ou mais de idade, se mulher; e 
II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: 
a) trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e 
b) um período adicional de contribuição equivalente a, no 
mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de dezembro 
de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da 
alínea "a". 
 
4.2- DO RECONHECIMENTO DO PERÍODO DE TRABALHO SOB 
CONDIÇÕES ESPECIAIS 
 
 
Nossa legislação prevê, para o trabalhador submetido a condições de 
insalubridade, redução do tempo necessário à inativação como compensação pelo 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
período trabalhado em condições inadequadas. Esse período de trabalho necessário à 
aposentação pode ser de 15, 20 ou 25 anos, conforme o caso. 
 
Além disso, para aqueles que não cumprirem todo o período trabalhado 
sob condições especiais, é possível a sua conversão em tempo comum, utilizando-se, 
para tanto, de um fator de correção. Consoante o § 5º, do art. 57 da Lei nº 8.213/91: 
 
“§ 5º O tempo de trabalho exercido 
em condições especiais que sejam ou venham a ser 
consideradas prejudiciais à saúde ou à integridade física será 
somado, após a respectiva conversão ao tempo de trabalho 
exercido em atividade comum, segundo critérios estabelecidos 
pelo Ministério da Previdência e Assistência Social, para efeito 
de concessão de qualquer benefício.” 
 
Assim têm se posicionado os Tribunais superiores Pátrios: 
 
PROCESSUAL CIVIL E PREVIDENCIÁRIO. AÇÃO 
RESCISÓRIA. ERRO DE FATO. NÃO OCORRÊNCIA. 
APOSENTADORIA POR TEMPO DE SERVIÇO. 
CONVERSÃO DE TEMPO DE SERVIÇO ESPECIAL EM 
COMUM. EXPOSIÇÃO A RUÍDO. LIMITE MÍNIMO. 
DIREITO ADQUIRIDO À CONVERSÃO. SÚMULA 343/STF. 
INAPLICABILIDADE. 
1. O erro de fato a autorizar a procedência da ação, com 
fundamento no artigo485, inciso IX, do Código de Processo 
Civil e orientando-se pela solução pro misero, consiste no 
reconhecimento da desconsideração de prova constante dos autos 
(AR n. 2.544/MS, Relatora Ministra Maria Thereza de Assis 
Moura, Revisor Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, Terceira 
Seção, DJe 20/11/2009). 
2. Deve-se reconhecer, como especial, até 5/3/1997, o tempo de 
serviço exercido com exposição a nível de ruído superior a 80 
decibéis. 
3. Na linha da firme jurisprudência desta Corte, há direito 
adquirido ao cômputo diferenciado do tempo de serviço 
prestado em condições especiais, sendo possível a conversão, 
para comum, do tempo especial. 
4. É inaplicável a Súmula 343/STF quando a questão 
controvertida remonta àConstituição Federal. 
5. Ação rescisória procedente. (Grifo nosso)PAJ 2014/035-03340 
 
PREVIDENCIÁRIO. RECONHECIMENTO DE TEMPO 
ESPECIAL. AGENTE NOCIVO: RUÍDO. CONVERSÃO EM 
TEMPO COMUM. CONCESSÃO DE APOSENTADORIA 
INTEGRAL POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO. 
1. De acordo com a orientação do Superior Tribunal de 
Justiça, é considerada especial a atividade exercida com 
exposição a ruídos superiores a 80 dB até entrada em vigor do 
Decreto 2.172/97; após essa data, no período compreendido entre 
06/03/1997 a 18/11/2003, data da entrada em vigor do 
Decreto 4.882/03, considerando o princípio tempus regit actum, o 
limite de ruído aplicável para fins de conversão de tempo de 
serviço especial em comum é de 90 dB; a partir do dia 
19/11/2003, incide o limite de 85 dB. Precedentes do STJ. 
2. "Para caracterização de determinada atividade como 
especial não é necessário que o trabalhador permaneça 
exposto ao nível máximo de ruído aludido na legislação 
durante toda a sua jornada de trabalho. Se há momentos em 
que o trabalhador é exposto a níveis de ruído inferiores ao 
máximo, é certo que também há outros em que permanece 
exposto a níveis superiores ao máximo, derivando dessa 
variação o 'nível médio', que deve ser considerado para fins 
de consideração da atividade como danosa à saúde do 
trabalhador" - TRF1, PRIMEIRA TURMA, AMS - Processo 
200038000287366, Rel. Juiz Federal Guilherme Doehler (Conv.), 
e-DJF1, DATA:02/12/2008, PÁGINA: 28. 3. Permanece a 
possibilidade de conversão do tempo de serviço exercido em 
atividades especiais para comum após 1998, pois a partir da 
última reedição da MP n. 1.663, parcialmente convertida na 
Lei 9.711/1998, a norma tornou-se definitiva sem a parte do texto 
que revogava o referido § 5º do art. 57 da Lei n.8.213/1991. (Cf. 
REsp 1151363/MG, Rel. Min. Jorge Mussi, 3ª Seção, julgado em 
23/03/2011, DJe 05/04/2011 - representativo da controvérsia, 
art. 543-C, § 1º, do CPC). 4. No que diz respeito ao uso de 
equipamentos de segurança de proteção individual 
obrigatório, o entendimento jurisprudencial é no sentido de 
que este não descaracteriza a especialidade do trabalho. 5. No 
caso dos presentes autos, o PPP de e-fls. 18/22 revela que o autor 
ficou exposto aos seguintes níveis de ruído em cada período: a) 
01/08/1990 a 30/11/1991 - 87,32 dB (A); b) 01/12/1991 a 
31/08/1994 - 87,32 dB (A); c) 01/09/1994 a 30/04/1999 - 89,00 
dB (A); d) 01/05/1999 a13/01/2011 - 92,30 dB (A). 6. Assim, não 
merece reparos a sentença ao reconhecer o direito à especialidade 
quanto aos períodos de 01/08/1990 a 05/03/1997 (eis que a 
exposição foi superior a 80 dB) e de 19/11/2003 a 13/01/2011 
(porque a exposição foi superior a 85 dB), bem como à conversão 
desses períodos em tempo comum pelo fator 1,4, e consequente 
concessão da aposentadoria integral por tempo de contribuição, 
desde a DER. 7. A ausência de afirmação, expressa, de que o 
segurado laborava em condições especiais de forma “ habitual e 
permanente” não pode ser interpretada em desfavor do obreiro. 
Isso porque o cargo ocupado pelo segurado, as atividades por ele 
desenvolvidas e o local onde o serviço era prestado indicam que a 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
submissão aos agentes especiais se dava de forma constante, não 
ocasional nem intermitente. (Grifo nosso) 
 
 
E é a legislação mencionada que deve ser aplicada aos períodos 
trabalhados pelo requerente em condições especiais, porquanto para efeito de 
caracterização e comprovação do tempo de atividade exercido sob condições especiais 
deve ser aplicado o disposto na legislação em vigor na época da prestação do serviço. 
Nesse sentido, encontra-se o art. 70 do Decreto 3048/99: 
 
70. A conversão de tempo de 
atividade sob condições especiais em tempo de atividade 
comum dar-se-á de acordo com a seguinte tabela: 
 
 
 
 
 
 
 
§ 
 
 
 
1º A caracterização e a 
comprovação do tempo de atividade sob condições 
especiais obedecerá ao disposto na legislação em vigor 
na época da prestação do serviço. 
 
§2º As regras de conversão de 
tempo de atividade sob condições especiais em tempo de 
atividade comum constantes deste artigo aplicam-se ao 
trabalho prestado em qualquer período”. Grifei 
 
T
 TEMPO A 
CONVERTER 
MULTIPLICADORES 
m
MULHER (PARA 
30) 
H
HOMEM (PARA 
35) 
D
DE 15 ANOS 
2
2,00 
2
2,33 
D
DE 20 ANOS 
1
1,50 
1
1,75 
D
DE 25 ANOS 
1
1,20 
1
1,40 
 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
Sendo assim, é vedada a exigência de formulários emitidos pelas 
empresas com base em laudos técnicos expedidos por médicos ou engenheiros de 
segurança do trabalho, para comprovação da existência de condições de 
insalubridade em relação a atividades exercidas anteriormente à lei 9032/95. 
 
Contudo, os períodos laborados em atividade especial, subsequentes a 
mencionada lei, estão devidamente comprovados pelos laudos PPP e LTCAT, emitido 
por profissional habilitado, qual seja o engenheiro de segurança do trabalho. 
 
ADMINISTRATIVO. PREVIDENCIÁRIO. CELETISTA. 
CONVERSÃO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE 
CONTRIBUIÇÃO EM ESPECIAL. ATIVIDADES 
EXERCIDAS SOB CONDIÇÕES ESPECIAIS. 
PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS LEGAIS PARA 
A CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. OPÇÃO. BENEFÍCIO 
MAIS VANTAJOSO. POSSIBILIDADE. HONORÁRIOS 
ADVOCATÍCIOS. 1. Apelante que postulou a conversão do 
benefício previdenciário 'aposentadoria por tempo de 
contribuição', em 'aposentadoria especial', uma vez que prestou 
serviço em condições especiais, por mais de 25 (vinte e cinco) 
anos, sob o regime celetista. 2. Antes da edição da Lei nº 9.032, 
de 28-4-95, que alterou os artigos 57 e 58 da Lei nº 8.213/91, 
estabelecia-se que a comprovação do exercício de atividades em 
condições insalubres dar-se-ia mediante os formulários DSS 
8030 (SB-40); outrossim, bastava que a atividade exercida pelo 
trabalhador, ou que a substância fosse prejudicial à sua saúde, 
estivesse listada no Decreto nº 53.831/64 ou de nº 83.080/79, 
dispensando-se, inclusive, a apresentação de laudo técnico. 3. O 
rol de profissões previsto nos Decretos nºs 53.831/64 e 
83.080/79 possui caráter meramente exemplificativo, não tendo 
o condão de obstar o reconhecimento de outras atividades como 
insalubres, se devidamente demonstradas as condições nocivas 
à saúde do trabalhador. 4. Prova do caráter especial da atividade 
de motorista e de vigia armado, visto que tais atividades 
estão devidamente enquadradas nos códigos 2.5.7, do Anexo 
III, 2.4.4 do Decreto nº 53.831/64, 2.4.2 do Decreto nº 
83.080/79, prevalecendo a presunção legal decorrente do 
exercício da atividade profissional. 5. Documentação 
comprobatória das atividades exercidas -contratos de 
trabalho lavrados na Carteira de Trabalho e Previdência 
Social -CTPS (fls. 24 e 29), dos formulários DSS-8030 (fls. 
33, 40, 42, 43 e 44), dos Laudos Técnicos das Condições 
Ambientais de Trabalho - LTCAT (fls. 47/49), do Laudo 
Técnico (fls. 36/39), do Perfil Profissiográfico Previdenciário 
- PPP (fls. 45/46), que dão mostras suficientes do fato da 
exposição excessiva a agentes agressivos -ruído acima de 90 
(noventa) decibéis-, nível superior aos limites estabelecidos nos 
Decretos que regulamentaram a matéria. 6. O segurado pode 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
optar por um benefício mais vantajoso. Precedentes. O Autor 
faz jus, portanto, à aposentadoria especial, a contar do 
requerimento administrativo -10.07.2002-, com o pagamento 
das respectivas diferenças, ressalvadas as atingidas pela 
prescrição quinquenal, já que foram satisfeitos os requisitos 
necessários ao deferimento do pleito, na medida em que 
demonstrou ter exercidotempo de serviço 'especial', de 30 
(trinta) anos, 10 (dez) meses e 8 (oito) dias. 7. Juros de mora e 
correção monetária fixados nos termos que dispôs a Lei nº 
11.960/09, posto que o feito foi ajuizado após a edição deste 
diploma legal. 8. Honorários advocatícios fixados em R$ 
1.000,00 (mil reais), o que se mostra em conformidade com o 
disposto no art. 20, parágrafo 4º, do vigente CPC. Apelação 
provida. 
(AC 00067979320104058300, Desembargador Federal Geraldo 
Apoliano, TRF5 - Terceira Turma, DJE - Data::28/06/2011 – 
Página::320). Grifei 
 
De acordo com os PPP´s em anexo, o autor esteve exposto à ruídos no período 
compreendido entre 02/03/1982 à 23/09/1986, quando exerceu o cargo de batedor na empresa 
Unitêxtil, bem como no período de 24/08/1987 à 25/01/1988, quando exerceu o cargo de 
ajudante de produção na empresa Esmaltec. 
 
Dessa forma o autor, conforme parecer da contadoria da DPU, logrou 
integralizar 35 anos, 10 meses e 02 dias, portanto, restou implementado o tempo de 
contribuição suficiente para aquisição do direito à aposentadoria integral, reputando-se 
indevida a negativa da autarquia na concessão do benefício, na conformidade do art. 
201 da Constituição Federal, complementado pelo art. 39, IV, b do Decreto 3048/99. 
 
4.3 – DO TEMPO MÍNIMO DE CONTRIBUIÇÃO E DO PREENCHIMENTO 
DA CARÊNCIA: 
 
A concessão do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, a 
teor do artigo 188 do Decreto 3.048/99, exige os seguintes requisitos: I - contar 
cinquenta e três anos ou mais de idade, se homem, e quarenta e oito anos ou mais de 
idade, se mulher; e II - contar tempo de contribuição igual, no mínimo, à soma de: a) 
trinta anos, se homem, e vinte e cinco anos, se mulher; e b) um período adicional de 
contribuição equivalente a, no mínimo, quarenta por cento do tempo que, em 16 de 
dezembro de 1998, faltava para atingir o limite de tempo constante da alínea "a". 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
A parte autora cumpriu a carência exigida de 180 contribuições 
mensais, nos termos do art. 25, II da Lei 8.213/91, uma vez que realizou 377 
contribuições até o dia 26/11/2014, conforme se verificam em parecer da 
contadoria da DPU/CE. 
Segundo a Constituição Federal, após a modificação ocorrida com a 
Emenda Constitucional nº 20, de 1998, a aposentadoria por tempo de contribuição dos 
homens se dá com 35 anos de contribuição12. Entretanto, é possível a aposentação, nos 
termos do art. 188 do Decreto 3.048/99, do segurado inscrito até 16 de dezembro de 
1998. 
Dessa forma, como o autor satisfaz todos os requisitos exigidos em lei, 
faz jus à concessão do benefício de Aposentadoria por Tempo de Contribuição 
Proporcional. 
 
4.4 – DA IMPLEMENTAÇÃO DO TEMPO MÍNIMO NECESSÁRIO À 
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 
 
A negativa do INSS foi equivocada, pois considerou que até a primeira 
DER (04/11/2013) precisaria de 35 anos 00 meses e 00 dias, tendo contabilizado, 
segundo o INSS, respectivamente, nos referidos períodos, 34 anos 08 meses e 04 dias e 
32 anos 04 meses e 25 dias, ou seja, em DER posterior e na segunda DER (27/03/2014), 
a Autarquia Previdenciária reduziu o tempo de contribuição até então apurado, 
conforme se extrai das cartas de indeferimento em anexo. 
. Porém, conforme parecer da Contadoria desta DPU, o tempo de 
contribuição efetivamente apurado é de 35 anos, 10 meses e 11 dias. 
 
1
 Art. 201. 
 § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as 
seguintes condições: 
 I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; 
 
2
 Art. 201. 
 § 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as 
seguintes condições: 
 I - trinta e cinco anos de contribuição, se homem, e trinta anos de contribuição, se mulher; 
 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
Ademais, inicialmente, a autarquia previdenciária contabilizou até a data 
de 04/11/2013 19 anos, 09 meses e 16 dias, e, posteriormente, em 27/03/2014, reduziu 
esse tempo para 17 anos 01 mês e 14 dias. 
 
Na data da entrada do requerimento do benefício, o assistido já havia 
superado o tempo necessário, tendo implementado um total de 35 anos, 10 meses e 11 
dias. 
Sendo assim, resta demonstrado, por meio dos pareceres elaborados pela 
Contadoria da Defensoria Pública da União, os equívocos cometidos pelo INSS que 
levaram à negativa da aposentadoria do assistido, bem como o fato de que o autor 
possui tempo de contribuição suficiente para aquisição do direito à aposentadoria por 
tempo de contribuição com proventos proporcionais, na forma do art. 52 da Lei 
8.213/91 e do art. 188 do Decreto 3.048/99, de acordo com a redação dada pelo Dec. 
4729/03. 
Não restam, portanto, dúvidas quanto à possibilidade de conversão de 
tempo exercido em condições especiais em tempo comum, com acréscimo 
compensatório ao segurado. 
 
4.5 – TERMO INICIAL DE CONCESSÃO DO BENEFÍCIO DE 
APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO 
 
O ato de concessão do benefício de aposentadoria pelo INSS deverá ser 
precedido de requerimento administrativo, conforme a doutrina e a jurisprudência. Há, 
inclusive, a Enunciado nº 77 (FONAJEF) que diz: “O ajuizamento da ação de 
concessão de benefício da seguridade social reclama prévio requerimento 
administrativo”. 
Neste diapasão, sendo proposta ação judicial para fins de concessão de 
benefício previdenciário em razão da negativa na via administrativa pelo INSS, é de se 
reconhecer que o benefício será devido desde a data do requerimento, nos termos do art. 
54 c/c 49, I, “b”. 
Por fim, reconhecido judicialmente o direito à aposentadoria, deve esta 
ser concedida desde a data do requerimento administrativo (27/03/2014), conforme 
jurisprudência adiante colacionada: 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
 
PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR TEMPO DE 
SERVIÇO. TRABALHADOR RURAL E URBANO. 
RECONHECIMENTO DE TEMPO DE SERVIÇO RURAL. INÍCIO 
DE PROVA MATERIAL CORROBORADO POR PROVA 
TESTEMUNHAL. SOMA DOS DOIS PERÍODOS PARA EFEITO 
DE CONCESSÃO DE APOSENTADORIA. POSSIBILIDADE. (...) 
V. O termo inicial da obrigação deve ser considerado como a data 
do requerimento administrativo do benefício ou, na sua ausência, 
o da citação válida do INSS. No caso em tela, será considerado a data 
do requerimento administrativo 15.04.2003, observada a prescrição 
qüinqüenal. (...). APELREEX 00001413320114059999, Quarta 
Turma, TRF-5, Des. Fed. Margarida Cantarelli, DJ 28.04.201. 
 
 Ademais, no intervalo entre o pedido administrativo e a efetiva 
concessão, há necessidade de ocorrer o pagamento das parcelas vencidas, tendo em vista 
que o autor já fazia jus ao benefício reclamado desde o requerimento administrativo. 
 Entendimento contrário culminaria no enriquecimento ilícito do Instituto 
da Seguridade Social, que estaria, dessa forma, deixando de pagar o benefício 
indevidamente negado. 
 
5 – DA ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA 
É imprescindível, no caso em tela, a antecipação dos efeitos da tutela. 
No âmbito dos Juizados Especiais Federais Cíveis e Criminais, a Lei n° 
10.259/2001, em seu artigo 4°, preceitua que “o Juiz poderá, de ofício ou a 
requerimento das partes, deferir medidas cautelares no curso do processo, para evitar 
dano de difícil reparação”. 
O art. 273 do Código de Processo Civil faculta ao juiz antecipar a tutela 
pretendida no pedido inicial desde que, existindo prova inequívoca, se convença da 
verossimilhança da alegação e haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil 
reparação. 
No que tange à verossimilhançada alegação, encontra-se devidamente 
demonstrada por toda a argumentação exposta, referente ao efetivo e indiscutível erro 
do INSS ao negar ao autor o benefício de aposentadoria por tempo de contribuição, 
conforme documentação acostada. 
Assim, frente à realidade da parte autora, tendo em vista o CARÁTER 
ALIMENTAR DO BENEFÍCIO, bem como diante da sua manifesta 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
HIPOSSUFICIÊNCIA, cujo direito à subsistência constitui consectário inafastável do 
direito fundamental à vida, insculpido no caput do art. 5.º da Carta Política de 1988, 
resta atendido de forma integral o requisito do art. 273, I, do Código de Processo Civil, 
razão pela qual deve ser determinado ao INSS a imediata concessão da aposentadoria 
por tempo de contribuição ao autor 
. 
 
6 - DOS PEDIDOS 
 
Diante do exposto, requer o autor: 
 
a) a concessão dos benefícios da justiça gratuita, por ser pessoa 
necessitada nos termos da Lei nº 1.060/50; 
b) a citação do INSS, através de seu representante legal, para, 
querendo, contestar os termos do pedido, sob pena de revelia, na 
forma do artigo 319 do CPC; 
c) concessão da tutela antecipada, nos termos do art. 273 do 
CPC, ante a prova inequívoca dos fatos e a existência de justo 
receio de danos de natureza irreparável ou de difícil reparação, 
determinando-se ao INSS que promova a imediata implantação 
do benefício de aposentadoria por tempo de contribuição com 
proventos proporcionais ao postulante, eis que necessita do 
benefício para sua subsistência; 
c) o julgamento procedente do pedido para o fim de condenar 
o INSS na obrigação de reconhecer a implementação dos 
requisitos legais para o benefício pelo autor e a concedê-lo, 
além da obrigação de pagar as parcelas vencidas, desde o o 
primeiro requerimento administrativo em 04/11/2013, e 
vincendas, determinado a implantação do benefício de 
aposentadoria por tempo de contribuição; 
d) averbação de todos os vínculos constantes em CTPS, CNIS e 
PPP do autor, uma vez que não se sabe ao certo o motivo da 
 
PAJ 2014/035-03340 
 
redução de tempo de contribuição entre o primeiro e o segundo 
requerimento administrativo, bem como a conversão de tempo 
especial em comum dos períodos laborados em condição 
especial como motorista/cobrador de ônibus e ainda em 
condições insalubres em razão de ruído. 
O autor renuncia aos valores que, eventualmente, venham a superar 
a alçada dos Juizados Especiais Federais. 
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em 
direito, inclusive por prova testemunhal, pericial e juntada de novos documentos. 
 
Dá-se á causa o valor de R$ 17.336,00 (dezessete mil, trezentos e trinta 
e seis reais) correspondente às parcelas vencidas com doze parcelas vincendas pelo 
exame conjugado da Lei n.º 10.259/2001 com o art. 260 do CPC (CC n.46732/MS-STJ). 
 
Nesses termos, pede deferimento. 
Fortaleza/CE, 20 de janeiro de 2015 
 
 
Nnn 
OAB

Continue navegando