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Pragas e Doenças da Soja


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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO 
INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PARÁ 
CAMPUS DE SANTARÉM 
CURSO TÉCNICO EM AGROPECUÁRIA 
 
 
 
Culturas Anuais - Soja Prof. M.Sc. Raimundo Sátiro dos Santos Ramos 
 
Pragas e Doenças da Soja 
 
Lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis) 
 
Descrição: 
As lagartas desta espécie podem apresentar coloração totalmente verde, 
pardo avermelhada ou preta, com estrias brancas sobre o dorso e são 
caracterizadas pela presença de cinco pares de falsas pernas abdominais, 
durante todo o período larval. Nos estádios iniciais, as lagartas penduram-se por 
um fio de seda, tanto para mudar de lugar na planta quanto para não caírem ao 
solo (o chamado estádio de “fio”) e se comportam como mede-palmo. Entretanto, 
quando mais desenvolvidas, perdem o hábito mede-palmo, são ativas e caem ao 
solo quando incomodadas. 
Sob condição de alta população podem apresentar coloração preta, 
mantendo as estrias brancas. Passam por seis estádios larvais, podendo atingir 
até 40 mm de comprimento e, em seguida, se transformam em pupas no solo. O 
adulto é uma mariposa de coloração variando entre cinza, marrom, bege, 
amarelo ou azul claro, tendo sempre presente uma linha transversal unindo as 
pontas do primeiro par de asas. O processo reprodutivo ocorre durante o período 
noturno, sendo os ovos depositados, isoladamente, no caule, nos ramos, nos 
pecíolos e na face inferior das folhas. Outros hospedeiros da praga são as 
leguminosas em geral, tais como alfafa e feijão. 
 
Ciclo de vida: 
 Duração média de 47 dias (ovo = 3 dias; lagarta = 15 dias; pupa = 9 dias; 
adulto = 20 dias; cada fêmea oviposita cerca de 1000 ovos). 
 
Danos: 
Durante a fase mede-palmo (de “fio”), as lagartas inicialmente raspam o 
tecido foliar. A partir do terceiro estádio consomem o limbo foliar e as nervuras, 
deixando pequenos buracos nas folhas, provocando reduções da área foliar e da 
taxa fotossintética. Nos casos mais severos, há perda total da folha, inclusive 
 
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das nervuras e do pecíolo. Em função da época do ataque, do nível da 
infestação e das condições ambientais, a redução da área foliar pode ocasionar 
perdas de produtividade. 
 
Nível de ação: 
 Em média, 40 lagartas grandes por batida de pano (dois metros lineares 
da cultura, ou uma batida de pano em duas linhas de cultivo de um metro cada), 
ou 30% de desfolha antes do florescimento e 15% de desfolha, a partir das 
primeiras flores. No manejo correto é recomendado, no mínimo, 10 amostragens 
(batidas de pano) para lavouras/talhões de 100 hectares cada. 
 
Controle: 
O controle biológico natural exercido pelo fungo Nomurea rileyi é muito 
efetivo em condições mais elevadas de umidade relativa e temperatura. Também 
é eficiente a aplicação de inseticidas biológicos ou químicos seletivos aos 
inimigos naturais. É importante considerar apenas lagartas pequenas para o uso 
de baculovírus, Bacillus thuringiensis ou inseticidas reguladores de crescimento 
de insetos, pois estas são as mais suscetíveis a estes tipos de tratamentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Percevejo verde (Nezara viridula) 
 
Descrição: 
Os ovos são depositados na face inferior das folhas de soja, em massas 
regulares, de forma hexagonal (semelhante a pedaços de favos de mel), 
contendo entre 50 e 100 ovos. No início, os ovos são de coloração amarelada, 
adquirindo coloração rosada com manchas vermelhas, próximo à eclosão das 
ninfas. Após a eclosão, as ninfas de primeiro estádio permanecem agrupadas 
em torno da postura ou se movimentam em grupo sobre as plantas. Neste 
estádio, apresentam coloração alaranjada, passando para preta no estádio 
posterior. A partir do terceiro estádio as ninfas abandonam o hábito gregário, 
iniciam os danos nos grãos da soja e são pretas com manchas amarelas no 
abdômen. No quarto estádio, as ninfas assumem coloração verde e preta com 
manchas brancas, amarelas e vermelhas sobre o dorso. No quinto estádio ficam 
verdes com manchas brancas, amarelas e vermelhas sobre o dorso e podem ser 
pretas na parte dorsal do abdômen. O adulto é um percevejo totalmente verde, 
com tamanho variando de 12 mm a 17 mm, tendo manchas avermelhadas nos 
últimos segmentos das antenas. A população do percevejo verde aumenta mais 
ao sul do Trópico de Capricórnio e é mais problemática na Região Sul do Brasil 
(PR, SC e RS). 
 
Ciclo de vida: 
Duração média de 57 dias (ovo = 12 dias; ninfa = 45 dias; adulto = 60 
dias). 
 
Período de danos dos percevejos: 
Início de formação de vagens até a maturação fisiológica. 
 
Danos causados pelos percevejos: 
Os percevejos sugam a seiva nos ramos, hastes ou vagens, injetam 
toxinas e/ou inoculam fungos que provocam manchas nos grãos. Quando sugam 
ramos, causam a retenção foliar (onde não há maturação fisiológica das folhas, 
 
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enquanto que as vagens maturam). Esta retenção foliar pode estar 
possivelmente associada ao desequilíbrio do ácido indolacético (AIA) na planta, 
decorrente da sucção causada pelos insetos. As plantas de soja que sofreram 
ataque severo de percevejos em um estádio crítico vão apresentar vagens 
chochas ou mal formadas e serão, conseqüentemente, plantas com carga 
reduzida de vagens. Para compensar essa falta de carga, a planta continua 
vegetando, podendo apresentar uma segunda florada, normalmente infértil, 
resultando na retenção foliar pela ausência de demanda pelos produtos da 
fotossíntese. As plantas com retenção foliar apresentam folhas, pecíolos e 
hastes verdes em intensidades variáveis e, normalmente, apresentam um 
grande número de vagens com grão chocho que, dependendo da intensidade do 
ataque, podem apresentar todas as vagens chochas. 
 Devido a esse intenso desequilíbrio a planta continua verde tentando 
repor a carga perdida. Uma retenção foliar também pode ser provocada pela 
ocorrência de outros fatores como: seca durante a floração até o 
desenvolvimento das vagens; excesso de água na maturação; falta de potássio 
(fome de K); alta relação Ca+Mg/K; e falta de vagens na planta. Quando o 
ataque dos percevejos ocorre nas vagens, as perdas podem atingir valores 
superiores a 30%. Quando atacam vagens em formação, podem causar o 
surgimento de vagens chocas, secas e/ou sem a formação de grãos e, em 
decorrência disso, as vagens secam e se tornam marrons. Se o ataque ocorrer 
nas vagens em fase de granação, podem aparecer deformações, murchamentos 
e manchas nos grãos.Neste caso os grãos podem perder o valor para a 
comercialização, por terem o teor de óleo reduzido. As perdas no poder 
germinativo das sementes podem ultrapassar 50%, além de terem queda no 
vigor. Quando o ataque dos percevejos se dá nos grãos, ocorre ainda perda na 
qualidade destes e também das sementes, principalmente pela inoculação do 
fungo Nematospora corylii, que causa a “mancha-delevedura”, também 
conhecida como “mancha-de-fermento”. Estas manchas nos grãos são induzidas 
especialmente por Nezara viridula e Piezodorus guildinii. O efeito da alimentação 
por sugadores de sementes, seja econômico (redução da produtividade da 
cultura no campo) ou ecológico (redução da aptidão da planta), resulta em morte 
 
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dos embriões e enfraquecimento das sementes e, conseqüentemente, 
diminuindo sua viabilidade, germinação e vigor. Da mesma forma, ocorrem 
reduções no número de sementes produzidas pela planta, alteração na 
composição química e introdução de patógenos. Em suma, os percevejos 
causam danos à soja pela redução da produtividade por efeitos nas vagens e/ou 
grãos, pelas reduções do poder germinativo e vigor das sementes, pelas 
reduções nos teores de proteínas e óleos dos grãos e ainda pela inoculação de 
patógenos nas sementes. Além disso, por promoverem a retenção foliar no final 
do ciclo da soja, o que, geralmente, leva a um maior uso de dessecantes. 
 
Nível de ação: 
Pesquisas apresentadas nas Comissões Nacionais de Soja durante a 
década de 80 levaram às seguintes recomendações: o controle deve ser iniciado 
quando forem encontrados quatro percevejos adultos ou ninfas com mais de 0,5 
cm, por batida de pano (2 m lineares de fileira de plantas/ batida de pano) e, 
para o caso de campos de produção de sementes, este nível deve ser reduzido 
para dois percevejos/ batida de pano. Atualmente, com o aumento da 
produtividade da soja e da redução no custo de controle químico, os níveis de 
controle hoje considerados, possivelmente devem ser reduzidos, uma vez que os 
valores estimados de produção subiram e os preços dos inseticidas caíram, 
levando a uma redução nos níveis de controle. Na Reunião da Comissão de Soja 
do ano de 2007 optou-se pelo uso do pano de batida em 1 m linear de fileira de 
planta (pano de batida 1,0m x 1,0m). Desta forma a população de ninfas e 
adultos foi reduzida pela metade no nível de controle. Durante as horas mais 
quentes do dia (entre as 10:00 horas e 16:00 horas) estes insetos não são 
facilmente localizáveis no campo, devendo ser evitado estes horários para as 
amostragens. As amostragens devem ter maior intensidade nas bordaduras da 
lavoura, onde, em geral, os percevejos iniciam seu ataque. Em função do uso de 
diferentes cultivares, pertencentes a diferentes grupos de maturação, as 
primeiras lavouras colhidas servem de fonte de infestação de percevejos para as 
lavouras vizinhas e, por isso, as cultivares mais tardias, que ainda estão 
desenvolvendo vagens e grãos, devem ser em levadas em consideração. Sendo 
 
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assim, recomenda-se muita atenção com essas lavouras de período tardio, pois 
a intensa e rápida migração dos insetos pode causar danos irreversíveis à soja. 
 
Controle: 
As recomendações gerais para o controle dos percevejos são válidas para 
todas as espécies de percevejos sugadores de sementes: a aplicação de 
inseticidas e/ou a liberação de inimigos naturais, como os parasitóides de ovos. 
É recomendado que se façam aplicações de inseticidas no manejo da palhada 
dos sistemas de semeadura direta visando reduzir as populações iniciais, 
principalmente se estas forem elevadas naquele momento, o que pode ser 
perfeitamente detectável através de vistorias prévias na palhada/cobertura. 
Também, a implementação de até três pulverizações de inseticidas nas 
bordaduras (150 m a 200 m de largura, durante a fase vegetativa) tem sido útil 
para controlar os percevejos migrantes, especialmente em cultivares tardias, 
antes que estes estabeleçam populações capazes de causar danos acentuados. 
Inclusive, trata-se de uma técnica muito seletiva aos inimigos naturais já que a 
área é pulverizada parcialmente. A pulverização de bordaduras é eficiente se o 
ataque da praga ainda não está generalizado por toda a lavoura, o que pode ser 
diagnosticado nas amostragens. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Ferrugem Asiática da Soja (Phakopsora pachyrhizi) 
 
A ferrugem da soja é causada por duas espécies de fungo do gênero 
Phakopsora: P. meibomiae, causadora da ferrugem “americana”, que ocorre 
naturalmente em diversas leguminosas desde Porto Rico, no Caribe, ao sul do 
Estado do Paraná (Ponta Grossa) e P. pachyrhizi, causadora da ferrugem 
“asiática”, presente na maioria dos países que cultivam a soja e, a partir da safra 
2000/01, também no Brasil e no Paraguai. A distinção das duas espécies é 
feita através da morfologia de teliósporos e da análise do DNA. Ferrugem 
“americana” - Identificada no Brasil, em Lavras (MG), em 1979. 
Sua ocorrência é mais comum no final da safra, em soja “safrinha” 
(outono/inverno) e em soja guaxa, estando restrita às áreas de clima mais 
ameno. O fungo P. meibomiae raramente causa danos econômicos. Além da 
soja, o fungo infecta diversas leguminosas, sendo mais freqüentemente 
observado em soja perene (Neonotonia wightii). Ferrugem “asiática” - 
Constatada pela primeira vez, no Continente Americano, no Paraguai, em 5 de 
março e no Estado do Paraná, em 26 de maio de 2001. Atualmente, foi 
identificada em praticamente todas as regiões produtoras de soja, exceto no 
Estado de Roraima. A doença é favorecida por chuvas bem distribuídas e longos 
períodos de molhamento. A temperatura ótima para a infecção varia entre 18oC 
e 26,5oC. Em condições ótimas, as perdas na produtividade podem variar de 
10% a 90%. 
 
Sintomas: 
 Podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta. Os 
primeiros sintomas são caracterizados por minúsculos pontos (no máximo 1 mm 
de diâmetro) mais escuros do que o tecido sadio da folha, com coloração 
esverdeada a cinza-esverdeada, com correspondente protuberância (urédia), na 
página inferior da folha. As urédias adquirem cor castanho-clara a castanho-
escura, abrem-se em um minúsculo poro, expelindo os esporos hialinos que se 
acumulam ao redor dos poros e são carregados pelo vento. O tecido da folha ao 
redor das urédias adquire coloração castanho-clara a castanho-avermelhada. A 
 
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ferrugem pode também ser facilmente confundida com as lesões iniciais de 
mancha parda (Septoria glycines) que forma um halo amarelo ao redor da lesão 
necrótica, que é angular e castanho-avermelhada. Em ambos os casos, as 
folhas infectadas amarelam, secam e caem prematuramente. Outras doenças 
com as quais a ferrugem pode ser confundida são o crestamento bacteriano 
(Pseudomonas savastanoi pv. glycinea) e a pústula bacteriana (Xanthomonas 
axonopodis pv. glycines). A diferenciação das doenças é feita através da 
observação das estruturas de reprodução do fungo (urédias), no verso da folha. 
No caso da pústula bacteriana, há presença de saliência, porém a mesma não 
apresenta abertura. Para melhor visualização das lesões, deve-se tomar uma 
folha suspeita e olhá-la através do limbo foliar pela face superior (adaxial), contra 
um fundo claro (o céu, por exemplo). Uma vez localizado o ponto escuro 
suspeito (1-2 mm de diâmetro), observá-lo na face inferior (abaxial) da folha 
verificando, com uma lupa de 10x a 30x de aumento, ou sob microscópio 
estereoscópico, a presença de urédias. Uma forma de facilitar a visualização da 
presença do fungo nas lesões, vistas pela face inferior da folha (abaxial), 
consiste em coletar folhas suspeitas de terem a ferrugem, colocá-las em saco 
plástico antes que murchem e mantê-las em incubação por um período de 12 a 
24 horas, em local fresco. Caso a umidade do ambiente no momento da coleta 
seja muito baixa, borrifar um pouco de água sobre as folhas ou colocar um 
pedaço de papel ou algodão umedecido para mantê-las túrgidas. Não colocar 
folha com excesso de umidade no saco plástico. Após o período de incubação, 
observar a presença de urédias com o auxílio de uma lupa. 
 
Modo de disseminação: 
A disseminação da ferrugem é feita principalmente através da dispersão 
dos uredósporos pelo vento. 
 
Danos: 
A infecção por Phakopsora pachyrhizi causa rápido amarelecimento ou 
bronzeamento e queda prematura das folhas. Quanto mais cedo ocorrer a 
desfolha, menor será o tamanho dos grãos e, conseqüentemente, maior a perda 
 
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do rendimento e da qualidade (grãos verdes). Em casos severos, quando a 
doença atinge a soja na fase de formação das vagens ou no início da granação, 
pode causar o aborto e a queda das vagens, resultando em até perda total do 
rendimento. Elevadas perdas de rendimento têm sido registradas na Austrália 
(80%), na Índia (90%) e em Taiwan (70%-80%). No Brasil, reduções de 
produtividade de até 80% têm sido observadas, quando se comparam áreas 
tratadas e não tratadas com fungicidas. As regiões onde a doença tem sido mais 
agressiva têm variado de safra para safra, em função das condições climáticas e 
do inóculo inicial. 
 
Manejo: 
Para reduzir o risco de danos, sugere-se o uso de cultivares de ciclo 
precoce e semeaduras no início da época recomendada, para evitar a maior 
carga de esporos do fungo que irá iniciar a multiplicação nas primeiras 
semeaduras. Fungos causadores de ferrugens são classificados como 
biotróficos, ou seja, necessitam do hospedeiro vivo para sobreviver e se 
multiplicar. Portanto a sobrevivência de P. pachyrhizi, na entressafra, pode 
ocorrer em cultivos de soja sob irrigação no inverno, na região dos Cerrados 
(Mato Grosso e Tocantins) e na Região Nordeste (Maranhão), e em hospedeiros 
alternativos, pois P. pachyrhizi infecta 95 espécies de plantas, em mais de 42 
gêneros. Vários Estados produtores implantaram o vazio sanitário (período sem 
plantas de soja vivas no campo), de 60 a 90 dias, com o objetivo de reduzir a 
quantidade de inóculo nos cultivos da safra de verão. 
O monitoramento da doença e sua identificação nos estádios iniciais são 
essenciais para a utilização eficiente do controle químico, devendo ser realizada 
a vistoria freqüente da lavoura. A aplicação deve ser feita após os sintomas 
iniciais da doença (traços da doença), no terço inferior das plantas na lavoura ou 
preventivamente. A decisão sobre o momento de aplicação (sintomas iniciais ou 
preventiva) deve ser técnica e baseada na presença da ferrugem na região, no 
estádio fenológico da cultura, nas condições climáticas e na logística de 
aplicação (disponibilidade de equipamentos e no tamanho da propriedade), a 
presença de outras doenças e o custo do controle. Após constatação do fungo 
 
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na região, utilizar produtos com maior eficiência de controle. O atraso na 
aplicação, após constatados os sintomas iniciais, pode acarretar em redução de 
produtividade, caso a condição climática favoreça o progresso da doença. 
Para realizar o monitoramento, deve-se considerar que a doença se inicia 
pelas folhas inferiores da planta, devendo o monitoramento sempre ser realizado 
a partir do terço inferior das plantas. O número e a necessidade das re-
aplicações vão ser determinados pelo estádio inicial em que for identificada a 
doença na lavoura, pelo residual dos produtos e pelas condições climáticas. 
O monitoramento das lavouras é recomendado a partir da emissão das 
primeiras folhas no estádio vegetativo, uma vez que a doença pode ocorrer em 
qualquer estádio fenológico da cultura, (o monitoramento deve ser intensificado e 
quase diário, nas semeaduras mais tardias e uma vez detectada a ferrugem na 
região).