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www.cers.com.br 1 www.cers.com.br 2 O recurso pode ser definido como o instrumento de impugnação das decisões judici- ais, de uso facultativo, com o objetivo de alcançar a reforma, invalidação ou integra- ção (esclarecimento) do provimento emitido. Verifique que, a teor do que dispõe o artigo 1.001 do NCPC, não cabe recurso para im- pugnar despachos! Vejamos suas finalidades: Reformar: aqui denuncia-se o erro in judicando, ou seja, o modo equivocado de aprecia- ção dos atos processuais, de forma a desaguar na errônea ou injusta decisão. (ex: decisão baseada em laudo pericial desqualificado, quando as provas testemunhais foram demasi- adamente claras acerca dos pontos controvertidos); Invalidar: a invalidação pretende apontar o error in procedendo, ou seja, o desatendimento de fórmula legal na condução do procedimento. (ex: negativa de oitiva de testemunha, causando cerceio ao direito de defesa da par- te); Integração: o objetivo, neste caso, é pleitear o ajuste de um provimento emitido com defeito (obscuro, omisso ou contraditório), visto que decisão eivada de vício é equivalente à ausência da mesma, fator inadmissível diante do princípio do amplo acesso (exemplo: postulados os danos morais e materiais, a sentença apenas apreciou o pri- meiro pleito, esquecendo-se do segundo). Conheçamos as principais disposições da parte geral do tema: Art. 994. São cabíveis os seguintes recursos: I - apelação; II - agravo de instrumento; III - agravo interno; IV - embargos de declaração; V - recurso ordinário; VI - recurso especial; VII - recurso extraordinário; VIII - agravo em recurso especial ou extraordinário; IX - embargos de divergência. Art. 995. Os recursos não impedem a eficácia da decisão, salvo disposição legal ou decisão judicial em sentido diverso. Parágrafo único. A eficácia da decisão recorrida poderá ser suspensa por decisão do relator, se da imediata pro- dução de seus efeitos houver risco de dano grave, de difícil ou impossível reparação, e ficar demonstrada a pro- babilidade de provimento do recurso. Art. 996. O recurso pode ser interposto pela parte vencida, pelo terceiro prejudicado e pelo Ministério Público, como parte ou como fiscal da ordem jurídica. Parágrafo único. Cumpre ao terceiro demonstrar a possibilidade de a decisão sobre a relação jurídica submetida à apreciação judicial atingir direito de que se afirme titular ou que possa discutir em juízo como substituto proces- sual. Art. 997. Cada parte interporá o recurso independentemente, no prazo e com observância das exigências legais. § 1 o Sendo vencidos autor e réu, ao recurso interposto por qualquer deles poderá aderir o outro. § 2 o O recurso adesivo fica subordinado ao recurso independente, sendo-lhe aplicáveis as mesmas regras deste quanto aos requisitos de admissibilidade e julgamento no tribunal, salvo disposição legal diversa, observado, ain- da, o seguinte: I - será dirigido ao órgão perante o qual o recurso independente fora interposto, no prazo de que a parte dispõe para responder; II - será admissível na apelação, no recurso extraordinário e no recurso especial; III - não será conhecido, se houver desistência do recurso principal ou se for ele considerado inadmissível. Art. 998. O recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso. www.cers.com.br 3 Parágrafo único. A desistência do recurso não impede a análise de questão cuja repercussão geral já tenha sido reconhecida e daquela objeto de julgamento de recursos extraordinários ou especiais repetitivos. Art. 999. A renúncia ao direito de recorrer independe da aceitação da outra parte. Art. 1.000. A parte que aceitar expressa ou tacitamente a decisão não poderá recorrer. Parágrafo único. Considera-se aceitação tácita a prática, sem nenhuma reserva, de ato incompatível com a vonta- de de recorrer. Art. 1.001. Dos despachos não cabe recurso. Art. 1.002. A decisão pode ser impugnada no todo ou em parte. Art. 1.003. O prazo para interposição de recurso conta-se da data em que os advogados, a sociedade de advo- gados, a Advocacia Pública, a Defensoria Pública ou o Ministério Público são intimados da decisão. § 1 o Os sujeitos previstos no caput considerar-se-ão intimados em audiência quando nesta for proferida a decisão. § 2 o Aplica-se o disposto no art. 231, incisos I a VI, ao prazo de interposição de recurso pelo réu contra decisão proferida anteriormente à citação. § 3 o No prazo para interposição de recurso, a petição será protocolada em cartório ou conforme as normas de organização judiciária, ressalvado o disposto em regra especial. § 4 o Para aferição da tempestividade do recurso remetido pelo correio, será considerada como data de interposi- ção a data de postagem. § 5 o Excetuados os embargos de declaração, o prazo para interpor os recursos e para responder-lhes é de 15 (quinze) dias. § 6 o O recorrente comprovará a ocorrência de feriado local no ato de interposição do recurso. Art. 1.004. Se, durante o prazo para a interposição do recurso, sobrevier o falecimento da parte ou de seu advo- gado ou ocorrer motivo de força maior que suspenda o curso do processo, será tal prazo restituído em proveito da parte, do herdeiro ou do sucessor, contra quem começará a correr novamente depois da intimação. Art. 1.005. O recurso interposto por um dos litisconsortes a todos aproveita, salvo se distintos ou opostos os seus interesses. Parágrafo único. Havendo solidariedade passiva, o recurso interposto por um devedor aproveitará aos outros quando as defesas opostas ao credor lhes forem comuns. Art. 1.006. Certificado o trânsito em julgado, com menção expressa da data de sua ocorrência, o escrivão ou o chefe de secretaria, independentemente de despacho, providenciará a baixa dos autos ao juízo de origem, no prazo de 5 (cinco) dias. Art. 1.007. No ato de interposição do recurso, o recorrente comprovará, quando exigido pela legislação pertinente, o respectivo preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, sob pena de deserção. § 1 o São dispensados de preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, os recursos interpostos pelo Ministério Público, pela União, pelo Distrito Federal, pelos Estados, pelos Municípios, e respectivas autarquias, e pelos que gozam de isenção legal. § 2 o A insuficiência no valor do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, implicará deserção se o recorren- te, intimado na pessoa de seu advogado, não vier a supri-lo no prazo de 5 (cinco) dias. § 3 o É dispensado o recolhimento do porte de remessa e de retorno no processo em autos eletrônicos. § 4 o O recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive por- te de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. § 5 o É vedada a complementação se houver insuficiência parcial do preparo, inclusive porte de remessa e de re- torno, no recolhimento realizado na forma do § 4 o . § 6 o Provando o recorrente justo impedimento, o relator relevará a pena de deserção, por decisão irrecorrível, fixando-lhe prazo de 5 (cinco) dias para efetuar o preparo. § 7 o O equívoco no preenchimento da guia de custas não implicará a aplicação da pena de deserção, cabendo ao relator, na hipótese de dúvida quanto ao recolhimento, intimar o recorrente para sanar o vício no prazo de 5 (cin- co) dias. Art. 1.008. O julgamento proferido pelo tribunal substituirá a decisão impugnada no que tiver sido objeto de recur- so. www.cers.com.br 4 ESTUDEMOS A APELAÇÃO Da sentença cabeapelação. As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumen- to, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. Se as questões referidas no artigo 1009 § 1 o forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. De acordo com o artigo 1010, a apelação, interposta por petição dirigida ao juízo de primeiro grau, conterá: - os nomes e a qualificação das partes; - a exposição do fato e do direito; - as razões do pedido de reforma ou de decretação de nulidade; - o pedido de nova decisão. O apelado será intimado para apresentar contrarrazões no prazo de 15 (quinze) dias. Se o apelado interpuser apelação adesiva, o juiz intimará o apelante para apresentar contrarrazões. Após as formalidades previstas, os autos serão remetidos ao tribunal pelo juiz, independentemente de juízo de admissibilidade. Vejamos algumas disposições: Art. 1.011. Recebido o recurso de apelação no tribunal e distribuído imediatamente, o relator: I - decidi-lo-á monocraticamente apenas nas hipóteses do art. 932, incisos III a V; II - se não for o caso de decisão monocrática, elaborará seu voto para julgamento do recurso pelo órgão colegia- do. Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo. § 1 o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos imediatamente após a sua publicação a sentença que: I - homologa divisão ou demarcação de terras; II - condena a pagar alimentos; III - extingue sem resolução do mérito ou julga improcedentes os embargos do executado; IV - julga procedente o pedido de instituição de arbitragem; V - confirma, concede ou revoga tutela provisória; VI - decreta a interdição. § 2 o Nos casos do § 1 o , o apelado poderá promover o pedido de cumprimento provisório depois de publicada a sentença. § 3 o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1 o poderá ser formulado por requerimento dirigido ao: I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua distribuição, ficando o relator desig- nado para seu exame prevento para julgá-la; II - relator, se já distribuída a apelação. § 4 o Nas hipóteses do § 1 o , a eficácia da sentença poderá ser suspensa pelo relator se o apelante demonstrar a probabilidade de provimento do recurso ou se, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação. Art. 1.013. A apelação devolverá ao tribunal o conhecimento da matéria impugnada. § 1 o Serão, porém, objeto de apreciação e julgamento pelo tribunal todas as questões suscitadas e discutidas no processo, ainda que não tenham sido solucionadas, desde que relativas ao capítulo impugnado. § 2 o Quando o pedido ou a defesa tiver mais de um fundamento e o juiz acolher apenas um deles, a apelação devolverá ao tribunal o conhecimento dos demais. § 3 o Se o processo estiver em condições de imediato julgamento, o tribunal deve decidir desde logo o mérito quando: I - reformar sentença fundada no art. 485; II - decretar a nulidade da sentença por não ser ela congruente com os limites do pedido ou da causa de pedir; III - constatar a omissão no exame de um dos pedidos, hipótese em que poderá julgá-lo; IV - decretar a nulidade de sentença por falta de fundamentação. § 4 o Quando reformar sentença que reconheça a decadência ou a prescrição, o tribunal, se possível, julgará o mérito, examinando as demais questões, sem determinar o retorno do processo ao juízo de primeiro grau. § 5 o O capítulo da sentença que confirma, concede ou revoga a tutela provisória é impugnável na apelação. www.cers.com.br 5 Art. 1.014. As questões de fato não propostas no juízo inferior poderão ser suscitadas na apelação, se a parte provar que deixou de fazê-lo por motivo de força maior. ESTRUTURA DA PEÇA: OBSERVAÇÕES ACERCA DA APELAÇÃO: O preparo será realizado no momento da interposição do recurso. Entretanto se for efetuado no último dia do prazo, depois do expediente bancário, será lícito ao recorrente comprová-lo no 1º dia útil subsequente ao da refe- rida interposição. Vide súmula 484, STJ. De acordo com o art. 1007, § 4 o o recorrente que não comprovar, no ato de interposição do recurso, o recolhimento do preparo, inclusive porte de remessa e de retorno, será intimado, na pessoa de seu advogado, para realizar o recolhimento em dobro, sob pena de deserção. O Ministério Público tem ampla legitimidade recursal. Poderá recorrer como fiscal da lei ainda que o autor e o réu não recorram. Súmula 99, STJ. É também indispensável preencher o requisito de admissibilidade intitulado cabimento, o qual serve para identi- ficar o recurso adequado ao enunciado da FGV. Das sentenças terminativas ou definitivas será cabível apelação. Vale ressaltar que a sentença proferida nos Juizados Especiais será atacável por Recurso Inominado, no prazo de 10 dias e a competência será das Turmas Recursais. A) Definição: É o recurso da sentença, tanto terminativa, quanto definitiva; será cabível recurso de apelação. Esta peça será construída em duas etapas: Folha de apresentação – endereçada ao juízo a quo (1º grau) – e Folha das razões – endereçada ao juízo ad quem (tribunal competente - TJ ou TRF). B) Fundamentação legal: artigos 1009 e ss. do CPC. 1ª passo: Endereçamento na folha de apresentação A apelação será interposta no juízo a quo (aquele que proferiu a sentença). Ele não fará mais o primeiro juízo de admissibilidade do recurso. Irá receber o recurso, intimar o apelado para, querendo oferecer contrarrazões e envi- ará o recurso para o tribunal. EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE ... (esses da- dos estarão no enunciado). 2ª passo: qualificação das partes Tratamento: apelante e apelado. APELANTE, já devidamente qualificado no processo Nº acima mencionado, vem, por intermédio de seu advogado devidamente constituído pelo instrumento procuratório anexo, com endereço profissional (ENDEREÇO COMPLE- TO), interpor APELAÇÃO com base no art. 1009, CPC, em desfavor do apelado, também já devidamente qualifi- cado, pelos fatos e fundamentos a seguir delineados. 3ª passo: demais pontos da construção da folha de apresentação da apelação Destaca-se, desde logo, que a apelação é tempestiva e encontra-se devidamente preparada, conforme guias ane- xas. Requer a intimação do apelado para, querendo, apresentar suas contrarrazões e ainda, o conhecimento da apela- ção, seu recebimento no duplo efeito, conforme art. 1012, CPC e a remessa dos autos ao Tribunal competente. 4º passo: Encerramento da folha de apresentação Nestes termos, Pede deferimento. Local, dia, mês e ano. Advogado OAB www.cers.com.br 6 5ª passo: Endereçamento das razões da apelação EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUS- TIÇA DO ESTADO DE... 6ª passo: Cabeçalho das razões da apelação APELANTE: APELADO: PROCESSO ORIGINÁRIO: 7ªpasso: Do preenchimento dos requisitos de admissibilidade; O presente recurso é tempestivo, uma vez que apresentado dentro do prazo legal previsto no artigo 1003, pará- grafo 5º do CPC, qual seja, 15 dias. Assim, tendo sido intimado da r. sentença no dia X, começando a contagem no dia Y, é tempestivo o presente recurso apresentado na presente data. A apelação encontra-se devidamente preparada, conforme faz prova as guias de recolhimento em anexo, cumprindo o determinado no art. 1007 do mesmo diploma legal. Da mesma forma, a parte recorrente é legítima, já que foi vencidana presente demanda consoante preceito do art. 996 do CPC. Neste sentido, a apelação em tela é cabível, visto que preenchidos seu requisitos de admissibilidade. Por fim, há interesse no presente recurso, já que a parte recorrente foi vencida na instância inferior. Pelo exposto, estando demonstrados todos os requisitos para admissibilidade do presente re- curso, requer seja o mesmo conhecido para ao final, dar-lhe provimento. 8ª passo: Da existência de interlocutórias não agraváveis de imediato. As questões resolvidas na fase de conhecimento, se a decisão a seu respeito não comportar agravo de instrumen- to, não são cobertas pela preclusão e devem ser suscitadas em preliminar de apelação, eventualmente interposta contra a decisão final, ou nas contrarrazões. Se as questões referidas forem suscitadas em contrarrazões, o recorrente será intimado para, em 15 (quinze) dias, manifestar-se a respeito delas. * Requeira seu julgamento preliminarmente; 9ª passo: Do resumo da decisão; 10º passo: Do mérito / Dos fundamentos da apelação: * Indicar arts. e/ou súmulas aplicáveis ao caso 11º passo: Pedidos Pedir: *Reforma: Erro no mérito; *Invalidação: Erro procedimental; DOS PEDIDOS: Ante o exposto, requer a admissibilidade do presente recurso e o seu provimento a fim de... Requer ainda a condenação da parte apelada no pagamento de custas e honorários advocatícios. 12ª passo: Encerramento Nestes termos, Pede deferimento. Local, dia, mês e ano. Advogado OAB www.cers.com.br 7 DEVERES DE CLASSE: “46.ª Vara Cível – processo n° 000.111.222-3 Vistos, etc. Proposta ação de cobrança, por José Pedro contra João Paulo, com o objetivo de receber R$ 32.000,00 (trinta e dois mil reais), o réu, citado, apresentou tempestiva contestação, aduzindo, em preliminar de ilegitimidade passiva de parte, que ele nada devia, pois não era sua a assinatura no documento juntado pelo autor para fundamentar o pedido inicial. Em réplica, o autor sustentou que a assinatura é do réu e requereu prova peri- cial. Observo, realmente, que a assinatura aposta no referido documento é completamente diferente da assinatura do réu no instrumento de mandato de fl. s., razão pela qual entendo que a primeira é nitidamente falsa. Diante desse fato, desnecessária qualquer prova, acolho a preliminar arguida, extinguindo o processo, sem reso- lução do mérito, nos termos do artigo 485 do Código de Processo Civil. O Autor arcará com as custas do processo e com o pagamento de honorários sucumbenciais de 10% (dez por cento) do valor da causa. Publique-se e intime- se”. QUESTÃO: Como Advogado da parte vencida, interponha o recurso cabível. Recurso de apelação. Petição de interposição do recurso dirigida ao Juiz de Direito da 46ª Vara Cível, requerendo o seu recebimento, processamento e encaminhamento ao Tribunal de Justiça de São Paulo. Nas razões recursais pleitear a anulação da sentença por cerceamento de defesa, caracterizado pela negativa ao autor do direito à produção da prova pericial, que fora tempestivamente requerida com o objetivo de comprovar a veracidade da assinatura tida como falsa. Somente a prova grafotécnica poderia, com certeza, concluir pela falsidade ou não da assinatura. O pedido de provimento do recurso para o fim de anular a decisão e determinar a produção da prova grafotécnica deve ser expresso. DE CASA: Em janeiro de 2005, Antônio da Silva Júnior, 7 anos, voltava da escola para casa, caminhando por uma estrada de terra da região rural onde morava, quando foi atingindo pelo coice de um cavalo que estava em um terre- no à margem da estrada. O golpe causa sérios danos à saúde do menino, cujo tratamento se revela longo e custoso. Em ação de reparação por danos patrimoniais e morais, movida em janeiro de 2009 contra o proprietário do cavalo, o juiz profere sentença julgando improcedente a demanda, ao argumento de que Walter Costa, pro- prietário do animal, “empregou o cuidado devido, pois mantinha o cavalo amarrado a uma árvore no terreno, evidenciando-se a ausência de culpa, especialmente em uma zona rural onde é comum a existência de cava- los”. Além disso, o juiz argumenta que já teria ocorrido a prescrição trienal da ação de reparação, quer no que tange aos danos morais, quer no que tange aos danos patrimoniais, já que a lesão ocorreu em 2005 e a ação somente foi proposta em 2009.’ Como advogado contratado pela mãe da vítima, Isabel da Silva, elabore a peça processual cabível. GABARITO COMENTADO Além dos aspectos fundamentais do recurso de apelação (requisitos objetivos e subjetivos, bem como obser- vância das formalidades do Art. 1010 do CPC), o candidato deve prever, corretamente, a representação do incapaz na petição de interposição e nas razões do recurso. Deve dirigir o recurso ao juízo competente, men- cionar o nome das partes e descrever os fatos. Não deve atribuir valor a causa ou protestar pela produção de provas, eis que não se trata de uma petição inici- al. Não deve requerer a citação, pelos mesmos motivos, mas a intimação para, querendo, apresentar as con- trarrazões. Também não é cabível a menção à revelia do apelado, caso não responda ao recurso. Igualmente, devem ser explorados os pontos de direito substancial. www.cers.com.br 8 Assim, deve esclarecer que a responsabilidade por fato do animal é objetiva no CC de 2002, que eliminou a excludente relativa ao emprego do “cuidado devido” pelo proprietário ou detentor (Art. 936), de modo que a ausência de culpa é irrelevante para a caracterização da responsabilidade do réu no caso concreto. Quanto à prescrição, o candidato deve esclarecer que não corre contra os absolutamente incapazes (Art. 198, I) do CC. Tais circunstâncias devem ser explicadas na peça recursal, observados os fatos descritos no enunciado e indicados os dispositivos legais pertinentes. Não basta repetir as mesmas palavras do enunciado ou apenas indicar o dispositivo legal sem qualquer fundamento ou justificação para sua aplicação. A ideia é que o candidato demonstre capacidade de argumentação, conhecimento do direito pátrio e concatenação de ideias. Deve formular adequadamente os pedidos, solicitando o conhecimento e provimento, mencionando danos materi- ais e morais, justificadamente, pedindo a inversão do ônus da sucumbência, fixação de honorários, intimação do Ministério Público. www.cers.com.br 9
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