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O novo feminismo nasce na ditadura

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“O novo feminismo nasce na ditadura”
Céli Regina
Movimento Jovem
(1960)
Queima de Sutiãs
(1968)
Novo Feminismo Ocidental
Betty Friedan
Organização Nacional para Mulheres
(1966)
Movimento de Libertação da Mulher
“O Segundo Sexo” – Simone Beavouir 
(1949)
Movimento Jovem (1960) – Foi constituído por uma geração nascida durante, ou até mesmo, após a Segunda Guerra Mundial, que buscava espaço no mundo público, combatendo o capitalismo norte-americano e o socialismo europeu. Foi revolucionário pois colocou em xeque os valores conservadores da organização social vigente.
Nesse contexto, Betty Friedan – Fundou o Organização Nacional das Mulheres - NOW - (1966) com o objetivo de lutar pelos direitos femininos e promover a igualdade de gênero. Além disso, deu origem ao Movimento de Libertação da Mulher que participou com cerca de 400 ativistas na Queima de sutiãs (1968) – Em 1968, mulheres se reuniram em frente ao teatro aonde acontecia o concurso de Miss América, em Atlantic City, para protestar contra a ditadura da beleza. Além dos sutiãs, outros apetrechos que simbolizavam a feminilidade, como saltos altos, maquiagem e revistas femininas foram reunidos no protesto. Mas a queima não foi autorizada pela prefeitura. Neste contexto, surge o Novo feminismo ocidental – Que ficou conhecido como First Wave Feminist e chamava as militantes para atuarem nas lutas feministas, mas, também nas lutas pelos direitos civis dos negros norte-americanos e pelo fim da Guerra do Vietnã. “O Segundo Sexo” (Simone Beauvoir - 1950) - Foi um dos livros que se tornou referência para o movimento feminista. Esta autora apontava para as raízes culturais da desigualdade entre os sexos, denunciando a existência de uma categoria negativa à qual as mulheres estariam atreladas. A frase de sua autoria "Não se nasce mulher, torna-se mulher", tornou-se fundamental para o movimento feminista.
Golpe Militar de 1964
Ato Institucional nº5
(1968)
Governo Médici
 (1969)
Movimento Feminista
(1970)
Luta contra a ditadura militar
Perspectiva autonomista
1972
Conselho Nacional da Mulher
(1949)
Reuniões de grupos de mulheres 
(RJ e SP)
Romy Medeiros
Transição entre o velho e o novo feminismo
Estatuto da Mulher Casada 
(1962)
Já no Brasil, a década de 1960 foi muito política. A ideologia conservadora (anticomunismo) representados por partidos como UDN, grandes empresários e proprietários de terras e a classe média, versus a ideologia de esquerda (nacionalismo) representados pelo PTB, PCB, alguns empresários nacionalistas, operários, movimentos camponeses, intelectuais, estudantes e parte da igreja católica. Com o Golpe Militar de 1964, foi inaugurado um regime marcado por cassação de direitos políticos, censuras... e com a decretação do AI-5, fez com que fosse um regime muito próximo ao totalitarismo. O governo Médici (1969) radicalizou a política da repressão. Porém, mesmo assim o movimento feminista (1970) surgiu e se desenvolveu. Vale ressaltar que a presença dos movimentos de mulheres é um fenômeno anterior a essa década, mas não podem ser considerados feministas porque não lutavam pela mudança de papeis atribuídos a elas pela sociedade. Esse movimento assumiu uma “dupla face”, por um lado, tinha uma perspectiva autonomista que se preocupava com a transformação das relações de gênero, e uma face que luta contra a ditadura militar que quer combater a desigualdade social.
Em 1972, dois eventos marcaram o feminismo. Um deles foi um congresso promovido pelo Conselho Nacional da Mulher (1949) criado e liderado pela advogada Romy Medeiros que marcou a transição entre o velho (bem-comportado) e o novo feminismo (malcomportado) que começou a enfrentar questões vistas como tabus. Ao longo da década de 50, Romy lutou junto ao Congresso pelos direitos das mulheres casadas e o Estatuto da Mulher Casada (1962) foi aprovado. O outro, foram as reuniões secretas de grupos de mulheres em São Paulo e no Rio de Janeiro que se uniam por amizades, afinidades intelectuais e até políticas. 
Regime Militar
Perseguição
(1964 – 1968)
Exílio
Chile
Europa
Paris
Grupo Latino-Americano de Mulheres
(1972)
Nosotras
(1972 – 1976)
Círculo de Mulheres Brasileiras 
(1975 – 1979)
O regime militar ocasionou grande perseguição (1964 – 1968), o que levou vários brasileiros a partirem para o exílio. Entre esses, havia um grande número de mulheres de militantes e/ou companheiras de homens que trabalhavam em organizações de esquerda. O destino dessas pessoas foi inicialmente a Europa, depois o Chile e Europa de novo, principalmente em Paris. O feminismo também não foi muito aceito pelos homens, marxistas de esquerda exilada, pois viam nas mulheres uma dupla ameaça (contra o capitalismo e ao poder que os homens exerciam). Danda Prato fundou o Grupo Latino-Americano de Mulheres (1972) que discutia a questão da mulher informalmente em um bar. Obteve através um boletim chamado Nosotras (1972 - 1976), sucesso em vários países inclusive Brasil. Entretanto, a relação desse grupo com os homens, ficou ainda mais tensa e a Frente de Brasileiros no Exílio, ameaçou retirar apoio financeiro das famílias cujas mulheres o frequentassem. De acordo com Prato, várias cederam. Mais tarde, foi criado a mais importante organização, o Círculo de Mulheres Brasileiras (1975 – 1979) que tinha uma postura política de esquerda com o grupo de reflexão no estilo do feminismo europeu e defendiam a autonomia feminina.
Momento inaugural do feminismo
Ano Internacional da Mulher
Organização das Nações Unidas
“Papel e o Comportamento da Mulher na Sociedade Brasileira”
Centro de Desenvolvimento da Mulher Brasileira
(1975 - 1979)
1975
Movimento Feminino pela Anistia
1975 foi considerado o momento inaugural do feminismo. No Rio de Janeiro, em julho de 1975, sob o patrocínio do Centro de Informações da Organização das Nações Unidas, foi organizada na Associação Brasileira da Imprensa - ABI a semana de debates intitulada O papel e o comportamento da mulher na realidade brasileira. Nele se discutiu a condição da mulher no Brasil, problematizando questões como o trabalho, a saúde física e mental, a discriminação racial e a homossexualidade feminina, além do posicionamento a favor da democracia. Desse encontro, foi fundado o Centro de Desenvolvimento da Mulher Brasileira (1975 - 1979), que foi a primeira organização feminista do país nessa nova fase. Tinha como propostas a formação de grupos de reflexão, a promoção de atividades para tornar visível a questão feminina e o combate ao papel subalterno da mulher na sociedade. 
Neste ano também foi criado o Movimento Feminino pela Anistia que embora não se identificasse com o movimento feminista, teve atuação importante na denúncia da forte repressão imposta pelo governo militar. Fundado por Therezinha Zerbini, sua militância era composta principalmente por mulheres que viram os maridos serem torturados e assassinados pelo governo militar.
De qualquer forma, no final da década, pode-se dizer que o movimento feminista existia no Brasil mesmo que frágil e fragmentado.

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