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Resumo d'Os Italianos do Bertonhas (cap 2)

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Os Italianos 
Um Povo em Busca de sua Identidade Nacional 
 
O PROCESSO DE FORMAÇÃO DE UM ESTADO-NAÇÃO 
A ideia mais conhecida acerca da formação de um estado nação é a de que pessoas que compartilhavam mesma 
língua, cultura e religião simplesmente decidiram se unir sob a bandeira de um Estado. Porém não é bem assim 
que a história nos mostra. 
• Estado é o espaço físico de um país. 
• Nação é mais ideológico. É o entendimento de pertencimento a um grupo, sem necessariamente precisar 
de um espaço físico 
Pra começar, é impossível definir que elementos são necessários pra se chegar a um estado-nação, pois variados 
estados buscaram seus próprios caminhos pra atingir esse objetivo. 
O conceito moderno de En (estado nação) surge nos séculos XVIII e XIX, depois das Rev. Industriais e da Rev. 
Francesa. Antes disso, a única noção de pertencimento era à terra, vilarejo ou região onde nasceu, às vezes ao 
rei daquelas terras ou à igreja. 
Depois eles tentaram criar a ideia de nação utilizando o nacionalismo. A obediência ao rei era tudo o que os 
Estados da época pediam além da fidelidade àquela nação. Mas os novos conceitos de nação surgem com a Rev 
francesa. 
• “para boa parte dos revolucionários, a palavra “nação” significava o corpo de cidadãos cuja soberania 
coletiva os constituía em Estado legítimo.” 
É na segunda metade do sec XIX que o conceito de nação amadurece. Aqui vemos o nacionalismo baseado na 
homogeneidade étnica, linguística e cultural. Porém isso não significa que não exista outras maneiras de 
identificação nacional: 
• Protonacionais: identificação baseada na língua ou cultura comum. (ex: mãe Rússia) 
• Casos de Estados que surge antes da nação. Assim os estados tem que se esforçar pra criar uma 
homogeneidade. 
 
“A formação desse estado nação moderno, que queria lealdade seus habitantes, exigia o máximo possível de 
homogeneidade e procurar identificar uma nação com um estado é algo novo.” 
“No decorrer do sec XIX, o Estado passou realmente por intensas transformações. Sua estrutura burocrática foi 
aperfeiçoada e tornou-se capaz de atingir e controlar com muito mais êxito a vida da população sob seu 
comando. Os exércitos começam a ser construídos por recrutas” 
Eles passam a usar o nacionalismo para controlar as massas, agora participantes ativas da política, para que 
assim eles sejam leais ao poder constituído. “mas não qualquer nacionalismo, e sim aquele que proclama a 
lealdade absoluta da população de uma nação a seu Estado, que a personifica” 
“O nacionalismo surgiu, em boa medida, “do alto", de Estados desejosos de conseguir a lealdade de suas 
populações, e usando os instrumentos adequados - escola, cultura, serviço militar - para homogeneizar a 
população em torno de uma língua, uma cultura, e uma história. Mas ele também acabou, inclusive por se 
constituir em excelente instrumento de luta social e de canalização de reivindicações políticas, por infamar a 
parte "debaixo" da sociedade, criando movimentos nacionalistas que alimentavam a luta em oposição à 
nacionalidade dominante e na busca de seu próprio Estado.” 
 
 
ENTRADA DOS IDEAIS LIBERAIS NA ITÁLIA 
A Itália só tem acesso ao liberalismo depois que Napoleão Bonaparte invade e toma boa parte dos reinos que 
forma a Itália nesse momento. Napoleão funda ao norte da península a república Cisalpina, que é fundamentada 
na estrutura da França republicana; ele também toma para a França várias terras italianas que agora serão 
governadas direto de Paris além de fundar as cidades Nápoles e Itália. 
Os reinos da Itália estão tão imersos no sistema napoleônico que seus soldados integram as linhas francesas e 
lutam sob os ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” além da rejeição aos privilégios feudais, da nobreza 
e do clero e serviço militar obrigatório. Assim, mesmo com a derrota de Napoleão, o novo modelo de Estado se 
torna hegemônico na Europa. E além disso os soldados derrotados voltam para suas casas levando os princípios 
de liberalismo, autogoverno e nacionalismo (“este último identificado com o conceito de cidadania e lutar contra 
a opressão dos pobres pelos ricos.”) 
De certa forma, Napoleão ajudou a espalhar a semente do nacionalismo que seria a base dos estados-nações 
modernos. 
Em 1848, bem depois da queda de Napoleão, há uma tentativa de restaurar a Itália à configuração pré-
napoleônica, porém o sentimento de revolta contra opressão e o nacionalismo estavam à tona na península. 
Vários poetas e escritores começaram a publicar sobre a unidade italiana e o sentimento nacionalista, e também 
surgiu nessa época publicações como o Arquivo Histórico Italiano, destinado a compor uma história nacional, 
e a Sociedade Nacional Italiana, que procuravam articular os que lutavam pela unidade italiana. 
• Carbonari: Surgiu também nessa época sociedades secretas que chegaram a ter mais de milhares de 
membros dentro e fora da península, como é o caso dos carbonari. 
• Revoltas nacionalistas aconteceram em várias partes da Itália e o autor chegasse a citar a revolta de 
1848 em Milão, que foi especialmente importante ainda que focada pelos exércitos austríacos. 
• As revoltas de 1848 se espalharam rapidamente pela Europa, principalmente França, Áustria e Itália, e 
são de particular interesse uma vez que são símbolos do nacionalismo ligado ao conceito de cidadania. 
• Lutavam por valores já presente no limite no Iluminismo italiano do século XVIII. Queriam uma Itália 
livre e independente, democrática, constitucional e auto representante. Para alcançar os objetivos terão 
que se opor ao ultraconservador dos Habsburgo, a falta de liberdade política e cultural e o autoritarismo 
As revoltas italianas começam em 1848, quando os reinos italianos decidem boicotar os cigarros austríacos, 
porém eles sofre uma derrota nesse primeiro levante. Depois o movimento passar por vias mais radicais porém 
também é derrotado. A importância deste revoluções de 1848 são a visão do nacionalismo como defesa da 
democracia e dos direitos sociais e políticos, e a derrota do movimento, por sua vez, é um sinal do 
enfraquecimento dessa maneira de ver o nacionalismo e o lento crescimento de outras. 
 
 
A FUNDAÇÃO DO ESTADO ITALIANO 
• “É chamado em italiano de risorgimento, ou seja, ressurgimento” 
• Tem influência direta do Reino Piemonte, reino do território italiano,, cujos interesses eram ideológicos 
e culturais, não econômicos (até porque já tinha uma economia forte e voltada para a França e países 
germânicos, além de a economia do resto da Itália ser fraca demais pra gerar interesse.) 
O processo se baseou principalmente em três figuras que tinha maneiras diferentes de pensar o nacional: 
1. GIUSEPPE MANZZINE (1805-1872) 
• Defendeu a ideia de uma Itália republicana. 
• Fundou o grupo Jovem Itália (Giovane Itália) e, embora tenha obtido poucos resultados, lutou pela 
unificação. 
• Moderado socialmente: defendia a propriedade privada e era contra o socialismo 
• Acreditava que todos de todos os países deveriam se levantar para acabar com a tirania e despotismo 
(o absolutismo, eu acho) 
• O nacionalismo dele é, e aqui abro espaço para a minha interpretação, o nacionalismo de existência, 
que o Hugo falou em sala: esse não tinha a intenção de dominar os outros. 
2. CAMILO BENSO (1810-1861), conde de Cavour 
• “identificava o nacionalismo com o liberalismo e o progresso” 
• Um nobre, que apoia e é apoiado pela soberania de Piemonte. 
• “Defensor de princípios liberais e moderados, modernizou a economia e a sociedade dando-lhe uma 
constituição e promovendo valores burguêses” 
• Queria unificar a Itália sob o domínio de Piemonte. 
• “Atraiu os que pensavam como ele em toda a Itália, ampliando as forças do movimento de 
independência italiano.” Porém: “via com desconfiança a participaçãopopular e considerava que a 
construção da Itália seria uma obra de estadistas e militares.” 
• Em 1860, liberais de vários reinos e ducados do centro e norte da Itália tomam o poder de suas 
regiões e se submetem ao rei de Piemonte, para eles, só o norte e o centro já estavam o suficiente, 
o sul podia ficar de fora do Estado italiano. 
3. GIUSEPPE GARIBALDI (1807-1882) 
• Assim como Mazzini, defendia o regime república ou, pelo menos, que o povo escolhesse a forma 
de governo da Itália. 
• “Já havia pelos seus ideais em vários países, como Uruguai, Brasil (farroupilhas), e outros.” 
• Participou de diversas lutas pela independência italiana, incluindo uma pela criação de uma 
república romana, e acreditava que o sul da península deveria fazer parte da nação (inclusive, 
conseguiu obrigar Piemonte a anexá-lo). 
• “Como representante da elite liberal, Cavour não via com bons olhos a ação de Garibaldi e de seu 
Exército nem as idéias que eles expressavam. Ele conseguiu, com o tempo, anular as manobras de 
Garibaldi e, apesar de ser quase obrigado a incorporara Itália central e do sul ao novo reino, a busca 
de maior participação popular e democracia dos garibaldinos foi praticamente anulada.” 
4. Nem toda a Itália atual estava unificada naquela época, inda faltava algumas cidades, como Roma e 
Vêneto, porém, “o Estado italiano estava, ao menos formalmente, constituído em 1860 (tendo sido 
proclamado oficialmente em 1861). Restava agora a construção efetiva do novo Estado e, o que era 
ainda mais difícil, de uma nacionalidade.” 
 
 
AS DIFICULDADES DA CRIAÇÃO DE UMA NACIONALIDADE ITALIANA 
“Criar um novo Estado não foi tarefa fácil. A estrutura administrativa do Piemonte forneceu a estrutura básica 
(além, é claro, de seu rei) e os oficiais e administradores piemonteses formaram a base do novo Exército e da 
nova estrutura estatal, incorporando os remanescentes dos antigos Estados. Uma burocracia unificada, um único 
corpo de leis e impostos e um Exército nacional foram sendo lentamente consolidados, formando o Estado 
italiano. Foram necessárias décadas, na verdade, para que o Estado conseguisse impor as suas normas e regras 
à população pobre, em geral como uso da coerção e da repressão, mas, depois de 1860, ninguém poderia duvidar 
da existência de um Estado italiano. Isso não poderia ser dito, contudo, dos italianos, aqui definido como um 
povo com características próprias e homogêneas.” 
• Entre os desafios para a unificação da Itália estavam: 
1. a forte divisão entre norte e sul; a exclusão política da maior parte da população; a divisão cultural 
entre camponeses e urbanos. 
2. A Itália nunca teve um poder central, o que, nos outros países, ajudou muito na unificação. 
*semelhante à situação alemã, que primeiro teve que formar um Estado e depois o nacionalismo. 
“Em tal contexto, uma identidade nacional italiana podia ser encontrada apenas nas elites urbanas e educadas. 
Essas falavam italiano e se reconheciam como parte integrante de uma civilização e de uma cultura únicas.” 
Porém, a maioria da população, principalmente no campo, não se identificava com essa “civilização italiana”; 
eles se reconheciam apenas com suas terras, o que dificultava a ideia de consciência nacional – característica 
essencial pro nacionalismo do sec XIX, que demanda unidade linguística e cultural. 
“Compreende-se, assim, a famosa frase do piemontês Massimo d'Azeglio (1792-1866), segundo o qual “fizemos 
a Itália; agora precisamos fazer os italianos”.” 
“Uma língua, uma cultura e uma história comum tinham de ser recuperadas e/ou criadas do zero, dentro dos 
novos padrões de "nação" do final do século XIX, para que a nação italiana pudesse existir.” 
 
 
A CRIAÇÃO DE UMA IDENTIDADE NACIONAL 
Para “criar os italianos”, a princípio, eles utilizaram os elementos protonacionais pre-existente (língua, cultura 
e literatura), contudo, por esses elementos não estarem presentes em toda a Itália, eles precisaram massificar-
los, e é aí que entre a escola e o exército. 
“Era na escola e no exército que a consciência de nacionalidade transmitiu-se aos pobres da nação”. “Por meio 
da escola é que a “língua nacional” podia se transformar na língua escrita e falada pela maior parte da 
população.” 
Característica do processo de nacionalização, toda a Europa passa por um intenso desenvolvimento escolar, 
principalmente a Itália, que, depois da homogeneização da língua, tem o crescimento da imprensa, que também 
propaga os valores nacionais. Outra função escolar foi a construção de uma memória histórica, o que foi difícil, 
pois, a Itália não tinha um histórico como nação unificada ao contrário de outras nações. 
• “Foi necessário, enfrentar esse problema com a concepção de que existiria, desde sempre, uma nação 
italiana, sufocada, mas viva desde tempo imemoriais. Isso explica, inclusive, o próprio termo escolhido para 
designar o processo de unificação da Itália - Risorgimento.” 
• “'Toda uma nova arquitetura também surgiu para reforçar a nova História. Estátuas dos reis e das grandes 
figuras italianas, como Dante, foram espalhadas por todo o país e festas e comemorações patrióticas foram 
instituídas.” 
• A figura de Garibaldi é idolatrada. 
• Inventaram a participação popular na unificação e que Manzzini, Garibaldi, Cavour e Vittorio Emmanuele 
(rei de Piemonte) tinham ideais comuns e lutaram lado a lado pela Itália. 
• Havia várias propostas de modelos nacionalista a ser implantado na Itália, e o modelo vencedor é aquele 
que exigia a uniformidade linguística, total fidelidade ao Estado e busca pela vitalidade e fortalecimento 
nacional. 
• Essa nacionalidade foi se fortalecendo com o passar dos tempos: ela estava mais forte na 1ªGM do que no 
período da unificação, mas ainda não estava boa o suficiente pro contexto imperialista da época (e aqui 
entramos no nacionalismos de potência), logo a Itália se lança na corrida colonial para tentar aumentar a 
união interna. 
Queria acabar com as divisões entre os italianos e por esse contexto que decidem entrar na 1ªGM. 
“No entanto, em comparação com os ideais de Estado-nação e de nacionalismo daquele momento, o cenário 
não era tão otimista e as divisões regionais, culturais e de classe ainda eram imensas. Um problema que o 
fascismo, a partir de l922, teve de gerir.” 
 
 
O FASCISMO E A BUSCA DA UNIDADE E UNIFORMIDADE NACIONAL 
“Fascismo não é sinônimo de nacionalismo. No entanto, é evidente que o regime tinha o objetivo de organizar 
as massas em um sentido nacionalista e criar de uma vez a Itália e os italianos.” 
“Assim eles se autodefiniram o cimento que iria reunir os italianos em torno da Itália” 
Os pilares dessa política eram a repressão e a cultura: 
REPRESSÃO 
• Eliminou os partidos políticos e sociedades secretas, as associações regionais e qualquer grupo que 
pudesse dividir o país. 
• Repressão aos grupos autonomistas do Alto Adige e Istia 
CULTURA 
• Reforço do currículo nacionalista escolar 
• Esforço em fundir cultura italiana com as manifestações culturais e o fascismo. O resultado foi uma 
cultura “italiana” na qual Dante e Mussolini eram equivalentes. 
• Também tentaram usar a guerra e agressividade internacional pra unir os italianos: “fazer uma revolução 
interna em sentido nacionalista” 
• Massificação de propagandas e exaltação do esporte nacional (em especial o futebol {ponto comum 
com vários outros governos totalitários e/ou nacionalistas}). 
• Mussolini se dedica ao problema da língua, que, apesar de propagada, continua sendo falada 
restritamente, perdendo preferência para os dialetos que cada pessoa já estava acostumada a falar. 
Assim, Mussolini proíbe o uso de qualquer dialeto em público, escola, quartéis, repartições públicas, só 
o italiano era permitido e também era proibido estrangeirismo. 
• Estudo histórico e arqueológicodo império romano pra desvendar tudo que reforce um passado italiano 
e uma herança do império. De novo a ideia de Italia eterna (que ela sempre existiu). 
• Logo, após essa massificação do nacionalismos, seja pela propaganda, cultura de massa ou repressão, 
os fascistas acreditaram ter sanado os problemas de identidade e união dos italianos. 
Porém, na 2ªGM, “a guerra civil entre fascistas e a esquerda, que dividiu a Itália e os italianos ao meio, 
mostrou como essa uniformidade era ilusória e, a partir desse período, quaisquer pretensões de criar 
uma identidade "italiana" com base em ideologias políticas foram abandonadas”. Também desistiram 
de usar a guerra pra unir o povo. 
 
 
A REPÚBLICA ITALIANA E AS REGIÕES 
 
“A solução adotada pelo novo governo republicano italiano para resolver o problema do regionalismo foi a 
concessão de amplas da autonomias regionais” 
Essas regiões, que seriam com estados, têm autonomia jurídica, financeira e parcialmente legislativa, desde que 
respeitem as leis da república. Além de possuírem autoridades para defender suas próprias culturas e dialetos. 
“ foi criado, assim, em sistema de poderes relativamente descentralizado, mas em que a presença do Estado 
central é visível.” 
Ceder o poder foi uma tentativa de controlar os movimentos internos que ameaçavam quebrar a integridade 
territorial. A república, inclusive, concede mais liberdade a uns que outros, dependendo do histórico da região, 
o maior exemplo é a região do Tirol do Sul (que fica no norte), uma região de língua alemã, proveniente da 
Austria e também da Alemanha, que está situada dentro da área que os nacionalistas italianos considerava “a 
fronteira natural da Itália”. Embora eles não se sentissem parte da nação (o fascismo reprime seus movimentos 
separatistas e a república faz acordos e tratados para manter a integridade). 
Esse contexto de autonomia regional veio no pós-guerra, quando não era mais possível manter a integridade 
territorial pela força. 
Porém, apesar do regionalismo, a identidade italiana continuava a se fortalecer, seja pela educação ou pela mídia 
moderna, porém ainda estava muito abaixo do esperado, principalmente por causa de divisão norte/sul. 
 
 
A DIVISÃO SUL E NORTE 
“As diferenças regionais e, em especial, a fratura Norte e Sul, baseiam-se em distinções culturais e de formação 
histórica” 
Por mais que o processo de nacionalização tivesse suavizado algumas das tensões entre eles, ainda haviam 
muitos diferenças entre os dois lados da Itália. Pra começar, os dois polos tiveram desenvolvimento diferentes, 
seguindo modelos diferentes(Norte: Europa; Sul: mediterrâneo), o que fez o norte ser rico e o sul, pobre. 
• O norte é rico por causa do desenvolvimento industrial e, antes disso, agrícola. E também pela sua 
relação estreita com os países europeus. 
Havia também uma grande diferença entre seus costumes, o que fazia os nortenhos verem os sulistas como 
bárbaros. Por isso que durante muito tempo os governos italianos se dividiam entre ignorar o sul ou tentar 
civiliza-los à força com forte repressão. Ainda hoje, há grande preconceito com o povo do sul. 
Porém este reduziu bastante, basta ver o aumento do número de casamentos entre eles e seus históricos de união 
sob alguma luta social. Porém a a diferença econômica e cultural ainda pesa sobre eles. 
 
 
IDENTIDADE ITALIANA HOJE 
• Globalização é a formação de uma sociedade global: “Tal sociedade caracterizar-se-ia pela 
aproximação dos povos via transportes, comunicações e grandes migrações internacionais, por uma 
cultura global (grandemente norte-americana), por problemas globais que ultrapassariam as 
fronteiras de países e continentes e por uma economia capitalista unificada que domina todo o 
planeta.” 
• Surge a ideia de que os Estados da maneira que conhecemos iriam desaparecer, ou, pelo menos, 
enfraquecer. Seriam substituídos ou por um mercado internacional homogêneo ou Estados-Regiões, 
“que reuniriam pessoas e territórios com base em vínculos econômicos ou por seu relacionamento 
com o mercado global, e não por etnia, língua ou outros elementos obsoletos do passado.” 
Os argumentos pra isso são que: as pessoas estão extremamente integradas à econômica mundial, 
se identificando mais com o mundo global. E que os Estados perderam poder diante dos organismos 
e empresas internacionais e do mercado financeiro globalizado. Porém isso é questionável: 
“continuamos a ser incapazes de pensar no mundo atual sem pensar em Estados-nação e 
nacionalidades.” 
Mas ainda assim, há um enfraquecimento, e isso possibilitou o ressurgimento de reivindicações 
nacionais (Catalunha, por exemplo). 
• O autor aponta para tal contradição: que apesar do evidente avanço da globalização, há o 
crescimento de discursos separatistas. Mas ele explica que “também interessa recordar que a 
globalização não bloqueia a fragmentação e o conflito, mas os estimula ao dissolver certas 
identidades” 
O que eu entendi aqui foi: nesse mundo globalizado, por estarmos em contato com tantos ideais 
diferentes de tantos lugares do mundo, acabamos por nos reconhecer em uma cultura internacional 
e não mais nas culturas nacionais, além disso, por estarmos em meio a toda essa informação, 
acabamos olhando para o nosso meio nacional e nos perguntamos o porque estamos todos juntos 
sob uma bandeira? o que me identificar com todo resto? Dependendo da resposta, podemos levantar 
ou não em favor do separatismo. 
• O novo nacionalismo que surgiu no mundo globalizado, então, é o “Nacionalismo dos Ricos”: É 
quando, em uma nação, Uma cidade rica decidi não mais sustentar as outras cidades pobres, e a daí 
que vem o separatismo dela. (Ex: Catalães e Lombardos). Mas também não é um isolamento 
econômico, pois, esses estados continuariam integrados à economia mundial; É a certeza de 
continuarem dentro desse espaço maior que faz essas regiões decidirem sair de seus antigos Estados 
tranquilamente. 
CASO DA ITÁLIA 
É com base nessa ideia de que vemos as ideias separatistas que ocorrem dentro da Itália, específica 
especificamente com as regiões da Sardenha, Sicília e outros locais, sobretudo no Tirol do Sul. 
Na Itália ao surgimento da liga norte, um grupo separatista que tem objetivo de transformar a região centro norte 
da Itália num novo estado chamado Padânia, isso porque, eles acreditam que Roma, que é a capital da Itália, 
extrai recursos imensos do Norte para sustentar uma classe política corrupta e subsidiar o Sul pobre. 
Por um tempo a liga norte chamou bastante atenção e atraiu bastante adeptos mas perdeu seu espaço político e 
suavizou suas ambições separatistas, entretanto, ela continua uma força política essencialmente conservadora. 
O discurso da liga norte está perfeitamente ajustado ao “Nacionalismos dos Ricos”. 
“Ela propõe a formação de uma União Européia confederada, mas na qual cada país conservaria sua soberania. 
Uma Europa de nações e não um "superestado" europeu. No entanto, essas nações européias também perderiam 
poderes em favor das regiões.” Desse modo, a liga norte também esperava conseguir dividir a Itália em dois: o 
centro norte seria a Padania e o sul estaria sozinho. 
Porém a Liga Norte entre em confronto com outras forças políticas também de direita, mas que não defendem 
a divisão da Itália. “duas organização de direita e conservadores, mas que veem o nacionalismo e aí própria 
identidade nacional italiana de forma muito diferente”. 
Insistir pois movimento levanta uma questão, Será mesmo que existe uma identidade italiana? Porque 
evidentemente as identidades regionais nunca foram eliminadas, “norte e sul parecem ser uma constante na 
história da Itália”. “não resta dúvidas de que a nacionalidade italiana está enfrentando novos desafios”. 
• Movimentos separatistas continuam a existir nãosó na Itália como todo Europa, e a cessão de mais 
autonomias para essas regiões rebeldes parece ser uma tendência. 
“No outro extremo, a própria evolução da União europeia implica o contínuo fortalecimento de uma identidade 
europeia. Difícil acreditar a curto prazo que todos os europeus se tornaram de uma nacionalidade só mas não 
resta dúvidas de que uma identidade europeia está se desenvolvendo. E os italianos, muito mais que os outros, 
são extremamente europeísta as estão dispostos a ceder sua soberania a um Estado único europeu.”

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