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DIREITO PENAL I 
 Resumo av1
O direito penal é o ramo do direito público que se encarrega de selecionar condutas atentatórias aos mais importantes bens jurídicos — justamente aqueles considerados essenciais para a vida em sociedade —, sancionando-as com uma pena criminal ou medida de segurança. Tem por função primordial servir como modelo orientador de condutas adequadas, promovendo o normal funcionamento da vida em sociedade. Deve ser utilizado apenas como `ultima ratio`, ou seja, para os casos de ofensas graves aos bens jurídicos fundamentais, os mais sensíveis à sociedade. 
Fontes- 
 As fontes materiais indicam o órgão encarregado da produção do direito penal. Em nosso ordenamento jurídico, somente a União possui competência legislativa para criar normas penais.
As fontes formais, por sua vez, subdividem-se em imediatas e mediatas. Somente a lei pode servir como fonte primária e imediata do direito penal, porquanto não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. 
Admitem-se, no entanto, fontes secundárias ou mediatas: são os costumes ([“conjunto de normas de comportamento a que pessoas obedecem de maneira uniforme e constante pela convicção de sua obrigatoriedade”]). 
Principios – 
Os princípios constitucionais possuem a função de orientar, organizar e estruturar o ordenamento jurídico, especialmente quanto a aplicação do direito e interpretação da norma jurídica.
Princípio da dignidade da pessoa humana - 
Garante que a sociedade não sofra abuso por parte do estado. [Proíbe a incriminação de comportamentos socialmente inofensivos isto é, que não provoquem dano efetivo ou lesão ao corpo social (ex.: incriminar o ato de manifestar publicamente admiração por pessoas queridas)].
Princípio da legalidade –
 Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. [Para todo crime haverá uma lei que o retraia] 
Princípio da anterioridade da lei penal-
Nenhuma pena poderá ser aplicada se não houver sanção pré-existente e correspondente ao fato. [Para ser considerado crime, terá que constar uma lei anterior ao crime, não será penalizado se a lei for criada após o ato ilícito.]
Princípio do ne bis in idem- 
Ninguém pode ser condenado pelo mesmo fato mais de uma vez;
Princípio da insignificância ou da bagatela-
Considera-se a significância e a importância do crime. 
Aplica-se também o principio da bagatela, por exemplo, nos casos de lesão corporal, quando a lesão provocada na vitima, não e suficientemente grave a ponto de não haver necessidade de punir o agente nem de se recorrer aos meios judiciais, por exemplo, um beliscão ou palmada. SALVO SE, haver a presença de grave ameaça [por te de arma ou tortura e violência] ou reincidência do réu.
 Furto famélico - furto em presença de necessidade [fome ou remédios] – nesse estado de necessidade, releva-se o principio da bagatela em beneficio do acusado. 
Princípio da alteridade ou da transcendentalidade-
Proíbe a incriminação de atitude meramente subjetiva, que não ofenda bem jurídico alheio. Por conta desse principio, não se pune a autolesao, SALVO SE, for prejudicar a terceiros [autolesao para fraude de seguros, tentativa de homicídio, uso ou porte e venda de drogas] 
Princípio da ofensividade -
 Não há crime sem lesão efetiva ou ameaça concreta ao bem jurídico tutelado.
Princípio da exclusiva proteção de bens jurídicos (ou princípio do fato)-
Diz-se que os bens mais importantes para a vida jurídica que será computada para uma possível punição. Serão computados crimes o que desrespeitar a proteção dos bens jurídicos [direito à vida, à liberdade, à honra, à propriedade, etc.] 
Princípio da intervenção mínima-
Diz-se que o direito penal deve interferir o mínimo possível na vida das pessoas, o ramo do direito penal é o ultimo ramo do direito a ser usado para conter o cidadão. 
Princípio da fragmentariedade-
O estado só protege os bens jurídicos importantes, assim intervem só nos casos de maior gravidade. 
k) Princípio da adequação social.
Diz-se que não considera crime o que é tolerado pela sociedade. [adultério, aborto, jogo do bicho, prostituição –sem exploração- 
l= Princípio da humanidade. 
As normas penais devem sempre dispensar tratamento humanizado aos sujeitos ativos de infrações penais, vedando-se a tortura, o tratamento desumano ou degradante.
m) Princípio da proporcionalidade.
A pena será proporcional a gravidade do ato cometido pelo acusado. 
n) Princípio da autorresponsabilidade ou das ações a próprio risco-
Aquele que, de modo livre e consciente, e sendo inteiramente responsável por seus atos, realiza comportamentos perigosos e produz resultados lesivos a si mesmo arcará totalmente com seu comportamento, não se admitindo nenhum tipo de imputação a pessoas que o tenham eventualmente motivado a praticar tais condutas perigosas (ex.: o agente que incentiva desafeto a praticar “esportes radicais” não responde pelo acidente sofrido pela vitima). 
*utilizado em situações que o culpado é a própria vitima* 
o) Princípio da confiança-
Diz-se que se o sujeito confia na pessoa que causa o ato, não poderá ser responsabilizada por um acidente futuro, SALVO SE, a pessoa que é de confiança não tomar todos os meios para que evite o acidente. 
p) Princípio do estado de inocência ou presunção de não culpabilidade
. “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória” (CF, art. 5º, LVII). 
Isso significa dizer que somente após o processo concluído [aquele cuja decisão condenatória não cabe mais nenhum resultado] e que demonstre a culpabilidade do réu, é que o estado poderá aplicar uma pena ou sansão. 
EX: o réu será tratado como suspeito ou inocente ate que o fim do processo do mesmo prove a culpabilidade sobre o ato. [a partir da 2* instancia, acaba o principio da inocência] 
*transito em julgado*
Prescrição de crime- Quando o estado perde o tempo para julgar um crime e aplicar sua sansão. 
q) Princípio da culpabilidade
Julga a culpabilidade do cidadão na hora do crime. 
Ex: 4 homens são presos roubando, 2 armados de fuzis e oferecendo grave ameaça, 1 dirigindo e 1 recolhendo os pertences das vitimas. Cada um receberá uma pena na medida de sua culpabilidade. 
O que estava dirigindo recebe uma pena baixa, o que estava recolhendo os pertences das vitimas recebe uma pena media, e os 2 armados de fuzis recebem uma pena grave.
Teoria da norma penal- 
 a] IMPERATIVIDADE- o direito/norma esta acima da nossa vida; não se foge das normas[querer ficar impune, diante do ato criminoso]....... Impõe-se a todos, independente de aceitação ou não. 
 
 b] EXCLUSIVIDADE- diz-se que somente o direito penal deve descrever e trabalhar com o crime.
 c] GENERALIDADE- o direito brasileiro se aplica a todas as pessoas que estiverem em solo brasileiro [Brasileiros ou estrangeiros no pais] 
 d] IMPESSOALIDADE- quando o legislador cria as normas, devera ser visando todo o povo, não apenas a um determinado grupo. Dá-se também a hora da aplicação da lei. Devera ser aplicada a todos, sem distinção. 
Classificação das normas penais-
 a] incriminadoras- são aquelas que definem as condutas consideradas criminosas e fixam a respectiva pena. Nelas, a definição da conduta deve ser razoavelmente clara e precisa, sob pena de violar o princípio da legalidade. A sanção deve ser especificada, não sendo possível a previsão de pena sem limites máximo e mínimo. 
preceito como a regra de comportamento proibido que se extrai da definição de crime pela norma incriminadora. Já a sanção, é a pena, a punição prescrita a determinado comportamento criminoso.
As normas incriminadoras podem ser primárias ou secundárias:
Primárias ou “preceptum iuris”: são aquelas que descrevem perfeitamente e detalhadamente a conduta, proibindo ou impondo;Artigo 121, do CP. Matar alguém (norma primária, preceito)
Secundárias ou “sanctio iuris”: tem por objetivo a individualização da pena em abstrato.
Exemplo: CP, Art. 121. Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 20 (vinte) anos (norma secundária, sanção)
b]Não incriminadoras- são aquelas que estabelecem regras de impunidade ou licitude, de situações relevantes ao Direito Penal.
Exemplos: CP, Arts. 24 a 27
Estado de necessidade- 
Art. 24 – Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
1º – Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.
 2º – Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
 Legítima defesa
Art. 25 – Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
Inimputáveis
Art. 26 – É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 Parágrafo único – A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
 Art. 27 – Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.
 
* A norma penal não incriminadora divide-se em: 
a] permissivas: Art. 23- diz-se, que você é permitido a praticar um crime se for em legitima defesa ou para sobrevivência. 
b] explicativas: serve para explicar e conceituar os institutos do direito penal. Explicam-se os atos do crime consumado/não consumado.
 NORMA PENAL EM BRANCO – 
 É uma norma que precisa de complementação para chegar a sua plenitude. 
EX: A lei antedrogas [portar ou exportar] o portador será enquadrado no trafico de drogas. A questão é: o que é enquadrado como drogas? *Nesse caso, é validado pela ANVISA o que é drogas. [portaria da ANVISA] 
CONFLITO APARENTE DA NORMA
Um mesmo fato concreto não pode ser enquadrado em vários tipos penais, sob pena de afronta ao princípio do non bis in idem 
(ou ne bis in idem). Portanto, se aparentemente ocorrer a incidência de mais de um tipo penal a um mesmo fato, caberá ao intérprete, socorrendo-se dos princípios da especialidade, consunção, subsidiariedade ou alternatividade, resolver o conflito, apontando o correto enquadramento. Muito embora não exista dispositivo legal tratando do tema.
 
 A] Princípio da especialidade (lex specialis derogat generalis] 
Dá-se quando existir, entre as duas normas aparentemente incidentes sobre o mesmo fato, uma relação de gênero e espécie. Será especial e, portanto, prevalecerá a norma que contiver todos os elementos de outra (a geral), além de mais alguns, de natureza subjetiva ou objetiva, considerados especializantes.
 B] Princípio da subsidiariedade (lex primaria derogat legi subsidiariae)
A relação de subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas aparentemente aplicáveis uma relação de conteúdo a continente. Há uma norma mais ampla (norma primária), porque descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma norma menos ampla (norma subsidiária), pois descreve um grau inferior de violação a esse mesmo bem. A norma aplicável será sempre a que previr o maior grau de violação (lei primária). 
 Há duas espécies de subsidiariedade: 
1ª) expressa: se a norma expressamente declara que só terá aplicação “se o fato não constituir crime mais grave” (a norma se autoproclama “soldado de reserva”) — ex.: art. 132 do CP;
 2ª) tácita: verifica-se quando o crime definido por uma norma é elemento ou circunstância legal de outro crime — ex.: art. 304 do CTB (omissão de socorro em acidente de trânsito) em relação ao homicídio culposo na direção de veículo automotor, qualificado pela omissão de socorro (art. 302 c/c o art. 303, parágrafo único, do CTB)
 C] Princípio da consunção ou da absorção (lex consumens derogat legi consumptae)
“Ocorre a relação consuntiva, ou de absorção, quando um fato definido por uma norma incriminadora é meio necessário ou normal fase de preparação ou execução de outro crime, bem como quando constitui conduta anterior ou posterior do agente, cometida com a mesma finalidade prática atinente àquele crime (...). Os fatos não se apresentam em relação de espécie e gênero, mas de minus a plus, de conteúdo a continente, de parte a todo, de meio a fim, de fração a meio”
 D] Princípio da alternatividade
 Este princípio tem lugar nas infrações penais de ação múltipla ou conteúdo variado, que são aqueles tipos penais que possuem diversos núcleos (verbos), separados pela conjunção alternativa “ou”. Quando alguém pratica mais de um verbo do mesmo tipo penal, num mesmo contexto fático, só responde por um crime (e não pelo mesmo crime mais de uma vez). 
Exemplos: 
a) aquele que expõe à venda e, em seguida, vende substância entorpecente pratica um só crime de tráfico ilícito de entorpecentes (Lei n. 11.343/2006, art. 33);
 b) quem induz e instiga outrem a se suicidar, vindo a vítima a falecer, incorre uma só vez no delito de auxílio ao suicídio (art. 122 do CP).
 Validade e Eficácia da Lei Penal no Tempo e no Espaço
 Leis excepcionais e leis temporárias.
É considerada excepcional a lei elaborada para incidir sobre fatos havidos somente durante determinadas circunstâncias excepcionais, como situações de crise social, econômica, guerra, calamidades etc. 
EX: lei que é valida somente em época de eleições, leis durante jogos de futebol, copas do mundo, etc.
E temporária aquela elaborada com o escopo de incidir sobre fatos ocorridos apenas durante certo período de tempo.
 Tempo do crime –
Assim sendo, considera-se praticado o crime ao tempo da ação ou omissão, ainda que outro seja o do resultado.
 A] atividade- diz-se que; considera-se o tempo do crime, quando ocorre a omissão ou ação do crime [no momento em que ocorre o ato] .
 B] resultado- trabalha o momento onde o resultado do crime acontece. 
Exemplo: o agente, pretendendo matar seu desafeto, arquiteta uma emboscada e, colhendo-o de surpresa, descarrega os projéteis do tambor do revólver, atingindo gravemente a vítima, a qual passa dois meses internada em hospital, vindo a falecer (consumando o crime de homicídio qualificado). Imagine que o ofendido tenha sido hospitalizado durante a entrada 
em vigor da Lei n. 8.930/94 (que transformou o crime de homicídio qualificado em hediondo). Seria, então, de perguntar: o agente responderá pelo homicídio qualificado como crime hediondo ou não? Observe que no momento da ação (disparos) o delito não era hediondo, mas ao tempo do resultado (morte), sim. Qual a solução? Por força do art. 4º do CP, deve-se considerar o momento da conduta; logo, o agente não terá de sofrer os efeitos penais gravosos da Lei n. 8.072/90 com a alteração da Lei n. 8.930/94 (crimes hediondos).
 
 C] mista/ubiqüidade- diz-se que não importa o tempo da atividade ou resultado. 
 
 
 
 Teoria da atividade. 
 * Crime permanente- [seqüestro com cárcere privado]- o crime será computado do 1* dia do seqüestro até o ultimo dia do cárcere. [A lei entende que continua praticando o crime durante todo o seqüestro]
 
 * Crime continuado - Diz-se que, se um individuo cometer o mesmo crimerepetidas vezes no mesmo dia, ele será julgado por 1 crime com maior a gravidade, e terá um acréscimo na pena pelas vezes que foi repetido o ato ilícito em um prazo de tempo. 
Exemplos: 1] Um cidadão rouba 5 agencias bancarias no mesmo dia, com o mesmo modo operante, o cidadão responderá pelo crime de roubo, e terá um acréscimo em sua pena, pelos outros 4 bancos. 
 2] Se um homem estupra 1 jovem por 5 anos, no mesmo modo operante durante os 5 anos, ele responderá por estupro e o acréscimo dos outros 4 anos restantes. 
 * Lugar do crime- Leva-se em consideração a teoria mista ou da ubiqüidade, pois, considera-se o crime praticado tanto no lugar da ação ou do resultado
 * Territorialidade- Qualquer pessoa que cometa algum crime em território nacional, será julgado em território nacional e pelo nosso Código Penal. [Estrangeiro em solo brasileiro será julgado pelo nosso CP] 
 Extensão do território nacional - 
a) os limites compreendidos pelas fronteiras nacionais;
 b) o mar territorial brasileiro (faixa que compreende o espaço de 12 milhas contadas da faixa litorânea média — art. 1º da Lei n. 8.617/93);
 c) todo o espaço aéreo subjacente ao nosso território físico e ao mar territorial nacional (princípio da absoluta soberania do país subjacente — Código Brasileiro de Aeronáutica, art. 11, e Lei n. 8.617/93, art. 2º); 
d) as aeronaves e embarcações:
 — brasileiras privadas, em qualquer lugar que se encontrem, salvo em mar territorial estrangeiro ou sobrevoando território estrangeiro;
— brasileiras públicas, onde quer que se encontrem; 
— estrangeiras privadas, no mar territorial brasileiro.
 
 * Extraterritorialidade - 
Extraterritorialidade incondicionada - [ quando outro pais não pode impedir de ter julgamento nacional]
 - crimes contra a vida ou liberdade do presidente da República; 
 - qualquer um que lesar o patrimônio público;
 - quem lesar qualquer servidor público;
 - genocídio [crime contra religião/etnia/determinado grupo] – brasileiro ou domiciliado no Brasil
Extraterritorialidade condicionada- Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional.
 - crimes previstos em tratado ou convenção internacional que o Brasil se obrigou a reprimir;
 - crimes praticados por estrangeiro contra brasileiro, fora do nosso território (se não foi pedida ou se foi negada a extradição e se houve requisição do Ministro da Justiça); 
 - crimes praticados por brasileiro; 
 - crimes praticados a bordo de navio ou aeronave brasileiros privados, quando praticados no exterior e ali não forem julgado. 
Fato típico é o fato humano que se adequa perfeitamente ao tipo penal. O fato típico consubstancia o primeiro dos elementos estruturais do delito e sua composição varia em função da espécie de crime.
Nos dolosos são: a) conduta dolosa; b) resultado (nos crimes materiais); c) nexo causal (nos crimes materiais); d) tipicidade; e) relação de imputação objetiva (elemento normativo implícito do fato típico). 
Nos culposos, por outro lado: a) conduta voluntária; b) resultado involuntário; c) nexo causal; d) tipicidade; e) relação de imputação objetiva (elemento normativo implícito do fato típico); f) quebra do dever de cuidado objetivo; g) previsibilidade objetiva.
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Conduta
A conduta deve ser entendida como a ação ou omissão humana, consciente e voluntária dirigida a uma finalidade.
*Teoria causalista .. Olha-se somente para a causa. 
*Teoria finalista - imagina o que se pensa quando pratica.
*Teoria social da ação - olha o impacto do caso na sociedade
Conduta pode ser omissiva - Entende-se pelo *deixar de fazer algo* - o individuo se omite a prática de uma ação. 
 Omissivo próprio - Consiste no fato de o agente deixar de realizar a determinada conduta, tendo a obrigação jurídica de fazer, ou seja, o agente não faz o que a norma manda. A consumação ocorre quando o agente deixa de agir quando devia
. Omissivo impróprio [comissivo por omissão] – São os praticados pelos agentes garantidores, quem deveria agir e não age. Agente garantidor: quem tenha por obrigação o cuidado [pais ou responsáveis], proteção ou vigilância ou quem assume a responsabilidade.
Comissiva- Quando o individuo pratica algo em que a lei proíbe. 
RESULTADO - 
Há duas teorias que se debatem na conceituação do resultado para fins penais:
 1ª) teoria naturalística: resultado é a modificação no mundo exterior provocada pela ação ou omissão;
2ª) teoria jurídica: resultado é a lesão ou ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma penal.
Nexo de causalidade consiste justamente nesse vínculo ou liame que une a conduta ao resultado nos crimes materiais.
Várias teorias se preocupam em definir o critério para constatar o nexo causal: 
a) teoria da equivalência dos antecedentes ou da conditio sine qua non: sustenta que todo fator que de forma direta ou indireta exerceu alguma influência no resultado deve ser considerado como sua causa; 
b) teoria da causalidade adequada: apenas se reputa causa do resultado a circunstância mais adequada a produzi-lo, segundo um juízo de probabilidade (ou “prognose póstuma-objetiva”: verifica-se se um homem dotado de conhecimentos medianos poderia antever o resultado como provável ou possível na situação em que o agente se encontrava);
 c) teoria da imputação objetiva do resultado: defende que a causalidade natural, fundada na teoria da equivalência dos antecedentes, leva a exageros que devem ser limitados pela verificação da existência de relação de imputação objetiva entre a conduta e o resultado. Além da causalidade material, portanto, é preciso que a atitude do agente tenha produzido um risco juridicamente relevante e proibido ao bem jurídico
Adequação típica é o mesmo que tipicidade, ou seja, a relação de subsunção entre o fato e a norma penal.
Há duas modalidades de adequação típica:
 1ª) Adequação típica por subordinação imediata ou direta: dá-se quando a adequação entre o fato e a norma penal incriminadora é imediata, direta; não é preciso que se recorra a nenhuma norma de extensão do tipo. Exemplo: alguém efetua dolosamente vários disparos contra a vítima — esse fato se amolda diretamente ao tipo penal incriminador do art. 121 do CP.
 2ª) Adequação típica por subordinação mediata ou indireta: o enquadramento fato/norma não ocorre diretamente, exigindo-se o recurso a uma norma de extensão para haver subsunção total entre fato concreto e lei penal. Exemplo: se alguém, com intenção homicida, efetua vários disparos de arma de fogo contra outrem e foge, sendo a vítima socorrida e salva a tempo, esse fato não se amolda ao tipo penal do art. 121 (não houve morte). Também não se enquadra no art. 129 (lesões corporais) porque o sujeito agiu com animus necandi (o art. 129 pressupõe animus laedendi).
Classificação dos crimes quanto ao resultado jurídico 
a) De dano ou de lesão: quando a consumação exige efetiva lesão ao bem tutelado. Exemplos: homicídio (CP, art. 121), lesão corporal (CP, art. 129), furto (CP, art. 155). 
b) De perigo: caso a consumação se dê apenas com a exposição do bem jurídico a uma situação de risco. Exemplos: perigo de contágio venéreo (CP, art. 130), perigo à vida ou saúde de outrem (CP, art. 132). 
Estes se subdividem em crimes de perigo concreto (o risco deve ser demonstrado) e de perigo abstrato (a prática da ação ou omissão gera uma presunção absoluta de que o bem jurídico sofreu um risco).
 * teoria do foda-se e fudeu* 
Dolo - Quando o individuo quis ou assumiu o risco de produzir o resultado. [FODA-SE] 
 Dolo geral – Não importa o meio da morte, importa a intenção para matar.
 Dolo direto- Quando o individuo quer o resultado
 Dolo eventual – quando o individuo assume o risco.
* Dolo de primeiro grau - quando o individuo matao desafeto 
* Dolo de segundo grau - quando o individuo mata o desafeto e mata outra pessoa que estava perto. 
Culpa – quando se da o resultado por meio da imprudência, negligencia ou imperícia. [FUDEU] 
A imprudência é uma conduta positiva, que se dá com a quebra de regras de conduta ensinadas pela experiência. Exemplo: dirigir em excesso de velocidade e atropelar um pedestre. 
A negligência ocorre quando o sujeito se porta sem a devida cautela; é uma conduta negativa, uma omissão quando o caso impunha uma ação preventiva. Exemplo: mãe que deixa um veneno perigoso à mesa, permitindo que seu filho pequeno o ingira e morra. Imperícia é a falta de aptidão para o exercício de arte ou profissão. 
A imperícia pressupõe sempre a qualificação ou habilitação legal para o ofício. Exemplo: um médico, durante uma cirurgia, secciona uma artéria e causa hemorragia seguida de morte.
Culpa inconsciente – onde se visualiza a imprudência, negligencia e imperícia.
Culpa consciente – Ode se visualiza a previsibilidade - [um cara anda a 150km/h em uma pista de 100km/h, o sujeito acredita na previsibilidade dele em não deixar o pior acontecer’] 
 Ilicitude 
Trata-se da contrariedade do fato com o ordenamento jurídico (enfoque puramente formal ou “ilicitude formal”), por meio da exposição a perigo de dano ou da lesão a um bem jurídico tutelado (enfoque material ou “ilicitude material”)
NÃO HÁ CRIME quando o fato é praticado em:
 • estado de necessidade - Diz o CP no art. 24: “Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se”.
* O exemplo característico é o da “tábua de salvação”: após um naufrágio, duas pessoas se veem obrigadas a dividir uma mesma tábua, que somente suporta o peso de uma delas. Nesse contexto, o direito autoriza um deles a matar o outro, se isso for preciso para salvar sua própria vida.
 • legítima defesa; Diz o CP, no art. 25: “Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. (“matar para não morrer”)
• exercício regular de um direito; Todo aquele que exerce um direito assegurado por lei não pratica ato ilícito. Quando o ordenamento jurídico, por meio de qualquer de seus ramos, autoriza determinada conduta, sua licitude reflete-se na seara penal, configurando excludente de ilicitude: exercício regular de um direito (CP, art. 23, III).
Os exemplos mais comuns de incidência da excludente em apreço são:
Intervenção médico-cirúrgica
Violência desportiva, desde que o esporte seja regulamentado oficialmente e a lesão ocorram de acordo com as respectivas regras; 
 desforço imediato na defesa da posse;
 flagrante facultativo (CPP, art. 301), que constitui a faculdade conferida por lei a qualquer do povo de prender quem esteja em situação de flagrante delito.
 • estrito cumprimento de um dever legal
 Culpabilidade - Trata-se do pressuposto necessário para a aplicação de uma pena ao agente que cometeu um crime (fato típico e antijurídico). Dá-se quando o sujeito for imputável, detiver possibilidade de compreensão da ilicitude de sua conduta e se puder dele exigir comportamento diferente na situação em que se encontrava.
Imputabilidade - É a capacidade mental de compreender o caráter ilícito do fato (vale dizer, de que o comportamento é reprovado pela ordem jurídica) e de determinar-se de acordo com esse entendimento (ou seja, de conterse). Em outras palavras, consiste no conjunto de condições de maturidade e sanidade mental, a ponto de permitir ao sujeito a capacidade de compreensão e de autodeterminação.
 Causas de exclusão da culpabilidade 
No nosso ordenamento jurídico haverá exclusão da imputabilidade penal nas seguintes hipóteses: 
a) doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado (CP, art. 26);
b) embriaguez completa e involuntária — decorrente de caso fortuito ou força maior (CP, art. 28, § 1º); 
c) dependência a substância entorpecente (Lei n. 11.343/2006, art. 45, caput)
d) intoxicação involuntária por substância entorpecente (Lei n. 11.343/2006, art. 45, caput); 
e) menoridade
Para dizer que alguém praticou uma conduta reprovável, é preciso que se possa exigir dessa pessoa, na situação em que ela se encontrava, uma conduta diversa. Muitas vezes, as pessoas se veem em situações nas quais não têm escolha: ou agem de tal forma, ou um mal muito maior lhes acontecerá.
 Nosso CP prevê duas causas em que não é exigível conduta diversa: coação moral irresistível e obediência hierárquica (art. 22).
Coação moral irresistível - De início é importante lembrar que a culpabilidade só estará exclu- ída quando se tratar de coação moral. Havendo coação física, afasta-se a ação ou omissão, gerando um fato atípico. Requisito da coação moral (ameaça): deve ser irresistível. E a “irresistibilidade da coação deve ser medida pela gravidade do mal ameaçado (...) Somente o mal efetivamente grave e iminente tem o condão de caracterizar a coação irresistível prevista pelo art. 22 do CP”. Quando alguém pratica o fato sob coação moral irresistível, só é punível o autor da coação. O coagido estará isento de pena.
Coação resistível: se resistível a coação, ambos respondem pelo fato — coator e coagido; este com uma atenuante (art. 65, III, c, 1ª figura) e aquele com a agravante acima mencionada.
b) Obediência hierárquica Requisitos: 
a) relação de direito público (hierarquia);
 b) ordem do superior; 
c) ordem ilegal, mas cuja ilegalidade não seja manifestamente evidente.
 O superior hierárquico que profere a ordem ilegal responde pelo crime com uma circunstância agravante (CP, art. 62, III); seu subordinado será isento de pena (trata-se de outro caso de autoria mediata).
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